JOSÉ
REIS CHAVES

Há coisas na Igreja, criadas há
séculos, que a mentalidade de hoje reluta em aceitar.
Alguns católicos fazem de conta que as aceitam; outros
aceitam-nas por conveniência. Há outros, porém, que preferem a sinceridade a
ficar fazendo de contas que as acatam.
Este é o caso do autor, o professor José Reis Chaves, que foi
seminarista na Congregação Redentorista, é formado na Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, em Comunicação e Expressão.
É
radialista, parapsicólogo, participou de debates e entrevistas em vários
programas de televisão, e profere palestras e administra
cursos em vários estados do Brasil sobre assuntos espiritualistas, espíritas e autoajuda
É autor do best-seller A Reencarnação Segundo a Bíblia e a Ciência, por esta mesma editora, atualmente na 5ª edição. Como teósofo que é,
dedica-se ao estudo de religiões comparadas. Não vê nenhuma incompatibilidade
em alguém ser católico e espírita, mesmo porque a metade dos católicos
brasileiros ( entre os quais se encontram até bispos e padres ) é também
espírita ou simpatizante do Espiritismo.
E essa afinidade entre o Catolicismo e o Espiritismo é sobeja Não visa
o autor aqui a fazer uma apologia da Doutrina Espírita, mas tão-somente
demonstrar verdades bíblicas inconcussas.
Tais verdades, coincidentemente, veem sendo ensinadas pela Doutrina
Espírita, a qual tem sido
caluniada e deturpada por aqueles que querem prejudicar o bom nome de seus
adeptos que estudam o Evangelho de Cristo, e nos dão exemplos da
sua vivência na vida prática, fazendo a caridade.
Há também neste livro abordagens de
questões polêmicas, como a do Espírito Santo e da Trindade Cristã, tratada com
uma clareza de raciocínio meridiana pelo autor, cuja posição é muito
esclarecedora e convincente.
CAPÍTULO 1: DEUS NUMA VISÃO UNIVERSAL
[ ... ] A Teologia do Bom Senso, a que nos referimos
linhas atrás, surge mais dos sábios, que no
passado foram chamados de hereges, do que dos teólogos propriamente ditos. Com
seus votos de obediência à hierarquia eclesiástica, muitas vezes preferem o
silêncio a um pronunciamento, que lhes vai
acarretar problemas não só de consciência,
mas também de ordem
disciplinar, social e até econômica, pois
que o sacerdote precisa de modo geral, de seu mister para sobreviver, não
querendo perder sem mais nem menos o seu emprego
[ ... ] Ser ateu, no passado, era pejorativo.
Era como que uma pecha muito grave e uma desonra mesmo.
Assim, se um indivíduo era inimigo da Igreja um anticlerical, por
exemplo, para desacreditá-lo, qualificavam-no como ateu.
É o caso de Voltaire que não se simpatizava muito com a Igreja e o
clero, além de ser muito irônico com relação ao catolicismo.
Não
deu outra, foi tachado de ateu. Mas não é verdade.
Apenas
não aceitava os princípios da teologia eclesiástica, e sim, os da teologia do bom senso. Só
pela seguinte frase dele, sabemos que ele era um espiritualista: “Se Deus não existisse, seria
preciso inventá-lo. É como disse Santo Agostinho: “No íntimo do homem existe
Deus”.
É bom termos uma religião, mas, mesmo sem religião, podemos ter Deus no
coração.
[ ... ] Voltaire, de quem já falamos,
mostrando que era espiritualista, apesar de ter sido apontado por alguns como
materialista, escreveu um pensamento, cuja
lembrança é oportuna aqui: “A voz de Deus nos diz
constantemente: uma falsa ciência faz um
homem ateu mas, uma verdadeira ciência leva o homem a Deus”
CAPÍTULO 2: O CRISTIANISMO PRIMITIVO E AS HERESIAS
[ ... ] E dizer que se trata de mistérios de
Deus, é uma desculpa muito evasiva e irresponsável, pois,
na realidade, esses supostos mistérios de Deus representam, uma falta de
humildade da Igreja em reconhecer seus erros de ter criado ideias teológicas
fantasiosas, e mesmo absurdas, numa época em que nem existia ainda a teologia propriamente
dita.
