Abordando este assunto tão importante
para cada um de nós, que tenha sentido em sua alma o desejo caridoso de cuidar
de um paciente terminal, seja ele parente, amigo ou desconhecido, compilamos
alguns temas importantes, dentre vários, que são de grande utilidade no
cumprimento desta nobre tarefa.
É imprescindível, além do amor
incondicional dispensado ao semelhante, um preparo prévio para que a ajuda seja
eficaz e traga conforto moral e espiritual ao paciente.
Entre os assuntos a serem abordados, sem
dúvida, é o religioso. Aqui mencionaremos alguns itens da Doutrina Espírita,
por considerar a que tem mais possibilidade de trazer a verdade, o conforto
moral e espiritual e a paz. Mas, respeitando o desejo de cada paciente, podemos
e devemos oferecer a crença religiosa da
sua preferência.
Em sua palestra, Mauro Operti aborda temas
muito interessantes que podem ser desenvolvidos
junto ao paciente: Uma das causas
que traz tanta angústia ao paciente na hora da morte, é o medo do “castigo” de Deus, pelos pecados
cometidos. A Lei Divina não irá nos punir por ainda não sabermos amar
integralmente.
Estamos aprendendo, às vezes aos trancos
e barrancos. Deus é paciente e espera. Não morreremos nunca, mesmo mergulhados
no mal. Não fosse assim estaríamos
levando a frase de Paulo, “o salário do pecado é a morte”, ao seu significado
literal. A vida não cessa nunca.
A maioria das pessoas não se encontram
preparadas para a morte, mas a possibilidade de ajudar nestas circunstâncias
depende da disponibilidade de informações e de uma visão mais precisa do
fenômeno da morte do corpo, ao lado de um conhecimento menos fantasioso do destino da individualidade espiritual que
perdem o seu corpo físico.
Não sentir medo da desencarnação é
tarefa que exige esforço continuado, persistente e que demora, muitas fezes,
uma vida inteira.
Muitos de nós ainda lutamos com
dificuldades interiores e com a marca do passado que trazemos mais ou menos afloradas na presente
existência.
O conhecimento doutrinário é um
instrumento de libertação que cada um usará de acordo com as suas
possibilidades atuais. Fazemos o que podemos e não tudo que queremos.
Nossas vidas são lutas contínuas em
que vencemos e caímos alternadamente.
Certamente que nem a Lei Divina nem os
seus executores, os espíritos bons, nos julgarão como réprobos se não somos
perfeitos.
Os espíritos bons são compassivos, até
porque agora são bons e equilibrados, mas outrora não o foram. Por isso nos
compreendem e por nós tem carinho.
Vivemos, lutamos, ganhamos e perdemos,
caímos e nos levantamos, mas estamos caminhando. Porque temer a vida depois do
túmulo já que estamos fazendo o que podemos fazer.
Do livro “Lidando com a morte”, o autor,
Ballone GJ, em abordagem não direcionada especificamente ao tema religioso,
coloca que antigamente o paciente em
fase terminal morria em sua própria casa, lentamente, onde tinha tempo para
despedir-se e passar seus últimos momentos com seus familiares. Nossa cultura
científica, muitas vezes, acaba por deixar pessoas morrerem sozinhas na
assepsia fria dos hospitais e experimentando, como último sentimento, um dos
medos mais primitivos do ser humano: a solidão.
Diante do paciente terminal, quando a
medicina já sabe que a doença venceu a guerra, não cabe mais ao médico a
tentativa da cura, muitas vezes extremamente sofrível e estéril, mas assistir,
servir, confortar e cuidar. Se pretendermos ajudar alguém nessa fase, seja
terapêuticamente, medicamente ou humanamente, devemos nos informar e nos
preparar para lidar com a morte.
A morte é um processo biológico natural
e necessário. Falar que a morte é o contrário da vida não é correto. A morte é
uma condição indispensável à sobrevivência da espécie e, através dela a vida se
alimenta e se renova. Desta maneira a morte não seria a negação da vida e sim
um artifício da natureza para tornar possível a manutenção da vida.
A maioria dos pacientes em estado
terminal procura falar sobre a angústia da morte, a maioria deles quer ser
ouvido, quer ser confortado, quer encontrar na humanidade algum apoio que,
muitas fezes, nunca teve durante seus anos de saúde.
Ler, saber e se preparar para tratar desse
tema pode melhorar o atendimento às pessoas terminais, pode melhorar os
sentimentos do próprio profissional que lida com isso.
