Chico Xavier será estudado em profundidade após a sua
desencarnação. Afirmação semelhante a esta ouvi de alguém, não lembro quem,
porém, que vibra em minha mente toda a vez que leio algo referente a Chico ou
algumas de suas Obras.
Este é um
trabalho de pesquisa nas Obras da Coleção A Vida no Mundo Espiritual, de André
Luiz, às Pessoas curiosas: Todas as Obras editadas
pela Editora da Federação Espírita Brasileira – FEB.
ENTRE A TERRA E
O CÉU
CAPÍTULO 1
Em torno da prece:
No Templo do Socorro, o Ministro Clarêncio comentava a sublimidade da
prece, e nós o ouvíamos com a melhor atenção.
“— Todo desejo” — dizia
convincente — “é manancial de poder. A
planta que se eleva para o alto, convertendo a própria energia em fruto que
alimenta a vida, é um ser que ansiou por multiplicar-se...” — Mas todo
petitório reclama quem ouça - interferiu um dos companheiros. — Quem teria
respondido aos rogos, sem palavras, da planta? O venerando orientador respondeu
tranqüilo:
“— A Lei, como
representação de nosso Pai Celestial, manifesta-se a tudo e a todos, através
dos múltiplos agentes que a servem. No caso a que nos reportamos, o Sol
sustentou o vegetal, conferindo-lhe recursos para alcançar os objetivos que se
propunha atingir.
— Em nome de
Deus, as criaturas, tanto quanto possível, atendem às criaturas. Assim como
possuímos em eletricidade os transformadores de energia para o adequado
aproveitamento da força, temos igualmente, em todos os domínios do Universo, os
transformadores da bênção, do socorro, do esclarecimento... As correntes centrais da vida partem do
Todo-Poderoso e descem a flux, transubstanciadas de maneira infinita. Da luz
suprema à treva total, e vice-versa, temos o fluxo e o refluxo do sopro do
Criador, através de seres incontáveis, escalonados em todos os tons do
instinto, da inteligência, da razão, da humanidade e da angelitude, que
modificam a energia divina, de acordo com a graduação do trabalho evolutivo, no
meio em que se encontram. Cada degrau
da vida está superlotado por milhões de criaturas... O caminho da ascensão
espiritual é bem aquela escada milagrosa da visão de Jacob, que passava pela
Terra e se perdia nos céus... A prece, qualquer que ela seja, é ação provocando
a reação que lhe corresponde. Conforme a sua natureza paira na região em que
foi emitida ou eleva-se mais, ou menos, recebendo a resposta imediata ou
remota, segundo as finalidades a que se destina. Desejos banais encontram
realização próxima na própria esfera em que surgem. Impulsos de expressão algo
mais nobre são amparados pelas almas que se enobreceram”. “Ideais e petições de
significação profunda na imortalidade remontam às alturas...”
“— Cada prece,
tanto quanto cada emissão de força, se caracteriza por determinado potencial de
freqüência e todos estamos cercados por Inteligências capazes de sintonizar com
o nosso apelo, à maneira de estações receptoras. Sabemos que a Humanidade
Universal, nos infinitos mundos da grandeza cósmica, está constituída pelas
criaturas de Deus, em diversas idades e posições... No Reino Espiritual,
compete-nos considerar igualmente os princípios da herança. Cada consciência, à
medida que se aperfeiçoa e se santifica, aprimora em si qualidades do Pai
Celestial, harmonizando-se, gradativamente, com a Lei. Quanto mais elevada a
percentagem dessas qualidades num espírito, mais amplo é o seu poder de
cooperar na execução do Plano Divino, respondendo às solicitações da vida, em
nome de Deus, que nos criou a todos para o Infinito Amor e para a Infinita
Sabedoria...”
Quebrando o silêncio que se fizera natural para a nossa reflexão, o irmão Hilário
perguntou:
— Contudo, como interpretar o ensinamento, quando estivermos à frente de
propósitos malignos? Um homem que deseja cometer um crime estará também no
serviço da prece?
“—
Abstenhamo-nos de empregar a palavra «prece», quando se trate do Desequilíbrio” — aduziu
Clarêncio, bondoso —, “digamos
«invocação»”. E acrescentou:
“— Quando
alguém nutre o desejo de perpetrar uma falta está invocando forças inferiores e
mobilizando recursos pelos quais se responsabilizará. Através dos impulsos
infelizes de nossa alma, muitas vezes descemos às desvairadas vibrações da
cólera ou do vício e, de semelhante posição, é fácil cairmos no enredado poço
do crime, em cujas furnas nos ligamos, de imediato, a certas mentes estagnadas
na ignorância, que se fazem instrumentos de nossas baixas idealizações ou das
quais nos tornamos deploráveis joguetes na sombra. Todas as nossas aspirações
movimentam energias para o bem ou para o mal. Por isso mesmo, a direção delas
permanece afeta à nossa responsabilidade. Analisemos com cuidado a nossa
escolha, em qualquer problema ou situação do caminho que nos é dado percorrer, porquanto
o nosso pensamento voará, diante de nós, atraindo e formando a realização que
nos propomos atingir e, em qualquer setor da existência, a vida responde,
segundo a nossa solicitação. Seremos devedores dela pelo que houvermos
recebido.”
“— Estejamos
convictos, porém, de que o mal é sempre um círculo fechado sobre si mesmo,
guardando temporariamente aqueles que o criaram, qual se fora um quisto de
curta ou longa duração, a dissolver-se, por fim, no bem infinito, à medida que
se reeducam as Inteligências que a ele se aglutinam e afeiçoam. O Senhor tolera a desarmonia, a fim de que
por intermédio dela mesma se efetue o reajustamento moral dos espíritos que a
sustentam, de vez que o mal reage sobre aqueles que o praticam, auxiliando-os a
compreender a excelência e a imortalidade do bem, que é o inamovível fundamento
da Lei. Todos somos senhores de nossas criações e, ao mesmo tempo, delas escravos
infortunados ou felizes tutelados. Pedimos e obtemos, mas pagaremos por todas
as aquisições. A responsabilidade é principio divino a que ninguém poderá fugir”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário