PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

quinta-feira, junho 04, 2015

A FACE OCULTA DA RELIGIÃO NUMA VISÃO RACIONAL DA BÍBLIA - JOSÉ REIS CHAVES

O objetivo deste livro é demonstrar certas verdades – pouco conhecidas – da Bíblia e sobre a Bíblia, bem como da Igreja. Há coisas na Igreja, criadas há séculos, que a mentalidade de hoje reluta em aceitar. Alguns católicos fazem de conta que as aceitam; outros aceitam-nas por conveniência. Há outros, porém, que preferem a sinceridade a ficar fazendo de contas que as acatam. Este é o caso do autor, o professor José Reis Chaves, que foi seminarista na Congregação Redentorista, é formado na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, em Comunicação e Expressão. É radialista, parapsicólogo, participou de debates e entrevistas em vários programas de televisão, e profere palestras e administra cursos em vários estados do Brasil sobre assuntos espiritualistas, espíritas e auto-ajuda. É autor do beste seller A Reencarnação Segundo a Bíblia e a Ciência, por esta mesma editora, atualmente na 5ª edição. Como teósofo que é, dedica-se ao estudo de religiões comparadas. Não vê nenhuma incompatibilidade em alguém ser católico e espírita, mesmo porque a metade dos católicos brasileiros ( entre os quais se encontram até bispos e padres ) é também espírita ou simpatizante do Espiritismo. E essa afinidade entre o Catolicismo e o Espiritismo é sobejamente demonstrada nesta obra por inúmeros textos bíblicos. Não visa o autor aqui a fazer uma apologia da Doutrina Espírita, mas tão-somente demonstrar verdades bíblicas inconcussas. Tais verdades, coincidentemente, vêem sendo ensinadas pela Doutrina Espírita, a qual tem sido caluniada e deturpada por aqueles que querem prejudicar o bom nome de seus adeptos que estudam o Evangelho de Cristo, e nos dão exemplos da sua vivência na vida prática, fazendo a caridade. Há também neste livro abordagens de questões polêmicas, como a do Espírito Santo e da Trindade Cristã, tratada com uma clareza de raciocínio meridiana pelo autor, cuja posição é muito esclarecedora e convincente. CAPÍTULO 1: DEUS NUMA VISÃO UNIVERSAL ( ... ) A Teologia do Bom Senso, a que nos referimos linhas atrás, surge mais dos sábios, que no passado foram chamados de hereges, do que dos teólogos propriamente ditos.Com seus votos de obediência à hierarquia eclesiástica, muitas vezes preferem o silêncio a um pronunciamento, que lhes vai acarretar problemas não só de consciência, mas também de ordem disciplinar, social e até econômica, pois que o sacerdote precisa de modo geral, de seu mister para sobreviver, não querendo perder sem mais nem menos o seu emprego. ( ... ) Ser ateu, no passado, era pejorativo. Era como que uma pecha muito grave e uma desonra mesmo. Assim, se um indivíduo era inimigo da Igreja um anticlerical, por exemplo, para desacreditá-lo, qualificavam-no como ateu. É o caso de Voltaire que não se simpatizava muito com a Igreja e o clero, além de ser muito irônico com relação ao catolicismo. Não deu outra, foi tachado de ateu. Mas não é verdade. Apenas não aceitava os princípios da teologia eclesiástica, e sim, os da teologia do bom senso. Só pela seguinte frase dele, sabemos que ele era um espiritualista: “Se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo. É como disse Santo Agostinho: “No íntimo do homem existe Deus”. É bom termos uma religião, mas, mesmo sem religião, podemos ter Deus no coração. ( ... ) Voltaire, de quem já falamos, mostrando que era espiritualista, apesar de ter sido apontado por alguns como materialista, escreveu um pensamento, cuja lembrança é oportuna aqui: “A voz de Deus nos diz constantemente: uma falsa ciência faz um homem ateu mas, uma verdadeira ciência leva o homem a Deus”. CAPÍTULO 2: O CRISTIANISMO PRIMITIVO E AS HERESIAS ( ... ) E dizer que se trata de mistérios de Deus, é uma desculpa muito evasiva e irresponsável, pois, na realidade, esses