PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

quinta-feira, fevereiro 27, 2014

INSTINTO ANIMAL

INSTINTO ANIMAL

Como os animais de estimação conseguem adivinhar que seus donos estão chegando ? Para um polêmico cientista inglês, os bichos têm um sexto sentido que lhes permite sentir coisas que nós não percebemos.
 
 





                Quem já não se deparou com uma coincidência incrível, daquelas que fazem a gente pensar se há alguma razão sobrenatural para aquilo ter acontecido : algo como você ligar para um amigo e ouvir que ele estava pensando em ligar para você naquele momento, ou encontrar com uma pessoa que você não via há muito tempo bem no dia em que sonhou com ela. Para o biólogo inglês Rupert Sheldrake, essas ocasiões são mais que simples acasos. Ele defende que acontecimentos como esses ocorrem nos raros momentos em que nos conectamos  a uma forma de consciência primitiva, que o processo civilizatório calou há muito tempo. Para Sheldrake,  a forma mais fácil de comprovar a existência dessa outra inteligência é observar os animais, que ainda dominam e utilizam cotidianamente esse sexto sentido.
                Antes de entrar nas teorias de Sheldrake. É bom apresentá-lo. Para grande parte dos cientistas suas IDEIA não passam de esoterismo. Mas o biólogo tem credenciais cunhadas nas casas mais nobres da ciência. Formado em Ciências Naturais pela Universidade de Cambridge e em Filosofia pela Universidade de Harvard, Sheldrake tem ainda o titulo de PhD em Bioquímica (também de Cambridge). Mas, decididamente ele não segue os passos de seus mestres. Seus livros levam a sério temas banidos da academia, como fenômenos “paranormais” e espiritualidade. Para ter uma idéia do tipo de crítica que suas IDEIA geram, basta dizer que John Madox, ex-diretor da revista Nature, propôs que os livros de     Sheldrake deveriam ser sumariamente queimados. “Ele merece ser condenado pela exata mesma razão que o papa condenou Galileu: como um herege”.
                Para acirrar inda mais  controvérsia, Sheldrake critica abertamente alguns dos pilares do método científico, como  necessidade de ambientes controlados para reduzir o número de variáveis em um experimento e a validação de um resultado somente se ele puder ser repetido nas mesma condições. Para Sheldrake, isso gera um artificialismo que      desmerece os resultados. “essa visão”, diz o controverso cientista, “data do século XVII e deriva da teoria de René   Descartes de que o Universo é uma máquina. Animais e plantas são vistos como autômatos programados. A natureza precisa ser encarada de forma menos mecanicista e utilitária”, afirma.
                Foi com base nessas premissas que o biólogo pesquisou e escreveu o livro Cães Sabem Quando seus Donos estão Chegando. O livro, um Best -seler, é uma compilação de casos – alguns acompanhados mais de perto e outros mais à distância - de animais de estimação que demonstram poderes maiores do que  a ciência tradicional seria capaz de    admitir.
                Seguindo sua linha polêmica, Sheldrake defende que animais têm habilidades que nós, humanos, perdemos. Por isso têm muito a nos ensinar.
                Para pesquisar os casos citados no livro, Sheldrake seguiu três passos. Primeiro, ele e sua equipe entrevistaram pessoas que têm experiência em lidar com animais: treinadores, veterinários, cegos com seus cães-guia, tratadores de zôos, proprietários de canis e gente que trabalha com cavalos. O segundo passo foi espalhar aleatoriamente questionários sobre comportamento animal em residências que possuíam animais de estimação nos Estados Unidos e nos países     britânicos. Por fim, alguns casos foram separados para um estudo monitorado. O resultado é um apanhado de caos    documentados que surpreende os mais céticos. Como o do cão Jaytee.
               
