SONAMBULISMO NATURAL EM REUNIÕES
MEDIÚNICAS - Gebaldo José de Sousa
PARTE I - ANO IV, n.º 11
Aracaju/Sergipe/Brasil, abril/2012
“A
tarefa mediúnica com Jesus, de esclarecimento aos Espíritos infelizes,
é
dos mais enobrecidos cometimentos com que a Doutrina Espírita
ora
nos honra o processo evolutivo.”
Joanna
de Ângelis/Divaldo, em 30.01.90.
Do
livro Histórias que os Espíritos
Contaram1, pág. 15.
Reuniões mediúnicas com a
participação de sonâmbulos são mais produtivas quando dirigentes e demais
integrantes conhecem um pouco dessa faculdade – valiosa no socorro a entidades
sofredoras do plano espiritual, sobretudo das que se ocupam de vinganças, com
extremado ódio, ou perseguem seguidores do Cristo.
Por vivenciarmos atualmente
experiências com o sonambulismo natural, dele nos ocuparemos; mas citando
eventuais orientações relativas ao sonambulismo magnético, que também nos
importa conhecer.
Vejamos:
1 - Em O Livro dos Espíritos2 (Allan Kardec):
“Os fenômenos do sonambulismo
natural se produzem espontaneamente e independem de qualquer causa exterior
conhecida. Mas, em certas pessoas dotadas de organização especial, podem ser
provocados artificialmente, pela ação do agente magnético.
O estado designado pelo nome de sonambulismo
magnético só difere do sonambulismo natural pelo fato de ser provocado,
enquanto o outro é espontâneo.” – Questão 455.
No sonambulismo, o estado de
independência da alma é mais completo do que no sono. Nesse estado, a alma tem
percepções de que não dispõe no sonho. (O Livro dos Espíritos,
questão 425).
2 – Em O Livro dos Médiuns3 (Allan Kardec):
ver itens 172 a 174.
(Importantíssimos e algo extensos para transcrever na íntegra!).
No item 173, de O Livro dos
Médiuns, Allan Kardec, ao final, conclui: “(...) Quando só, era apenas um sonâmbulo;
assistido por aquele a quem chamava seu anjo doutor, era sonâmbulo-médium.”
(Grifamos).
3 - Nos Domínios da
Mediunidade4
(André Luiz/F. C. Xavier – Ler, na íntegra, os capítulos 3, 8 e 11): André Luiz
indica que há senões, na utilização de sonâmbulos, enquanto eles não estão
suficientemente familiarizados com o desdobramento.
Refere-se a Antônio Castro.
Contudo, Áulus assinala: “Será, porém, valioso auxiliar em nossos estudos”.
Observação importante: Antônio
Castro é sonâmbulo, mas atua também como médium “quando empresta o veículo a
entidades dementes ou sofredoras (...)” (Cap. 3 – Equipagem mediúnica – pág.
30).
O mentor volta a se referir a
esse médium no Cap. 11 (Desdobramento em serviço), onde, à página 103,
afirma:
“(...) Castro (...) será treinado para a prestação
de valioso concurso aos enfermos de qualquer posição.”
A seguir, no mesmo Cap. 3, págs.
30 e 31, refere-se à “(...) nossa irmã Celina (...) abnegada servidora na
construção de valores do espírito. A clarividência e a clariaudiência, a
incorporação sonambúlica e o desdobramento da personalidade são estados em que
ingressa, na mesma espontaneidade com que respira, guardando noção de suas responsabilidades
e representando, por isso, valiosa colaboradora de nossas realizações.”
No Cap. 8 (Psicofonia sonambúlica),
à pág. 72, revela-se que seria ela a médium a socorrer fazendeiro desumano.
Áulus pacifica André Luiz,
apreensivo quanto a esse fato, ao dizer-lhe: “(...) E, compreendendo-se que mais
ajuda aquele que mais pode, nossa irmã Celina é a companheira ideal para o
auxílio nesta hora.”
“A médium desvencilhou-se do
corpo físico, como alguém que se entregava a sono profundo (...).”
