PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

quinta-feira, novembro 01, 2012

A FÉ QUE CURA

JORNAL VÓRTICE
INFORMATIVO SOBRE MAGNETISMO
ANO V - Nº 05 – Aracaju Sergipe Brasil - outubro - 2012

A FÉ QUE CURA
Adilson Mota
 
Muitas vezes já ouvi pessoas afirmarem que o magnetismo nada cura, o que cura é a fé. Não sei se estas pessoas realmente sabem o que seja fé e quais sejam os mecanismos pelos quais ela opera. Convidamos o leitor a fazer conosco uma análise sucinta deste assunto.
Certa vez ouvi, inadvertidamente, enquanto aguardava para ser atendido em um consultório médico, uma conversa entre duas mulheres em que uma dizia para a outra:
- Eu me tratei com o Dr. R... e este me curou completamente da gastrite que eu tinha.
O diálogo levou-me a uma reflexão um tanto quanto simplória: o que curou a gastrite daquela senhora foi o médico ou foram os medicamentos que ele receitou?
O nosso tema parece não ter nada a ver com isto, porém, uma outra reflexão eu pude fazer no momento, mais profunda: o que cura é a fé ou o magnetismo? Talvez apressadamente alguém logo diga:
- A fé, pois Jesus afirmava sempre "vai, a tua fé te curou!".
Encontramos realmente esta frase de Jesus em vários trechos dos Evangelhos. Vou relembrar um outro tão significativo quanto os demais, o episódio da mulher hemorroíssa. Sofrendo com uma hemorragia há doze anos, ela toca nas vestes de Jesus e fica curada instantaneamente. Jesus percebe que saiu de si virtudes (energias) e dá o desfecho: vai, a tua fé te curou.(1)
Como exercício de pensamento proponho aqui algumas questões: quem curou aquela mulher foi Jesus ou a fé que ela carregava? Se foi Jesus quem a curou, por que Ele afirmou ter sido a fé da mulher? Se foi sua fé que a curou, por que as energias de Jesus entraram em jogo, mesmo sem a sua atuação consciente? E ainda uma última, o que é mesmo fé?
Dando continuidade ao exercício de raciocínio, comecemos por esta última. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, no capítulo XIX, publicou a mensagem de Um Espírito Protetor:
“No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinosfuturos; é a consciência que ele tem das faculdades imensas depositadas em gérmen no seu íntimo, a princípio em estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela ação da sua vontade.
Até ao presente, a fé não foi compreendida senão pelo lado religioso, porque o Cristo a exalçou como poderosa alavanca e porque o têm considerado apenas como chefe de uma religião. Entretanto, o Cristo, que operou milagres materiais, mostrou, por esses milagres mesmos, o que pode o homem, quando tem fé, isto é, a vontade de querer e a certeza de que essa vontade pode obter satisfação.” (grifo original)
A fé é a vontade de querer e a confiança na sua realização. A fé verdadeira não vacila, não duvida e pode ser desenvolvida através do conhecimento. A fé não se prescreve, nem se impõe, mas se adquire se se procurar com sinceridade.
Escreveu Allan Kardec: “A resistência do incrédulo, devemos convir, muitas vezes provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender.” (grifos originais)
A fé pode ser tanto mais forte quanto mais entendermos os processos através dos quais ela age. Se queremos obter a cura de uma doença, a fé será a vontade firme de se curar e a confiança de que assim acontecerá. Quanto menos dúvidas pairarem na mente, maior poder conterá esta fé. Além disto, a fé baseada no conhecimento compreenderá o mecanismo pelo qual isto pode acontecer, o que contribuirá para uma maior certeza, fortalecendo-a. Ela pode promover a cura de uma doença, então? Pode! Jesus sabia o que estava falando quando dizia: a tua fé te curou.
A fé, no entanto, não é uma "coisa", uma substância curativa. É mais uma convicção, um estado da alma. Sendo assim, para promover a cura, a razão nos conduz a acreditar que a fé não pode agir diretamente sobre as células doentes do organismo. Precisa de um instrumento para isto - o fluido. Em outras palavras, magnetismo.
Quando Jesus afirmou, no caso da cura da mulher hemorroíssa, que saíram de si virtudes, estava se referindo à sua energia magnética ou energia vital. A energia que procura manter o nosso corpo físico em equilíbrio orgânico pode ser enviada a outrem a fim de auxiliá-lo em suas necessidades de saúde. Como Jesus não tinha percebido as intenções da mulher, ela mesma foi quem atraiu para si os fluidos curativos do Mestre.
“Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do doente. Com relação à corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba aspirante. Algumas vezes, é necessária a simultaneidade das duas ações; doutras, basta uma só.” (2)
Usando as palavras de Kardec, a fé da doente agiu como uma bomba aspirante, provocando um movimento nos fluidos de Jesus, os quais se direcionaram à mesma e operaram a cura.
Assim, em primeira instância foi o magnetismo poderoso do Cristo que interveio como substância curativa. Jesus demonstrou em inúmeras passagens do Evangelho a sua sublime humildade que o impedia de afirmar que Ele tinha curado alguém. Ao mesmo tempo, era preciso instruir as pessoas de que a participação delas era importante para que a cura ocorresse. Queria ressaltar o imenso poder inexplorado que existe em gérmen no nosso íntimo. Sendo assim, Ele se limitava a apontar a fé do doente como elemento de cura.
A fé, em se referindo ao magnetizador, é a alavanca que movimenta os fluidos curativos, potencializa-os, e os impulsiona dando-lhes um poder muito maior de cura, pois ela une vontade e confiança. Do lado do doente, a fé torna-o mais receptivo aos fluidos do magnetizador, bem como promove uma transformação nas suas próprias energias, as quais engendram melhores recursos e, ao contato das energias renovadoras do magnetizador, executa a cura.
O desenvolvimento da fé tem relação com o progresso do Espírito. Aquele que possui uma fé inata revela um desenvolvimento anterior e, ao longo da evolução, ela vai se robustecendo, tornando-se cada vez mais apta às grandes realizações. Quando tivermos progredido suficientemente, poderemos curar a nós mesmos. A fé fortalecida pela compreensão das coisas, sem dúvidas ou vacilações, na certeza do poder divino plantado dentro de cada um de nós, executará a cura utilizando o nosso próprio magnetismo. Isto explica as curas espontâneas que acontecem hoje em regime de exceção, mas que deverão se multiplicar na medida do progresso do Espírito.
1 Lucas, capítulo 8
2 A Gênese, cap. XV, Os Milagres do Evangelho, item Curas

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