PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

terça-feira, novembro 04, 2008

O Senhor HOME – 1ª PARTE

Revista Espírita, fevereiro de 1858.
Tradução de Evandro Noleto Bezerra.
F E B - 4ª edição

[ ... ] A causa das manifestações do senhor Home lhe é inata; sua alma, que parece não prender-se ao corpo somente por fracos liames, tem mais afinidade com o mundo dos Espíritos que com o mundo corpóreo; eis porque se desprende sem esforços, entrando mais facilmente que os outros em comunicação com os seres invisíveis.
Essa faculdade se lhe revelou desde a mais tenra infância. Com a idade de seis meses, seu berço se balançava sozinho, na ausência da ama de leite, e mudava de lugar.
Em seus primeiros anos ele era tão débil que mal podia se sustentar; sentado sobre um tapete, os brinquedos que não podia alcançar, deslocavam-se por si mesmos
E vinham pôr-se ao seu alcance de suas mãos. Aos três anos teve suas primeiras visões, não lhes conservou, porém, a lembrança. Tinha nove anos quando sua família fixou-se nos Estados Unidos; ali, os mesmos fenômenos continuaram com intensidade crescente, à medida que avançava em idade, embora sua reputação como médium não se estabeleceu senão em 1850, época em que as manifestações espíritas começaram a popularizar-se naquele país.
Em 1854 veio à Itália, como dissemos, por motivo de saúde; surpreendeu Florença e Roma com verdadeiros prodígios. Convertendo à fé católica, nesta última cidade, viu-se obrigado a romper relações com o mundo dos Espíritos. Com efeito, durante um ano, seu poder oculto pareceu havê-lo abandonado; mas, como esse poder está acima de sua vontade, findo esse tempo, conforme
lhe anunciado o Espírito de sua mãe, as manifestações reapareceram com uma nova energia.
Sua missão estava traçada; deveria distinguir-se entre aqueles que a Providência escolheu para revelar-nos, por meio de sinais patentes, o poder que domina todas as grandezas humanas.
Se o senhor Home, como o pretendem certas pessoas que julgam sem haver visto, fosse apenas um hábil prestidigitador, sem dúvida teria sempre à sua disposição, em sua sacola, algumas peças com eu pudesse simular suas mágicas, ao passo que não é senhor de produzi-las à vontade. Ser-lhe-ia, impossível dar sessões regulares, por muitas vezes, justamente no momento em que tivesse necessidade de sua faculdade, esta lhe faltaria. Algumas vezes os fenômenos se manifestam espontaneamente, no momento em que menos se espera, enquanto que, em outras, é incapaz de os provocar, circunstância pouco favorável a quem quisesse fazer exibições em certas horas. O fato seguinte, tomado entre mil, é disso uma prova.
Desde mais de quinze dias, o Sr. Home não tinha havia obtido nenhuma manifestação, quando, em casa de um de seus amigos, com mais duas ou três pessoas de seu conhecimento, de repente ouviram-se golpes nas paredes, nos móveis e no teto. Parece que voltam, disse ele.
Nesse momento o Sr. Home, estava sentado num canapé com um amigo.
Um doméstico trouxe a bandeja de chá e preparava-se para colocá-la sobre mesa, situada no meio do salão; embora bastante pesada, a mesa se elevou subitamente, destacando-se do solo a uma altura de 20 a 30 centímetros, como se fora atraída pela bandeja.
Apavorado, o criado deixou-a escapar e a mesa, de um pulo, lançou-se em direção ao canapé, vindo cair diante do Sr. Home e de seu amigo, sem que nada do que estava em cima se tivesse desarrumado.
Esse fato não é, absolutamente, o mais curioso dentre aqueles que temos para relatar, mas apresenta essa particularidade digna de nota; a de ter-se produzido espontaneamente, sem provocação, em círculo íntimo, do qual nenhum dos assistentes, cem vezes testemunhas de fatos semelhantes, necessitava de novas provas; e, seguramente, não era o caso para o Sr. Home exibir suas habilidades, se habilidades existem. [ ... ]

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