Como podemos orientar aqueles que tratam e os que padecem os transtornos
depressivos, na atualidade?
Segundo Gilson Freire no livro “Ícaro Redimido”, pelo espírito Adamastor (Texto extraído do
referido livro), a questão extrapola o momento atual da ciência materialista,
mas aquele que já conquistou um patamar de conhecimentos espirituais detém condições
de compreensão. Os que sofrem depressão ou mesmo outras perturbações mentais
deveriam tolerar, ao máximo, as pequenas e suportáveis doenças superficiais que
lhes apareçam, sem se arvorar em estancá-las com excessiva carga de
medicamentos supressores, pois seguramente são correntes de drenagens de seus
males principais e lhes trarão benefícios para a alma enferma. A extração de
patologias hipertróficas do corpo, como os tumores benignos, simplesmente
porque estão presentes, deveria deixar também de ser um hábito tão frequente na
medicina humana. Essas patologias, produzidas pelo desvio das energias
hiperegóticas, deveriam ser toleradas ao
máximo, pois representam um esforço curativo da mente que expurga de sua
intimidade sua própria morbidez, fazendo-a consumir-se na carne. Se reprimidas
apressadamente poderão induzir novas construções hipertróficas, ainda mais
graves, ou farão refluir o desequilíbrio para o interior, com o consequente
aprofundamento de seu potencial lesivo, aumentando posteriormente o distúrbio
depressivo, que no futuro se instalará com maior gravidade, por força da lei de compensação energética.
Podemos então perceber, como regra geral,
que quanto mais o homem encarnado tolerar seus males físicos menos irá
padecer os transtornos de sua mente.
Nosso consolo baseia-se, entrementes, no fato de que muitos pensadores
estão reencarnados na atualidade com essa finalidade e várias escolas médicas
na Terra, consideradas ainda alternativas, já caminham a passos largos para
estas conclusões. Em breve elas serão reconhecidas pelo pesquisador terreno
imbuído dos melhores propósitos em solver os males humanos.
As deficiências orgânicas, em qualquer nível que se manifestam, são
sempre meros reflexos da queda de potencial das energias espirituais, verdade
para nós incontestável diante da realidade em que vivemos. A malfadada aventura
da arrogância humana, na verdade é o fator de todos esses transtornos. A
incompreensão de que o homem, ao renascer na Terra, traz consigo o reflexo dos
abusos do passado, impossibilita ao estudioso sincero a visão das reais causas
das enfermidades em qualquer nível em que se manifestem.
Como já vimos, a doença é sempre efeito, nunca causa de nossas dores.
Devemos sempre buscar o erro nos excessos de toda natureza que empreendemos na
aventura da vida e não em nossas carências, que são sempre as consequências.
Somos o exato produto de nossa própria corruptela e toda dor é
corretiva, disto não podemos abrir mão, pois somos filhos de um Pai que é Amor
e habitamos uma lei perfeita. Evidentemente é preciso reconhecer que espírito e
corpo compõem uma unidade, e interferências físicas de diversas naturezas, em
qualquer departamento orgânico, induzem alterações que podem obstaculizar o seu
perfeito funcionamento. Este fato leva o pesquisador materialista a interpretar
equivocadamente que a função é produzida pelo órgão, enquanto que na realidade
a função é ato do espírito e a perda do órgão não implica seu dano, mas apenas
a inutilização dos meios para a sua realização.
O homem, no momento atual, ainda não tem diferente forma de agir diante
dos transtornos mentais ou doenças de outras naturezas que lhe acompanham a
jornada terrena, a não ser introduzindo substâncias químicas inibidoras ou
estimulantes, suprindo necessidades imediatas, porém de ação irrisória e às
vezes até infeliz. A excessiva
interferência da farmacoquímica
artificial dos tempos modernos, se consegue simular uma vitória momentânea
contra as doenças do homem, a longo prazo induz ao enfraquecimento da
constituição biológica, mesmo no campo psíquico. Se podem impor momentâneos
bloqueios às perturbações do psiquismo, não podem evidentemente curar o
espírito, que segue carreando seus distúrbios, exigindo reparos. Por isso, que
pese o esforço do homem encarnado em frenar
suas enfermidades com o emprego dos dardos químicos, seus males
continuarão multiplicando-se até que a necessidade de corrigendas cesse
mediante a semeadura de novos equilíbrios para suas recônditas forças orgânicas
e psíquicas adulteradas. O excessivo bombardeio químico, poderá degenerar a
reatividade do espírito perante às exigências imperativas da evolução,
retardando-lhe os passos do progresso.
