PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

domingo, junho 25, 2017

PSICOLOGIA E ESPIRITISMO - CARLOS TOLEDO RIZZINI

CONFLITOS BÁSICOS
As tendências neuróticas, dadas como mecanismos defensivos contra a ansiedade, podem-se combinar com reforço mútuo e orientar a atitude básica do indivíduo perante  a vida. Três atitudes são reconhecidas por Horney: 1) movimento na direção das pessoas; 2) movimento para longe das pessoas; 3) movimento contra as pessoas.
Em se tratando de atitudes incompatíveis, conquanto haja uma dominante, sua presença numa pessoa gera o chamado conflito básico. Cada um daqueles movimentos predominantes, ou modos de enfrentar o ambiente, permite circunscrever um tipo de personalidade.
O primeiro é o tipo complacente, sempre em busca de atenção, consideração,  aplauso e aprovação. Precisa de pessoas sobre as quais possa apoiar-se para compensar suas fraquezas íntimas; subordina-se facilmente e avalia-se pelas atitudes dos demais. Os impulsos agressivos estão recalcados como defesa contra a hostilidade alheia. Tal sujeição e docilidade não significam, de forma alguma, amor ou bondade, mas uma solução provisória para limitações interiores.
O segundo é o tipo agressivo, bem conhecido de todos, o que considera o mundo hostil e a vida amargura contínua; daí solucionar seus problemas internos pela ânsia  de controlar os circunstantes. A maneira de conseguir seus objetivos varia segundo seu modo de ser e suas tendências em choque, mas procurará sempre estar acima dos outros, rebaixando a estes. Aí entram a esperteza, a astúcia, etc.., que podem realmente, não havendo excessos, levar à eficiência na “luta apela vida” [ luta para escapar à ansiedade dolorosa ].
Tende a recalcar afeição, simpatia, etc., como “fraquezas’ ou coisas ridículas.
O terceiro é o tipo indiferente, que se caracteriza pela necessidade de afastar-se de seus irmãos. Não quer contato próximo com ninguém, suportando mal o envolvimento em situações interpessoais. A intimidade é fonte de ansiedade insuportável. Segue-se daí que pessoas desse tipo procuram a autossuficiência, inclusive restringindo suas necessidades, de modo a pouco recorrerem a auxílio externo. Para suportar  o isolamento a que se impõem, é preciso que se sintam superiores.
Muitos são talentosos e alcançam importantes realizações nos planos intelectual e artístico, visto não entrarem em competição com outros.
Todavia, desamparados, quando surge uma situação difícil da qual só há fugir, esconder-se. São comuns períodos de agressividade e a ânsia de afeto contínua, bem como o desejo de domínio – mas em estado de repressão, inaparente.  ( p. 159 )

CONSCIÊNCIA
Acabamos de explanar, em resumo, o que se denomina usualmente de consciência e que se pode considerar como  parte do espírito capaz de conhecer a si mesmo; é apenas uma descrição, feita pela própria inteligência, do que se passa na mente durante o funcionamento do cérebro. ( p. 82 )

CURA
George Meek, um pesquisador conhecido das curas mediúnicas, diz [ “As Curas Paranormais, Ed. Pensamento, 1977]: o paciente precisa compreender que ele mesmo produziu a doença em si, que os seus pensamentos e emoções abriram caminho para a doença, a disfunção celular.
Depois, desejar ardentemente curar-se, isto é, manter tal ideias no consciente e, a seguir, no inconsciente[ mediante a sugestão pela repetição ].
Urge extrair do inconsciente a ideia da enfermidade e atulhá-lo de pensamentos de saúde. Agora, nutrir fé na cura e no Poder Superior. Pensamentos e emoções inferiores ou negativos [ ambição, avareza, inveja, maledicência, ciúme, ódio, medo, frustração, ansiedade alta] conduzem a uma saúde precária. É preciso substituí-los por outros de fraternidade, solidariedade, compaixão, bondade, generosidade, altruísmo, para afastar as moléstias somáticas e psíquicas.
Como André Luiz, proclama: “Basicamente, toda cura é uma auto cura”.
Cada indivíduo tem de ser o seu próprio médico! ( p. 143 )

