PSICOFONIA NA OBRA DE ANDRÉ LUIZ
JACOBSON SANT’ANA TROVÃO
8 - APOIO
DOS BONS ESPÍRITOS
Quando
encontramos companheiros encarnados, entregues ao serviço com devotamento e bom
ânimo, isentos de preocupação, de
experiências malsãs e
inquietações injustificáveis, mobilizamos
grandes recursos a favor do êxito necessário. Claro que não podemos auxiliar
atividades infantis, nesse terreno. [...]
Onde se reúnam almas levianas, aí estará igualmente a leviandade. 32
André Luiz, no trecho em destaque, alude às
condições para a assistência efetiva dos Espíritos de mais elevada hierarquia:
devotamento, bom ânimo, mente serena, vida sadia e reta.
Todo grupo mediúnico sério, obviamente, conta
com a presença de bons Espíritos que estimulam os encarnados à melhoria pessoal
e ao desenvolvimento das atividades a que se propõem, com segurança.
No entanto, somente o tempo, a dedicação
desinteressada e o esforço na vivência evangélica conferem credencial à equipe,
para aproximação das almas superiores e, com elas, poderem atender aos
complexos dramas humanos.
Para tanto, existem fases ou etapas que todo
grupo mediúnico precisa atravessar.
No início, etapa de adestramento da
mediunidade, ocorrem os contatos rudimentares com o plano astral mais próximo à
crosta terrestre, por meio de exercícios repetitivos de atenção e concentração,
quando o médium psicofônico ou psicógrafo entremeia seus pensamentos com os dos
desencarnados e, aos poucos, vai diferenciando-os, dando, com isso, qualidade e
segurança à tarefa. Nesse período, o médium conta com a presença de entidades
menos evoluídas, mas bondosas, que se aproximam para burilar as percepções extrassensoriais.
Os dirigentes espirituais do trabalho, de
elevada condição, evitam ser identificados nessa fase, aguardando que, com o
tempo, o grupo demonstre a dedicação e responsabilidade necessárias às
atividades de vulto. Tais mentores poupam, igualmente, a equipe novata de
graves embates com obsessores ardilosos, não colocando fardo acima das possibilidades
dos encarnados.
O médium que inicia seu aprendizado deve
buscar de imediato o equilíbrio pessoal, evitando, assim, que suas forças mediúnicas
sejam solapadas por obsessores oportunistas, que ficam no encalço dos descuidados,
visando obstacular a eclosão da mediunidade caridosa, capaz de atrapalhar seus planos
maldosos.
Obsessões que se instalam em médiuns novatos
podem evoluir de simples incômodo, perfeitamente solucionável pela mudança de
sintonia, para a fascinação, que anula totalmente o progresso do médium.
Após a fase de adestramento, o período
intermédio é mais ou menos longo, podendo avançar por mais de uma década. Nessa
etapa, o médium e toda a equipe, mais aprimorada, sem as dúvidas iniciais, sem
ansiedades por práticas exteriores, seguros no estudo, recebem a oportunidade de
socorrer os sofredores dos dois planos da vida. É nesse período que se
manifestam no grupo os suicidas, os licantropos, os obsessores vingativos
e tantos outros, conforme a aptidão do grupo.
Nesse intervalo, também, como forma de
estímulo, manifestam-se Espíritos amigos, os familiares, o mentor do grupo,
demonstrando que está havendo sintonia mais aprimorada com o astral elevado.
Contudo, nessa mesma etapa de trabalho, a
equipe passa a ser observada por líderes de falanges obsessoras, que comumente
tentam um e outro, visando complicar-lhes os passos na vida pessoal, emocional,
familiar, com o intuito de impedir a continuidade do trabalho que passa a se
destacar no mundo dos Espíritos, a interferir nas articulações desses Espíritos
perseguidores.
A terceira fase é a de maturidade do grupo
mediúnico, que se atinge após quinze a vinte anos de atividades ininterruptas e
acentuada dedicação ao auto aperfeiçoamento dos componentes. Isso se deduz da
comparação feita por Emmanuel, no livro Mediunidade e sintonia, em seu capítulo
14. Na visão do grande mentor, a preparação do médium para o atendimento aos
dramas humanos demanda o mesmo tempo de formação acadêmica para a assunção das
responsabilidades profissionais. Segundo ele, o socorro à alma sofredora é tão
importante quanto as exigências dos variados ramos do saber:
Se uma certidão de competência no campo das profissões
liberais
da Terra exige do candidato,
desde o abecedário à cúpula universitária,
nada menos de quinze a vinte anos de
preparação,
a fim de que se lhe ajustem os centros mentais
para o começo do trabalho a desenvolver, título esperar que um médium se forme
com segurança em poucos dias?
Encarregar-se dos interesses espirituais dos
outros, conduzi-los,
harmonizá-los, elevá-los ou socorrê-los será
menos importante que traçar uma planta para o levantamento de uma ponte ou para
construção de uma casa?33
O grupo mediúnico, atingindo o efetivo
amadurecimento, caracteriza-se pela completa dedicação dos tarefeiros à
mediunidade em nome do Cristo. As preocupações do mundo já não deslustram o
empenho em manter a mente serena o suficiente para captar as elevadas intuições
vindas do Alto.
Em equipes assim é comum médiuns em
desdobramento rumarem, com orientadores espirituais, às zonas umbralinas, aos
hospitais ou a outras regiões do orbe, para assistir ou conduzir à sessão mediúnica
enfermos encarnados ou desencarnados. Almas arraigadas a vinganças, por vezes
seculares, em manifestações com alto teor magnético, entabulam diálogos
complexos, cheios de ódio e ameaças, exigindo acentuado equilíbrio do médium e
de toda a equipe para dissuadi-las de seus propósitos. Não raro, comunicam-se
líderes de legiões obsessoras, com o intuito de criticar o serviço prestado
pela Casa Espírita, exibindo um falso poder, em especial quando a equipe
auxilia uma de suas vítimas. São ocasiões como essas que põem à prova a
serenidade, a confiança, o amor, a fé e a compreensão daqueles que estão imbuídos
da caridade em nome de Jesus e os estimulam a seguir adiante. A propósito, os
principais dirigentes de colônias trevosas muito raramente se incorporam em
médiuns encarnados. Suas vibrações carregadas de energias deletérias poderiam
adoecer o médium ou até levá-lo à desencarnação.
Importante ressaltar que, ao lado de serviços
tão delicados, o grupo merece a presença dos luminares da Espiritualidade, que
se permitem ser conhecidos e identificados, demonstrando sintonia perfeita com
o trabalho. A essa altura, o grupo de encarnados já deve estar imune aos
perigos do personalismo, do melindre, dos desejos pessoais. Mesmo assim, não
pode descuidar-se do estudo, da humildade, da caridade, lembrando que a erva
daninha prefere a terra boa.
Nota:
32 XAVIER, Francisco Cândido. Os mensageiros.
Cap. 43.
33 XAVIER, Francisco Cândido. Mediunidade e
sintonia. Cap. 14.
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