PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

sábado, julho 21, 2012

CUIDANDO DE UM PACIENTE TERMINAL


        Abordando este assunto tão importante para cada um de nós, que tenha sentido em sua alma o desejo caridoso de cuidar de um paciente terminal, seja ele parente, amigo ou desconhecido, compilamos alguns temas importantes, dentre vários, que são de grande utilidade no cumprimento desta nobre tarefa.

       É imprescindível, além do amor incondicional dispensado ao semelhante, um preparo prévio para que a ajuda seja eficaz e traga conforto moral e espiritual ao paciente.

       Entre os assuntos a serem abordados, sem dúvida, é o religioso. Aqui mencionaremos alguns itens da Doutrina Espírita, por considerar a que tem mais possibilidade de trazer a verdade, o conforto moral e espiritual e a paz. Mas, respeitando o desejo de cada paciente, podemos e devemos  oferecer a crença religiosa da sua preferência.

    Em sua palestra, Mauro Operti aborda temas muito interessantes que podem ser desenvolvidos  junto ao paciente:  Uma das causas que traz tanta angústia ao paciente na hora da morte,  é o medo do “castigo” de Deus, pelos pecados cometidos. A Lei Divina não irá nos punir por ainda não sabermos amar integralmente.

       Estamos aprendendo, às vezes aos trancos e barrancos. Deus é paciente e espera. Não morreremos nunca, mesmo mergulhados no mal.  Não fosse assim estaríamos levando a frase de Paulo, “o salário do pecado é a morte”, ao seu significado literal. A vida não cessa nunca.

       A maioria das pessoas não se encontram preparadas para a morte, mas a possibilidade de ajudar nestas circunstâncias depende da disponibilidade de informações e de uma visão mais precisa do fenômeno da morte do corpo, ao lado de um conhecimento menos fantasioso  do destino da individualidade espiritual que perdem o seu corpo físico.

       Não sentir medo da desencarnação é tarefa que exige esforço continuado, persistente e que demora, muitas fezes, uma vida inteira.

       Muitos de nós ainda lutamos com dificuldades interiores e com a marca do passado que trazemos  mais ou menos afloradas na presente existência.

       O conhecimento doutrinário é um instrumento de libertação que cada um usará de acordo com as suas possibilidades atuais. Fazemos o que podemos e não tudo que queremos.

       Nossas vidas são lutas contínuas em que  vencemos e caímos alternadamente. Certamente que nem a Lei Divina nem  os seus executores, os espíritos bons, nos julgarão como réprobos se não somos perfeitos.

       Os espíritos bons são compassivos, até porque agora são bons e equilibrados, mas outrora não o foram. Por isso nos compreendem e  por nós tem carinho.

       Vivemos, lutamos, ganhamos e perdemos, caímos e nos levantamos, mas estamos caminhando. Porque temer a vida depois do túmulo já que estamos fazendo o que podemos fazer.

       Do livro “Lidando com a morte”, o autor, Ballone GJ, em abordagem não direcionada especificamente ao tema religioso, coloca que antigamente  o paciente em fase terminal morria em sua própria casa, lentamente, onde tinha tempo para despedir-se e passar seus últimos momentos com seus familiares. Nossa cultura científica, muitas vezes, acaba por deixar pessoas morrerem sozinhas na assepsia fria dos hospitais e experimentando, como último sentimento, um dos medos mais primitivos do ser humano: a solidão.

       Diante do paciente terminal, quando a medicina já sabe que a doença venceu a guerra, não cabe mais ao médico a tentativa da cura, muitas vezes extremamente sofrível e estéril, mas assistir, servir, confortar e cuidar. Se pretendermos ajudar alguém nessa fase, seja terapêuticamente, medicamente ou humanamente, devemos nos informar e nos preparar para lidar com a morte.

       A morte é um processo biológico natural e necessário. Falar que a morte é o contrário da vida não é correto. A morte é uma condição indispensável à sobrevivência da espécie e, através dela a vida se alimenta e se renova. Desta maneira a morte não seria a negação da vida e sim um artifício da natureza para tornar possível a manutenção da vida.

       A maioria dos pacientes em estado terminal procura falar sobre a angústia da morte, a maioria deles quer ser ouvido, quer ser confortado, quer encontrar na humanidade algum apoio que, muitas fezes, nunca teve durante seus anos de saúde.

        Ler, saber e se preparar para tratar desse tema pode melhorar o atendimento às pessoas terminais, pode melhorar os sentimentos do próprio profissional que lida com isso.

