Revue Spirite, 1864, pg. 101: “Sabe-se
que os espíritos, por conta da diferença que existe em suas capacidades,
encontram-se longe de estar individualmente em possessão de toda a verdade; que
não é dado a todos penetrar certos
mistérios; que o seu saber é proporcional a sua depuração; que os espíritos
vulgares não sabem mais do que os homens, e mesmo menos que certos homens; que
há entre eles, como entre estes últimos, presunçosos e falsos eruditos que
creem saber o que não sabem; sistemáticos que tomam suas ideias pela verdade...
árbitros da verdade. Em tais casos, que fazem os homens que não têm confiança
absoluta em si mesmos? Eles consultam o maior número possível de pessoas, e a
opinião da maioria é o seu guia. Deve-se agir da mesma forma em relação aos
ensinos dos espíritos, que nos fornecem eles próprios os meios para isso.
A
concordância no ensinamento dos espíritos é, portanto, o melhor controle, mas é
preciso que ela ocorra em certas condições. A menos segura de todas é quando um
único médium interroga vários espíritos sobre um ponto duvidoso; é bem evidente
que se ele estiver sob o império de uma obsessão, e se lidar com um espírito
enganador, esse espírito pode lhe dizer a mesma coisa sob nomes diferentes.
Tampouco existe uma garantia suficiente na conformidade que se pode obter dos
médiuns de um único centro, porque eles podem sofrer a mesma influência. A única garantia séria está na concordância
que existe entre as revelações feitas espontaneamente por intermédio de um
grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em diferentes locais. Concebe-se
que não se trata que de comunicações relativas a interesses secundários, mas do
que se liga aos próprios princípios da doutrina...
O primeiro controle é sem discussão aquele
da razão, à qual é preciso submeter, sem exceção, tudo o que vem dos espíritos.
Toda teoria em contradição manifesta com o bom senso, com uma lógica rigorosa e
com os dados positivos que se possui, deve ser rejeitada. Porém esse controle é
incompleto em muitos casos, devido à insuficiência das luzes de certas pessoas
e à tendência de muitos a tomar seu próprio julgamento como único árbitro da
verdade. (...).
Tal é a base sobre
a qual nos apoiamos quando formulamos um princípio da doutrina; não é porque
ele concorda com nossas ideias que o declaramos verdadeiro; não nos colocamos
em absoluto como árbitro superior da verdade, e não dizemos a ninguém: ‘Creia
em tal coisa, porque estamos dizendo’. Nossa opinião é a nossos olhos apenas
uma opinião pessoal que pode ser justa ou falsa, porque não somos mais
infalíveis do que qualquer outro. Também não é porque um princípio nos é ensinado que ele é para nós a verdade, mas sim
porque ele recebeu a sanção da concordância. ”
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