supostos mistérios de Deus representam, uma falta de humildade da Igreja em reconhecer seus erros de ter criado idéias teológicas fantasiosas,e mesmo absurdas, numa época em que nem existia ainda a teologia propriamente dita. CAPÍTULO 3: A BÍBLIA ( ... ) Um exemplo disso foi a divinização de Jesus, que se transformou em dogma, levando à revelação de outro dogma, o da Santíssima Trindade. Não somos contra esse dogma, mas temos dificuldade em aceitá-lo tal qual teólogos, padres e bispos de concílios tumultuados, com interesses profanos e políticos misturados com questões teológicas e filosóficas, ensinavam-no. Quando o conhecimento da Bíblia ainda era muito elementar, esses religiosos se deixavam levar, por serem, em sua maioria, quase analfabetos, pelos lideres temporais que, por sua vez, se eram cultos, eram orgulhosos e egoístas, como todos nós seres humanos somos,
e, de modo geral, ligados à corte e elite. E o pior, às vezes eram radicais e fanáticos que, ao invés de inspiração, tinham irritação. ( ... ) Já tivemos oportunidades de falar que as traduções contêm irregularidades involuntárias e propositais, o que tem desfigurado muito a Bíblia em todos os tempos. Um exemplo nos dará uma noção bem clara do que estamos dizendo. João de Almeida foi um português protestante, muito conhecido por todos nós, estudiosos bíblicos de Língua Portuguesa, porque ele é tido como um dos melhores tradutores que temos da Bíblia. E, no entanto, ele confessou que a sua versão da Bíblia para o Português possui cerca de dois mil erros. E é impressionante o que as editoras têm feito com a tradução de João de Almeida, principalmente de 1967 para cá, quando, sob o pretexto de colocarem a Bíblia numa linguagem moderna, alteraram tanto os textos, que não se pode mais dizer que seja uma tradução de João de Almeida. E essas modificações são erros propositais em toda a acepção da palavra. Por exemplo, há umas palavras espíritas que só foram criadas no século passado por Allan Kardec, tais como “Espiritismo”, “espírita” e “médium”. Se o livro mais novo da Bíblia, o Apocalipse, foi escrito há dezenove séculos, jamais deveriam figurar nas traduções tais palavras. E fazem isso, justamente, para injuriarem, desmoralizarem e difamarem o Espiritismo e os espíritas, o que é lamentável, pois os textos bíblicos não poderiam ser adulterados nem para a prática do bem, quanto mais para a prática do mal, ou seja, a intenção de enganar as pessoas ou de caluniá-las e difamá-las, e o pior, por causa de sua religião, que deve merecer de todos nós todo o respeito, qualquer que seja essa religião diferente da nossa. ( ... ) Como acabamos de ver, a Bíblia não é mais a original. Hoje ela é obra mais de homens do que de Deus propriamente dito, como foi muito afirmado no passado, e ainda é, na atualidade, por muitas pessoas, o que respeitamos, mas não podemos concordar com elas, por tudo que fizeram com a Bíblia. Aliás, nas suas origens, ela foi escrita por homens, que, mesmo tendo a ajuda de Deus ou de espíritos santos de luz, não eram infalíveis. CAPÍTULO 4: CRISTIANISMO ESOTÉRICO E EXOTÉRICO ( ... ) Até quando os dirigentes das nossas igrejas cristãs vão manter esses erros do passado – quando eram justificados, não o sendo mais hoje – e que, justamente por isso afastam as pessoas intelectuais do seio das igrejas cristãs, quando não os levam para o ateísmo? ( ... ) Apesar de o Cristianismo ter mostrado muita aversão pelo paganismo, adotou muitas de suas tradições, rituais e símbolos. CAPÍTULO 5: RELIGIÃO E SANTIDADE As Religiões são, sem dúvida, conjuntos de princípios e normas que nos ajudam conviver melhor com os nossos semelhantes e dizem como devemos nos comportar diante de Deus, ao qual sempre devemos ser gratos por nossa existência, e pedir bênçãos para nós. ( ... ) Realmente, o saber ou o conhecer a verdade é um modo de se libertar como a ignorância, o não estar na luz, é uma forma de