PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

sábado, agosto 15, 2015

ABC DO ESPIRITISMO - Victor Ribas Carneiro

Na segunda edição da presente obra, deliberamos acrescentar, nesta sua Primeira Parte, mais um Capítulo, o 6, e, para integrá-lo, escolhemos três personagens que, pelos trabalhos por eles realizados em prol da então Doutrina nascente, trabalhos esses que abrangem o campo filosófico-científico- religioso, do Espiritismo, merecem destaque especial, não só pela vasta produção literária, desses três abnegados missionários do Cristo, mas, principalmente, por terem sido eles fiéis continuadores da obra de Allan Kardec.

Camille Flammarion – o explorador e revelador dos céus – foi quem popularizou a Astronomia, tendo recebido, na época, o Prêmio Motion, da Academia Francesa. Suas obras foram traduzidas em quase todas as línguas, existindo, também, na França, centenas de Grupos Espíritas, que levam seu nome.
No Brasil, onde sua figura, como espírita e astrônomo, é bastante conhecida, existe um Observatório localizado na cidade de Matias Barbosa (MG), que tem seu nome. Flammarion foi, sem dúvida alguma, um desses espíritos que, de quando em vez, reencarnam em nosso orbe, a fim de auxiliar seus irmãos em experiência a darem mais um passo rumo ao infinito. Mas, no seu caso, temos mais alguma coisa a acrescentar: ele fazia parte, também, do mesmo grupo de Espíritos que integrava Kardec e, por isso,
sua vinda à Terra se deu na mesma época em que viera o mestre lionês, a fim de tomar
parte, aqui, da equipe da Terceira Revelação liderada por ele, desempenhando tarefa definida no campo da astronomia. Eis por que, no seu trabalho, notadamente no que versa sobre a Uranografia Geral, procurou demonstrar que Deus não criara mundos somente para adornar o espaço infinito ou para deleitar nossas vistas, mas também para
servir de habitat a outras criaturas que passam por eles, na trajetória infinita de sua evolução.
Desde muito cedo Flammarion já se interessava pelo estudo dos astros. Quando ainda jovem, pois contava apenas vinte anos de idade, publicou seu primeiro livro intitulado “A pluralidade dos mundos habitados”, que chamou a atenção dos sábios e cientistas da época. Mas não parou aí. Escreveu muitos outros trabalhos, quase todos abordando assuntos ligados à sobrevivência da alma após sua desencarnação, trabalhos esses que atestam ter sido ele, realmente, um dos fiéis continuadores da monumental obra de Kardec.
Para o conhecimento dos leitores, citamos, ainda, “Deus na Natureza”, que é um estudo profundo de todos os fenômenos naturais; “O Desconhecido e os Problemas Psíquicos”,
“Urânia”, “As Casas Mal Assombradas”, “A Morte e seus Mistérios”, dividida em três volumes, que foi terminada quando o autor completava oitenta anos de idade, além de “Sonhos Estelares” e outros trabalhos referentes à Astronomia, que foram, também,
traduzidos para línguas estrangeiras.
À beira do túmulo de Kardec, quando o mestre baixava à sepultura, Flammarion proferiu
o célebre discurso, que se acha inserido no livro “Obras Póstumas”, exaltando a figura incomparável daquele que legara à posteridade a consoladora Doutrina ditada pelos Espíritos, pronunciando, na oportunidade, a conhecida frase: “Ele, porém, era o que eu denominarei simplesmente o bom senso encarnado”.
Camille Flammarion nasceu no dia 21 de fevereiro de 1842, em Montigny, França, e desencarnou em junho de 1925, com a idade de 83 anos.

