PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

segunda-feira, dezembro 25, 2006

ESQUEMA ETERNO DA MISSÃO DE JESUS - SABEDORIA DO EVANGELHO - 1º Volume - CARLOS TORRES PASTORINO - * 04 NOV 1910 + 13 JUN 1980

continuação...

Desde O princípio incriado existe em Deus o Poder Criador, o Verbo.
Por isso tem razão o evangelista quando diz: “no princípio havia o Verbo, ou Pai, que estava em Deus e que era o próprio Deus”. Esse Verbo, ao ser emitido, produziu o som, o seu efeito, a manifestação divina, que é o Espírito Divino (o Espírito Santo) em todos os Universos, ao qual chamamos o CRISTO, o FILHO UNIGÊNITO DE DEUS.
O homem, feito à imagem e semelhança de Deus, tem em si as mesmas propriedades: ele, o homem, a centelha divina, o “raio de luz que emanou da Fonte da Luz”, possui em si a Palavra Criadora. O Pensamento, que constitui a individualidade perene; mas esta, ao produzir seu efeito, torna-se a personalidade que busca a matéria para aperfeiçoar-se, surgindo então a personalidade, que é o Filho.
Deus é a Fonte da Luz, O ESPÍRITO; sua emissão é o VERBO ou PAI CRIADOR, que ilumina os raios luminosos que da Fonte partem constituem o Filho, o CRISTO, O Filho Unigênito do Pai. Então, CRISTO é a manifestação sensível de Deus, é a Força Divina que impregna tudo.
Tudo provém de Deus, tudo está EM Deus, e Deus está EM tudo, por sua manifestação cristônica. No entanto, erram os panteístas, quando afirmam que todas as coisas reunidas e somadas formariam Deus.
Jamais poderia isto ocorrer. Mas tem razão o Monismo quando afirma que Deus está em todos e em tudo, conforme diz Paulo em Ef. 4:5 e em 1 Cor. 14:28.
Deus é o substractum, a substância última de todas as coisas, de tudo o que existe, porque tudo o que existe, existe em Deus.
No versículo 3 está dito: “tudo foi feito por ele”. Logicamente, tudo promana do Verbo, do Pai Criador, que é o Pai “nosso”, cujo poder é emprestado ao homem, imagem de Deus e centelha divina. “Nele estava a Vida”, porque a Vida é Deus, a Vida é a manifestação da Divindade.
A Luz resplandece nas trevas, e contra ela as trevas não prevaleceram.
O sentido literal é de absoluta clareza; por maiores que sejam as trevas, elas não prevalecem nem mesmo contra um pequenino palito de fósforo que se acenda. Entretanto, observamos que há outro sentido, que pode deduzir-se das palavras anteriores. No versículo 4 está explicado: “A Vida é a Luz dos homens”.
Se a Vida é a Luz dos homens, então as trevas exprimem a morte.
Compreendemos, pois: a morte não prevalece contra a vida. Tudo o que nos parece morte, é apenas o desfazimento dos veículos materiais de que está revestido o espírito.
Nos versículos 6 a 8, encontramos uma pequena intromissão, falando a respeito de João Batista: “houve um homem, chamado João, ENVIADO por Deus”.
A dedução lógica é evidente: se ele foi ENVIADO, é porque já existia. Com efeito, o evangelista não diz: houve um homem CRIADO por DEUS, mas ENVIADO
por Deus... Observe-se bem o sentido certo das palavras. Se foi enviado, é porque existia antes de nascer, e não apenas existia, como devia ser um espírito de rara inteligência, de grande elevação moral e de muito adiantamento espiritual, com profundo conhecimento da Luz, da qual devia dar testemunho.
Deus o ENVIOU para que ele dissesse aos homens aquilo que ele conhecia, que havia visto, que podia testemunhar por experiência própria e direta.
