Chico Xavier será estudado em profundidade após a sua
desencarnação. Afirmação semelhante a esta ouvi de alguém, não lembro quem,
porém, que vibra em minha mente toda a vez que leio algo referente a Chico ou
algumas de suas Obras.
Este é um
trabalho de pesquisa nas Obras da Coleção A Vida no Mundo Espiritual, de André
Luiz, às Pessoas curiosas: Todas as Obras editadas
pela Editora da Federação Espírita Brasileira – FEB.
LIBERTAÇÃO
CAPÍTULO 1
Ouvindo
elucidações.
No vasto salão do educandário que nos reunia o Ministro Flácus, fixando em
nós o olhar saturado de doce magnetismo, convidava-nos a preciosas meditações...
Senhoreando-nos o espírito, o Ministro prosseguia satisfeito:
“— Os
superiores que se disponham a trabalhar em benefício dos inferiores, em ação
persistente e substancial, não lhes podem utilizar as armas, sob pena de se
precipitarem no baixo nível deles. A severidade pertencerá ao que instrui, mas
o amor é o companheiro daquele que serve.
Sabemos que a
educação, na maioria das vezes, parte da periferia para o centro; contudo, a
renovação, traduzindo aperfeiçoamento real, movimenta-se em sentido inverso.
Ambos os impulsos, todavia, são alimentados e controlados pelos poderes quase
desconhecidos da mente.
O espírito
humano lida com a força mental, tanto quanto maneja a eletricidade, com a
diferença, porém, de que se já aprende a gastar a segunda, no transformismo
incessante da Terra, mal conhece a existência da primeira, que nos preside a
todos os atos da vida.
A rigor,
portanto, não temos círculos infernais, de acordo com os figurinos da antiga
teologia, onde se mostram indefinidamente gênios satânicos de todas as épocas
e, sim, esferas obscuras em que se agregam consciências embotadas na
ignorância, cristalizadas no ócio reprovável ou confundidas no eclipse
temporário da razão. Desesperadas e insubmissas criam zonas de tormentos reparadores. Semelhantes
criaturas, no entanto, não se regeneram à força de palavras.
Necessitam de
amparo eficiente que lhes modifique o tom vibratório, elevando-lhes o modo de
sentir e pensar.
Eminentes
pensadores do mundo traçam diretrizes à salvação das almas; mas somos de
parecer que possuímos suficiente número de roteiros nesse sentido, em todos os
setores do conhecimento terrestre. Reclamamos, na atualidade, quem ajude o
pensamento do homem na direção do Alto. Empreender o tentame, incentivando-se
tão somente os valores culturais, seria consagrar a tecnocracia, que procura a
simples mecanização da vida, destruindo-lhe as sementes gloriosas de
improvisação, de infinito e de eternidade.
Grandes
políticos e veneráveis condutores nunca se ausentaram do mundo. Passam pela
multidão, sacudindo-a ou arregimentando-a. É forçoso reconhecer, porém, que a
organização humana, por si só, não atende às exigências do ser imperecível.
Péricles, o
estadista que legou seu nome a um século, realiza edificante trabalho
educativo, junto dos gregos; entretanto, não lhes atenua a belicosidade e os
pruridos de hegemonia, sucumbindo ao assédio de aflitivo desgosto.
Alexandre, o
conquistador, organiza vastíssimo império, estabelecendo uma civilização
respeitável; no entanto, não impede que os seus generais prossigam em conflitos
sanguinolentos, difundindo o saque e a morte.
Augusto, o
Divino, unifica o Império Romano em sólidos alicerces, concretizando avançado
programa político em benefício de todos os povos, mas não consegue banir de
Roma o desvario pela dominação a qualquer preço.
Constantino, o
Grande, advogado dos cristãos indefesos, oferece novo padrão de vida ao
Planeta; contudo, não modifica as disposições detestáveis de quantos guerreavam
em nome de Deus.
Napoleão, o
ditador, impõe novos métodos de progresso material, em toda a Terra; mas não se
furta ele próprio, às garras da tirania, pela simples ganância da posse.
Pasteur, o
cientista, defende a saúde do corpo humano, devotando-se, abnegado, ao combate
silencioso contra a selva microbiana; todavia, não pode evitar que seus
contemporâneos se destruam reciprocamente em disputas incompreensíveis e
cruéis.
