CONFLITOS BÁSICOS
As tendências neuróticas, dadas como mecanismos defensivos contra a
ansiedade, podem-se combinar com reforço mútuo e orientar a atitude básica do indivíduo
perante a vida. Três atitudes são
reconhecidas por Horney: 1) movimento na direção das pessoas; 2) movimento para
longe das pessoas; 3) movimento contra as pessoas.
Em se tratando de atitudes incompatíveis, conquanto haja uma dominante,
sua presença numa pessoa gera o chamado conflito
básico. Cada um daqueles movimentos predominantes, ou modos de enfrentar
o ambiente, permite circunscrever um tipo de personalidade.
O primeiro é o tipo complacente,
sempre em busca de atenção, consideração, aplauso e aprovação. Precisa de
pessoas sobre as quais possa apoiar-se para compensar suas fraquezas íntimas;
subordina-se facilmente e avalia-se pelas atitudes dos demais. Os impulsos
agressivos estão recalcados como defesa contra a hostilidade alheia. Tal sujeição e
docilidade não significam, de forma alguma, amor ou bondade, mas uma solução
provisória para limitações interiores.
O segundo é o tipo agressivo,
bem conhecido de todos, o que considera o mundo hostil e a vida amargura
contínua; daí solucionar seus problemas internos pela ânsia de controlar os
circunstantes. A maneira de conseguir seus objetivos varia segundo seu modo de
ser e suas tendências em choque, mas procurará sempre estar acima dos outros,
rebaixando a estes. Aí entram a esperteza, a astúcia, etc.., que podem
realmente, não havendo excessos, levar à eficiência na “luta apela vida” [ luta
para escapar à ansiedade dolorosa ].
Tende a
recalcar afeição, simpatia, etc., como “fraquezas’ ou coisas ridículas.
O terceiro é
o tipo indiferente, que se
caracteriza pela necessidade de afastar-se de seus irmãos. Não quer contato
próximo com ninguém, suportando mal o envolvimento em situações interpessoais.
A intimidade é fonte de ansiedade insuportável. Segue-se daí que pessoas desse
tipo procuram a autossuficiência, inclusive restringindo suas necessidades, de
modo a pouco recorrerem a auxílio externo. Para suportar o
isolamento a que se impõem, é preciso que se sintam superiores.
Muitos são
talentosos e alcançam importantes realizações nos planos intelectual e artístico,
visto não entrarem em competição com outros.
Todavia,
desamparados, quando surge uma situação difícil da qual só há fugir, esconder-se.
São comuns períodos de agressividade e a ânsia de afeto contínua, bem como o
desejo de domínio – mas em estado de repressão, inaparente. ( p. 159 )
CONSCIÊNCIA
Acabamos de explanar, em resumo, o que se denomina usualmente de
consciência e que se pode considerar como parte do espírito capaz de conhecer a si
mesmo; é apenas uma descrição, feita
pela própria inteligência, do que se passa na mente durante o funcionamento do
cérebro. ( p. 82 )
CURA
George Meek, um pesquisador conhecido das curas mediúnicas, diz [ “As Curas Paranormais, Ed. Pensamento,
1977]: o paciente precisa compreender que ele mesmo produziu a doença em si, que os seus pensamentos e emoções abriram caminho para a doença, a disfunção
celular.
Depois, desejar ardentemente curar-se, isto é, manter tal ideias no
consciente e, a seguir, no inconsciente[ mediante a sugestão pela
repetição ].
Urge extrair do inconsciente
a ideia da enfermidade e atulhá-lo de pensamentos de saúde. Agora, nutrir fé na cura e no Poder Superior.
Pensamentos e emoções inferiores ou negativos [ ambição, avareza, inveja,
maledicência, ciúme, ódio, medo, frustração, ansiedade alta] conduzem a uma
saúde precária. É preciso substituí-los por outros de fraternidade,
solidariedade, compaixão, bondade, generosidade, altruísmo, para afastar as
moléstias somáticas e psíquicas.
Como André Luiz, proclama: “Basicamente, toda cura é uma auto cura”.