Não estranhemos o modo de expressar-se do evangelista:
quase a cada passo do Novo Testamento, encontramos uma referência clara ou velada à vida do espírito anterior ao nascimento na Terra, ao que chamamos reencarnação.
João Batista conhecia a Luz ANTES DE NASCER NA TERRA, porque tinha existência plenamente consciente, era dotado de inteligência, e podia testificar aquilo que vira. Podia, pois, afirmar: “eu sei, eu vi”. E os outros podiam crer nas palavras dele.
Mas o evangelista não deixa de chamar a atenção dos leitores:
“ele NÃO ERA a Luz”, apenas a conhecia.
Depois de falar nisso, o evangelista alça-se a falar na Luz Verdadeira, na Verdadeira Vida, que vivifica toda criatura, Vida que é uma das manifestações
da Divindade nos seres criados. Essa manifestação divina está no mundo, mas o mundo não a reconhece, embora tire dela sua própria origem.
E dessa Luz, passa logo a falar na Luz que se materializou na Terra:
a figura ímpar de Jesus, aquele de quem justamente João viera para dar testemunho.
E o apóstolo diz que Jesus era “a verdadeira Luz que ilumina todos os homens que vêm à Terra”.
E Jesus estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, ele estava entre “os seus” e “os seus não o reconheceram”....
Precisamos distinguir aqui entre JESUS, o homem, e o CRISTO, a força divina que impregna todas as coisas, todos os seres.
JESUS é um espírito humano, com uma evolução incalculável à nossa dianteira.
Foi ele quem criou este globo terráqueo (senão todo o sistema solar).
Ele mesmo, Jesus - habitante elevadíssimo de algum planeta divino – (“na casa de meu Pai há muitas moradas”, Jo. 14:2)
teve o encargo de criar mais um planeta׳ no Universo infinito.
Assim como determinamos a uma criança que, de um pedaço de madeira, faça uma espátula; ou encarregamos a um mestre de obras a construção de uma casa; ou solicitamos de um engenheiro a construção de uma máquina eletrônica;
assim Jesus foi o encarregado de construir um planeta. E ele o fez.
Não num abrir e fechar d'olhos, como num passe de mágica; nem sozinho, mas com auxiliares diretos seus arquitetos divinos e de força transcendente.
A Bíblia, no Gênesis, confirma isso, quando diz que o mundo (a Terra) foi feita pelos “elohim”.
A palavra hebraica “elohim” é o plural de “elohá”, e exprime os espíritos. Todos os “elohim” estavam sob a direção de um Espírito-Chefe, que o Velho Testamento chama “Jeová” (YHVH).
Esse espírito Jeová foi o construtor ou criador da Terra; ele agora estava na Terra, a Terra foi feita por ele, e “os seus” não o reconheceram.... Vemos uma semelhança entre Jeová e Jesus; Jeová, o Espírito diretor das atividades da Terra, tomou o nome de Jesus quando reencarnou em nosso (melhor, em SEU planeta).
Leia-se o que está escrito em Isaías, quando esse profeta fala ao povo israelita: “EM TI NASCERÁ JEOVÁ” (Is.60:2). Além disso, se dividirmos ao meio o tetragrama sagrado (YHVH) , e no centro acrescentarmos um schin, a leitura será exatamente o nome
YEH-SH-UAH, ou seja, JESUS em hebraico: ת ו ת ׳ – ת ו ω ת ׳.
“Ele veio entre os seus, e os seus não o receberam”.
Realmente, todos nós, na Terra, pertencemos a ele, que nos veio trazendo desde o início da evolução, acompanhando nossos passos com carinho e amor.
E o apóstolo prossegue: “deu o poder de tornar-se filhos de Deus a todos os que o receberam e acreditaram em seu nome”.
Não por causa de privilégios, mas por evolução própria, veremos mais abaixo.
A expressão “filho de”, muitíssimo usada na Bíblia, é um hebraísmo que exprime o ser, que possui a qualidade do substantivo que se lhe segue.
Por exemplo: “filho da paz” é o pacifico; “filho da luz” é o iluminado; então, “filho de Deus” é o ser que se divinizou, que se tornou participante da Divindade, que conseguiu ser “um com o Pai”.
E todos os que nele acreditam e obedecem
a seus preceitos, tornam-se divinos: “eu e o Pai viremos e NELE faremos morada” (Jo. 14:23).
Aí reside o segredo de a criatura tornar-se divina.
Mas esses seres que se divinizaram, “não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.
São três expressões claras: o sangue, a carne, o homem.
Desses três não depende o tornar-se divino.
O sangue exprime a alma, ou corpo astral, ou perispírito, conforme se lê “a alma da carne é o sangue” (Lev. 17:11); a carne representa o corpo físico, a matéria densa, acompanhada logicamente do duplo etérico; o homem simboliza o intelecto.
Essas são as partes constituintes da PERSONALIDADE.
E realmente não depende da personalidade o encontro com Deus, e sim da INDIVIDUALIDADE SUPERIOR. Tornam-se unidos a Deus aqueles que já vivem na individualidade, embora ainda encarcerados na matéria, presos à personalidade inferior e transitória da carne.
Continua o evangelista a explanar o mesmo assunto: o Verbo se fez carne e construiu seu tabernáculo dentro de nós (verifique-se o sentido do original grego: έσиήуωσЄу `ΕΝ ήμtу.
Precisamente o grande mistério revelado: o CRISTO, em que se transformou o Verbo, reside DENTRO de cada um de nós, dentro de nossa matéria, de nossa carne: o Verbo se tornou carne. E espera que vamos ao encontro dele, que nele acreditemos, porque ele aí está, “cheio de graça e de verdade”, ou seja, cheio da verdadeira graça que é a benevolência ( xαpĮς ) e o amor.
A glória do CRISTO dentro de cada um de nós ainda não se manifesta exteriormente, por causa de nossa imperfeição: somos como lâmpadas poderosíssimas e acesas, mas revestidas de grossa camada de lama, que não deixa transparecer a luz que existe internamente.
Em Jesus, não: a limpeza era absoluta, sua transparência era mais límpida que a do mais puro cristal imaginável, e a luz interna do CRISTO era totalmente visível, a tal ponto que Paulo pôde escrever: “nele habitava TODA A PLENITUDE DA DIVINDADE” (Col. 2:9) .
Por isso foi Jesus chamado “O CRISTO”, e dele disse o evangelista: “nós contemplamos a sua glória, glória IGUAL A DO FILHO UNIGÊNITO DO PAI”, ou seja, a glória de Jesus era igual à glória do Cristo Eterno, Filho de Deus, terceiro aspecto da Divindade.
Não podemos, pois, condenar aqueles que, durante tantos séculos, adoraram e adoram a Jesus como Deus: sim, Jesus é a manifestação plena da Divindade. Em todas as criaturas reside Deus no mesmo grau, mas em nós, imperfeitos, Deus se acha encoberto por nossa personalidade vaidosa; em Jesus, todavia, perfeitíssimo como era, o Cristo Eterno transparecia com assombrosa pureza.
E todos os que “tinham olhos de ver”, reconheceram essa manifestação cristônica.
Não viram Deus EM SI, ou seja, o ESPÍRITO ABSOLUTO.
O próprio evangelista esclarece: “Ninguém jamais viu Deus”. Mas “o Filho Unigênito (o Cristo) , que está no seio do Pai” o revelou, manifestando-se em Jesus. E está conclamando todos os homens para que o revelem. Paulo o descreve com palavras sentidas: “o Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza”.. e intercede por nós com gemidos indizíveis. (Rom. 8:26) .
João Batista reconhecia que Jesus era maior e anterior a ele, Mas assim como em Jesus “'habitava toda a plenitude da Divindade”, assim também NÓS TODOS recebemos de sua plenitude. Deus não faz acepção de pessoas.