Léon Denis – o apóstolo do Espiritismo – contava apenas onze anos de idade quando Kardec publicou a primeira edição de “O Livro dos Espíritos”. Ele fazia parte, também, da equipe da Terceira Revelação, e viera à Terra para complementar e divulgar os ensinos já enfeixados na Codificação Kardequiana.
Suas obras, quase todas de cunho filosófico-religioso, sintetizam, de maneira extraordinária, seus conhecimentos, embora tenha sido um autodidata, de origem modesta, sem nenhum curso regular.
Quando ainda muito moço, revelou-se inclinado para a Filosofia e as letras, tendo estudado todas as obras de Allan Kardec, nas quais encontrou subsídios para o aprimoramento de seu Espírito, preparando-se, dessa forma, para o fiel cumprimento da meritória missão que trouxera como seu continuador, de quem se tornou fiel discípulo.
Vale a pena transcrever, aqui, o belo trecho de sua obra “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, através do qual diz ele: “Dia virá, em que todos os pequenos sistemas acanhados e envelhecidos, se fundirão numa síntese abrangendo todos os reinos da ideia. Ciências, filosofias, religiões, divididas hoje, reunir-se-ão na luz, e será então a vida, o esplendor do Espírito, o reinado do Conhecimento. Neste acordo magnífico, as ciências fornecerão a precisão e o método na ordem dos fatos; as filosofias, o rigor de suas deduções lógicas; a poesia, a irradiação de suas luzes e a magia de suas cores; a religião juntar-lhe-á as qualidades do sentimento e a noção da estética elevada. Assim, realizar-se-á a beleza na força e na unidade do pensamento. A alma orientar-se-á para os mais altos cimos, mantendo ao mesmo tempo o equilíbrio de relação necessário para regular a marcha paralela e ritmada da inteligência e da consciência na sua ascensão para a conquista do Bem e da Verdade”.
Léon Denis, durante sua preciosa existência terrestre, proferiu inúmeros discursos doutrinários, de rara beleza, em Congressos Internacionais.
Em 1889, tomou parte no II Congresso Espírita Internacional, tendo participado, também, do Congresso Espírita de Bruxelas – Bélgica – onde representou o movimento espírita da França e do Brasil. Em 1925, foi aclamado Presidente do Congresso Espírita Internacional, realizado em Paris, do qual saiu a Federação Espírita Internacional, transferida para Inglaterra, em 1948. Léon Denis deixou, ainda, numerosos trabalhos esparsos, tais como conferências, artigos, declarações, etc., muitos dos quais não foram publicados além de seus nove livros, que alinhamos a seguir: “No Invisível”, “Depois da Morte”, “O Porquê da Vida”, “O Grande Enigma”, “Cristianismo e Espiritismo”, “Joana D’Arc, Médium”, “O Mundo Invisível e a Guerra”, “O Gênio Celta e o Mundo Invisível” e “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, obras essas que se vinculam à Codificação de Kardec, porquanto estava ele profundamente identificado com o mestre lionês.
Assim, através dessa preciosa literatura espírita que nos legara, o Espiritismo foi amplamente divulgado, não só nos países da Europa, mas principalmente entre os povos
latino-americanos.
Antes, porém, de encerrarmos estas ligeiras notas sobre o apreciado escritor espírita francês, convém esclarecer, ainda, que Léon Denis teve estreita ligação com a Federação Espírita Brasileira, tendo sido, a partir de 1901, aprovada, por unanimidade, sua indicação para sócio Distinto e Presidente Honorário da FEB, passando a responder, também, pela representação permanente da Casa de Ismael na França e em outros países do continente europeu.
Léon Denis nasceu em Foug, França, no dia 1.º de janeiro de 1846 e desencarnou no dia 12 de abril de 1927, em Tours, com 81 anos de idade.

Gabriel Delanne – o gigante do Espiritismo científico – nasceu exatamente no ano em que Allan Kardec publicava a primeira edição de “O Livro dos Espíritos”. Seu pai, Alexandre Delanne, era espírita e amicíssimo de Kardec, motivo por que foi ele grandemente influenciado pela ideia nascente. Sua mãe trabalhou como médium, cooperando, assim, com o mestre de Lyon na codificação do Espiritismo.
Delanne foi um dos maiores propagadores da sobrevivência e comunicabilidade dos Espíritos, tendo escrito várias obras de cunho científico, tais como “O Espiritismo Perante a Ciência”, “O fenômeno Espírita”, “A Evolução Anímica”, “Pesquisas sobre a mediunidade”, “As Aparições Materializadas de Vivos e Mortos”, além de outros trabalhos esparsos.
Um dos temas que mais preocuparam o engenheiro Delanne, foi o perispírito, por ser a base de todos os fenômenos mediúnicos e anímicos. Procurou, ele, fazer a diferença entre o animismo e o mediunismo, através de acurados estudos e pesquisas sobre tão importante assunto, sempre com muita prudência, qualidade que lhe era peculiar, merecendo, por isso, a alcunha de gigante do Espiritismo científico.
Comentar, neste Capítulo, cada um de seus livros, não é nosso objetivo, mesmo porque, se quiséssemos abordar, embora em síntese, tudo quanto Delanne enfeixou na sua obra, não seria possível num pequeno trabalho como este, cujo título bem demonstra tratar-se de um ABC da Doutrina Espírita.