CAPÍTULO 3: A BÍBLIA
[ ... ] Um exemplo disso foi a divinização de
Jesus, que se transformou em dogma, levando à revelação de outro dogma, o da
Santíssima Trindade.
Não somos contra esse dogma, mas temos dificuldade em aceitá-lo tal
qual teólogos, padres e bispos de concílios tumultuados, com interesses
profanos e políticos misturados com questões teológicas e filosóficas,
ensinavam-no.
Quando o conhecimento da Bíblia ainda era muito elementar, esses
religiosos se deixavam levar, por serem, em sua maioria, quase analfabetos,
pelos líderes temporais que, por sua vez, se eram cultos, eram orgulhosos e
egoístas, como todos nós seres humanos somos, e, de modo geral, ligados à corte
e elite.
E
o pior, às vezes eram radicais e fanáticos que, ao invés de inspiração, tinham irritação.
[ ... ] Já tivemos oportunidades de falar que
as traduções contêm irregularidades involuntárias e propositais, o que tem
desfigurado muito a Bíblia em todos os
tempos.
Um exemplo nos dará
uma noção bem clara do que estamos dizendo João de Almeida foi um português protestante, muito conhecido por todos
nós, estudiosos bíblicos de Língua Portuguesa, porque ele é tido como um dos
melhores tradutores que temos da Bíblia. E, no entanto, ele confessou que a sua versão da Bíblia para o
Português possui cerca de dois mil erros. E
é impressionante o que as editoras têm feito com a tradução de João de Almeida,
principalmente de 1967 para cá, quando, sob o pretexto de
colocarem a Bíblia numa linguagem moderna, alteraram tanto os textos, que não
se pode mais dizer que seja uma tradução de João de Almeida.
E essas modificações são erros propositais em toda a acepção da
palavra.
Por
exemplo, há umas palavras espíritas que só foram criadas no século passado por Allan Kardec,
tais como “Espiritismo”, “espírita” e “médium”.
Se o livro mais novo da Bíblia, o Apocalipse, foi escrito há dezenove
séculos, jamais deveriam figurar nas traduções tais palavras. E fazem isso,
justamente, para injuriarem, desmoralizarem e difamarem o Espiritismo e os
espíritas, o que é lamentável, pois os textos bíblicos não poderiam ser
adulterados nem para a prática do bem, quanto mais para a prática do mal, ou seja, a
intenção de enganar as pessoas ou de caluniá-las e difamá-las, e o pior, por causa de sua religião, que deve merecer de todos nós todo o
respeito, qualquer que seja essa religião diferente da nossa.
[ ... ] Como acabamos de ver, a Bíblia não é mais a original.
Hoje
ela é obra mais de homens do que de Deus propriamente dito,
como foi muito
afirmado no passado, e ainda é, na atualidade, por muitas pessoas, o que
respeitamos, mas não podemos concordar com elas, por tudo que fizeram com a
Bíblia. Aliás, nas suas origens, ela foi escrita por homens, que, mesmo tendo a
ajuda de Deus ou de espíritos santos de luz, não eram infalíveis.
CAPÍTULO 4: CRISTIANISMO ESOTÉRICO E EXOTÉRICO
[ ... ] Até quando os dirigentes das nossas igrejas cristãs vão manter
esses erros do passado – quando eram justificados, não o
sendo mais hoje – e que, justamente por isso afastam as pessoas intelectuais do
seio das igrejas cristãs, quando não os levam para o ateísmo?
[ ... ] Apesar de o Cristianismo ter mostrado
muita aversão pelo paganismo, adotou muitas de suas tradições, rituais e
símbolos.
CAPÍTULO 5: RELIGIÃO E SANTIDADE
As Religiões são, sem dúvida,
conjuntos de princípios e normas que nos ajudam
conviver melhor com os nossos semelhantes e dizem como devemos nos
comportar diante de Deus, ao qual sempre devemos ser gratos por nossa existência, e pedir
bênçãos para nós.
[ ... ] Realmente, o saber ou o conhecer a
verdade é um modo de se libertar como a ignorância, o não estar na luz, é uma
forma de escravidão.