       As  BOAS  religiões podem ser úteis na hora da morte. O desapego material é uma condição essencial para uma morte mais serena e sem grande angústia.

       Portanto, para viver momentos terminais sem o terror, temor e tormentos da idéia do fim e da perda, é necessário cultivar um certo desapego em relação à vida, é necessário  ter a consciência de que na morte, não podemos levar nada conosco; nem os bens, nem os amigos, nem os diplomas, nem o sucesso. Deixar de ser para essas coisas significa, obrigatoriamente, que essas coisas também deixam de ser para quem vai morrer.

       Judy Robber, em “Harmonia de viver”, tembém em abordagem não direcionada especificamente ao tema religioso, coloca algumas evidências para identificar quando o paciente está morrendo. Diz ele que reconhecer quando a pessoa com demência está morrendo não é fácil, porque ele/ela já pode apresentar alguns destes sinais e sintomas há alguns meses ou até anos, como por exemplo: profunda fraqueza, ingestão reduzida de comida, aparência esquelética, dificuldade para engolir, acamado, dependência total de cuidados, desorientação quanto ao tempo ou local, agitação e inquietação, dificuldade de concentração.

       Porém quando estes sintomas  piorarem muito ao longo de duas ou três semanas, ou até dias ou horas, é importante avisar o médico que, dentro da filosofia de cuidados paliativos e junto a família, irá planejar os próximos cuidados do seu paciente.

       Quando o processo da morte for estabelecido, a pessoa pode apresentar outras mudanças como a perda da consciência(você não consegue acordá-la), não conseguir mais engolir, “agitação terminal”, além de mudanças na respiração e circulação.

       O que mais pode ser feito pelo paciente, segundo ainda o autor Judy Robber:

          * Aprender a constatar a dor por meio da expressão facial e corporal, gemidos e outros sinais para poder relatar isso à equipe de saúde. Existe muitas causar de dor, entre elas: artrite, câimbra, contraturas, falta de mobilidade, aumento da osteoporose, indigestão. Muitas pessoas desenvolvem uma hipersensibilidade ao toque.

          * Aproveite para falar com seu paciente como nunca antes. Em algum nível ele consegue ouvir e entender, o que se tornará evidente no período de lucidez que irão acontecer. Diga a ele que o ama e que se lembra dos bons tempos que compartilharam.

          * Leia em voz alta a Bíblica ou outro livro favorito. Cante canções antigas e conhecidas.

          * Traga flores para o quarto e coloque-as onde possa ser vistas da cama.

          * Ofereça um bicho de pelúcia, bolinhas ou colar de contas para segurar na mão.

          * Massageie  levemente as mão e os pés do seu paciente.

          * Ofereça o toque e o contato humanos. Sente-se ao lado da cama, segure a mão da pessoa e fale com ela como se ainda pudesse ouvir e entender. A audição pode ser o último sentido a ser perdido. Reduza as intervenções  somente às necessárias, mude a pessoa de posição a cada duas horas ou quando precisar trocar a fralda.

          * Cuide da boca seca, umedecendo-a com gaze molhada em água mineral e aplique vaselina ou manteiga de cacau nos lábios. Limpe a secreção dos olhos com gaze úmida.

          * Preste atenção à prisão de ventre. Siga as orientações da equipe de saúde.

          * Atenda as necessidades espirituais e culturais. Para algumas pessoas isso pode significa chamar um sacerdote da sua religião para conversar. Para outros pode ser que as suas músicas preferidas sejam tocadas como um fundo suave. O balançar ou “ninar” acalma e conforta. Estas e outras informações devem ser conhecidas e organizadas com antecedência.

          * Mantenha um ambiente de harmonia e paz, bom para quem parte e para quem fica.

          * Trabalhe junto com a equipe de saúde. Fale claramente o que precisa, anote suas perguntas e preocupações e também as instruções sobre os cuidados ao conversar com os profissionais.

          * Incentive as pessoas próximas a visitar, pois mesmo que não os reconheça, o  paciente percebe a presença carinhosa de alguém que o ama.

      

       Como  observamos, esta abordagem é  um pequeno resumo da vasta literatura espírita e científica que, se aprofundada, pode nos trazer grandes conhecimentos e o equilíbrio necessário para que possamos melhor cuidar do paciente terminal.  Que Deus nos abençoe.

      

                       

Nenhum comentário: