PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

segunda-feira, outubro 20, 2008

AÇÃO E REAÇÃO

PELO ESPÍRITO ANDRÉ LUIS, PSICOGRAFIA DE CHICO XAVIER.
Emmanuel, Espírito Guia de Chico Xavier, sob o título “Ante o Centenário” introduz a Obra “... Exaltando, assim, os méritos inestimáveis da obra de Allan Kardec, saudamos-lhe, comovidamente, o abençoado centenário”. Pedro Leopoldo, 1º de janeiro de 1957.
Nessa introdução em seu penúltimo parágrafo Emmanuel, ressalta: “Em síntese, demonstra-nos o Autor que as nossas possibilidades de hoje nos vinculam às sombras de ontem, exigindo-nos trabalho infatigável no bem, para a construção do Amanhã, sobre as bases redentoras do Cristo”.
Destacaremos os questionamentos de André Luis e seu companheiro Hilário:
LUZ NAS SOMBRAS
Pretendiam efetuar algumas observações, com referencia às leis de causa e efeito – o carma dos hindus – e, convenientemente recomendados pelo Ministério do Auxílio, achavam-se ali, encantados com a palavra do orientador, que prosseguia atencioso após longa pausa: Enquanto entendiam-se, repararam que lá fora, através do material transparente de larga janela, a convulsão da Natureza.
Ventania ululante, carregando consigo uma substancia escura, semelhante à lama aeriforme, remoinhava com violência, em torvelinho estranho, à maneira de treva encachoeirada... E do corpo monstruoso do turbilhão terrível rostos humanos surgiam em esgares de horror, vociferando maldições e gemidos. Apareciam de relance, jungidos uns aos outros como vastas correntes de crematórias agarradas entre si, em hora de perigo, na ânsia instintiva de dominar e sobreviver...
Hilário interrogou: Por que não descerrar as portas aos que gritam lá fora? Não é este um posto de salvação?
Sim – respondeu o Instrutor Druso, sensibilizado -, que fixara-os em silencio como a chamar-lhes a atenção para a reflexão, mas a salvação só é realmente importante para aqueles que desejam salvar-se....Para cá do túmulo, a surpresa para mim mais dolorosa foi essa, o encontro com FERAS HUMANAS, que habitavam o templo da carne, à feição de pessoas comuns. Se acolhidas aqui, sem a necessária preparação, atacar-nos-iam de pronto, arrasando-nos o instituto de assistência pacífica. E não podemos esquecer que a ORDEM É A BASE DA CARIDADE. E aduziu: Somos hoje defrontados por grande tempestade magnética, e muitos caminheiros das regiões inferiores são arrebatados pelo furacão como folhas secas no vendaval.
E guardam consciência disso? Indagou Hilário, perplexo.
Raros deles. As criaturas que se mantêm assim desabrigadas, depois do túmulo, são aquelas que não se acomodam com o refúgio moral de qualquer princípio nobre. Trazem o íntimo turbilhonado e tenebroso, qual a própria tormenta, em razão dos pensamentos desgovernados e cruéis de que se nutrem. Odeiam e aniquilam, mordem e ferem. Alojá-los, de imediato, nos santuários de socorro aqui estabelecidos, será o mesmo que asilar tigres desarvorados entre fiéis que oram num templo.
Mas conservam-se, interminavelmente, nesse terrível desajuste? Insistiu Hilário agoniado.
O orientador respondeu: Isso não. Semelhante fase de inconsciência e desvario passa também como a tempestade, embora a crise, por vezes, persevere por muitos anos. Batida pelo temporal das provações que lhe impõem a dor de fora para dentro, refunde-se a alma, pouco a pouco, tranqüilizando-se para abraçar, por fim, as responsabilidades que criou para si mesma.
Comentário: Os que fogem dos albergues, que não suportam lares, instituições; os que se atiram em desarvoradas andanças pela sociedade, insensíveis às orientações, a disciplina, a atenção, ao sentimento, ao Amor! Tempestivos e trânsfugas que podemos analisar o perfil!
Quer dizer, então - disse André Luiz - , que não basta a romagem de purgação do Espírito depois da morte, nos lugares de treva e padecimento, para que os débitos da consciência sejam ressarcidos...