CAPÍTULO 6: DEMÔNIOS, ANJOS E DIABOS
No Cristianismo não existe maior
confusão do que a que é feita com os espíritos,
envolvendo o próprio Deus, deuses, anjos, satã, almas, demônios, Lúcifer,
diabo, Satanás e outros.
A Igreja sempre acreditou na
existência dos espíritos.
Mas
nunca ela deu sinal verde para o estudo profundo deles
O padre Jesuíta francês, François Brune, porta-voz do Vaticano sobre
Transcomunicação e autor do livro best-seller Os Mortos Nos Falam, lamenta por a Igreja ter a
atitude de condenar todo fenômeno espiritual, ter sido até acusada de materialista por alguns cientistas
espiritualistas, e por ter sido sempre contrária ao estudo especial do espírito
no decorrer de sua história, após a morte do corpo ou da vida eterna dele.
[ ... ] Com o advento do Espiritismo, com
Allan Kardec, na segunda metade do século
passado, os espíritos passaram a ser estudados sob a ótica de um rigoroso
método científico, o que continua até hoje, e a Igreja se fechou mais ainda, condenando todas as experiências e
práticas espíritas, excomungando, inclusive, os adeptos do Espiritismo.
Mas os tempos correram, e hoje,
graças à Doutrina Kardecista, com seus numerosos pesquisadores cientistas, a
própria ciência veio a interessar-se pelo espírito. E até o Padre Quevedo,
conhecido pelo seu radicalismo contra o Espiritismo, diz que a parapsicologia
acabou com o materialismo, e o Espiritismo está na vanguarda disso.
[ ... ] Os espíritas seguem princípios doutrinários cristãos do
cristianismo primitivo, principalmente do arianismo, de que tratamos no
capítulo 4.
[ ... ] Fizemos essa pequena e rápida apologia
do Espiritismo, porque, como religião é, hoje, a que mais se identifica com a
Bíblia e a ciência, além de ser a que
mais avançou nas pesquisas científicas sobre o espírito, e, portanto, a que
mais entende do assunto.
CAPÍTULO 7: A SANTÍSSIMA TRINDADE E O ESPÍRITO SANTO
Uma das questões mais complicadas
ente os dogmas cristãos proclamados pelos bispos em seus concílios é a da
Santíssima Trindade.
De uma coisa universal tão simples, fizeram uma tremenda confusão.
Mas não vamos condenar a Igreja por isso, porque isso se deve também à
mentalidade atrasada da época, quando, como já vimos, os bispos eram constituídos
de pessoas simples e até semianalfabetos, e quando pouco se conhecia de Bíblia,
salvo raras exceções.
[ ... ] E eis alguns exemplos da Trindade nas
principais religiões do mundo: Pai, Filho e Espírito Santo ( Cristianismo
); Kethler, Chekmah e Binah ( Cabalá-Judaísmo); Buda,
Darma e Sanga ( Budismo do Sul ); Amithaba, Avalokiteshvara e Mandjusri (Budismo
do Norte); Tulac, Fan e Mollac ( Druídas ); Anu, Ea e Bel ( Caldeus ); Odim, Freva e Thor
( Mitologia Escandinava ); Osiris, Ísis e Hórus ( Egito Antigo ) e Brama, Vixnu
e Shiva ( Hinduísmo ).
Sem querer agredir a Igreja, mas querendo apenas dizer a verdade, os dogmas dela foram criados
justamente para consagrarem como sendo verdades inquestionáveis certos
princípios doutrinários que qualquer pessoa honesta consigo mesma, com a sua
consciência, não aceita.
Daí surgiram os hereges que, geralmente, eram pessoas inteligentes e
comprometidas com a verdade, pelo que se tornaram vítimas de perseguições por
parte da Igreja, e mais tarde, eles
morriam nas fogueiras da Inquisição.