Dá tudo a todos igualmente. Mas cada um recebe de acordo com sua capacidade receptiva, com sua evolução.
Isto também afirma o evangelista: “De sua plenitude TODOS NÓS recebemos, e GRAÇA POR GRAÇA”. Sem dúvida, a cada passo que damos, aumentamos nossa capacidade evolutiva, ao que corresponde um acréscimo da manifestação divina em nós: a cada aumento do recipiente corresponde um pouco mais de conteúdo. Assim conosco: “todos nós recebemos DE SUA PLENITUDE,mas GRAÇA POR GRAÇA”.
Chegando ao fim desse intróito sublime, o evangelista acrescenta mais uma pérola: “porque a Lei foi dada por Moisés, mas a Graça e a Verdade vieram por Jesus, o Cristo”. Não percamos de mira que Graça (em grego charis ... ) exprime o sentido de “benevolência, boa vontade”. Nem nos esqueçamos de que a construção grega “graça e verdade” pode formar uma hendíades. Então, o sentido que, legitimamente, pode deduzir-se daí é o seguinte: “A LEI foi revelada por Moisés” (a Lei de Causa e Efeito = dente por dente), mas a VERDADEIRA BENEVOLÊNCIA veio com Jesus o Cristo”, que nos ensinou a “misericórdia, isto é, o segredo para libertar-nos dessa Lei”.
Realmente, Moisés foi o Legislador para a personalidade humana, estabelecendo numerosas restrições e proibições. Jesus foi o Legislador divino para a individualidade eterna, estabelecendo as bases para o contato do homem insignificante com o Cristo, da criatura com o Criador, na “gloriosa liberdade dos Filhos de Deus” (Rom. 8: 21) , porque “onde há o Espírito de Deus, aí há liberdade”. (2 Cor. 3:17).
Em todos os capítulos, em todas as palavras dos Evangelhos, encontramos chamamentos angustiosos do Cristo, para que o homem siga seu caminho infinito ao encontro do Pai.
E além das palavras, encontramos o magnífico exemplo de Jesus, nosso irmão primogênito, que segue à nossa frente, indicando-nos o caminho com sua própria vida, com seus atos, com seu amor, ensinando-nos que só no AMOR, semelhante ao dele, podemos encontrar a rota definitiva: “um novo mandamento vos dou, que vos ameis uns aos outros TANTO, QUANTO eu vos amei” (Jo. 34:13).
Como fecho sublime do intróito, a frase lapidar: “Ninguém jamais viu a Deus: O Filho Unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou”. Na realidade.
Deus, o Pensamento ou Mente Universal, é invisível: é uma Força, é a Vida, é o Amor, é a Substância e a Essência de todas as coisas que existem. Ninguém pode vê-lo no sentido do verbo grego oráo (...), ou seja, “contemplar com os olhos”.
O “Filho Unigênito é o CRISTO, o terceiro aspecto da Divindade, o “produto do pensamento divino, que se encontra em todas as coisas”.
O evangelista esclarece: “que está no seio do Pai”, o que é lógico: assim como o Pai (o Verbo) está com Deus, está em Deus e é Deus (vers, 1), assim também o Filho (Cristo) está com o Pai, está no Pai, e é o Pai (cfr.: “eu e o Pai SOMOS UM”, Jo. 10:30; e “Eu estou NO Pai e o Pai está EM mim”, Jo. 14:11).
São apenas ASPECTOS (não “pessoas”) de UM SÓ DEUS, de UMA SÓ FORÇA CÓSMICA.
Então, o FILHO ou CRISTO, que está em todos e em tudo, é que revela, “ensina, explica” (grego exegésato, ...) o que seja DEUS.
Sua Manifestação, por intermédio de Jesus, veio trazer-nos a verdadeira benevolência de Deus em relação a nós, seus filhos, para convidar-nos a voltar a ser UM com Ele”.

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