Atualmente paira sobre as famílias
modernas uma grave ameaça em torno da cultura do prazer. O instituto familiar
necessita de grande choque de modelo e, sobretudo, de muito apoio religioso
para alcançar seu equilíbrio moral. Infelizmente, muitos pais querem que os
filhos tenham prazer sem responsabilidade.
O estudo realizado pelo Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas (CNDL) aponta que a maioria das mães não resiste às solicitações dos
filhos quando eles exigem a compra de brinquedos, roupas e doces. A rigor,
muitas crianças tem noção sobre quais astúcias utilizar para persuadir seus
pais a comprarem o que elas querem.
Muitas vezes, os rogos “ingênuos”
aparecem em forma de pirraça, intimidação, choradeira, induzindo alguns pais à
sujeição. Contudo, ceder a todas as vontades dos filhos (no caso das compras)
pode não apenas desequilibrar o orçamento familiar e levar os pais a contrair
dívidas, porém também pode contribuir para instalar nas crianças uma série de
comportamentos inadequados e tornar os filhos manipuladores e menos tolerantes
à frustração, prejudicando seu desenvolvimento e suas relações sociais
presentes e futuras.
Concordamos que uma das estratégias
para evitar contendas com os filhos durante as compras pode ser combinar regras
sobre o que poderá ou não ser comprado antes do passeio. Para que essa solução
seja eficiente, a mãe deve ser clara e firme na hora do acordo. Os filhos,
quando crianças, registram em seu psiquismo todas as atitudes dos pais, tanto
as boas quanto às más, manifestadas na intimidade do lar. Por esta razão, os
pais devem estar sempre atentos e, incansavelmente, buscando um diálogo franco
com os filhos, sobretudo, amando-os, independentemente, de como se situam na escala
evolutiva. Devemos transmitir segurança aos filhos através do afeto e do
carinho constantes. Afinal, todo ser humano necessita ser amado, gostado, mesmo
tendo consciência de seus defeitos, dificuldades e de suas reais diferenças.
A regra é clara, ninguém em casa pode
fazer aquilo que não se pode fazer na sociedade. É preciso impor a obrigação de
que o filho faça isso, deste modo, cria-se a noção de que ele tem que
participar da vida comunitária. Um detalhe é muito importante: os espíritas
sabem que a fase infantil, em sua primeira etapa (dos 0 aos 7 anos), é a mais
importante para a educação, e não podemos relaxar na orientação dos filhos, nas
grandes revelações da vida. Sob nenhuma hipótese, essa primeira etapa
reencarnatória deve ser enfrentada com indiferença e ou insensibilidade.
Principalmente a mãe que “deve ser o
expoente divino de toda a compreensão espiritual e de todos os sacrifícios pela
paz da família. A mãe terrestre deve compreender, antes de tudo, que seus
filhos, primeiramente, são filhos de Deus. Desde a infância, deve prepará-los
para o trabalho e para a luta que os espera. Desde os primeiros anos, deve
ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade, controlando-lhe as atitudes e
concentrando-lhe as posições mentais, pois essa é a ocasião mais propícia à
edificação das bases de uma vida. Ensinará a tolerância mais pura, mas não
desdenhará a energia quando seja necessária no processo da educação,
reconhecida a heterogeneidade das tendências e a diversidade dos
temperamentos.”.(1)
Para Emmanuel a mãe “não deve dar razão
a qualquer queixa dos filhos, sem exame desapaixonado e meticuloso das
questões, levantando-lhes os sentimentos para Deus, sem permitir que estacionem
na futilidade ou nos prejuízos morais das situações transitórias do mundo. Na
hipótese de fracassarem todas as suas dedicações e renúncias, compete às mães
incompreendidas entregar o fruto de seus labores a Deus, prescindindo de
qualquer julgamento do mundo, pois que o Pai de Misericórdia saberá apreciar os
seus sacrifícios e abençoará as suas penas, no instituto sagrado da vida
familiar.”.(2)
Os filhos rebeldes são filhos de nossas
próprias obras, em vidas anteriores, cuja Bondade de Deus, agora, concede a
possibilidade de se unir a nós pelos laços da consanguinidade, dando-nos a
estupenda chance de resgate, reparação e os serviços árduos da educação. Dessa
forma, diante dos filhos insurgentes e indisciplináveis, impenetráveis a todos
os processos educativos, “os pais depois de movimentar todos os processos de
amor e de energia no trabalho de orientação deles, é justo que esperem a
manifestação da Providência Divina para o esclarecimento dos filhos
incorrigíveis, compreendendo que essa manifestação deve chegar através de dores
e de provas acerbas, de modo a semear-lhes, com êxito, o campo da compreensão e
do sentimento.”.(3)
Os pais, após esgotar todos os recursos
a bem dos filhos e depois da prática sincera de todos os processos amorosos e
enérgicos pela sua formação espiritual, sem êxito algum, “devem entregá-los a
Deus, de modo que sejam naturalmente trabalhados pelos processos tristes e
violentos da educação do mundo. A dor tem possibilidades desconhecidas para
penetrar os espíritos, onde a linfa do amor não conseguiu brotar, não obstante
o serviço inestimável do afeto paternal, humano. Eis a razão pela qual, em
certas circunstâncias da vida, faz-se mister que os pais estejam revestidos de
suprema resignação, reconhecendo no sofrimento que persegue os filhos a
manifestação de uma bondade superior, cujo buril oculto, constituído por
sofrimentos, remodela e aperfeiçoa com vistas ao futuro espiritual.”.(4)
O Espiritismo não propõe soluções
específicas, reprimindo ou regulamentando cada atitude, nem dita fórmulas
mágicas de bom comportamento aos jovens. Prefere acatar, em toda sua amplitude,
os dispositivos da lei divina, que asseguram, a todos, o direito de escolha (o
livre-arbítrio) e a responsabilidade consequente de seus atos. Por todas essas
razões, precisamos aprender a servir e perdoar; socorrer e ajudar os filhos
entre as paredes do lar, sustentando o equilíbrio dos corações que se nos
associam à existência e, se nos entregarmos realmente no combate à deserção do
bem, reconheceremos os prodígios que se obtêm dos pequenos sacrifícios em casa
por bases da terapêutica do amor.
Em últimas instancias quando os filhos
são rebeldes e incorrigíveis, impermeáveis a todos os processos educativos,
"os pais, depois de movimentar todos os processos de amor e de energia no
trabalho de orientação educativa dos filhos, sem descontinuidade da dedicação e
do sacrifício, que esperem a manifestação da Providência Divina para o
esclarecimento dos filhos incorrigíveis, compreendendo que essa manifestação
deve chegar através de dores e de provas acerbas, de modo a semear-lhes, com êxito,
o campo da compreensão e do sentimento."(5)
Referências bibliográfica:
(1) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995, per. 189
(2) Idem per. 189
(3) Idem per. 190
(4) Idem per. 191
(5) Idem per. 190
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