ENTRE A TERRA E O CÉU
CAPÍTULO 12
Estudando sempre:
Nesse capítulo o Ministro Clarêncio esclarece a Hilário companheiro de
André Luiz, sobre o perispírito.
“— O psicossoma
(Do grego: psyké, alma, espírito, e soma
corpo Nota da Editora) ou o
perispírito da definição espírita não é idêntico de maneira absoluta em todos
nós, assim como, na realidade, não existem dois corpos físicos totalmente
iguais. Cada criatura vive num carro celular diferente, apesar das peças
semelhantes, impostas pela lei das formas. No círculo de matéria densa, sofre a
alma encarnada os efeitos da herança recolhida dos pais, entretanto, na
essência, a lei da herança funciona invariavelmente do indivíduo para ele
mesmo. Detemos tão somente o que seja exclusivamente nosso ou aquilo que
buscamos.
Renascemos na
Terra, junto daqueles que se afina com o nosso modo de ser, O dipsômano não
adquire o hábito desregrado dos pais, mas sim, quase sempre, ele mesmo já se
confiava ao vício do álcool, antes de renascer. E há beberrões desencarnados
que se aderem àqueles que se fazem instrumentos deles próprios”.
E, imprimindo grave entono à voz, ponderou:
“— A
hereditariedade é dirigida por princípios de natureza espiritual. Se os filhos
encontram os pais de que precisam, os pais recebem da vida os filhos que
procuram.”
Lembrei-me repentinamente de alguns dos grandes gênios da Humanidade, que
produziram filhos monstruosos ou medíocres. Mas, vindo ao encontro do meu
pensamento, o orientador observou:
“— No campo das
grandes virtudes, os pais usam, por vezes, a compaixão reedificante,
empenhando-se em tarefas de sacrifício. Temos no mundo mulheres e homens
admiráveis que, consolidando qualidades superiores na própria alma, se dispõem a
buscar afetos que permanecem à
distância, no passado em tentativas heróicas de auxílio e reajustamento.
Na família
consangüínea ou na família humana, obtemos o que buscamos. Quem já acertou as
próprias contas com a justiça, pode confiar-se aos sublimes rasgos do amor”.
Em seguida, Clarêncio deteve-se na contemplação do velhinho que
repousava e continuou comentando, mais particularmente com Hilário:
“— Conforme a
vida de nossa mente, assim vive nosso corpo espiritual.
Nosso amigo
entregou-se, demasiado às criações interiores do tédio, ódio, desencanto, aflição
e condensou semelhantes forças em si mesmo, coagulando-as desse modo, no
veículo que lhe serve às manifestações. Daí, esse aspecto escuro e pastoso que
apresenta. Nossas obras ficam conosco. Somos herdeiros de nós mesmos”.
— Mas... E se nosso Irmão trabalhasse? Se depois da morte procurasse conjugar
o verbo servir? — inquiriu meu colega, preocupado.
“Ah!
indiscutivelmente o trabalho renova qualquer posição mental. Gerando novos
motivos de elevação e novos fatores de auxílio, o serviço estabelece caminhos
outros que realmente funcionam como recursos de libertação. Por isso mesmo, o
constante apelo do Senhor à ação e à fraternidade se estende, junto de nós,
diàriamente através de mil modos... Todavia,
quando não nos devotamos ao trabalho, enquanto nos demoramos na vestimenta
terrestre, mais difícil se faz para nós a superação dos obstáculos mentais,
porque a indolência trazida do mundo é tóxico cristalizante de nossas idéias,
fixando-as, por vezes, durante tempo indefinível. Se pretendemos possuir um
psicossoma sutilizado capaz de reter a luz dos nossos melhores ideais, é
imprescindível descondensá-lo pela sublimação incessante de nossa mente, que
precisará, então, centralizar-se no esforço infatigável do bem. É para esse fim
que o Pai Celestial nos concede a dor e a luta, a provação e o sofrimento,
únicos elementos reparadores, suscetíveis de produzir em nós o reajuste
necessário, quando nos pomos em desacordo com a Lei”.
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