Permanecemos
diante de um mundo civilizado na superfície, que reclama não só a presença
daqueles que ensinam o bem, mas principalmente daqueles que o praticam.
Sobre os
mananciais da cultura, nos vales da Terra, é imprescindível que desçam as
torrentes da compaixão do Céu, através dos montes do amor e da renúncia.
Cristo não
brilha apenas pelo ensino sublimado. Resplandece na demonstração. Em companhia
d’Ele, é indispensável mantenhamos a coragem de amparar e salvar, descendo aos
recessos do abismo.
Não longe de
nossa paz relativa, em círculos escuros de desencanto e desesperação,
misturam-se milhões de seres, conclamando comiseração...
Porque não
acender piedosa luz, dentro da noite em que se mergulham desorientados? Porque
não semear esperança entre corações que abdicaram da fé em si mesmos? À frente,
pois, de imensas coletividades em dolorosa petição de reajustamento, faz-se
inadiável o auxílio restaurador.
Somos entidades
ainda infinitamente humildes e imperfeitas para nos candidatarmos, de pronto, à
condição dos anjos.
Comparada à
grandeza, inabordável para nós, de milhões de sóis que obedecem a leis
soberanas e divinas, em
pleno Universo, a nossa Terra, com todas as esferas de
substância ultra física que a circundam, pode ser considerada qual laranja
minúscula, perante o Himalaia, e nós outros, confrontados com a excelsitude dos
Espíritos Superiores, que dominam na sabedoria e na santidade, não passamos,
por enquanto, de bactérias, controladas pelo impulso da fome e pelo magnetismo
do amor. Entretanto, guindados a singelas culminâncias da inteligência, somos
micróbios que sonham com o crescimento próprio para a eternidade.
Enquanto o
homem, nosso irmão, desintegra assombrado as formações atômicas, nós outros,
distanciados do corpo denso, estudamos essa mesma energia através de aspectos
que a ciência terrestre, por agora, mal conseguiria imaginar. Caminheiros,
porém, que somos do progresso infinito, principiamos apenas, ele e nós, a
sondar a força mental, que nos condiciona as manifestações nos mais variados
planos da natureza. Encarcerados ainda na lei de retorno, temos efetuado
multisseculares recapitulações, por milênios consecutivos.
Expressando-nos
coletivamente, sabemos hoje que o espírito humano lida com a razão há,
precisamente, quarenta mil anos... Todavia, com o mesmo furioso ímpeto com que
o homem de Neandertal aniquilava o companheiro, a golpes de sílex, o homem da
atualidade, classificada de gloriosa era das grandes potências, extermina o
próprio irmão a tiros de fuzil.
Os
investigadores do raciocínio, ligeiramente tisnados de princípios religiosos,
identificam tão somente, nessa anomalia sinistra, a renitência da imperfeição e
da fragilidade da carne, como se a carne fosse permanente individuação diabólica,
esquecidos de que a matéria mais densa não é senão o conjunto das vidas
inferiores incontáveis, em processo de aprimoramento, crescimento e libertação.
Nos campos da
Crosta Planetária, queda-se a inteligência, qual se fora anestesiada por perigos
aos narcóticos da ilusão; no entanto, auxiliá-la-emos a sentir e reconhecer que
o espírito permanece vibrando em todos os ângulos da existência.
Cada espécie de
seres, do cristal até o homem, e do homem até o anjo, abrange inumeráveis
famílias de criaturas, operando em determinada freqüência do Universo. E o amor
divino alcança-nos a todos, à maneira do Sol que abraça os sábios e os vermes. Todavia,
quem avança demora-se em ligação com quem se localiza na esfera próxima.
O domínio
vegetal vale-se do império mineral para sustentar-se e evoluir. Os animais
aproveitam os vegetais na obra de aprimoramento. Os homens se socorrem de uns e
outros para crescerem mentalmente e prosseguir adiante...
Atritam os
reinos da vida, conhecidos na Terra, entre si. Torturam-se e entredevoram-se,
através de rudes experiências, a fim de que os valores espirituais se
desenvolvam e resplandeçam, refletindo a divina luz...”
