Léon Denis
O GÊNIO CELTA E O MUNDO INVISÍVEL
Traduzido do original por: JOANA
INTRODUÇÃO
No meio da crise que sofremos, o
pensamento inquieta-se, interroga-se; ele procura as causas profundas da dor
que atinge todas as formas da nossa vida social, política, econômica, moral. As
correntes de ideias, de sentimentos,
de interesses colidem
violentamente, e dos
seus choques resulta um estado de
perturbação, de confusão, de desordem que paralisa toda a iniciativa e se
traduz numa impotência para encontrara a solução.
Parece que a França perdeu a
consciência de si mesma, da sua origem, do seu gênio, do seu papel no mundo.
Enquanto que
outras raças, essencialmente realísticas,
perseguem um objetivo muito mais preciso, tanto mais determinado quanto
mais material é, a França sempre hesitou, ao longo da sua história, entre duas concepções
opostas. E, por aí se explica o carácter intermitente da sua ação.
Tão
depressa ela se
diz Céltica como
apela a esse
espírito de liberdade, de
verticalidade, de justiça que caracteriza a alma do Gaulês.
É à intervenção desta, ao despertar do
seu gênio, que é preciso atribuir a instituição das
comunas na Idade
Média e a
obra da Revolução.
Às vezes ela se crê latina e, desde logo, vão reaparecer todas as formas
de opressão monárquica ou
teocrática, a centralização
burocrática e administrativa, copiada
dos romanos, com
as habilidades, os subterfúgios das
suas políticas e os vícios,
a corrupção dos povos
envelhecidos.
Acrescentem à volta destas concepções a
indiferença das massas, a sua ignorância das tradições, a perda de todo o
ideal. É às alternâncias destas
duas correntes que
é necessário atribuir
a oscilação do pensamento francês, as projeções, as
bruscas reviravoltas da sua ação através da história.
Para
reencontrar a unidade
moral, a consciência
de si mesma,
o sentido profundo do seu papel e do seu destino, ou seja tudo aquilo
que torna as nações
fortes, bastaria à
França que afastasse
as teorias errôneas, os
sofismas pelos quais
se falseou o
seu julgamento, obscurecido o seu
caminho, e retornar à sua própria
natureza, às suas
origens
étnicas, ao seu gênio
primitivo, em
suma à tradição Céltica, enriquecida pelo trabalho e
pelo progresso dos séculos.
Porque a França é Céltica, não há
qualquer dúvida neste ponto. Os nossos
mais eminentes historiadores
o atestam e,
com eles, grande número de escritores e pensadores
entre os quais os dois Thierry, Henri Martin, J. Michelet, Ed. Quinet, Jean Reynaud,
Renan, Emile Faguet e tantos outros. Se nós somos latinos, disseram eles, pela
educação e pela cultura, nós somos Celtas pelo sangue, pela raça.
Arbois de Jubainville repetiu-nos isso
muitas vezes, tanto nos seus cursos do Colégio de França, como nos seus livros:
“Há 90 por cento de sangue gaulês nas
veias dos franceses.
"Com efeito, se
abrirmos a história, aí veremos
que após a queda do império, os Romanos voltaram em massa a atravessar os Alpes
e deles muito pouco restou na Gália. As invasões germânicas passaram como um
vendaval no nosso país; só os Francos, os Visigodos, os Borgonheses aí se
fixaram tempo suficiente para se fundirem com os elementos autóctones. Além
disso, os Francos não eram mais que trinta e oito mil, enquanto que a Gália
contava com cerca de cinquenta milhões de habitantes.
Podemos
perguntar-nos como uma
tão vasta região
pôde ser conquistada com
tão fracos meios.
Isso o Sr.
Ed. Haraucourt, da Academia
francesa, explica-o num
substancial artigo publicado
na revista “la Lumière”, de 15 de Janeiro de 1926, e do qual falaremos
mais tarde.
Todos os que guardaram no coração a
memória das nossas origens gostam de reconstituir glórias e reveses desta raça
inquieta, aventureira que é a nossa, recordar os infortúnios e provas que lhe
granjearam tantas simpatias. A todas estas páginas famosas, escritas sobre o
assunto, eu não teria pensado acrescentar fosse o que fosse se não tivesse tido
um novo elemento a oferecer ao leitor para elucidar o problema das nossas origens,
ou seja a colaboração do mundo invisível. Com efeito, é devido à incitação do
espírito de Allan Kardec que eu realizei este trabalho.
Aí encontrarão a
série de mensagens
que nos foram
ditadas por incorporação, em
condições que excluem qualquer fraude. Durante estas entrevistas, Espíritos
libertos da vida
terrestre, trouxéramos seus conselhos e os seus ensinamentos.
Tal como se verá nas suas mensagens,
Allan Kardec viveu na Gália, no
tempo da independência
e aí foi
druida. O dólmen
que, por sua vontade, se ergue
sobre o seu túmulo em Père-Lachaise, tem por lá um sentido exato.
A doutrina espírita
que o grande
iniciador condensou, resumida nas
suas obras através das comunicações dos espíritos, obtidas em todos os pontos
do globo, coincide, nos seus aspectos fundamentais, com o druidismo e constitui um retorno às
nossas verdadeiras tradições étnicas,
amplificadas pelo progresso
do pensamento e
pela ciência e confirmadas pelas vozes do espaço. Esta
revelação marca um das fases mais elevadas da evolução humana, uma era fecunda
de penetração do invisível no visível, a participação de dois mundos numa obra
grandiosa de educação moral e de transformação social.
Nesta
perspectiva, as suas
consequências são incalculáveis. Ela oferece ao conhecimento um campo
ilimitado de estudos sobre a vida universal.
Pelo encadeamento das
nossas existências sucessivas
e a solidariedade que as une, ela
torna mais clara, mais rigorosa a noção dos deveres e
das responsabilidades. Ela
mostra que a
justiça não é uma palavra vã e que a ordem e a harmonia
reinam no Cosmos.
A
que devo eu
atribuir este grande
favor de ter
sido ajudado, inspirado, dirigido
pelos Espíritos dos
grandes Celtas do
espaço?
Segundo
o que Allan
Kardec me disse,
eu próprio vivi,
no oeste das Gálias as minhas três primeiras
existências humanas e conservei sempre em mim as impressões das primeiras
épocas. É por isso que eu, na vida atual,
aos dezoito anos,
assim que li O
Livro dos Espíritos de
Allan Kardec, tive a
intuição irresistível da
verdade. Parecia-me escutar as vozes longínquas
ou interiores falando-me
de mil coisas
esquecidas.
Todo um passado ressuscitava com uma
intensidade quase dolorosa.
E tudo o que eu vi, observei, aprendi
desde então, não fez mais do que confirmar
esta primeira impressão.
Este livro pode pois ser considerado,
em grande parte, como uma emanação desse Além para onde em breve eu vou regressar. A todos aqueles que o lerão
possa ele trazer uma radiação de nosso pensamento e da nossa
fé comum, um
raio do alto
que fortalece as
consciências, consola as aflições e eleva as almas em direção a esta
fonte eterna da verdade, da sabedoria e
do amor que é Deus.
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