DETERMINISMO PSÍQUICO – OU CAUSALIDADE
Tanto quanto no mundo físico, em que nos agitamos habitualmente, nada se passa em o nosso mundo mental por acaso. A despeito das aparências, cada acontecimento ou fenômeno psíquico, um simples pensamento ou ideia, está relacionado com outro  [ ou outros ] que o precedeu [ ou que o precederam ]. Não há descontinuidades ou lacunas na vida mental; todos os processos nesta desenrolados estão unidos uns  aos outros como os elos de uma corrente. Assim, quaisquer desejos ou pensamentos, por exemplo, não podem ser acidentais, isolados; ao contrário, possuem sempre uma significação. O problema reside geralmente em descobri-la diante de uma situação; quase sempre não sabemos o que provocou determinado desejo ou ideia e julgamo-los sem importância, absurdos, etc.. Na verdade, afirma a Psicanálise, foram provocados por outros desejos, pensamentos ou intenções, dos quais ignoramos a existência.
André Luiz [Ação e Reação” ] assim enuncia o determinismo mental: “Toda ação ou movimento deriva de causa ou impulso anteriores”. A tal fato, ou seja, à ausência de acaso no que se passa dentro do espírito, devem-se os esquecimentos e perdas  de objetos; isto é, esquecer e perder têm ligação com razões profundas e consistentes.
O mesmo dar-se-ia com os sonhos e os lapsos [ atos falhados ]; cada sonho,  cada imagem onírica e cada lapso [ falha de memória ] decorreriam de acontecimentos anteriores registrados na mente revelariam ligação significativa com as atividades desta. Segue-se daí que os sonhos não são oriundos do funcionamento incoordenado das várias partes do cérebro, conforme pensava-se antes; e que as trocas de palavras não são ocasionais: as “distrações” têm fundamento em desejos e intenções obscuros. ( p. 98 )

DEVER
Não possui raízes biológicas. Ao que tudo indica, é de origem recente, tendo aparecido depois que a espécie humana se organizou em comunidades; com ele, nascem lei, direito e autoridade. Nada disso podia ter existido entre os homens primitivos.
Muitos milênios, sem dúvida, correram sobre a vida deste animal tagarela enquanto a noção de dever e direito era imposta, a princípio pela força, e depois acatada espontaneamente. ( p. 79 )

EMOÇÕES
As emoções são processos explosivos, breves ou circunscritos, que constituem verdadeiros estados psicofisiológicos em vista de acompanharem-se de manifestações orgânicas difusas  [ palidez, rubor, frio, calor, suor, hipotensão, arrepio, tremor, rigidez, etc. ]. ( p. 27 )
Aqui temos outro grupo de processos mentais da máxima importância, considerando a magna participação que têm em tudo quanto o homem pensa e faz.
Animais e homens primitivos seriam movidos principalmente por instintos de conservação e reprodução, impulsos compulsivos que ordenam fuga, ataque  ou posse. Não são meros reflexos, embora expressem-se em forma de atos automáticos, em virtude das grandes variações individuais quanto ao modo e intensidade que exibem na espécie humana. Por isto, tais reações merecem o nome de emoções. ( p. 57 )