Cada indivíduo tem de ser o seu próprio médico! ( p. 143 )
DETERMINISMO PSÍQUICO
– OU CAUSALIDADE
Tanto quanto no mundo físico, em que nos agitamos habitualmente, nada
se passa em o nosso mundo mental por acaso. A despeito das aparências, cada
acontecimento ou
fenômeno psíquico, um simples pensamento ou ideia, está relacionado com
outro [ ou outros ] que o precedeu [ ou que o
precederam ]. Não há descontinuidades ou lacunas na vida mental;
todos os processos nesta desenrolados estão unidos uns aos outros como os elos de uma
corrente. Assim, quaisquer desejos ou pensamentos, por exemplo, não podem ser
acidentais, isolados; ao contrário, possuem sempre uma significação. O problema
reside geralmente em descobri-la diante de uma situação; quase sempre não
sabemos o que provocou determinado desejo ou ideia e julgamo-los sem
importância, absurdos, etc.. Na verdade, afirma a Psicanálise, foram provocados
por outros desejos, pensamentos ou intenções, dos
quais ignoramos a existência.
André Luiz [“Ação e
Reação” ] assim enuncia o determinismo mental: “Toda ação ou movimento deriva de causa ou
impulso anteriores”. A tal fato,
ou seja, à ausência de acaso no que se passa dentro do espírito, devem-se os
esquecimentos e perdas de objetos; isto é, esquecer e
perder têm ligação com razões profundas e consistentes.
O mesmo dar-se-ia com os sonhos e os lapsos [ atos falhados ]; cada
sonho, cada imagem onírica e cada lapso [ falha de memória ] decorreriam de
acontecimentos anteriores registrados na mente revelariam ligação significativa
com as atividades desta. Segue-se daí que os sonhos não são oriundos do
funcionamento incoordenado das várias partes do cérebro, conforme pensava-se
antes; e que as trocas de palavras não são ocasionais: as “distrações” têm
fundamento em desejos e intenções obscuros. ( p. 98 )
DEVER
Não possui raízes biológicas. Ao que tudo indica, é de origem recente,
tendo aparecido depois que a espécie humana se organizou em comunidades; com
ele, nascem lei, direito e autoridade. Nada disso podia ter existido entre os
homens primitivos.
Muitos milênios, sem dúvida, correram sobre a vida deste animal
tagarela enquanto a noção de dever e direito era
imposta, a princípio pela força, e depois acatada espontaneamente. ( p. 79 )
EMOÇÕES
As emoções são processos explosivos, breves ou circunscritos, que
constituem verdadeiros estados psicofisiológicos em vista de acompanharem-se de
manifestações orgânicas difusas [
palidez, rubor, frio, calor, suor, hipotensão, arrepio, tremor, rigidez, etc.
]. ( p. 27 )
Aqui temos outro grupo de processos mentais da máxima importância, considerando
a magna
participação que têm em tudo quanto o homem pensa e faz.
Animais e homens primitivos seriam movidos principalmente por instintos de conservação e
reprodução, impulsos compulsivos que ordenam fuga, ataque ou posse. Não
são meros reflexos, embora expressem-se em forma de atos automáticos, em
virtude das grandes variações individuais quanto ao modo e intensidade
que exibem na espécie humana. Por isto, tais reações merecem o nome de emoções. ( p. 57 )
ESPIRITISMO / CIÊNCIA
/ RELIGIÃO
Kardec [ R. Espírita, 7,
1864, p. 202, e 11, 1868, p. 351-360 ] declara que as leis da
Natureza fazem parte da Lei de Deus e que, por isso, há duas classes de
Ciência: Ciência da matéria e do espírito, afirmando [ idem 10, 1867, p. 102 ]
que “as leis morais e as leis da Ciência são leis divinas.” Mais tarde, Geley [
1958 ] e Ubaldi [ 1950 ] reconhecem expressamente o fato, como antes fizera
Delanne em suas obras científicas.
