PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

terça-feira, janeiro 13, 2015

OS ARQUIVOS DA ALMA

RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE
YVONNE DO AMARAL PEREIRA
DITADO PELO ESPÍRITO ADOLFO BEZERRA DE MENEZES
4     –     OS ARQUIVOS DA ALMA

       “Mergulhado na vida corpórea, perde o Espí­rito, momentaneamente, a lembrança de suas expe­riências anteriores, como se um véu as cobrisse. Todavia, conserva algumas vezes vaga consciência dessas vidas, que, mesmo em certas circunstâncias, lhe podem ser reveladas. Esta revelação, porém, só os Espíritos superiores espontaneamente lha fa­zem, com um fim útil, nunca para satisfazer a vã curiosidade.”
       (Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos”, pergunta 399.)

*

       E não é somente após a morte que o Espírito recobra a lembrança do passado. Pode dizer-se que jamais a perde, pois que, como a experiência o demonstra, mesmo encarnado, adormecido o cor­po, ocasião em que goza de certa liberdade, o Espí­rito tem consciência de seus atos anteriores; sabe porque sofre e que sofre com justiça.”
       (Allan Kardec, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo 5, ítem 11.)

       O estudo do perispírito, sua organização, suas pro­priedades, sua utilidade e necessidade na organização humana, suas possibilidades verdadeiramente fabulosas, encantadoras, constituem, por certo, uma das maiores atrações da Doutrina dos Espíritos. Esse delicado invó­lucro da alma, inigualavelmente concreto, poderoso nas funções que foi chamado a exercer na personalidade humana, é também denominado «corpo fluídico», dada a estrutura da sua natureza, que, segundo os sábios pesquisadores da Ciência Espírita, é composta de três espécies de fluido: o fluido elétrico, o fluido magnético e o fluido cósmico universal, este também considerado pelos espiritistas a quinta-essência da matéria. Esse corpo fluídico da alma, pois, que jamais a abandona, que, qual ela própria, é imortal, mas não imutável, pois evolui, partindo dos graus primitivos até galgar aos pináculos da superioridade, seguindo o mesmo tra­jeto glorioso daquela essência divina, ou seja, a alma; esse admirável corpo intermediário, que tanto participa do fluido imponderável como da matéria sublimada à quinta-essência; o perispírito, chamado também «me­diador plástico», é também o transmissor das vontades da alma, ou ser inteligente, à ação da matéria humani­zada, ou corpo físico humano; é a sede das sensações que agitam nossas sensibilidades, sensações que tanto mais amplas serão quanto mais ele próprio progrida; esse «corpo celeste», como o definiu o grande Paulo de Tarso, corpo astral», no enunciado dos orientalistas, tão indispensável à alma para os fins da reencarnação, de onde lhe advém a confirmação do progresso; o perispírito, forma, esteio que mantém e conserva a própria estrutura do corpo carnal, conservando a personalidade detida na carne: pensamento, vontade, memória, fisio­nomia, etc., enquanto as células humanas sofrem as variadas renovações periódicas, além de outras singu­lares propriedades possui, também, uma das mais im­portantes que a mentalidade humana poderia conceber, consoante o provaram numerosas experiências científi­ças ele arquiva em seus refolhos, como que superpostos em camadas vibratórias, todos os acontecimentos, todos os fatos, atos, sensações, e até os pensamentos que tenhamos produzido através das nossas imensas etapas evolutivas. Referindo-se a esse magnífico envoltório intermediário, explicam os grandes mestres da Doutrina Espírita:
       — «Como o carvalho que guarda em si os sinais de seus desenvolvimentos anuais — escreve Léon Denis no capítulo 23º de «Depois da Morte» —, assim também o perispírito conserva, sob suas aparências presentes, os vestígios das vidas anteriores, dos estados (humanos e espirituais) sucessivamente percorridos. Esses vestígios repousam em nós muitas vezes esque­cidos, porém, desde que a alma os evoca, desperta a sua recordação, eles reaparecem, como outras tantas testemunhas, balizando o caminho longa e penosamente percorrido.»
E no capítulo 8º, de «O Problema do Ser, do Destino e da Dor»:
