Na segunda edição da
presente obra, deliberamos acrescentar, nesta sua Primeira Parte, mais um
Capítulo, o 6, e, para integrá-lo, escolhemos três personagens que, pelos
trabalhos por eles realizados em prol da então Doutrina nascente, trabalhos
esses que abrangem o campo filosófico-científico- religioso, do Espiritismo,
merecem destaque especial, não só pela vasta produção literária, desses três
abnegados missionários do Cristo, mas, principalmente, por terem sido eles
fiéis continuadores da obra de Allan Kardec.
Camille Flammarion – o explorador e revelador dos céus – foi quem popularizou a Astronomia,
tendo recebido, na época, o Prêmio Motion, da Academia Francesa. Suas obras foram
traduzidas em quase todas as línguas, existindo, também, na França, centenas de
Grupos Espíritas, que levam seu nome.
No Brasil, onde sua
figura, como espírita e astrônomo, é bastante conhecida, existe um Observatório
localizado na cidade de Matias Barbosa (MG), que tem seu nome. Flammarion foi,
sem dúvida alguma, um desses espíritos que, de quando em vez, reencarnam em
nosso orbe, a fim de auxiliar seus irmãos em experiência a darem mais um passo
rumo ao infinito. Mas, no seu caso, temos mais alguma coisa a acrescentar: ele fazia
parte, também, do mesmo grupo de Espíritos que integrava Kardec e, por isso,
sua vinda à Terra se deu
na mesma época em que viera o mestre lionês, a fim de tomar
parte, aqui, da equipe da
Terceira Revelação liderada
por ele, desempenhando tarefa definida
no campo da astronomia. Eis por que, no seu trabalho, notadamente no que versa
sobre a Uranografia Geral, procurou demonstrar que Deus não criara mundos somente para adornar o espaço
infinito ou
para
deleitar nossas vistas, mas também para
servir de habitat a
outras criaturas que passam por eles, na trajetória infinita de sua evolução.
Desde muito cedo
Flammarion já se interessava pelo estudo dos astros. Quando ainda jovem, pois
contava apenas vinte anos de idade, publicou seu primeiro livro intitulado “A
pluralidade dos mundos habitados”, que chamou a atenção dos sábios e cientistas
da época. Mas não parou aí. Escreveu muitos outros trabalhos, quase todos
abordando assuntos ligados à sobrevivência da alma após sua desencarnação,
trabalhos esses que atestam ter sido ele, realmente, um dos fiéis continuadores
da monumental obra de Kardec.
Para o conhecimento dos
leitores, citamos, ainda, “Deus na Natureza”, que é um estudo profundo de todos
os fenômenos naturais; “O Desconhecido e os Problemas Psíquicos”,
“Urânia”, “As Casas Mal
Assombradas”, “A Morte e seus Mistérios”, dividida em três volumes, que foi
terminada quando o autor completava oitenta anos de idade, além de “Sonhos
Estelares” e outros trabalhos referentes à Astronomia, que foram, também,
traduzidos para línguas
estrangeiras.
À beira do túmulo de
Kardec, quando o mestre baixava à sepultura, Flammarion proferiu
o célebre discurso, que
se acha inserido no livro “Obras Póstumas”, exaltando a figura incomparável
daquele que legara à posteridade a consoladora Doutrina ditada pelos Espíritos,
pronunciando, na oportunidade, a conhecida frase: “Ele, porém, era o que eu
denominarei simplesmente o bom senso encarnado”.
Camille Flammarion nasceu
no dia 21 de fevereiro de 1842, em Montigny, França, e desencarnou em junho de
1925, com a idade de 83 anos.
Suas obras, quase todas
de cunho filosófico-religioso, sintetizam, de maneira extraordinária, seus
conhecimentos, embora tenha sido um autodidata, de origem modesta, sem nenhum
curso regular.
Quando ainda muito moço,
revelou-se inclinado para a Filosofia e as letras, tendo estudado todas as
obras de Allan Kardec, nas quais encontrou subsídios para o aprimoramento de
seu Espírito, preparando-se, dessa forma, para o fiel cumprimento da meritória
missão que trouxera como seu continuador, de quem se tornou fiel discípulo.