escravidão. CAPÍTULO 6: DEMÔNIOS, ANJOS E DIABOS No Cristianismo não existe maior confusão do que a que é feita com os espíritos, envolvendo o próprio Deus, deuses, anjos, satã, almas, demônios, Lúcifer, diabo, Satanás e outros. A Igreja sempre acreditou na existência dos espíritos. Mas nunca ela deu sinal verde para o estudo profundo deles. O padre Jesuíta francês, François Brune, porta-voz do Vaticano sobre Transcomunicação e autor do livro beste-seller Os Mortos Nos Falam, lamenta por a Igreja ter a atitude de condenar todo fenômeno espiritual, ter sido até acusada de materialista por alguns cientistas espiritualistas, e por ter sido sempre contrária ao estudo especial do espírito no decorrer de sua história, após a morte do corpo ou da vida eterna dele. ( ... ) Com o advento do Espiritismo, com Allan Kardec, na segunda metade do século passado, os espíritos passaram a ser estudados sob a ótica de um rigoroso método científico, o que continua até hoje, e a Igreja se fechou mais ainda, condenando todas as experiências e práticas espíritas, excomungando, inclusive, os adeptos do Espiritismo. Mas os tempos correram, e hoje, graças à Doutrina Kardecista, com seus numerosos pesquisadores cientistas, a própria ciência veio a interessar-se pelo espírito. E até o Padre Quevedo, conhecido pelo seu radicalismo contra o Espiritismo, diz que a parapsicologia acabou com o materialismo, e o Espiritismo está na vanguarda disso. ( ... ) Os espíritas seguem princípios doutrinários cristãos do cristianismo primitivo, principalmente do arianismo, de que tratamos no capítulo 4. ( ... ) Fizemos essa pequena e rápida apologia do Espiritismo, porque, como religião é, hoje, a que mais se identifica com a Bíblia e a ciência, além de ser a que mais avançou nas pesquisas científicas sobre o espírito, e, portanto, a que mais entende do assunto. CAPÍTULO 7: A SANTÍSSIMA TRINDADE E O ESPÍRITO SANTO Uma das questões mais complicadas ente os dogmas cristãos proclamados pelos bispos em seus concílios é a da Santíssima Trindade. De uma coisa universal tão simples, fizeram uma tremenda confusão. Mas não vamos condenar a Igreja por isso, porque isso se deve também à mentalidade atrasada da época, quando, como já vimos, os bispos eram constituídos de pessoas simples e até semi-analfabetos, e quando pouco se conhecia de Bíblia, salvo raras exceções. ( ... ) E eis alguns exemplos da Trindade nas principais religiões do mundo: Pai, Filho e Espírito Santo ( Cristianismo ); Kethler, Chekmah e Binah ( Cabalá-Judaísmo); Buda, Darma e Sanga ( Budismo do Sul ); Amithaba, Avalokiteshvara e Mandjusri ( Budismo do Norte); Tulac, Fan e Mollac ( Druídas ); Anu, Ea e Bel ( Caldeus ); Odim, Freva e Thor ( Mitologia Escandinava ); Osiris, Ísis e Hórus ( Egito Antigo ) e Brama, Vixnu e Shiva ( Hinduísmo ). Sem querer agredir a Igreja, mas querendo apenas dizer a verdade, os dogmas dela foram criados justamente para consagrarem como sendo verdades inquestionáveis certos princípios doutrinários que qualquer pessoa honesta consigo mesma, com a sua consciência, não aceita. Daí surgiram os hereges que, geralmente, eram pessoas inteligentes e comprometidas com a verdade, pelo que se tornaram vítimas de perseguições por parte da Igreja, e mais tarde, eles morriam nas fogueiras da Inquisição. Foi o Concílio Ecumênico de Constantinopla I ( 381 ) que estabeleceu que o Espírito-Santo é aquilo que hoje se pensa Dele, de um modo geral, isto é, que ele é uma pessoa divina como o Pai e o Filho. ( ... ) Agora, retomando o nosso assunto, vamos falar sobre a origem da palavra Espírito Santo. No Grego só existem artigos definidos, não havendo, pois, o artigo indefinido “ um ”, assim, quando em Grego se diz “ o ”, aparece o artigo ho. Mas, quando se quer dizer “ um ”, não aparece artigo nenhum, porque repetimos, não há em Grego artigo indefinido. E na Bíblia, quando aparece o Espírito Santo, vem sem artigo, portanto, a tradução