Dar-se-á reproveis a esmola? Questão 888, item a) de O Livro
dos Espíritos, capítulo XI, da Lei de Justiça, parte terceira, Das Leis Morais.
Resposta: “Não; o que merece reprovação não é a esmola, mas a
maneira por que habitualmente á dada. O homem de bem, que compreende a caridade
de acordo com Jesus, vai ao encontro do desgraçado, sem esperar que este lhe
estenda a mão.
A verdadeira caridade é sempre bondosa e benévola; está tanto
no ato, como na maneira por que é praticado. Duplo valor tem um serviço
prestado com delicadeza. Se for com altivez, pode ser que a necessidade obrigue
quem o recebe a aceita-lo, mas o seu coração pouco se comoverá.
Lembrai-vos também de que, aos olhos de Deus, a ostentação
tira o mérito ao benefício. Disse Jesus: ‘Ignore a vossa mão esquerda o que a
direita der.’ Por essa forma Ele vos ensinou a não tisnardes a caridade com o
orgulho.
Deve-se distinguir a esmola, propriamente dita, da
beneficência. Nem sempre o mais necessitado é o que pede. O temor de uma
humilhação detém o verdadeiro pobre, que muita vez sofre sem se queixar. A esse
é que o homem verdadeiramente humano sabe ir procurar, sem ostentação.
Amai-vos uns aos outros, eis toda a Lei, Lei Divina, mediante
a qual governa Deus os mundos. O amor é a lei de atração para os seres vivos e
organizados. A atração é a lei de amor para a matéria inorgânica.
Não esqueçais nunca que o Espírito, qualquer que sejam o grau
de seu adiantamento, sua situação como reencarnado, ou na erraticidade, está sempre
colocado entre um superior, que guia e aperfeiçoa, e um inferior, para com o
qual tem que cumprir esses mesmos deveres. Sede, pois, caridosos, praticando,
não só a caridade que vos faz dar friamente o óbolo que tirais do bolso ao que
vo-lo ousa pedir, mas a que vos leve ao encontro das misérias ocultas. Sede
indulgentes com os defeitos dos vossos semelhantes. Em vez de votardes desprezo
à ignorância e ao vício, instruí os ignorantes e moralizai os viciados. Sede
brandos e benevolentes para com tudo o que vos seja inferior. Sede-o para com
os eres mais ínfimos da criação e tereis obedecido à Lei de Deus.” São Vicente de Paulo.
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