As
BOAS religiões podem ser úteis na
hora da morte. O desapego material é uma condição essencial para uma morte mais
serena e sem grande angústia.
Portanto, para viver momentos terminais
sem o terror, temor e tormentos da idéia do fim e da perda, é necessário
cultivar um certo desapego em relação à vida, é necessário ter a consciência de que na morte, não
podemos levar nada conosco; nem os bens, nem os amigos, nem os diplomas, nem o
sucesso. Deixar de ser para essas coisas significa, obrigatoriamente, que essas
coisas também deixam de ser para quem vai morrer.
Judy Robber, em “Harmonia de viver”, tembém
em abordagem não direcionada especificamente ao tema religioso, coloca algumas
evidências para identificar quando o paciente está morrendo. Diz ele que reconhecer
quando a pessoa com demência está morrendo não é fácil, porque ele/ela já pode
apresentar alguns destes sinais e sintomas há alguns meses ou até anos, como
por exemplo: profunda fraqueza, ingestão reduzida de comida, aparência
esquelética, dificuldade para engolir, acamado, dependência total de cuidados,
desorientação quanto ao tempo ou local, agitação e inquietação, dificuldade de
concentração.
Porém quando estes sintomas piorarem muito ao longo de duas ou três
semanas, ou até dias ou horas, é importante avisar o médico que, dentro da
filosofia de cuidados paliativos e junto a família, irá planejar os próximos
cuidados do seu paciente.
Quando o processo da morte for
estabelecido, a pessoa pode apresentar outras mudanças como a perda da
consciência(você não consegue acordá-la), não conseguir mais engolir, “agitação
terminal”, além de mudanças na respiração e circulação.
O que mais pode ser feito pelo paciente,
segundo ainda o autor Judy Robber:
* Aprender a constatar a dor por meio da
expressão facial e corporal, gemidos e outros sinais para poder relatar isso à
equipe de saúde. Existe muitas causar de dor, entre elas: artrite, câimbra,
contraturas, falta de mobilidade, aumento da osteoporose, indigestão. Muitas
pessoas desenvolvem uma hipersensibilidade ao toque.
* Aproveite para falar com seu
paciente como nunca antes. Em algum nível ele consegue ouvir e entender, o que
se tornará evidente no período de lucidez que irão acontecer. Diga a ele que o
ama e que se lembra dos bons tempos que compartilharam.
* Leia em voz alta a Bíblica ou outro
livro favorito. Cante canções antigas e conhecidas.
* Traga flores para o quarto e
coloque-as onde possa ser vistas da cama.
* Ofereça um bicho de pelúcia,
bolinhas ou colar de contas para segurar na mão.
* Massageie levemente as mão e os pés do seu paciente.
* Ofereça o toque e o contato
humanos. Sente-se ao lado da cama, segure a mão da pessoa e fale com ela como
se ainda pudesse ouvir e entender. A audição pode ser o último sentido a ser
perdido. Reduza as intervenções somente
às necessárias, mude a pessoa de posição a cada duas horas ou quando precisar
trocar a fralda.
* Cuide da boca seca, umedecendo-a
com gaze molhada em água mineral e aplique vaselina ou manteiga de cacau nos
lábios. Limpe a secreção dos olhos com gaze úmida.
* Preste atenção à prisão de ventre.
Siga as orientações da equipe de saúde.
* Atenda as necessidades espirituais
e culturais. Para algumas pessoas isso pode significa chamar um sacerdote da
sua religião para conversar. Para outros pode ser que as suas músicas
preferidas sejam tocadas como um fundo suave. O balançar ou “ninar” acalma e
conforta. Estas e outras informações devem ser conhecidas e organizadas com
antecedência.
* Mantenha um ambiente de harmonia e
paz, bom para quem parte e para quem fica.
* Trabalhe junto com a equipe de
saúde. Fale claramente o que precisa, anote suas perguntas e preocupações e
também as instruções sobre os cuidados ao conversar com os profissionais.
* Incentive as pessoas próximas a
visitar, pois mesmo que não os reconheça, o
paciente percebe a presença carinhosa de alguém que o ama.
Como
observamos, esta abordagem é um
pequeno resumo da vasta literatura espírita e científica que, se aprofundada,
pode nos trazer grandes conhecimentos e o equilíbrio necessário para que
possamos melhor cuidar do paciente terminal.
Que Deus nos abençoe.
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