correta é, no Português, “ um ” Espírito Santo, e não “ o ” Espírito Santo. O Professor Pastorino mostra isso, apontando para os erros de tradução de vários textos da Bíblia. ( ... ) No Latim fica uma dúvida quanto a isso, pois nele não há artigo definido, nem indefinido, que, sem dúvida, contribuiu para trazer mais confusão, ainda, para essa questão do Espírito Santo, já que a Vulgata é em Latim, e não havia tradução para outras línguas, a partir do Grego, diretamente, que é o idioma em que foi escrito o Novo Testamento. Mas, hoje, há muitas traduções diretas do original grego para diversas línguas, inclusive para o Português, quando tais falhas de tradução estão sendo constatadas. ( ... ) Os católicos mais esclarecidos, que gostam de estudar a Bíblia e as outras religiões, também, acabam se tornando espíritas, já que o Kardecismo tem verdades inquestionáveis, pois estuda a Bíblia de um modo racional, e pauta a sua doutrina à luz da ciência. E é emocionalmente equilibrado, pois conhece de fato verdades irretorquíveis, com o respaldo da ciência, do bom senso e da lógica, é tranqüilo e sereno, não precisando de barulho nem de gritar para os outros seus princípios religiosos para as convencer e convencer a si mesmo das verdades da sua crença, pois quem encontra a verdade de fato, liberta-se dessas picuinhas e fanatismos religiosos que a gente vê por aí. De fato, só que, não tem suas verdades bem estruturadas precisa de ser fanático, numa tentativa de encobrir a lacuna interna que atormenta a sua fé. Por isso os espíritas não hostilizam a Igreja Católica, nem a deixam totalmente, em sua maioria. Mas não é só com a Igreja Católica que vivem sem atritos, e sim, com qualquer outra religião, também, não dando nenhuma importância para as diferenças religiosas que existem entre eles e os adeptos de outras crenças. Os espíritas só se preocupam com o estudo do Evangelho de Jesus e com a colocação dele em prática na sua vida cotidiana. Em outras palavras, querem colocar Jesus, de fato, em suas vidas. ( ... ) Sempre que aparece Espírito Santo no original Grego do Novo Testamento, não há o artigo definido grego ho ( “o” em Português ), o que nos obriga a colocar na tradução para o Português o artigo indefinido “um” , ficando, pois, assim: “um” Espírito Santo, o que nos deixa claro que há mais de um Espírito Santo, e não um só:“o” Espírito Santo. E, com isso, fica demonstrado também que Espírito Santo na Bíblia refere-se a um espírito humano de luz, de que há exemplos também no Velho Testamento. No Livro de Daniel 13:45, temos um bom exemplo do assunto em foco: “O Senhor suscitou o Espírito Santo de um moço chamado Daniel”. Esse é um dos exemplos raros na Bíblia, em que aparece a expressão “o Espírito Santo”, com artigo definido “o”. E, no entanto, observamos que o Espírito Santo no citado texto refere-se ao próprio espírito de uma pessoa, no caso, de Daniel. E sempre que aparece Espírito Santo na Bíblia, esse Espírito Santo se refere ao espírito da própria pessoa, ou outro espírito santo ou santo espírito enviado a ela por Deus ou por quem trabalha para Deus. Assim, em Lucas 1:67, lemos “Zacarias seu pai, ficou cheio de ‘um’ espírito santo”, pois no original grego não há o artigo definido “o”. Logo, a tradução que aparece nas Bíblias “do” Espírito Santo está errada, não confere com o original. CAPÍTULO 8: REENCARNAÇÃO, CRENÇA OU REALIDADE? A Teoria da Reencarnação, como alguns cientistas modernos querem chamar a Doutrina da Reencarnação – é uma coisa tão lógica, hoje, para os que se envolvem com seu estudo, que ela até se tornou um meio de neutralização do materialismo, convertendo muitos materialistas e ateus à espiritualidade. ( ... ) De fato, se Deus é um ser que ensina a prática do amor e do perdão incondicional através de tantas mensagens enviadas a nós, principalmente por meio de Jesus, como Ele iria dar para nós exemplos contrários ao seu ensinamento ? E é através da reencarnação que Deus nos proporciona novas chances de regeneração, pois ao longo da imortalidade de nosso espírito, todos nós temos um nível moral construído por nós mesmos, e a oportunidade de um recomeço, a partir de onde paramos, é uma prova salutar para nós de que, de fato, Deus nos ama. CAPÍTULO 9: DE UMA MESMA FONTE VÊM TODAS AS RELIGIÕES Repetimos que não queremos agredir a Igreja Católica que muito admiramos, e até fazemos parte dela também, pois aceitamos suas verdades e respeitamos seus erros. Assim, tudo o que dizemos neste livro tem por objetivo apenas promover a verdade e, quiçá, ajudá-la a melhorar o seu prestígio, pois, se convencer das críticas construtivas que estamos tentando a ela fazer haverá mais oportunidades de ela buscar a verdade. ( ... ) E, muitas vezes, eram esses hereges que estavam com a verdade. Se tivessem sido aceitas algumas das propostas heréticas, é certo que a Igreja não teria enveredado por caminhos tão difíceis, como vem acontecendo ao longo dos séculos, tornando-se ela, por causa da sua Teologia Eclesiástica, a responsável pela maioria dos materialistas do Ocidente, os quais, a exemplo dos hereges, sempre foram pessoas inteligentes, e que, por isso mesmo, tinham e têm dificuldades em aceitar as idéias antropomórficas de um Deus com todas as imperfeições e mazelas humanas, iracundo, justiceiro e vingativo, idéias essas oriundas da citada Teologia, e não do Evangelho de Jesus Cristo, fatos esses a que já nos referimos, por alto, num capítulo anterior. CAPÍTULO 10: A BÍBLIA E O RESSURGIMENTO DE SUAS PRÁTICAS Vimos que o Espírito Santo que está na Bíblia é, na realidade, na tradução correta, um Espírito Santo, ou seja, o nosso Espírito Santo de cada um de nós, e que habita em nós. Então, são muitos os Espíritos Santos. Assim, pois, como vimos, o Espírito Santo não é Deus propriamente dito, como nós católicos e também os protestantes aprendemos e como fazendo parte da Santíssima Trindade. Não negamos a existência do Espírito Santo, e até diríamos que ele e santíssimo, ao invés de ser só santo, quando ele é visto como sendo Deus, só que, na Bíblia, Deus propriamente dito é chamado simplesmente de espírito: “Deus é espírito; e os que o adoram, devem adorá-lo em espírito e em verdade” ( São João 4:24 ). “Ora o Senhor é o espírito; e onde há o espírito do Senhor, aí há liberdade” ( 2 Coríntios 3:17 ). Como se vê, os textos bíblicos dizem que Deus é Espírito, não havendo afirmação de que ele é Espírito Santo. E lemos em São Paulo, 1 Coríntios 3:16: “Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o espírito de Deus habita em vós? ( ... ) Vejamos o que nos diz Paulo sobre as reuniões de que ele e os primeiros cristãos participavam, que hoje não vemos mais nas igrejas cristãs: “Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem. Se, porém, vier revelação a outrem que esteja assentado, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, um após outro, para todos aprenderem e serem consolados” ( 1 Coríntios 14:29, 30 e 31 ). ( ... ) Com o objetivo de defender a verdade, tão-somente a verdade, afirmamos com toda a convicção, depois de um estudo longo e profundo da Bíblia, que o Cristianismo, em seus primeiros dias de existência, consistia de práticas espirituais ou mediúnicas, como se diz modernamente, e que é justamente no Espiritismo que estudamos muito também, e não só nas obras kardecistas, mas, igualmente, em textos bíblicos, que encontramos a vivência, de fato, do Cristianismo dos apóstolos e demais primeiros cristãos. E essa identidade do Espiritismo com o Cristianismo Primitivo não é só nas reuniões espirituais espíritas, mas também fora delas, pois os espíritas saem à luta para praticarem a caridade em toda a acepção da palavra, distribuindo do que é seu e até do que não é seu, já que saem à cata de alimentos, roupas e remédios – para os necessitados, além de proporcionarem aos carentes