UMA
NARRATIVA DA VIDA E DAS PARÁBOLAS
FREDERICO
G. KREMER
DA PÁSCOA AO PENTECOSTES
Com a morte de Jesus, teve início o Cristianismo. Desde o dia do
anúncio da ressurreição, pela ex-pecadora de Magdala, o tempo passou e a mensagem
cristã permaneceu triunfante, junto aos corações sinceros que dela se
aproximaram em busca de felicidade e amparo.
Por outro lado, naquele mesmo período, as expressões mais vivas
dos valores do mundo passaram e foram esquecidas em monumentos ou mausoléus, embora
tenham trazido mudanças na ordem social. Reis, impérios, civilizações,
generais, filósofos, cientistas, políticos e revoluções figuram apenas em
monumentos de pedra ou em bibliotecas.
A mensagem cristã continua viva, apesar de todas as violências
sofridas ao longo do tempo, até daqueles que ostentavam a condição de
representantes do Cristo na Terra. Quantos vendavais a mensagem sofreu?
Quantas agressões engendradas por seus próprios adeptos?
Entretanto, sustentada pela figura imperecível de Jesus, a mensagem continua a
mesma envolvendo todos que a buscam com o mesmo aroma e perfume de outrora na
Palestina.
Não foi por outra razão que Francisco de Assis foi eleito, em
2005, o homem do milênio pelos leitores internacionais da prestigiosa revista Time.
Nesse período, ninguém como ele testemunhou o amor do Cristo.
No desenvolvimento da mensagem cristã, a ressurreição de Jesus foi
fundamental. Perguntamos ao leitor amigo: como os primeiros cristãos conseguiram
enfrentar a morte com destemor e fé? Somente com a certeza da vida imortal, que
não cessa com a morte, isso foi possível. O sangue dos primeiros cristãos foi o
catalisador da mensagem cristã. Em seu grande discurso na colina de Marte, em
Atenas, Paulo considerou a ressurreição de Jesus como o maior incentivo à fé
propiciado por Deus (At 17:31).
As pessoas sensíveis ficavam impressionadas com a postura e a
atitude dos cristãos diante da morte, atraindo, assim, novos adeptos. Ao final do
século III, já havia cerca de cinco milhões de cristãos vivendo no Império
Romano. Em Roma, foram formados sete grupos ou comunidades.
Entretanto, o marco inicial do longo caminho do Cristianismo
aconteceu cinquenta dias após a crucificação. Seguindo a cronologia dos fatos,
os discípulos permaneceram alguns dias mais em Jerusalém e, depois, retornaram para
a Galileia, onde certamente comentaram com o povo os dolorosos acontecimentos
que atingiram Jesus e a notícia alegre da ressurreição.
Posteriormente, rumaram novamente para Jerusalém. Naquele período,
o Mestre procurou manter o grupo animado e unido, se apresentando
espiritualmente outras onze vezes, incluindo a primeira aparição, numa série de
encontros emocionados e visões notáveis.
A festa de Pentecostes, que celebrava o fim da colheita dos
cereais da primavera, era comemorada no final de maio, isto é, cerca de
cinquenta dias depois da Páscoa. Até a dominação grega, era conhecida como
Festa das Semanas, mas, a partir daí, ficou conhecida como Pentecostes, que em
grego significa “cinquenta”. Era uma festa marcada pela alegria, pois recordavam
ainda o momento da chegada das tábuas da lei por Moisés, no monte Sinai.
Em meados de maio, os discípulos que se encontravam na Galileia,
retornaram para Jerusalém, como comentamos. Estavam mais confiantes e entraram
na cidade sem nenhum temor. Certa noite, reuniram-se novamente no Cenáculo,
onde fora realizada a ceia pascal, ocasião em que o Mestre se apresentaria pela
última vez, trazendo a seguinte orientação: “Vocês serão minhas testemunhas.
Ficai na cidade até receberdes a força que vem do Alto”. De lá, seguiram para o
Monte das Oliveiras rumo a Betânia. A caminho, o Mestre ascendeu rumo às
esferas espirituais sublimes, após abençoar a todos.
Assim, ao iniciar a festa de Pentecostes, cerca de cento e vinte
discípulos de Jesus reuniram-se no átrio dos gentios do Templo de Jerusalém para
um acontecimento que eles não sabiam bem qual seria. Recordavam-se, intuitivamente,
das palavras de Jesus no último encontro.
Vencendo o medo, foram em direção ao povo e começaram a falar de uma
maneira como jamais haviam feito antes, em diversas línguas, atendendo aos
ouvintes das diferentes regiões do mundo Mediterrâneo, de Roma a Babilônia, que
acorreram para Jerusalém.
Não sabemos exatamente o que falaram, mas como falaram. Pela mediunidade
de xenoglossia (falar em língua diferente), a mensagem da ressurreição foi
anunciada, principalmente, para os judeus da diáspora, que representavam a
maioria da comunidade. De repente, alguns asseclas ligados aos saduceus
resolveram perturbar o momento divino, zombando do acontecimento, um fenômeno
mediúnico, afirmando que eles haviam bebido vinho doce. Pedro, assumindo a nova
condição de pastor, gritou por silêncio e, com o silêncio das manifestações
zombeteiras, aproveitou para afirmar que o homem crucificado na Páscoa era o
Cristo de Deus e, com Ele, cumpriram-se as promessas das Escrituras. Cerca de
três mil ouvintes ficaram impressionados com o que testemunharam e ouviram num
começo vigoroso da mensagem cristã. E, desde então, o Cristianismo não parou de
ser anunciado e crescer.
Referência: Mt 26:1 a 4, Mc 16:1 a 8, Jo 20:3 a 18, Mt 28:9 a 15,
Jo 20:24 a 29, Lc 24:13 a 43, Jo 21:1 a 23, At 1 e 2:1 a 36
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