PENTATEUCO KARDEQUIANO

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OBRAS BÁSICAS

terça-feira, janeiro 21, 2014

O PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR - LÈON DENIS

O PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR
LÈON DENIS
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA – 32ª EDIÇÃO

TRECHO  DO    III   O PROBLEMA DO SER


O primeiro problema que se apresenta ao pensamento é o do próprio pensamento, ou, antes, do ser pensante. É isto, para todos nós, assunto capital, que domina todos os outros e cuja solução nos reconduz às próprias origens da Vida e do Universo.
Qual a natureza da nossa personalidade? Comporta um elemento suscetível de sobreviver à morte? A esta resposta estão afetas todas as apreensões, todas as esperanças da Humanidade.
O problema do ser e o problema da alma fundem-se num só. É a alma que fornece ao homem o seu princípio de vida e movimento. A alma humana é uma vontade livre e soberana, é a unidade consciente que domina todos os atributos, todas as funções, todos os elementos materiais do ser, como a alma divina domina, coordena e liga todas as partes do Universo para harmonizá-las.
A alma é imortal, porque o nada não existe e nenhuma coisa pode ser aniquilada, nenhuma individualidade pode deixar de ser. A dissolução das formas materiais prova simplesmente uma coisa: que a alma é separada do organismo por meio do qual comunicava com o meio terrestre. Não deixa, por esse fato, de prosseguir a sua evolução em novas condições, sob formas mais perfeitas e sem nada perder da sua identidade. De cada vez que ela abandona o seu corpo terrestre, encontra-se novamente na vida do Espaço, unida ao seu corpo espiritual, de que é inseparável, à forma imponderável que para si preparou com os seus pensamentos e obras.
Esse corpo sutil, essa duplicação fluídica existe em nós no estado permanente.
Embora invisível, serve, entretanto, de molde ao nosso corpo material.
Este não representa, no destino do ser, o papel mais importante. O corpo visível, o corpo físico varia. Formado de acordo com as necessidades da vida terrestre, é temporário e perecível; desagrega-se e dissolve-se quando morre. O corpo sutil permanece; preexistindo ao nascimento, sobrevive às decomposições da campa e acompanha a alma nas suas transmigrações. É o modelo, o tipo original, a verdadeira forma humana, à qual vêm incorporar-se temporariamente as moléculas da carne. Essa forma sutil, que se mantém no meio de todas as variações e de todas as correntes materiais, mesmo durante a vida pode separar-se, em certas condições, do corpo carnal, e também agir, aparecer, manifestar-se a distância, como mais adiante veremos, de modo a provar de maneira irrecusável sua existência independente.38




38 A ciência fisiológica, a que escapa ainda a maior parte das leis da vida, entreviu, no entanto, a existência do perispírito ou do corpo fluídico, que é ao mesmo tempo o molde do corpo material, o vestuário da alma e o intermediário obrigatório entre eles. Claude Bernard escreveu (Recherches sur les Problèmes de la Physiologie): “Há como um desenho preestabelecido de cada ser e de cada órgão, de modo que, se considerado insuladamente, cada fenômeno do organismo é tributário das forças gerais da Natureza, parecem eles revelar um laço especial, parecem dirigidos por alguma condição invisível pelo caminho que seguem, na ordem que os concatena”.
Sem a noção do corpo fluídico, a união da alma com o corpo material torna-se incompreensível. Daí veio o enfraquecimento de certas teorias espiritualistas, que consideravam a alma como “Espírito puro”.
Nem a razão nem a Ciência podem admitir um ser sem forma. Leibniz, no prefácio das suas Nouvelles Recherches sur la Raison Humaine, dizia: “Creio, com a maior parte dos antigos, que todos os Espíritos, todas as almas, todas as substâncias simples, ativas, estão sempre unidas a um corpo e que nunca existem almas completamente desprovidas deles”.
Enfim, existem numerosas provas, objetivas e subjetivas, da existência do perispírito. São, em primeiro lugar, as sensações chamadas “de integridade”, que acompanham sempre a amputação de qualquer membro.
Alguns magnetizadores afirmam que podem exercer influência nos seus doentes, magnetizando o prolongamento fluídico dos membros amputados (Carl du Prel, La Doctrine Monistique de l’Ame, cap. VI). Vêm depois as aparições dos fantasmas dos vivos. Em muitos casos, o corpo fluídico, concretizado, tem impressionado placas fotográficas, deixado impressões e moldagens em substâncias moles, traços no pó e na fuligem, provocado o deslocamento de objetos, etc. (Ver No invisível, caps. XII e XX.)

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