Foi o Concílio
Ecumênico de Constantinopla I ( 381 ) que estabeleceu que o Espírito-Santo é
aquilo que hoje se pensa Dele, de um
modo geral, isto é, que ele é uma pessoa divina como o Pai e o Filho.[ ... ] Agora, retomando o nosso assunto, vamos falar sobre a origem da
palavra Espírito Santo. No Grego só existem artigos definidos, não havendo,
pois, o artigo indefinido “ um ”, assim, quando em Grego se diz “ o ”, aparece
o artigo ho. Mas, quando se quer dizer “ um ”, não aparece artigo
nenhum, porque repetimos, não há em Grego artigo indefinido.
E na Bíblia, quando
aparece o Espírito Santo, vem sem artigo, portanto, a tradução correta é, no
Português, “ um ” Espírito Santo, e não “ o ” Espírito Santo.
O Professor Pastorino mostra isso, apontando para os erros de tradução
de vários textos da Bíblia.
[ ... ] No Latim fica uma dúvida quanto a
isso, pois nele não há artigo definido, nem indefinido, que, sem dúvida, contribuiu para trazer mais
confusão, ainda, para essa questão do
Espírito Santo, já que a Vulgata é em Latim, e não havia tradução para outras
línguas, a partir do Grego, diretamente, que é o idioma em que
foi escrito o Novo Testamento.
Mas, hoje, há muitas traduções diretas do original grego para diversas
línguas, inclusive para o Português,
quando tais falhas de tradução estão sendo constatadas.
[ ... ] Os católicos mais esclarecidos, que
gostam de estudar a Bíblia e as outras religiões, também,
acabam se tornando espíritas, já que o Kardecismo tem verdades inquestionáveis, pois estuda a Bíblia de um modo
racional, e pauta a sua doutrina à luz da ciência.
E é emocionalmente equilibrado, pois conhece de fato verdades
irretorquíveis, com o respaldo da ciência, do bom
senso e da lógica, é tranquilo e sereno, não precisando de
barulho nem de gritar para os outros seus princípios religiosos para as
convencer e convencer a si mesmo das verdades da sua crença, pois quem encontra a verdade de
fato, liberta-se dessas picuinhas e fanatismos religiosos que a gente vê por
aí. De fato, só quem, não tem suas verdades bem estruturadas precisa de ser
fanático, numa tentativa de
encobrir a lacuna interna que atormenta a sua fé.Por isso os espíritas não hostilizam a Igreja Católica, nem a deixam
totalmente, em sua maioria. Mas não é só com a Igreja Católica que vivem sem
atritos, e sim, com qualquer outra religião, também, não dando nenhuma
importância para as diferenças religiosas que existem entre eles e os adeptos
de outras crenças.
Os espíritas só se preocupam com o
estudo do Evangelho de Jesus e com a colocação
dele em prática na sua vida cotidiana. Em outras palavras, querem colocar Jesus, de fato, em
suas vidas.
[ ... ] Sempre que aparece Espírito Santo no original Grego do Novo
Testamento,
não há o artigo
definido grego ho ( “o” em Português ), o que nos obriga a colocar na tradução para o Português o artigo
indefinido “um” , ficando, pois, assim: “um” Espírito Santo, o que nos deixa
claro que há mais de um Espírito Santo, e não um
só:“o” Espírito Santo.
E, com isso, fica demonstrado também que Espírito Santo na Bíblia
refere-se a um espírito humano de luz, de
que há exemplos também no Velho Testamento.
No Livro de Daniel 13:45, temos um
bom exemplo do assunto em foco: “O
Senhor suscitou o Espírito Santo de um moço chamado Daniel”.
Esse é um dos exemplos raros na Bíblia, em que aparece a expressão “o
Espírito Santo”, com artigo definido “o”.
E, no entanto, observamos que o
Espírito Santo no citado texto refere-se ao próprio espírito de uma pessoa, no
caso, de Daniel.
E sempre que aparece Espírito Santo na Bíblia, esse Espírito Santo se
refere ao espírito da própria pessoa, ou outro espírito santo ou santo espírito
enviado a ela por Deus ou por quem trabalha
para Deus.
Assim, em Lucas 1:67,
lemos “Zacarias seu pai, ficou cheio de ‘um’ espírito santo”, pois no original grego não há o artigo
definido “o”.
Logo, a tradução que aparece nas Bíblias “do” Espírito Santo está
errada, não confere com o original.
Nenhum comentário:
Postar um comentário