Esquece-se o homem de que os recursos curativos mais preciosos estão
dentro de si mesmo, olvidando que, se a mente pode adoecer, é capaz igualmente,
e com muito mais propriedade, de curar-se. Portanto, os medicamentos, se
proporcionam aparente e momentâneo conforto ao que sofre, não podem
verdadeiramente sanar o espírito, este sim o verdadeiro enfermo e artífice da
saúde. Não nos enganemos, os transtornos depressivos não se curam com os
psicofármacos, capazes de irrisória exaltação do ânimo abatido, propiciando
passageiro lenitivo que, não sendo real aquisição do espírito, não pode se
manter.
O homem está sempre disposto a violar toda lei de equilíbrio e depois se
ilude com o fato de que basta ingerir pílulas para acalmar as reações
livremente semeadas. A sabedoria da Lei não se deixara ludibriar pela
insciência dos homens e cobrará de cada um a sua lição em forma de dor, até que
aprendam a atuar nos limites do amor. Lei que os quer perfeitos e por isso faz
reverberar na intimidade de cada um toda desarmonia imposta aos outros.
E assim, com pesar, o Mundo Maior assiste ao homem moderno drogar-se sem
fundamentos, alguns enxurdando-se naquelas consideradas lícitas, enquanto
outros se inebriam nas proscritas, sem que saibamos exatamente onde está o
limiar entre umas e outras, entre a necessidade sincera e o abuso, entre o
desejo de solver males e o anseio de fugir da própria penúria espiritual.
Lamentáveis enganos, pois toda droga de ação psicotrópica induz ao
empobrecimento da vida mental, queiramos ou não admitir o fato. A entrega
abusiva a elas degenera o delicado metabolismo cerebral, carreando consigo a
inópia para o espírito.
Sempre que possível deveríamos evitar o abuso desse artificialismo
completamente estranho à alquimia da mente, que, se pode redundar em proveitos
imediatos, pode igualmente induzir a vícios, erros metabólicos e intoxicações
inadequadas, seviciando o espírito e adiando soluções verdadeiras para os seus
males, uma vez que apenas os camufla.
Não desejamos com isso destituir o valor da medicina terrena que, com
sinceridade de propósitos, luta para aplacar as enfermidades humanas e nem desestimular
os que sofrem, eximindo-os de buscar na nobre ciência a devida ajuda de que
precisam. Justifica-se o uso dos medicamentos, portanto, se não tem o homem
ainda outra atitude a tomar, desde que os utilize dentro dos limites do bom
senso, usando-os o mínimo possível e não se acercando deles como se fossem os
únicos e indispensáveis recursos, menosprezando as reais necessidades do
espírito. São muletas que um doente deve deixar logo que se veja em condições
de andar sozinho, para não correr o risco de ter suas pernas atrofiadas pelo
seu uso inadequadamente excessivo.
Sem a urgente reforma dos atos e sentimentos, não se deve esperar
benefício algum de drogas introduzidas em nosso delicado metabolismo psíquico.
Nosso remédio mais urgente é a evangelização das condutas moralmente
impróprias, responsáveis pela semeadura de todos os nossos males. A felicidade é uma conquista à
qual se deve fazer jus e incorporada de dentro para fora, jamais ao contrário.