Nesse ponto, o esclarecido Ministro fez longa pausa, fitou-nos, bondoso, e continuou:
“— Mas... além
do principado humano, para lá das fronteiras sensoriais que guardam ciosamente
a alma encarnada, amparando-a com limitada visão e benéfico esquecimento,
começa vasto império espiritual, vizinho dos homens. Ai se agitam milhões de
Espíritos imperfeitos que partilham, com as criaturas terrenas, as condições de
habitabilidade da Crosta do Mundo. Seres humanos, situados noutra faixa
vibratória, apóiam-se na mente encarnada, através de falanges incontáveis, tão
semiconscientes na responsabilidade e tão incompletas na virtude, quanto os
próprios homens.
A matéria,
congregando milhões de vidas embrionárias, é também a
condensação da
energia, atendendo aos imperativos do “eu” que lhe preside à destinação.
Do hidrogênio
às mais complexas unidades atômicas, é o poder do espírito eterno a alavanca
diretora de prótons, nêutrons e eléctrons, na estrada infinita da vida.
Demora-se a inteligência corporificada no círculo humano em transitória região,
adaptada às suas exigências de progresso e aperfeiçoamento, dentro da qual o
protoplasma lhe faculta instrumentos de trabalho, crescimento e expansão.
Entretanto, nesse mesmo espaço, alonga-se a matéria noutros estados, e, nesses
outros estados, a mente desencarnada, em viagem para o conhecimento e para a
virtude, radica-se na esfera física, buscando dominá-la e absorvê-la,
estabelecendo gigantesca luta de pensamento que ao homem comum não é dado
calcular.
Frustrados em
suas aspirações de vaidoso domínio no domicílio celestial, homens e mulheres de
todos os climas e de todas as civilizações, depois da morte, esbarram nessa
região em que se prolongam as atividades terrenas e elegem o instinto de
soberania sobre a Terra por única felicidade digna do impulso de conquistar.
Rebelados filhos da Providência, tentam desacreditar a grandeza divina, estimulando
o poder autocrático da inteligência insubmissa e
orgulhosa e
buscam preservar os círculos terrestres para a dilatação indefinida do ódio e
da revolta, da vaidade e da criminalidade, como se o Planeta, em sua expressão
inferior, lhes fosse paraíso único, ainda não integralmente submetido a seus
caprichos, em vista da permanente discórdia reinante entre eles mesmos. É que,
confinados ao berço escabroso da ignorância em que o medo e a maldade, com
inquietudes e perseguições recíprocas, lhes consomem as forças e lhes
inutilizam o tempo, não se apercebem da situação dolorosa em que se acham.
Fora do amor
verdadeiro, toda união é temporária e a guerra será sempre o estado natural
daqueles que perseveram na posição de indisciplina. Um reino espiritual, dividido
e atormentado, cerca a experiência humana, em todas as direções, intentando
dilatar o domínio permanente da tirania e da força.
Sabemos que o
Sol opera por meio de radiações, nutrindo, maternalmente, a vida a milhões de
quilômetros. Sem nos referirmos às condições da matéria em que nos
movimentamos, lembremo-nos de que, em nosso sistema, as existências mais
rudimentares, desde os cumes iluminados aos recôncavos das trevas, estão
sujeitas à sua influenciação.
Como acontece
aos corpos gigantescos do Cosmos, também nós outros, espiritualmente,
caminhamos para o zênite evolutivo, experimentando as radiações uns dos outros.
Nesse processo multiforme de intercâmbio, atração, imantação e repulsão,
aperfeiçoam-se mundos e almas, na comunidade universal.
Dentro de
semelhante realidade, toda a nossa atividade terrestre se desdobra num campo de
influências que nem mesmo nós, os aprendizes humanos em círculos mais altos,
poderíamos, por enquanto, determinar.
Incapacitados
de prosseguir além do túmulo, a caminho do Céu que não souberam conquistar, os
filhos do desespero organizam-se em vastas colônias de ódio e miséria moral,
disputando, entre si, a dominação da Terra.
Conservam,
igualmente, quanto ocorre a nós mesmos, largos e valiosos patrimônios
intelectuais e, anjos decaídos da Ciência, buscam, acima de tudo, a perversão
dos processos divinos que orientam a evolução planetária.
Mentes
cristalizadas na rebeldia tentam solapar, em vão, a Sabedoria Eterna, criando
quistos de vida inferior, na organização terrestre, entrincheiradas nas paixões
escuras que lhes vergastam as consciências.
Conhecem
inumeráveis recursos de perturbar e ferir, obscurecer e aniquilar. Escravizam o
serviço benéfico da reencarnação em grandes setores expiatórios e dispõem de
agentes da discórdia contra todas as manifestações dos sublimes propósitos que
o Senhor nos traçou às ações.
Os homens
terrenos que, semi-libertos do corpo, lhes conseguiram identificar, de algum
modo, a existência, recuaram, tímidos e espavoridos, espalhando entre os contemporâneos
as noções de um inferno punitivo e infindável, encravado em tenebrosas regiões
além da morte. A mente infantil da Terra, embalada pela ternura paternal da
providência, através da teologia comum, nunca pôde apreender, mais
intensivamente, a realidade espiritual que nos governa os destinos.
Raros
compreendem na morte simples modificação de envoltório, e escasso número de
pessoas, ainda mesmo em se tratando dos religiosos mais avançados, guardaram a
prudência de viver, no vaso físico, de conformidade com os princípios
superiores que esposaram. Somos defrontados, agora, pela necessidade da
proclamação de verdades velhas para os velhos ouvidos e novos para os ouvidos
novos da inteligência juvenil situada no mundo.
O homem,
herdeiro presuntivo da Coroa Celeste, é o condutor do próprio homem, dentro de
enormes extensões do caminho evolutivo. Entre aquele que já se acerca do anjo e
o selvagem que ainda se limita com o irracional, existem milhares de posições,
ocupadas pelo raciocínio e pelo sentimento dos mais variados matizes. E, se há
uma corrente, brilhante e maravilhosa, de criaturas encarnadas e desencarnadas
que se dirigem para o monte da sublimação, desferindo glorioso cântico de
trabalho, imortalidade, beleza e esperança, exaltando a vida, outra corrente
existe, escura e infeliz, nas mesmas condições, interessada em descer aos
recôncavos das trevas, lançando perturbação, desânimo, desordem e sombra,
consagrando a morte. Espíritos incompletos que somos ainda aderimos aos
movimentos que lhes dizem respeito e colhemos os benefícios da ascensão e da
vitória ou os prejuízos da descida e da derrota, controlados pelas
inteligências mais vigorosas que a nossa e que seguem conosco, lado a lado, na
zona progressiva ou deprimente, em que nos colocamos.
O inferno, por
isto mesmo, é um problema de direção espiritual.
Satã é a
inteligência perversa.
O mal é o
desperdício do tempo ou o emprego da energia em sentido contrário aos
propósitos do Senhor.
O sofrimento é
reparação ou ensinamento renovador.
As almas
decaídas, contudo, quaisquer que sejam, não constituem uma raça espiritual
sentenciada irremediavelmente ao satanismo, integrando, tão somente, a
coletividade das criaturas humanas desencarnadas, em posição de absoluta
insensatez. Misturam-se à multidão terrestre, exercem atuação singular sobre
inúmeros lares e administrações e o interesse fundamental das mais poderosas
inteligências, dentre elas, é a conservação do mundo ofuscado e distraído, à
força da ignorância defendida e do egoísmo recalcado, adiando-se o Reino de
Deus, entre os homens, indefinidamente...
De milênios a
milênios, a região em que respiram padece extremas
alterações,
qual acontece ao campo provisoriamente ocupado pelos povos conhecidos. A
matéria que lhes estrutura a residência sofre tremendas modificações e precioso
trabalho seletivo se opera na transformação natural, dentro dos moldes do
Infinito Bem. Entretanto, embora de fileiras compactas incessantemente substituídas,
persistem por séculos sucessivos, acompanhando o curso das civilizações e seguindo-lhes
os esplendores e experiências, aflições e derrotas”.
Fazendo-se nova pausa do Ministro, que me pareceu oportuna e
intencional, um companheiro interferiu, indagando:
— Grande benfeitor, reconhecemos a veracidade de vossas afirmativas; todavia,
porque não suprime o Senhor Compassivo e Sábio tão pavoroso quadro?