Portanto, quem quiser se aprofundar mais nos estudos do Espiritismo, sob o aspecto científico, aí estão seus livros, conforme citação já feita, todos traduzidos para a língua portuguesa. Todavia, não podemos deixar de transcrever, para este Capítulo, a interessante entrevista concedida por ele, nos planos espirituais, ao Espírito André Luiz, inserida na obra “Entre Irmãos de Outras Terras” psicografada por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira (2.ª Edição da FEB, 1967), em data de 20 de agosto de 1965, através da qual respondeu a várias questões, que bem demonstram ter sido ele, realmente, um dos mais destacados continuadores de Allan Kardec.

Eis as seis perguntas mais expressivas:
1) Admite que os princípios espíritas estão caminhando lentamente no mundo?
R. Não penso assim... As atividades espíritas contam pouco mais de um século e um século é período demasiado curto em assuntos do espírito.
2) Muitos amigos na Terra são de parecer que os Mensageiros da Espiritualidade Superior deveriam patrocinar mais amplas manifestações de mediunidade de efeitos físicos para benefício dos homens, como sejam materializações e vozes diretas. Que pensa a respeito?
R. Creio que a mediunidade de efeitos físicos serve à convicção, mas não adianta ao serviço indispensável na renovação espiritual. Os Espíritos Superiores agem acertadamente em lhe podando os surtos e as motivações, para que os homens, nossos irmãos, despertem à luz da Doutrina Espírita, entregando a consciência ao esforço de aprimoramento moral.
3) Conquanto tenha essa opinião, julga que o Espiritismo precisa atender ao incremento e melhoria da mediunidade?
R. Não teríamos o Evangelho sem Jesus Cristo e não teríamos Jesus Cristo sem o socorro aos sofredores pelos processos mediúnicos que lhe caracterizaram a presença na Terra.
4) Para que região devemos nós, a seu ver, conduzir a pesquisa científica na Terra, de vez que a conquista da paisagem material de outros planetas não adiantará muito ao progresso moral das criaturas?
R. Devemos estimular os estudos em torno da matéria e da reencarnação, analisar o reino maravilhoso da mente e situar no exercício da mediunidade as obras da fraternidade, da orientação, do consolo e do alívio às múltiplas enfermidades das criaturas terrestres...
5) Onde os percalços maiores para a expansão da Doutrina Espírita?
R. Em nossa opinião, os maiores embaraços para o Espiritismo procedem da atuação daqueles que reencarnam, prometendo servi-lo, seja através da mediunidade direta ou da mediunidade indireta, no campo da inspiração e da inteligência, e se transviam nas seduções da esfera física, convertendo-se em médiuns autênticos das regiões inferiores, de vez que não negam as verdades do Espiritismo, mas estão prontos a ridicularizá-las, através de escritos sarcásticos ou da arte histriônica, junto dos quais encontramos as demonstrações fenomênicas improdutivas, as histórias fantásticas, o anedotário deprimente e os filmes de terror.
6) Como vê semelhantes deformações?
R. Os milhões de Espíritos inferiores que cercam a Humanidade possuem seus médiuns. Impossível negar isso.

Em síntese, aí está, caro leitor, o que foi o eminente cientista francês, nascido aos 23 de março de 1857 e desencarnado a 15 de fevereiro de 1926, com a idade de 69 anos, após haver cumprido sua missão na Terra, também como integrante da equipe de colaboradores do mestre Kardec, que veio para ampliar os conhecimentos humanos concernentes ao aspecto científico do Espiritismo e, agora, continuando seu trabalho nos planos mais altos, em prol desta humanidade sofredora.

Ao finalizar, pois, este Capítulo, afirmamos, mais uma vez, que estes três missionários, que mais se dedicaram na produção de obras consideradas subsidiárias às de Allan Kardec, ocupam, certamente, lugar relevante no mais alto conceito dos valores culturais da nossa amada Doutrina Espírita.

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