Tal foi a razão de Kardec afirmar: “O Espiritismo e a Ciência
completam-se reciprocamente; a Ciência, sem o
Espiritismo, acha-se na impossibilidade de explicar certos fenômenos só
pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação. O
estudo das leis da matéria tinha que proceder o da espiritualidade, porque a
matéria é que primeiro fere os sentidos.
Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, seria
abortado, como tudo quanto surge antes do
tempo.”
Muitas vezes ele aborda as relações entre Espiritismo e Ciência. Queria
deixar bem claro o seu pensamento a respeito. Chegou a afirmar taxativamente [
R. Espírita, 12, 1869, p. 193 ]:
“a filosofia espírita admite todas as conclusões
racionais da Ciência” e depois [ ibidem 7, 1864, p. 202 ]: “Repudiar a
Ciência é, pois, repudiar as leis da Natureza e, por isto mesmo, renegar a obra de Deus.
Se fosse impossível o acordo entre Ciência e a Religião, não haveria
Religião possível. Proclamamos altamente a possibilidade desse acordo porque,
em nossa opinião, a Ciência e a Religião são irmãs
para maior glória de Deus...” ( p. 170 )
[...] Allan Kardec
vai além e no “O Evangelho segundo o
Espiritismo” afirma: “A Ciência e a Religião são as
duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo
material e a outra as do mundo moral, tendo, no entanto, umas e outras[ as leis
] o mesmo princípio: Deus, razão porque não
se podem contradizer. Nas “Obras
Póstumas”, declara que o Espiritismo “não repudia nenhuma descoberta
científica, dado que a Ciência é a coletânea das leis da Natureza e que, sendo
de Deus essas leis, repudiar a Ciência
fora repudiar a obra de Deus”. (
p. 172 )
[...] Eis o resultado
dessa luta injustificável entre Ciência e Religião, nas palavras de André Luiz [ “No Mundo Maior” ]. A Ciência, diz ele,
é uma “árvore gigantesca”; a religião, uma “erva raquítica a definhar no solo”. Enquanto a primeira
é um organismo, a segunda
acha-se subdividida em numerosos órgãos isolados, a maioria dos quais dá
combate uns aos outros, todos empenhados em conquistar hegemonia mundana;
órgãos doentios, portanto. Bem, isto não faz mal porque religião, para nós, só
pode ser uma experiência interior e
pessoal, sem atos exteriores obrigatórios e sem influências impositivas.
( p. 172 )
ESQUECIMENTO
O famoso recalque freudiano desponta ao longe. Diz Delanne que, na
vigência do
automatismo [ estado em que consciência
se acha mais ou menos distraída ou
adormentada ], pensamentos “que nós rechaçamos
habitualmente pela vontade” podem ser expressos por estar a vontade desfalecente.
Por isso, emergem grosserias e licenciosidades que deixam o indivíduo
estupefato e que só levam a recusar energicamente sua participação no caso.
Adiante assevera que nada do que entrou no espírito poderá dele ser
apagado; esquecimento não é sinônimo de desaparição da imagem mental; as
recordações das quais não temos consciência “são inumeráveis e sua importância
na vida mental e de ordem primordial.”
Outra coisa não afirmaria Freud mais tarde a respeito da repressão, discutida
adiante. ( p. 90 )
FÉ
Assim como o dever é fundamental para a moral, também a fé o é para a
religião esclarecida; e ambos caminham lado a dado. Contudo, o tempo da fé cega
passou há muito. Não basta ao homem
moderno a fé isolada, a menos
que mantenha a mente fixada no passado; todo fanático está repleto de fé, todo
supersticioso está cheio de fé naquilo que teme. Ela há de ser aprovada pela
razão e basear-se em motivos
inteligentes. O conhecimento cria condições para o desenvolvimento da
fé: esta, sem conteúdo intelectual, é pura abstração, uma forma fazia.
Assim formulou o pensador Boutroux [ 1924 ] a questão, que Kardec
coloca nos seguintes termos: “À fé, uma base se faz necessária e essa base é a inteligência perfeita daquilo em que
se tem de crer. Para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega já não é
para este século [XIX ]”. “O Evangelho
segundo o Espiritismo” . ( 167 )
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