CÃES QUE SABEM
                Jaytee foi adotado por uma secretária de Manchester, Inglaterra, chamada Pamela Smart. Os pais de Pamela percebiam que, meia hora antes de a filha voltar do trabalho para casa, Jaytee se postava em frente à porta de entrada e esperava por ela. Como ele sabia que ela estava chegando ? Curiosa com o fato, Pámela entrou em contato com Ruper Sheldrake e se propôs  colaborar com sua pesquisa. Durante 100 dias, ela e seus pais mantiveram um diário duplo notando detalhes das rotinas de Pam e do animal sob a orientação de Sheldrake, Pamela começou a inserir algumas variáveis em seu comportamento para testar a capacidade de Jaytee de antecipar sua chegada. Seria o cheiro ? Dificilmente: a dona estava entre seis e 60 quilômetros de casa. Como sentir qualquer cheiro a essa distância no caos urbano ? Será que o mascote reconhecia o motor do carro ? Tampouco. Pamela começou  a voltar para casa de táxi, de bicicleta ou a pé e o cão continuou antecipando sua chegada. Seria a rotina : também não, pois variações aleatórias de horário não mudaram em nada o fenômeno.
                Por fim, Sheldrake utilizou duas câmeras, com os cronômetros sincronizados, para registrar o comportamento de Jaytee e os movimentos de Pamela. Nada menos que 120 fitas foram registradas e analisadas. E revelaram algo ainda mais intrigante. Jaytee não ia para a porta esperar a dona no momento em que ela partia do trabalho, mas no momento em que ela decidia partir. Era como se lesse seus pensamentos. Submetidos ao crivo de outros cientistas, os dados foram considerados insuficientes e passíveis de erro, mas Sheldrake insiste: cães têm poderes extra-sensoriais.E não são só eles: gatos, papagaios, galinhas, gansos, répteis, peixes, macacos, cavalos e ovelhas também os possuem.

                ANIMAIS QUE CURAM
                Rupert Sheldrake firma que , nos templos de cura da Grécia antiga, cães eram tratados como co-terapeutas. A mais importante divindade de cura entre os gregos, Asklépios, costumava manifestar-se por meio de “cães sagrados”. Segundo Sheldrake, até Sigmund Freud, o pai da Psicanálise, era acompanhado por sua cadela, uma chow, que não era apenas uma companhia ou um animal de     estimação, mas parte do processo a que ele submetia os pacientes. Freud acreditava em uma “cura pelo animal de estimação”, nas suas palavras. E, curiosamente, era o animal que avisava      quando a sessão tinha terminado.
                Sheldrake indica no livro um série de trabalhos acadêmicos realizados em hospitais e clínica demonstrando que pacientes que possuem animais de estimação se sentem menos sós, ansiosos e deprimidos. E o bem-estar emocional é um grande aliado de médicos na recuperação de pacientes, porque melhora a resposta imunológica, entre outros benefícios. Segundo o autor, essa interação  acontece não por mágica, mas porque animais de estimação oferecem o que poucos humanos são capazes de oferecer: amor incondicional.
                Mas o benefício da ligação entre o dono e o animal transcende o mero companheirismo. Segundo o biólogo, os animais cuidam de seus donos, conhecem suas doenças e os ajudam a se tratar, de forma deliberada, como mostram os relatos apresentados em seu livro. Uma  mulher do norte da Inglaterra conta que, numa noite de profunda depressão, resolveu se matar tomando uma over-dose de calmantes. Seu spaniel chamado William pela primeira e única vez em 15 anos de fidelidade total se colocou agressivamente entre ela e o vidro de remédio, rosnando com furia e mostrando os dentes. Ela desistiu do suicídio e o cão voltou à mansidão habitual.
                Christine Murray, que mora numa cidadezinha perto de Washington, capital dos Estados Unidos, tem uma     mestiça de pitbull e beagle chamada Annie. Cerca de duas vezes por semana, Annie pula no colo de Christine e começa  lamber seu rosto furiosamente. Imediatamente, Annie pára o que estiver fazendo e se acomoda no chão. Em poucos  minutos, tem um ataque epilético. A cadela não falha. Ela parece saber que a dona vai ter um ataque e a avisa. Há o caso também de uma epilética alemã de Hamburgo que possui um casal de vira-latas. Quando o ataque começa, os dois estão sempre por perto, e um deles tenta se colocar entre a doente o chão, para amortecer-lhe a queda.
               