Vale a pena transcrever,
aqui, o belo trecho de sua obra “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”,
através do qual diz ele: “Dia virá, em que todos os pequenos sistemas acanhados
e envelhecidos, se fundirão numa síntese abrangendo todos os reinos da ideia.
Ciências, filosofias, religiões, divididas hoje, reunir-se-ão na luz, e será
então a vida, o esplendor do Espírito, o reinado do Conhecimento. Neste acordo magnífico,
as ciências fornecerão a precisão e o método na ordem dos fatos; as filosofias,
o rigor de suas deduções lógicas; a poesia, a irradiação de suas luzes e a
magia de suas cores; a religião juntar-lhe-á as qualidades do sentimento e a
noção da estética elevada. Assim, realizar-se-á a beleza na força e na unidade do
pensamento. A alma orientar-se-á para os mais altos cimos, mantendo ao mesmo
tempo o equilíbrio de relação necessário para regular a marcha paralela e
ritmada da inteligência e da consciência na sua ascensão para a conquista do
Bem e da Verdade”.
Léon Denis, durante sua
preciosa existência terrestre, proferiu inúmeros discursos doutrinários, de
rara beleza, em Congressos Internacionais.
Em 1889, tomou parte no
II Congresso Espírita Internacional, tendo participado, também, do Congresso
Espírita de Bruxelas – Bélgica – onde representou o movimento espírita da França
e do Brasil. Em 1925, foi aclamado Presidente do Congresso Espírita Internacional,
realizado em Paris, do qual saiu a Federação Espírita Internacional, transferida
para Inglaterra, em 1948. Léon Denis deixou, ainda, numerosos trabalhos esparsos,
tais como conferências, artigos, declarações, etc., muitos dos quais não foram
publicados além de seus nove livros, que alinhamos a seguir: “No Invisível”, “Depois
da Morte”, “O Porquê da Vida”, “O Grande Enigma”, “Cristianismo e Espiritismo”,
“Joana D’Arc, Médium”, “O Mundo Invisível e a Guerra”, “O Gênio Celta e o Mundo
Invisível” e “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, obras essas que se
vinculam à Codificação de Kardec, porquanto estava ele profundamente
identificado com o mestre lionês.
Assim, através dessa
preciosa literatura espírita que nos legara, o Espiritismo foi amplamente
divulgado, não só nos países da Europa, mas principalmente entre os povos
latino-americanos.
Antes, porém, de
encerrarmos estas ligeiras notas sobre o apreciado escritor espírita francês,
convém esclarecer, ainda, que Léon Denis teve estreita ligação com a Federação
Espírita Brasileira, tendo sido, a partir de 1901, aprovada, por unanimidade, sua
indicação para sócio Distinto e Presidente Honorário da FEB, passando a responder,
também, pela representação permanente da Casa de Ismael na França e em outros
países do continente europeu.
Léon Denis nasceu em
Foug, França, no dia 1.º de janeiro de 1846 e desencarnou no dia 12 de abril de
1927, em Tours, com 81 anos de idade.
Gabriel Delanne – o gigante do Espiritismo científico – nasceu exatamente no ano em
que Allan Kardec publicava a primeira edição de “O Livro dos Espíritos”. Seu
pai, Alexandre Delanne, era espírita e amicíssimo de Kardec, motivo por que foi
ele grandemente influenciado pela ideia nascente. Sua mãe trabalhou como
médium, cooperando, assim, com o mestre de Lyon na codificação do Espiritismo.
Delanne foi um dos
maiores propagadores da sobrevivência e comunicabilidade dos Espíritos, tendo
escrito várias obras de cunho científico, tais como “O Espiritismo Perante a
Ciência”, “O fenômeno Espírita”, “A Evolução Anímica”, “Pesquisas sobre a mediunidade”,
“As Aparições Materializadas de Vivos e Mortos”, além de outros trabalhos esparsos.
Um dos temas que mais
preocuparam o engenheiro Delanne, foi o perispírito, por ser a base de todos os
fenômenos mediúnicos e anímicos. Procurou, ele, fazer a diferença entre o animismo
e o mediunismo, através de acurados estudos e pesquisas sobre tão importante
assunto, sempre com muita prudência, qualidade que lhe era peculiar, merecendo,
por isso, a alcunha de gigante do Espiritismo científico.
