PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

terça-feira, setembro 16, 2014

Parábola do Semeador Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII; Renovando Atitudes, Francisco do Espírito Santo Neto, Espírito Hammed



O assunto é sobre relacionamento com outras pessoas, e conhecimento de si mesmo. Como a parábola do semeador mostra diferentes estágios do espírito, que podem ser aplicados a nos mesmos.

A lição de hoje é: seja indulgente com as falhas daquele que convive contigo, se ele não segue o que você aconselha, ou se ele persiste em caminho que você acha errado.

Para se viver em paz, é imprescindível aprendermos a respeitar a privacidade – ou seja, a intimidade, a particularidade, a individualidade dos demais.

 Às vezes, por não gostarmos de alguém, deixamos de ter consideração por essa pessoa. Mas, conforme já abordado, muito embora não lhe destinemos o nosso afeto, ela merece respeito, como ser humano que é.

 No entanto, a situação contrária também ocorre: por julgarmos que amamos muito uma pessoa, nos sentimos no direito de invadir seus domínios, sua privacidade. Em muitas relações, o amor se expressa através do sentimento de posse que uma pessoa nutre em relação à outra, no qual, uma está sempre tentando – e até conseguindo – submeter à outra à sua própria vontade, ao seu jeito de ser, sentir e pensar, para que determinados caprichos possam lhe ser satisfeitos. Mas, entre a capacidade se sentir amor e o respeito, este será sempre o mais importante, porque respeito também significa tratar o outro com amor e dignidade.

A parábola é: Vieram as aves e levaram as sementes que caíram no caminho, As que caíram no
pedregulho, nasceu rápido, mas morreu em seguida. As que caíram entre os espinhos foram sufocadas pelo espinheiro. As que caíram em solo fértil deram algumas um pouco, algumas um pouco mais, e algumas o máximo.

O Mestre aceitava plenamente a diversidade humana. Ele se opunha a todo e qualquer “nivelamento psicológico” e, portanto, lançou a Parábola do Semeador. Jesus, por compreender a imensa multiformidade evolucional dos homens, exemplificou nessa parábola a “dessemelhança” das criaturas, comparando-as aos diversos terrenos nos quais as sementes da Vida foram semeadas.

E o fez a fim de que entendêssemos que o melhor apoio que prestaríamos a nossos companheiros de jornada seria simplesmente esperar em silêncio e com paciência.

Na vida, não existe antecipação nem adiamento, somente o tempo propício de cada um. A humanidade, em geral, recebe as sementes do crescimento espiritual a todo o instante. Constantemente, a “Organização Divina” emite ideias de progresso e desenvolvimento, devendo cada indivíduo absorver a sementeira de acordo com suas possibilidades e habilidades existenciais.

A Natureza nos presenteia com uma diversidade incontável de flores, que nos encantam e fascinam.

Certamente, não as depreciaríamos apenas por achar que vários botões já deveriam ter desabrochado dentro de um prazo determinado por nós, nem as repreenderíamos por suas tonalidades não ser todas iguais conforme nossa maneira de ver. Não poderíamos sequer compará-las com outras flores de diferentes jardins, por estarem ou não mais viçosas. Deixemos que elas possam germinar, crescer e florir, segundo sua natureza e seu próprio ritmo espontâneo. Isso será sempre mais óbvio.

Parece racional que ofereçamos a quem amamos o mesmo consentimento, porque cada ser tem seu próprio “marco individual” nas estradas da vida, e não nos é permitido violentar sua maneira de entender, comparando-o com outros, ou forçando-o com nossa impaciência para que “cresçam” e “evoluam”, como nós acharíamos que deveria ser.

Cada um de nós possui diferenças exteriores, tanto no aspecto físico como na forma de se vestir, de sorrir, de falar, de olhar ou de se expressar. Por que então haveríamos de florescer “a toque de caixa”?

Nossa ansiedade não faz com que as árvores dêm frutos instantâneos, nem faz com que as roseiras floresçam mais céleres. Respeitemos, pois, as possibilidades e as limitações de cada indivíduo.