                SENSO DE DIREÇÃO
                Desde a década de 1930 o alemão Bastian Schmidt realiza detalhados estudos sobre orientação animal. Ele foi um pioneiro em testar teorias ao abandonar cães em lugares desconhecidos e observar seu comportamento. A observação mais importante colhida por Schmidt foi a de que nos primeiros cinco a 25 minutos o animal não “farejava” o caminho de volta. Ele levantava a cabeça, observava os arredores, como que estabelecendo sua localização. Em seguida, o cão simplesmente sabia a direção de casa – e seguia para lá.
                Sheldrake não podia deixar de testar esse poder. O biólogo conheceu em Leicester, um coliie-de-fronteira      mestiça chamada Pepsi que tinha um estranho costume: fugia de casa e reaparecia na residência de algum parente ou amigo do seu dono.No verão de 1996, Rupert Sheldrake instalou um receptor GPS (o sistema de posicionamento global ) na coleira de Pepsi e a largou  3 quilômetros de casa, às 45h55 da madrugada. Às 9 horas da manha a cadela foi achada curtindo um sol tranqüilamente na casa da irmã do seu dono. Cada um de seus movimentos foi registrado pelo GPS. Com a ajuda de um mapa da cidade. Sheldrake descobriu que assim que foi largada, Pepsi procurou a casa mais próxima    conhecida, depois foi para a seguinte e assim por diante. Em pouco menos de quatro horas, já havia passado por 17      lugares guardados em sua memória. Seguindo seu padrão de comportamento, logo ela estaria em casa, pronta para uma nova aventura.
                Como animais se guiam ? Pelas estrelas, por campos magnéticos ? Sheldrake considera essas teorias mecanicistas e ultrapassadas. Cita vários casos de cães que descobriram o túmulo de seus donos sem nem sequer testemunhar a morte deles. E conta a epopéia de Prince, um Irish Terrier que, durante a primeira Guerra Mundial, saiu de Londres para encontrar seu dono no caos das trincheiras da França ( e se tornou uma espécie de mascote das forças Britânicas ). O que estrelas e campos magnéticos têm a ver com isso ?
               
                TELEPATIA
                Ruper Sheldrake afirma que essa ligação entre homens e cães se deve ao longo tempo de convivência entre as duas espécies, que já dura 100.000 anos, quando os primeiros cachorros foram domesticados. Graças a essa conexão, os animais “lêem os pensamentos das pessoas”. Eles parecem sentir quando seus donos precisam de ajuda ou de apoio    emocional. Algumas dessas manifestações se revelam em pequenos atos cotidianos. Gatos que desaparecem no dia de ir ao veterinário ,cães que tremem na hora de uma consulta, mesmo que seus donos simulem tratar-se de um simples “passeio’.
                Rupert Sheldrake coletou mais de 1500 casos de supostos contatos telepáticos entre homens e animais. Histórias como a do gato Godzilla, que vive com o relações-públicas David White, em Oxford. Por obrigação profissional, White viaja muito por lugares tão diferentes quanto a África do Norte, o Oriente Médio e  Europa Continental. Não importa de onde ou quando David White ligava, Godzilla subia à mesa e ficava ao lado do telefone antes que ele fosse atendido. Mas só nas ligações do dono. Todas as outras eram desprezadas pelo gato. Isso foi testado em várias condições e variações, e Godzilla não falhava. Se o dono liga, ele parece saber. Um caso semelhante ocorre com o cão Jack, de Gloucester: ele também só fica ao lado do telefone quando seu dono liga. Com um detalhe: Jack se manifesta uns dez minutos antes de a ligação acontecer.
               