Comentar, neste Capítulo,
cada um de seus livros, não é nosso objetivo, mesmo porque, se quiséssemos
abordar, embora em síntese, tudo quanto Delanne enfeixou na sua obra, não seria
possível num pequeno trabalho como este, cujo título bem demonstra tratar-se de
um ABC da Doutrina Espírita.
Portanto, quem quiser se
aprofundar mais nos estudos do Espiritismo, sob o aspecto científico, aí estão
seus livros, conforme citação já feita, todos traduzidos para a língua portuguesa.
Todavia, não podemos deixar de transcrever, para este Capítulo, a interessante
entrevista concedida por ele, nos planos espirituais, ao Espírito André Luiz,
inserida na obra “Entre Irmãos de Outras Terras” psicografada por Francisco Cândido
Xavier e Waldo Vieira (2.ª Edição da FEB, 1967), em data de 20 de agosto de 1965,
através da qual respondeu a várias questões, que bem demonstram ter sido ele, realmente,
um dos mais destacados continuadores de Allan Kardec.
Eis as seis perguntas
mais expressivas:
1) Admite que os
princípios espíritas estão caminhando lentamente no mundo?
R. Não penso assim... As
atividades espíritas contam pouco mais de um século e um século é período
demasiado curto em assuntos do espírito.
2) Muitos amigos na Terra
são de parecer que os Mensageiros da Espiritualidade Superior deveriam
patrocinar mais amplas manifestações de mediunidade de efeitos físicos para benefício
dos homens, como sejam materializações e vozes diretas. Que pensa a respeito?
R. Creio que a
mediunidade de efeitos físicos serve à convicção, mas não adianta ao serviço
indispensável na renovação espiritual. Os Espíritos Superiores agem
acertadamente em lhe podando os surtos e as motivações, para que os homens,
nossos irmãos, despertem à luz da Doutrina Espírita, entregando a consciência
ao esforço de aprimoramento moral.
3) Conquanto tenha essa
opinião, julga que o Espiritismo precisa atender ao incremento e melhoria da mediunidade?
R. Não teríamos o
Evangelho sem Jesus Cristo e não teríamos Jesus Cristo sem o socorro aos
sofredores pelos processos mediúnicos que lhe caracterizaram a presença na
Terra.
4) Para que região
devemos nós, a seu ver, conduzir a pesquisa científica na Terra, de vez que a
conquista da paisagem material de outros planetas não adiantará muito ao
progresso moral das criaturas?
R. Devemos estimular os
estudos em torno da matéria e da reencarnação, analisar o reino maravilhoso da
mente e situar no exercício da mediunidade as obras da fraternidade, da
orientação, do consolo e do alívio às múltiplas enfermidades das criaturas
terrestres...
5) Onde os percalços
maiores para a expansão da Doutrina Espírita?
R. Em nossa opinião, os
maiores embaraços para o Espiritismo procedem da atuação daqueles que
reencarnam, prometendo servi-lo, seja através da mediunidade direta ou da
mediunidade indireta, no campo da inspiração e da inteligência, e se transviam
nas seduções da esfera física, convertendo-se em médiuns autênticos das regiões
inferiores, de vez que não negam as verdades do Espiritismo, mas estão prontos
a ridicularizá-las, através de escritos sarcásticos ou da arte histriônica,
junto dos quais encontramos as demonstrações fenomênicas improdutivas, as
histórias fantásticas, o anedotário deprimente e os filmes de terror.
6) Como vê semelhantes
deformações?
R. Os milhões de
Espíritos inferiores que cercam a Humanidade possuem seus médiuns. Impossível
negar isso.
Em síntese, aí está, caro
leitor, o que foi o eminente cientista francês, nascido aos 23 de março de 1857
e desencarnado a 15 de fevereiro de 1926, com a idade de 69 anos, após haver
cumprido sua missão na Terra, também como integrante da equipe de colaboradores
do mestre Kardec, que veio para ampliar os conhecimentos humanos concernentes
ao aspecto científico do Espiritismo e, agora, continuando seu trabalho nos
planos mais altos, em prol desta humanidade sofredora.
Ao finalizar, pois, este
Capítulo, afirmamos, mais uma vez, que estes três missionários, que mais se
dedicaram na produção de obras consideradas subsidiárias às de Allan Kardec,
ocupam, certamente, lugar relevante no mais alto conceito dos valores culturais
da nossa amada Doutrina Espírita.
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