Identificados os males dos transtornos depressivos, o recurso mais
importante para o seu tratamento é a humildade. Não a imposta por força dos
impositivos reacionais que os transtornos depressivos carreiam, vergando-nos a
soberba ante a exacerbação das fraquezas que transportamos na alma, porém aquela
é sincera expressão da personalidade. Faz-se necessário o exercício da
humildade genuína e evangélica, fruto da abnegação dos perniciosos interesses
do “eu” ególatra. Jesus já nos havia recomendado o precioso remédio, porém
menosprezamos o mais valioso recurso para a profilaxia e a cura de nossos males. Fazer-nos pequenos e servos
diante de todos. Abdicar dos primeiros lugares que nos enaltecem. Embargar a
ambição desmedida na conquista de arroubos pessoais que visam somente nossa
jactância e nos projetar acima dos outros. Eis os sábios conselhos que nos
asseverou o Mestre, indispensáveis ao nosso bem-estar, mas que precisamos
reiterar para que não caia no olvido.
Afastar-se da atitude de vítima e da revolta é imperioso recurso
terapêutico. Chafurdar-se em queixumes e
lamúrias, atitude comum ao que sofre na Terra, apenas multiplica os males que
nos acossam a alma. Cultivar a paciência e a resignação, permitindo-se o
esgotamento dos destrutivos impulsos da força mental. Para isso é bom tolerar,
na medida do possível, as desordens físicas consequentes à energética psíquica
alterada, cientes de que quando o organismo pode dirigir para a superfície os
seus próprios males, minora-se o seu potencial mórbido.
Impor reorientação segura para a conduta, os pensamentos e os
sentimentos em base aos preceitos evangélicos, a fim de semear novos e
saudáveis equilíbrios às potências do Espírito. O exercício da brandura não
deve ser olvidado como de uso contínuo, imposto ao caráter, reduzindo-se o
manancial de rudeza. A bondade deve brotar espontaneamente da alma, recordando
que o efeito curativo do bem não é mero sofisma, mas preceito inserido na
sabedoria da Lei e que deve ser realizado da forma mais sincera possível. É
sempre possível agir no Bem, pois nada nos impede de exercitar a caridade da
afabilidade e da paciência, mesmo em meio à mais grave tempestade íntima.
Depor as armas da arrogância e da defesa dos interesses imediatos de
nosso egoísmo é convite para que as forças do universo se precipitem em socorro
às nossas necessidades, conferindo-nos alegrias verdadeiras.
Alimentar a alegria genuína e a esperança no futuro é de bom alvitre.
Acovilhar o psiquismo nas leituras nobilitantes e não olvidar que o apoio dos
amigos, nas horas de íntimo desgosto, pode nos soerguer o ânimo abatido. O valor da prece não deve ser subestimado,
pois é recurso seguro para o enlevo espiritual e sublime farol a iluminar as
trevas interiores que nos ensombreiam a felicidade. O trabalho, quando
possível, não pode ser menosprezado como elemento terapêutico valioso, pois a
mente subordinada ao ócio é terreno favorável à proliferação de ervas daninhas,
deteriorando as energias reconstrutivas do espírito.
Eis os segredos do equilíbrio, medidas sempre ao alcance de nossas mãos,
na profilaxia e tratamento dos transtornos depressivos, os quais representam
genuíno efeito curativo por atuarem na raiz do mal. Recomendações que são de
fácil dedução, embora consideradas simplórias e de valor secundário diante da
possibilidade efetiva de ação medicamentosa, na qual, erroneamente, confia-se
muito mais.
As terapias energéticas, como o passe empreendido nos templos espíritas,
representam na atualidade recurso terapêutico inigualável de apoio à alma
enferma.
A interferência na delicada química neuronal deve ser o último elemento
terapêutico a se aventar, diante da falha dos demais recursos e da imperiosa
necessidade de se obstaculizar o malfadado mergulho na autodestruição.
O melhor e mais seguro roteiro para a felicidade é lutar permanentemente
para nos mantermos no máximo equilíbrio
possível. Afastar-nos da estabilidade, onde quer que estejamos, é grande
transtornos para a nossa saúde, por isso o esforço em permanecer dentro das linhas
de ação do bem é dever constante de todo aquele que atingiu certa compreensão
das leis da vida. Viver na retidão do dever e na abdicação que o amor nos exige
é preservar a saúde da consciência, os quais costumamos valorizar somente
quando nos vemos desprovidos deles.
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