consultas médicas, psicológicas e assistência espiritual ou mediúnica, tudo gratuitamente. E não que sejamos contrários ao dízimo, pois São Paulo o defende – embora ele tenha sido comedido nisso, pois disse que trabalhava, procurando ganhar o seu próprio sustento, para não pesar para os seus irmãos, e até tenha afirmado, em 2 Tessalonicenses: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma” -, mas no Espiritismo não há dízimo para os seus dirigentes, o que quer dizer que eles não vivem de sua religião, mas vivem para a sua religião. ( ... ) Não temos por objetivo fazer nesta obra uma apologia do Espiritismo, e muito menos sectarismo a favor dele. Para nós todas as religiões têm verdades e erros, pois foram instituídas por seres humanos. Cremos que o Cristianismo, como está na Bíblia, e não na Teologia Eclesiástica e dogmas, é a Religião mais perfeita. E não cremos, mas sabemos, que é o Espiritismo, hoje, a religião que mais se identifica com a essência do Cristianismo Bíblico, aquele do Sermão da Montanha, tão simples, como era simples o seu autor – Jesus -, e tão diferente do Cristianismo da Teologia Eclesiástica, cheio de rituais, dogmas e de idéias complicadas que nem os mesmos teólogos que os criaram os entendiam, e que transformaram os elementos metafísicos ou espirituais do Cristianismo Primitivo em elementos físicos fenomênicos. CONCLUSÃO Eis aí um livro terminado. O seu objetivo é abrir mais uma janela para o conhecimento de verdades relacionadas com a espiritualidade, apontando acertos aqui e erros ali. Sei que ele vai incomodar muita gente, pois mexe com velhas estruturas. Se ele tivesse sido lançado em épocas passadas, lá pelo século 17, por exemplo, seu autor não escaparia da morte na fogueira. ( ... ) Eis as palavras de Dom Francisco: “A verdade consegue, sempre, os seus fins. Se a aprisionam de um lado, ela sai de outro. A ciência avança incessantemente. Segundo a minha maneira de pensar, eu bispo católico romano, digo que o Espiritismo não deve ser condenado como obra diabólica, e que os espíritas não devem ser declarados fora das vias de salvação, nem chamados heréticos, nem reservados ao inferno. Se mais tarde têm de reconhecer a bem fundada CIÊNCIA, por que na hora atual se permitem considerá-la como sacrilégio? A ciência está acima de tudo. Que surpresa não revela ela às gerações futuras? ...” Se um bispo da Igreja Católica, na década de trinta, como acabamos de ver, já não tinha receio de defender de público as verdades espíritas. O autor, setenta anos depois de Dom Francisco, sente-se de cabeça erguida para fazer o mesmo, primeiro porque não é uma autoridade da alta hierarquia da Igreja; segundo porque, com a evolução que houve, da época do culto e corajoso Bispo até agora, neste final de século, o Espiritismo se consolidou como sendo uma religião bíblica e científica grandemente respeitada, principalmente nos meios intelectuais e ligados à ciência. ( ... ) O autor almeja uma Igreja católica mais livre de erros, alguns dos quais são justamente aqueles que conflitam com as verdades espíritas e, de igual modo, e com idêntico desejo, dirige-se também às Igrejas protestantes. Urge que reformas estruturais sejam feitas no Cristianismo, para que ele volte a ser o que foi em seu alvorecer, isto é, mais ligado aos fenômenos espirituais de que tanto nos falam o Evangelho de Jesus, São Paulo, em suas Cartas, São Lucas, em Atos, e São João, em sua Primeira Carta, e no Apocalipse. ( ... ) Até quando a Igreja vai dar razão para frases do tipo desta de John Heywood: “Quando mais perto da Igreja, tanto mais longe de Deus”? E encerra-se este livro e esta conclusão com uma advertência do Segredo de Nossa Senhor de la Salette, o qual foi publicado com o “Imprimatur” das autoridades eclesiásticas: “Roma perderá a fé, e se tornará a sede do anticristo, Roma desaparecerá” Le Cour, 1989:148).

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