O esclarecido mentor fixou um gesto de condescendência e respondeu:
“— Não será o
mesmo que interrogar pela tardança de nossa própria adesão ao Reino Divino? Sente-se
o meu amigo suficientemente iluminado para negar o lado sombrio da própria
individualidade? Libertou-se de todas as tentações que fluem dos escaninhos
misteriosos da luta interna? Não admite que o orbe possua os seus círculos de
luz e trevas, qual acontece a nós mesmos nos recessos do coração? E assim como
duelamos em formidáveis conflitos por dentro, a vida planetária é compelida
igualmente a combater nos recônditos ângulos de si mesma. Quanto à intervenção
do Senhor, recordemo-nos de que os estudos desta hora não se prendem aos
aspectos da compaixão e, sim, aos problemas da justiça.
Nós outros e a
humanidade militante na carne não representamos senão diminuta parcela da
família universal, confinados à faixa vibratória que nos é peculiar. Somos
simplesmente alguns bilhões de seres perante a Eternidade. E estejamos
convencidos de que se o diamante é lapidado pelo diamante, o mau só pode ser
corrigido pelo mau. Funciona a justiça, através da injustiça aparente, até que
o amor nasça e redima os que se condenaram a longas e dolorosas sentenças
diante da Boa Lei.
Homens
perversos, calculistas, delituosos e inconseqüentes são vigiados por gênios da
mesma natureza, que se afinam com as tendências de que são portadores.
Realmente,
nunca faltou proteção do Céu contra os tormentos que as almas endurecidas e
ingratas semearam na Terra e os Numes guardiães não se despreocupam dos
tutelados; no entanto, seria ilógico e absurdo designar um anjo para custodiar
criminosos.
Os homens
encarnados, de maneira geral, permanecem cercados pelas escuras e degradantes
irradiações de entidades imperfeitas e indecisas, quanto eles próprios,
criaturas que lhes são invisíveis ao olhar, mas que lhes partilham a
residência.
Em razão disso,
o Planeta, por enquanto, ainda não passa de vasto crivo de aprimoramento, ao
qual somente os indivíduos excepcionalmente aperfeiçoados pelo próprio esforço
conseguem escapar, na direção das esferas sublimes.
Considerando
semelhante situação, o Mestre Divino exclamou perante o juiz, em Jerusalém: “Por
agora, o meu Reino não é daqui” e, pela mesma razão, Paulo de Tarso, depois de
lutas angustiosas, escreve aos Efésios que “não temos de lutar contra a carne e
o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os
príncipes das trevas e contra as hostes espirituais da maldade, nas próprias
regiões celestes.”
Além, pois, do
reino humano, o império imenso das inteligências desencarnadas participa de
contínuo no julgamento da Humanidade.
E entendendo a
nossa condição de trabalhadores incompletos, detentores de velhas dificuldades
e terríveis inibições, na ordem do aprimoramento iluminativo, cabe-nos preparar
recursos de auxilio, reconhecendo que a obra redentora é trabalho educativo por
excelência.
O sacrifício do
Mestre representou o fermento divino, levedando toda a massa. É por isto que
Jesus, acima de tudo, é o Doador da Sublimação para a vida imperecível.
Absteve-se de manejar as paixões da turba, visto reconhecer que a verdadeira
obra salvacionista permanece radicada ao coração, e distanciou-se dos decretos
políticos, não obstante reverenciá-los com inequívoco respeito à autoridade
constituída, por não ignorar que o serviço do Reino Celeste não depende de
compromissos exteriores, mas do individualismo afeiçoado à boa vontade e ao
espírito de renúncia em benefício dos semelhantes.
Sem nosso
esforço pessoal no bem, a obra regenerativa será adiada indefinidamente,
compreendendo-se por precioso e indispensável nosso concurso fraterno para que
irmãos nossos, provisoriamente impermeáveis no mal, se convertam aos Desígnios
Divinos, aprendendo a utilizar os poderes da luz potencial de que são
detentores. Somente o amor sentido, crido e vivido por nós provocará a eclosão
dos raios de amor em nossos semelhantes. Sem polarizar as energias da alma na
direção divina, ajustando-lhes o magnetismo ao Centro do Universo, todo
programa de redenção é um conjunto de palavras, pecando pela improbabilidade
flagrante”.
O Ministro sorriu para nós, expressivamente, e concluiu:
“— Terei sido
bastante claro?”
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