Revue Spirite,
1868, pg. 209: “O espiritismo, por sua natureza e seus princípios, é
essencialmente tranquilo; é uma ideia que infiltra sem ruído, e se encontra
numerosos aderentes é porque agrada; o espiritismo jamais fez discursos, nem propaganda
nem quaisquer representações teatrais; com as forças das leis naturais sobre as
quais se apoia, vendo-se crescer sem esforços nem abalos, ele não vai ao
encontro de ninguém; não violenta nenhuma consciência; ele diz o que é, e
espera que se venha a ele. Todo o alarido que se fez em torno dele é obra de
seus adversários. O espiritismo foi atacado e teve de se defender, mas sempre o
fez com calma, moderação e unicamente pela razão; jamais se afastou da
dignidade que é própria a toda causa que tem consciência de sua força moral;
jamais recorreu a represálias devolvendo injúrias por injúrias, maus
procedimentos por maus procedimentos. Não é esse, haver-se-á de convir, o
caráter ordinário dos partidos que agitam por natureza, fomentando a perturbação,
e para os quais tudo é bom para chegara a seus fins; mas uma vez que lhe é dado
esse nome – de partido -, ele o aceita, certo de que não vai desonra-lo por excesso
algum; porque ele repudiaria quem quer que se prevalecesse disso para suscitar
o menor problema.
O espiritismo prosseguia,
portanto, em seu caminho sem provocar nenhuma manifestação pública, embora se
beneficiasse da publicidade que lhe davam seus adversários; quanto mais a crítica
destes era rancorosa, acerba, virulenta, mais ela despertava a curiosidade
daqueles que não o conheciam, e que, para não ficarem em dúvida quanto a essa
assim chamada nova excentricidade, iam simplesmente se informar na fonte, quer
dizer, em obras especiais. E eles o estudavam e encontravam algo totalmente
diverso daquilo que tinham ouvido dizer. É um fato notório que os discursos
enfurecidos, os anátemas e as perseguições ajudaram poderosamente na difusão do
espiritismo, porque, em vez de afastarem dele as massas, provocaram o seu
exame, até mesmo pela atração do fruto proibido. As massas têm a sua lógica;
elas dizem que se uma coisa fosse insignificante não se falaria dela, e medem
sua importância precisamente pela violência dos ataques de que ela é objeto e
pelo temor que desperta entre seus antagonistas. ”
Nenhum comentário:
Postar um comentário