ESPIRITISMO / CIÊNCIA / RELIGIÃO
Kardec [ R. Espírita, 7, 1864, p. 202, e 11, 1868, p. 351-360 ] declara que as leis                                     da Natureza fazem parte da Lei de Deus e que, por isso, há duas classes de Ciência: Ciência da matéria e do espírito, afirmando [ idem 10, 1867, p. 102 ] que “as leis morais e as leis da Ciência são leis divinas.” Mais tarde, Geley [ 1958 ] e Ubaldi [ 1950 ] reconhecem expressamente o fato, como antes fizera Delanne em suas obras científicas.
Tal foi a razão de Kardec afirmar: “O Espiritismo e a Ciência completam-se reciprocamente; a Ciência, sem o  Espiritismo, acha-se na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação. O estudo das leis da matéria tinha que proceder o da espiritualidade, porque a matéria é que primeiro fere os sentidos.
Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, seria abortado, como tudo quanto surge antes do tempo.”
Muitas vezes ele aborda as relações entre Espiritismo e Ciência. Queria deixar  bem claro o seu pensamento a respeito. Chegou a afirmar taxativamente [ R. Espírita, 12, 1869, p. 193 ]: “a filosofia espírita admite todas as conclusões racionais da Ciência”  e depois [ ibidem 7, 1864, p. 202 ]: “Repudiar a Ciência é, pois, repudiar as leis da Natureza e,  por isto mesmo, renegar a obra de Deus.
Se fosse impossível o acordo entre Ciência e a Religião, não haveria Religião possível. Proclamamos altamente a possibilidade desse acordo porque, em nossa opinião,  a Ciência e a Religião são irmãs para maior glória de Deus...”  ( p. 170 )
[...] Allan Kardec vai além e no “O Evangelho segundo o Espiritismo” afirma: “A Ciência  e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana:  uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral, tendo, no entanto, umas e outras[ as leis ]  o mesmo princípio: Deus, razão porque não se podem contradizer. Nas “Obras Póstumas”, declara que o Espiritismo “não repudia nenhuma descoberta científica, dado que a Ciência é a coletânea das leis da Natureza e que, sendo de Deus essas leis, repudiar a Ciência fora repudiar a obra de Deus”.  ( p. 172 )
[...] Eis o resultado dessa luta injustificável entre Ciência e Religião, nas palavras  de André Luiz [ “No Mundo Maior” ]. A Ciência, diz ele, é uma “árvore gigantesca”; a religião, uma “erva raquítica a definhar no solo”. Enquanto a primeira é um organismo, a segunda acha-se subdividida em numerosos órgãos isolados, a maioria dos quais dá combate uns aos outros, todos empenhados em conquistar hegemonia mundana; órgãos doentios, portanto. Bem, isto não faz mal porque religião, para nós, só pode ser uma experiência interior e pessoal, sem atos exteriores obrigatórios e sem influências impositivas. ( p. 172 )

ESQUECIMENTO
O famoso recalque freudiano desponta ao longe. Diz Delanne que, na vigência do automatismo         [ estado em que  consciência se acha mais ou menos distraída  ou adormentada ], pensamentos “que nós rechaçamos habitualmente pela vontade” podem ser expressos por estar a vontade desfalecente.
Por isso, emergem grosserias e licenciosidades que deixam o indivíduo estupefato e que só levam a recusar energicamente sua participação no caso.
Adiante assevera que nada do que entrou no espírito poderá dele ser apagado; esquecimento não é sinônimo de desaparição da imagem mental; as recordações das quais não temos consciência “são inumeráveis e sua importância na vida mental e de ordem primordial.”
Outra coisa não afirmaria Freud mais tarde a respeito da repressão, discutida adiante. ( p. 90 )



Assim como o dever é fundamental para a moral, também a fé o é para a religião esclarecida; e ambos caminham lado a dado. Contudo, o tempo da fé cega passou  há muito. Não basta ao homem moderno a fé isolada, a menos que mantenha a mente fixada no passado; todo fanático está repleto de fé, todo supersticioso está cheio de fé naquilo que teme. Ela há de ser aprovada pela razão e basear-se em motivos inteligentes. O conhecimento cria condições para o desenvolvimento da fé: esta, sem conteúdo intelectual, é pura abstração, uma forma fazia.
Assim formulou o pensador Boutroux [ 1924 ] a questão, que Kardec coloca nos seguintes termos: “À fé, uma base se faz necessária e essa base é a inteligência perfeita daquilo em que se tem de crer. Para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender.  A fé cega já não é para este século [XIX ]”. “O Evangelho segundo o Espiritismo” . ( 167 )



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