PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

quarta-feira, novembro 25, 2015

O GÊNIO CELTA E O MUNDO INVISÍVEL - LÉON DENIS

Léon Denis
GÊNIO CELTA E O MUNDO INVISÍVEL
Traduzido do original por:  JOANA

INTRODUÇÃO

No meio da crise que sofremos, o pensamento inquieta-se, interroga-se; ele procura as causas profundas da dor que atinge todas as formas da nossa vida social, política, econômica, moral. As correntes de ideias, de sentimentos,  de  interesses  colidem  violentamente,  e  dos  seus choques  resulta um estado de perturbação, de confusão, de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz numa impotência para encontrara a solução.
Parece que a França perdeu a consciência de si mesma, da sua origem, do seu gênio, do seu papel no mundo.
Enquanto  que  outras  raças,  essencialmente  realísticas,  perseguem um objetivo muito mais preciso, tanto mais determinado quanto mais material é, a França sempre hesitou, ao longo da sua história, entre duas concepções opostas. E, por aí se explica o carácter intermitente da sua ação.
Tão  depressa  ela  se  diz  Céltica  como  apela  a  esse  espírito  de liberdade, de verticalidade, de justiça que caracteriza a alma do Gaulês.
É à intervenção desta, ao despertar do seu gênio, que é preciso atribuir a instituição  das  comunas  na  Idade  Média  e  a  obra  da  Revolução.  Às vezes ela se crê latina e, desde logo, vão reaparecer todas as formas de opressão  monárquica  ou  teocrática,  a  centralização  burocrática  e administrativa,  copiada  dos  romanos,  com  as  habilidades,  os subterfúgios  das  suas  políticas  e  os  vícios,  a  corrupção  dos  povos envelhecidos.
Acrescentem à volta destas concepções a indiferença das massas, a sua ignorância das tradições, a perda de todo o ideal. É às alternâncias destas  duas  correntes  que  é  necessário  atribuir  a  oscilação  do pensamento francês, as projeções, as bruscas reviravoltas da sua ação através da história.
Para  reencontrar  a  unidade  moral,  a  consciência  de  si  mesma,  o sentido profundo do seu papel e do seu destino, ou seja tudo aquilo que torna  as  nações  fortes,  bastaria  à  França  que  afastasse  as  teorias errôneas,  os  sofismas  pelos  quais  se  falseou  o  seu  julgamento, obscurecido o seu caminho, e retornar  à sua própria natureza, às suas
origens  étnicas,  ao  seu  gênio
  primitivo,  em  suma  à  tradição Céltica, enriquecida pelo trabalho e pelo progresso dos séculos.
Porque a França é Céltica, não há qualquer dúvida neste ponto. Os nossos  mais  eminentes  historiadores  o  atestam  e,  com  eles,  grande número de escritores e pensadores entre os quais os dois Thierry, Henri Martin, J. Michelet, Ed. Quinet, Jean Reynaud, Renan, Emile Faguet e tantos outros. Se nós somos latinos, disseram eles, pela educação e pela cultura, nós somos Celtas pelo sangue, pela raça.
Arbois de Jubainville repetiu-nos isso muitas vezes, tanto nos seus cursos do Colégio de França, como nos seus livros: “Há 90 por cento de sangue  gaulês  nas  veias  dos  franceses.  "Com  efeito,  se  abrirmos  a história, aí veremos que após a queda do império, os Romanos voltaram em massa a atravessar os Alpes e deles muito pouco restou na Gália. As invasões germânicas passaram como um vendaval no nosso país; só os Francos, os Visigodos, os Borgonheses aí se fixaram tempo suficiente para se fundirem com os elementos autóctones. Além disso, os Francos não eram mais que trinta e oito mil, enquanto que a Gália contava com cerca de cinquenta milhões de habitantes.
Podemos  perguntar-nos  como  uma  tão  vasta  região  pôde  ser conquistada  com  tão  fracos  meios.  Isso  o  Sr.  Ed.  Haraucourt,  da Academia  francesa,  explica-o  num  substancial  artigo  publicado  na revista “la Lumière”, de 15 de Janeiro de 1926, e do qual falaremos mais tarde.
Todos os que guardaram no coração a memória das nossas origens gostam de reconstituir glórias e reveses desta raça inquieta, aventureira que é a nossa, recordar os infortúnios e provas que lhe granjearam tantas simpatias. A todas estas páginas famosas, escritas sobre o assunto, eu não teria pensado acrescentar fosse o que fosse se não tivesse tido um novo elemento a oferecer ao leitor para elucidar o problema das nossas origens, ou seja a colaboração do mundo invisível. Com efeito, é devido à incitação do espírito de Allan Kardec que eu realizei este trabalho.
Aí encontrarão  a  série  de  mensagens  que  nos  foram  ditadas  por incorporação, em condições que excluem qualquer fraude. Durante estas entrevistas,  Espíritos  libertos  da  vida  terrestre,  trouxéramos  seus conselhos e os seus ensinamentos.
Tal como se verá nas suas mensagens, Allan Kardec viveu na Gália, no  tempo  da  independência  e  aí  foi  druida.  O  dólmen  que,  por sua vontade, se ergue sobre o seu túmulo em Père-Lachaise, tem por lá um sentido  exato.  A  doutrina  espírita  que  o  grande  iniciador  condensou, resumida nas suas obras através das comunicações dos espíritos, obtidas em todos os pontos do globo, coincide, nos seus aspectos fundamentais,  com o druidismo e constitui um retorno às nossas verdadeiras tradições étnicas,  amplificadas  pelo  progresso  do  pensamento  e  pela  ciência  e confirmadas pelas vozes do espaço. Esta revelação marca um das fases mais elevadas da evolução humana, uma era fecunda de penetração do invisível no visível, a participação de dois mundos numa obra grandiosa de educação moral e de transformação social.
Nesta  perspectiva,  as  suas  consequências  são  incalculáveis.  Ela oferece ao conhecimento um campo ilimitado de estudos sobre a vida universal.  Pelo  encadeamento  das  nossas  existências  sucessivas  e  a solidariedade que as une, ela torna mais clara, mais rigorosa a noção dos deveres  e  das  responsabilidades.  Ela  mostra  que  a  justiça  não  é uma palavra vã e que a ordem e a harmonia reinam no Cosmos.
A  que  devo  eu  atribuir  este  grande  favor  de  ter  sido  ajudado, inspirado,  dirigido  pelos  Espíritos    dos  grandes  Celtas  do  espaço?
Segundo  o  que  Allan  Kardec  me  disse,  eu  próprio  vivi,  no  oeste  das Gálias as minhas três primeiras existências humanas e conservei sempre em mim as impressões das primeiras épocas. É por isso que eu, na vida atual,  aos  dezoito  anos,  assim  que  li O  Livro  dos  Espíritos de  Allan Kardec,  tive  a  intuição  irresistível  da  verdade.  Parecia-me  escutar as vozes  longínquas  ou  interiores  falando-me    de  mil  coisas  esquecidas.
Todo um passado ressuscitava com uma intensidade quase dolorosa.
E tudo o que eu vi, observei, aprendi desde então, não fez  mais do que confirmar esta primeira impressão.
Este livro pode pois ser considerado, em grande parte, como uma emanação desse Além para onde em breve  eu vou regressar. A todos aqueles que o lerão possa ele trazer uma radiação de nosso pensamento e da  nossa  fé  comum,  um  raio  do  alto  que  fortalece  as  consciências, consola as aflições e eleva as almas em direção a esta fonte eterna da  verdade, da sabedoria e do amor que é Deus.


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