As que caíram ao longo do caminho, e os pássaros as comeram, representam as pessoas de mentalidade bloqueada e restringida, que recusam todas as possibilidades de conhecimento que as conteste, ou mesmo, qualquer forma que venha modificar sua vida ou interferir em seus horizontes existenciais. São seres de compreensão e aceitação diminuta ou quase nula. São comparáveis aos atalhos endurecidos e macerados pela ação do tempo.

O pedregal e o espinheiro representam a pouca base de nosso vaso interior para a assimilação da palavra divina. Podemos comparar-nos ao aluno na escola: quando não temos base, não conseguimos acompanhar o restante da classe outras sementes caíram em lugares pedregosos, onde não havia muita terra, mas logo brotaram. Ao surgir o sol, queimaram-se porque a terra era escassa e suas raízes não eram suficientemente profundas.
Foram logo ressecadas porque não suportaram o “calor da prova”; e, por serem qualificadas como pessoas de convicção “flutuante”, torraram rapidamente seus projetos e intenções.

Nossas bases psicológicas foram recolhidas nas experiências do ontem. São raízes do passado que nos dão manutenção no presente para ir adiante, nos processos de iluminação interior.
Quando os “caules” não são suficientemente profundos e vetustos, há bloqueios tanto em nossa consciência intelectual como na emocional. Um mecanismo opera de forma a assimilar somente o que se pode digerir daquela informação ou ensinamento recebido.

Assim, a disponibilidade de perceber a realidade das coisas funciona nas bases do “potencial” e da “viabilidade evolutiva” e, portanto, impor às pessoas que “sejam sensíveis” ou que “progridam”, além de desrespeito à individualidade, é fator perigoso e destrutivo para exterminar qualquer tipo de relacionamento.

A semente, no caso da parábola, está relacionada com a questão intrínseca de ser religioso e ter uma religião. Ter uma religião é seguir o que o pastor diz, o que o padre prega e o que os tribunos falam.

Ser religioso é modificar-se interiormente para as novas verdades. Nesse sentido, o apontamento de Emmanuel é assaz pertinaz, pois diz que "Nas experiências religiosas não é aconselhável repousar alguém sobre a firmeza espiritual dos outros; enquanto o imprevidente descansa em bases estranhas, provavelmente estará tranquilo, mas, se não possui raízes de segurança em si mesmo, desviar-se-á nas épocas difíceis, com a finalidade de procurar alicerces alheios".

Outra aplicação, não menos justa, é a que se pode fazer às diferentes categorias de espíritas. Não nos oferece o símbolo dos que se apegam apenas aos fenômenos materiais, não tirando dos mesmos nenhuma consequência, pois que neles só vêm um objeto de curiosidade?

Dos que só procuram o brilho das comunicações espíritas, interessando-se apenas enquanto satisfazem-lhes as imaginações, mas que, após ouvi-las, continuam frios e indiferentes como antes?

Dos que acham muito bons os conselhos, e os admiram, mas para aplicá-los aos outros e não a si mesmos? Os espinheiros que, ao crescer, abafaram as sementes representam as “ideias sociais” que impermeabilizam a mentalidade dos seres humanos, pois, no tempo do Mestre, as leis do “Torah” asfixiavam e regulamentavam não somente a vida privada, mas também a pública.

Os indivíduos que não pensam por si mesmos acabam caindo nos domínios das “normas e regras”, sem poder erguer em demasia a sua mente, restrita pelas ideias vigentes, o que os sentencia a viver numa “frustração grupal”, visto que seu grau de raciocínio não pode ultrapassar os níveis permitidos pela comunidade.

Jesus de Nazaré combateu sistematicamente os “espinhos da opressão” na pessoa daqueles que observavam com rigor os rituais e determinações das leis, em detrimento da pureza interior. Dessa forma, Ele desqualificou todo espírito de casta entre as criaturas de sua época.


Compreendamos que a nós, somente, compete “semear”; sem esquecer, porém, que o crescimento e a fartura na colheita dependem da “chuva da determinação humana” e do “solo generoso” do ser, onde houve a semeadura. Exposição do Irmão Orlei Moraes dos Santos no Instituto Espírita Amigo Germano em 15 Set 14).

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