                A EXPLICAÇÃO, AFINAL
                Sheldrake é o primeiro  esfriar os ânimos de seus leitores que procuram explicações para esses fenômenos. “Não existe uma conclusão para explicar tudo isso”, diz ele. O que há são hipóteses. E a hipótese do biólogo baseia-se em uma controversa proposição: a teoria dos “campos mórficos”. Segundo  Sheldrake, os corpos têm uma espécie de extensão invisível e detectável, que determina sua forma e seu comportamento. São os campos mórficos. A teoria não pára por aí. Esses campos, diz ele, atravessam o tempo – conectando os corpos com outros corpos existentes no passado e no futuro, em um processo chamado ressonância mórfica. “O campo mórfico é um campo estendido no tempo-espaço, assim  como o campo gravitacional do sistema solar não está meramente dentro do nosso e dos planetas, mas contém todos eles e coordena seus movimentos”, diz.
                A idéia básica é  de que todo ser possui uma marca própria, que se estende não apenas ao seu próprio organismo, mas a tudo com o que esse ser convive. E essa ligação se torna mais forte à medida que essa convivência se repete.
                Segundo Sheldrake, a origem do campo mórfico pode estar em um fenômeno que inquietou Albert Einstein, chamado de não-localidade quântica, e que foi confirmado por experiências realizadas na década de 80. Nos experimentos, comprovou-se que duas partículas de luz, ou elétrons, emitidas pelo mesmo átomo continuam de certa forma ligadas entre si, mesmo separadas por uma grande distância. De tal forma que, quando os cientistas mediam alguma característica de uma das partículas,  a outra imediatamente modificava a mesma característica.
                Os campos mórficos explicam muitos mistérios que desafiam a ciência, como a morfogênese, ou seja,                              o desenvolvimento da forma e da estrutura de um organismo. Enquanto os biólogos continuam procurando a chave que faz uma perna desenvolver-se como um perna e não como uma antena, Sheldrake já  tem sua resposta. Como uma semente de cenoura se transforma em uma cenoura ? Resposta:  seu campo mórfico conecta a semente às cenouras passadas, que a precederam, e faz com que ela se desenvolva como uma cenoura. Esse não seria o papel dos genes ? Em parte. O genes seriam apenas um sintonizador de campos mórficos. Como o seletor de canais de uma televisão, o DNA conecta um ser ao seu respectivo campo mórfico. Por esse mesmo raciocínio, admite-se que um jogo de palavras cruzadas impresso em um exemplar de um jornal matutino fica mais fácil de resolver à medida que o dia passa, porque a ressonância mórfica emitida pelas pessoas que o resolveram facilita a tarefa.
                Bem, e onde entram os animais ? Em termos muito simplificados, esses campos mórficos formam ligações entre seres ( e entre seres e objetos ) invisíveis aos olhos e o conhecimento. È como um campo magnético – que nada representa para nós se não tivermos uma bússola. Segundo essa teoria, animais criam campos mórficos com seus donos e sabem como utilizá-los na prática. O gato que sabe que o telefonema é do seu dono está apenas usando seus “sensores de campos mórficos”.
                Quando um animal “adivinha” a hora exata em que seu dono vai chegar, estaria usando um recurso de inteligência que nós perdemos. Quando um cachorro quer voltar para casa, ele apenas localiza  a extensão do seu campo     mórfico e vai em frete. O mesmo princípio vale para o cãozinho Prince, que, de algum jeito, cruzou o Canal da Mancha para reencontrar seu dono no inferno das trincheiras.
                Sheldrake acha que sua teoria faz parte de uma evolução natural do conhecimento. “Descartes acreditava que o único tipo de mente era a consciente. Então, Freud reinventou o inconsciente. Daí Jung disse que não existi apenas um inconsciente pessoal mas um inconsciente coletivo. A ressonância mórfica nos mostra que nossas próprias almas estão conectadas com as almas dos outros e ligadas ao mundo que nos cerca”.
               
( Revista  “Superinteressante”      -      setembro  de  2002     -    por Dagomir Marquezi )

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O conhecimento do Perispírito foi  a chave da explicação de uma imensidade de fenômenos
e permitiu que  a ciência espírita desse largo passo, fazendo-a enveredar por nova senda,
 tirando-lhe todo o cunho de maravilhosa.
( Livro dos Médiuns, cap. 6, item 109 )


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