Perfeitamente – aclarou o amigo (Druso), atalhando-me a consideração reticenciosa -, o desespero vale por demência a que as almas se atiram nas explosões de incontinência e revolta. Não serve como pagamento nos tribunais divinos. Não é razoável que o devedor solucione com gritos e impropérios os compromissos que contraiu mobilizando a própria vontade. Alias, dos desmandos de ordem mental a que nos entregamos, desprevenidos, emergimos sempre mais infelizes, por mais endividados. Cessada a febre de loucura e rebelião, o Espírito culpado volve ao remorso e à penitência. Acalma-se como a terra que torna à serenidade e a paciência, depois de insultada pelo terremoto, não obstante amarfanhada e ferida. Então, como o solo que regressa ao serviço da plantação proveitosa, submete-se de novo à sementeira renovadora dos seus destinos.
Hilário considerou: - Ah! Se as almas encarnadas pudessem morrer no corpo, alguns dias por ano, não à maneira do sono físico em que se refazem, mas com plena consciência da vida que as espera!...
Sim – ajuntou o orientador -, isso realmente modificaria a face moral do mundo; entretanto, a existência humana, por mais longa, é simples aprendizado em que o Espírito reclama benéficas restrições para restaurar o seu caminho. Usando nova máquina fisiológica entre os semelhantes, deve atender à renovação que lhe diz respeito e isso exige a centralização de suas forças mentais na experiência terrena a que transitoriamente se afeiçoa.
Druso percebeu a indagação mental de André Luiz e sorriu, como a esperar por sua pergunta clara e positiva. André Luiz observou respeitoso: Diante do espetáculo penoso a que nos é dado assistir, somos naturalmente constrangidos a pensar na procedência dos que experimentam o mergulho nesse torvelinho de horror... São delinqüentes comuns ou criminosos acusados de grandes faltas? Encontraríamos por aí seres primitivos como os nossos indígenas, por exemplo?
Tais inquirições – disse ele -, quando de minha vinda para cá, me assomaram igualmente à cabeça. Há cinqüenta anos sucessivos estou neste refúgio de socorro, oração e esperança. Penetrei os umbrais desta casa como enfermo grave, após o desligamento do corpo terrestre. Encontrei aqui um hospital e uma escola. Amparado, passei a estudar minha nova situação, anelando servir. Fui padioleiro, cooperador da limpeza, enfermeiro, professor, magnetizador, até que, de alguns anos pára cá, recebi jubilosamente o encargo de orientar a instituição, sob o comando positivo dos instrutores que nos dirigem. Obrigado a paciente e laboriosas investigações, por força de meus deveres, posso adiantar-lhes que às densas trevas em torno somente aportam as consciências que se entenebreceram nos crimes deliberados, apagando a luz do equilíbrio em si mesmas. Nestas regiões inferiores não transitam as almas simples, em qualquer aflição purgativa, situadas que se encontram nos erros naturais das experiências primarias. Cada ser esta jungido, por impositivos da atração magnética, ao circulo de evolução que lhe é próprio. Os selvagens, em grande maioria, até que se lhes desenvolva o mundo mental, vivem quase sempre confinados à floresta que lhes resume os interesses e os sonhos, retirando-se vagarosamente do seu campo tribal, sob a direção dos Espíritos benevolentes e sábios que os assistem; e as almas notoriamente primitivas, em grande parte, caminham ao influxo dos gênios beneméritos que as sustentam e inspiram, laborando com sacrifício nas bases da instituição social aproveitando os erros, filhos das boas intenções, à maneira de ensinamentos preciosos que garantem a educação dessas almas. Asseguro-lhes, assim, que, nas zonas infernais propriamente ditas, apenas residem àquelas mentes que, conhecendo as responsabilidades morais quês competiam, delas se ausentaram, deliberadamente, com o louco propósito de ludibriarem o próprio Deus. O inferno, a rigor pode ser desse modo definido como vasto campo de desequilíbrio estabelecido pela maldade calculada, nascido da cegueira voluntária e da perversidade completa. Aqui vivem domiciliados, às vezes por séculos, Espíritos que se bestializaram, fixos que se acham na crueldade e no egocentrismo. Constituindo, porem, larga província vibratória em conexão com a Humanidade terrestre, de vez que todos os padecimentos infernais são criações dela mesma, estes lugares tristes funcionam como crivos necessários para todos os Espíritos que se escorregam nas deserções de ordem geral, menosprezando as responsabilidades que o Senhor lhes outorga. Dessa forma, todas as almas já investidas no conhecimento da verdade e da justiça e por isso mesmo responsáveis pela edificação do bem, e que , na Terra, resvalam nesse ou naquele delito desatentas para com o dever nobilitante que o mundo lhes assinala, depois da morte do corpo estagiam nestes sítios por dias, meses ou anos, reconsiderando as suas atitudes, antes da reencarnação que lhes compete abraçar, para o reajustamento tão breve quanto possível.
Desse modo, os gênios infernais que supõem governar esta região, com poder infalível, aqui vivem por tempo indeterminado. As criaturas perversas que com eles se afinam, embora lhes padeçam as dominações, aqui se deixam prender por largos anos. E as almas transviadas da delinqüência e no vício, com possibilidades de próxima recuperação, aqui permanecem em estágios ligeiros ou regulares, aprendendo que o preço das paixões é demasiado terrível. Pára as criaturas desencarnadas desse último tipo, que passam a sofrem o arrependimento e o remorso, a dilaceração e a dor, apesar de não totalmente livres das complexidades escuras com que se arrojaram às trevas, as casas de fraternidade e assistência como esta funcionam, ativas e diligentes, acolhendo-as quanto possível e habilitando-as para o retorno às experiências de natureza expiatórias na carne.
Segundo é fácil reconhecer, se a treva é a moldura que imprime destaque a luz , o inferno, como região de sofrimento e desarmonia, é perfeitamente cabível, representando um estabelecimento justo de filtragem do Espírito, a caminha da Vida Superior. Todos os lugares infernais surgem, vivem e desaparecem com a aprovação do Senhor, que tolera semelhantes criações das almas humanas, como um pai que suporta as chagas adquiridas pelos seus filhos, e que se vale delas para ajudá-los a valorizar a saúde. As inteligências consagradas à rebeldia e à criminalidade, em razão disso, não obstante admitirem que trabalhem para si, permanece a serviço do Senhor, que corrige o mal com o próprio mal. Por esse motivo, tudo na vida é movimentação para a vitória do bem supremo.
COMENTÁRIOS DO INSTRUTOR
Após tecer comentários a respeito do Ânimo, o Instrutor Druso passou a responder algumas perguntas. Depois de responder a uma senhora que lhe perguntara quando partiria com seu filho para o campo terrestre... Hilário lhe questiona se ela realizaria semelhante propósito.
Não podemos duvidar – replicou nosso Amigo, convincente.
Mas... como? Torna Hilário.
Nossa amiga, que amoleceu a fibra da responsabilidade moral no excesso de reconforto, voltará à reencarnação em círculo paupérrimo, recebendo aí, quando novamente mulher jovem, então desprotegida, o filho que ela própria complicou nas antigas fantasia de mulher fútil e rica. Ser-lhe-á, na carência de recursos econômicos a inspiradora de heroísmo e coragem, regenerando-lhe a visão da vida e purificando-lhe as energias na forja da dificuldade e do sofrimento.
E vencerão no difícil tantame? – indagou Hilário de novo, intrigado.
A vitória e a felicidade que todos lhes desejamos.
E se perderem a batalha projetada?
Decerto- falou o orientador com expressiva inflexão de voz – regressarão em piores condições aos precipícios que nos circundam... Depois de um sorriso triste, Druso ajuntou... Cada um de nós, os Espíritos endividados, em renascendo na carne, transportam consigo para o ambiente dos homens uma réstia do céu que sonha conquistar e um vasto manto do inferno que plasmou para si mesmo. Quando não temos força suficiente para seguir ao encontro do céu que nos confere oportunidades de ascensão até ele, retornamos ao inferno que nos fascina a retaguarda... (Continua...).

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