— “... no sono, no sonambulismo, no êxtase, desde que à alma se abre uma saída através do invólucro de matéria que a oprime e agrilhoa, restabelece-se imediatamente a corrente vibratória e o foco torna a adquirir toda a sua atividade, O espírito encontra-se novamente nos seus estados anteriores de poder e liber­dade. Tudo o que nele dormia desperta. As suas numero­sas vidas reconstituem-se, não só com os tesouros do seu pensamento, com as reminiscências e aquisições, mas também com todas as sensações, alegrias e dores registradas no seu organismo fluídico. É esta a razão por que, no transe, a alma, vibrando as recordações do passado, afirma as suas existências anteriores e reata a cadeia misteriosa das suas transmigrações.
As menores particularidades da nossa vida regis­tram-se em nós e deixam traços indeléveis.
Pensamen­tos, desejos, paixões, atos bons ou maus, tudo se fixa, tudo se grava em nós.
Durante o curso normal da vida, estas recordações acumulam-se em camadas sucessivas e as mais recentes acabam por delir aparentemente as mais antigas. Parece que esquecemos aqueles mil por­menores da nossa existência dissipada. Basta, porém, evocar, nas experiências hipnóticas, os tempos passados, e tornar, pela vontade, a colocar o «sujet» numa época anterior da sua vida, na mocidade ou no estado de infância, para que essas recordações reapareçam em massa.»
Tais recordações podem avançar abrangendo o está­gio no Espaço, antes da reencarnação, como é sabido entre os espíritas, até rever a existência anterior, e, sendo o estado de desprendimento aprofundado, tanto no sono natural como nos diversos transes possíveis no caso, avançará até duas e mais existências passadas.
O próprio Léon Denis que cita, na mesma obra acima lembrada, esta belíssima experiência, também citada por Gabriel Delanne no seu livro «Reencarnação», colhi­da de uma informação que lhe prestaram outros ilustres investigadores dos segredos contidos nos refolhos espi­rituais da personalidade humana. Assim se expressa o grande escritor espírita, no capítulo XIV:
— «O Príncipe Adam Wisznievski, rua do Debarcadere, 7, em Paris, comunica-nos a relação que se segue, feita pelas próprias testemunhas, algumas das quais vivem ainda e que só consentiram em ser designa­das por iniciais:
— O Príncipe Galitzin, o Marquês de B..., o Conde de R..., estavam reunidos, no verão de 1862, nas praias de Hamburgo.
Uma noite, depois de terem jantado muito tarde, passeavam no parque do Cassino e aí avistaram uma pobre deitada num banco. Depois de se chegarem até ela e a interrogarem, convidaram-na a vir cear no hotel. O Príncipe Galitzin, que era magnetizador, depois que ela ceou, o que fêz com grande apetite, teve a ideia de magnetizá-la. Conseguiu-o à custa de grande nú­mero de passes. Qual não foi a admiração das pessoas presentes quando, profundamente adormecida, aquela que, em vigília, se exprimia num arrevesado dialeto alemão, se pôs a falar muito corretamente em francês, contando que reencarnara na pobreza por castigo, em consequência de haver cometido um crime na sua vida precedente, no século 15. Habitava então um castelo na Bretanha, à beira-mar. Por causa de um amante, quis livrar-se do marido e despenhou-o no mar, do alto de um rochedo; indicou o local do crime com grande exatidão. Graças às suas indicações, o Príncipe Galitzin e o Marquês de B... puderam, mais tarde, dirigir-se à Bretanha, às costas do Norte, separadamente, e entre­garem-se a dois inquéritos, cujos resultados foram idên­ticos.
Havendo interrogado grande número de pessoas, não puderam, a principio, colher informação alguma. Afinal, encontraram uns camponeses já velhos que se-lembravam de ter ouvido os pais contarem a história de uma jovem e bela castelã que assassinara o marido, mandando atirá-lo ao mar. Tudo o que a pobre de Ham­burgo havia dito, no estado de sonambulismo, foi reconhecido exato.
Regressando de França e passando por Hamburgo, o Príncipe Galitzin interrogou o comissário de policia a respeito desta mulher. Este funcionário declarou-lhe que ela era inteiramente falha de instrução, falava um dialeto vulgar alemão e vivia apenas de mesquinhos recursos como mulher de soldados.»

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