“– Celina é sonâmbula perfeita. A
psicofonia, em seu caso, se processa sem necessidade de ligação da corrente
nervosa do cérebro mediúnico à mente do hóspede que o ocupa. A espontaneidade
dela é tamanha na cessão de seus recursos às entidades necessitadas de socorro
e carinho, que não tem qualquer dificuldade para desligar-se de maneira automática
do campo sensório, perdendo provisoriamente o contato com os centros motores da
vida cerebral. Sua posição medianímica é de extrema passividade.” (pág. 74)
Enquanto isso, a doutrinação se dá com “franco
progresso”.
(pág. 75) “(...) O sonambulismo
puro, quando em mãos desavisadas, pode produzir belos fenômenos, mas é menos
útil na construção espiritual do bem. A psicofonia inconsciente, naqueles que
não possuem méritos morais suficientes à própria defesa, pode levar à
possessão, sempre nociva, e que, por isso, apenas se evidencia integral nos
obsessos que se renderam às forças vampirizantes.” (págs. 75/76)
Dessa obra, eis importantes
observações – que sublinhamos em parte:
a) Clementino aplicou no médium
Castro “(...) passes de longo circuito (...) que adormeceu devagarinho (...).”
- pág. 97.
b) “O diretor espiritual da casa
(Clementino) submetia o medianeiro a delicada intervenção magnética (...)”. Não
menciona qualquer participação de Raul Silva (dirigente encarnado da reunião)
nesse processo de magnetização do médium Castro. - pág. 98.
b-1) Daí se conclui que, no
sonambulismo natural, o médium entra e sai do transe por iniciativa dos mentores
espirituais. Essa é a característica essencial desse fenômeno.
c) Antes da “viagem”, aplicaram-lhe
um capacete. - pág. 101.
d) Raul (dirigente encarnado) elevou
o padrão vibratório do conjunto ao orar, pedindo amparo para o médium desdobrado,
que agradece ao grupo. - pág. 102.
e) Nessa viagem, ora atua como
sonâmbulo (agradece as preces; dialoga com Oliveira, ex-integrante da reunião mediúnica,
recém-desencarnado, ao encontro do qual foi nessa “viagem”), ora como médium
desse mesmo amigo, o qual envia, por psicofonia, sua saudação aos integrantes
da reunião mediúnica. No caso, temos a psicofonia sonambúlica.
Referências:
(1) MIRANDA, Hermínio C. Histórias
que os Espíritos Contaram. Salvador: LEAL, 1980. p. 15.
(2) KARDEC, Allan. O Livro dos
Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1ª edição Comemorativa do Sesquicentenário.
Rio de Janeiro: FEB, 2006. Q. 455 e 425.
(3) KARDEC, Allan. O Livro dos
Médiuns. Tradução Evandro Noleto Bezerra. 1.ª Reimpressão. Rio de Janeiro:
FEB, 2009. Segunda parte, Cap. XIV, Itens 172 a 174.
(4) XAVIER, Francisco C. Nos
Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 9.ed. Rio de Janeiro:
FEB, 1979. Cap. 3, 8 e 11.
PARTE II - ANO IV, n.º 12
Aracaju/Sergipe/Brasil, maio/2012
Prossigamos, em nossa breve pesquisa,
eis que o tema é muito vasto.
4 – Sonambulismo
Prático5 (Eliane Crêspo – médium sonâmbula):
“Só o magnetizador
deve ficar em contato com o médium.” (p. 78)
“Não se deve tocar no
sensitivo pois o toque aprofunda o transe, ou pode provocar choques anímicos.” (p. 79)
Obs.: Ver a página 191, em Magnetismo
Espiritual informações detalhadas.
“Quantas vezes, em
reunião mediúnica, o médium pende a cabeça pesadamente e parece adormecido e é
repreendido pelo dirigente, que desconhece que um sonâmbulo dorme para
que seu espírito possa, em desdobramento, libertar-se para trabalhos da própria
reunião e que os agentes da magnetização são os espíritos que a dirigem; o
médium não é culpado, apenas tem uma mediunidade pouco conhecida ou quase nunca
estudada. (...)
Quantas vezes o
passista levanta-lhe a cabeça, sem o conhecimento de que o toque no sonâmbulo
aprofunda o transe.” (p. 100)
“Neste estado nota-se:
- Endurecimento das articulações;
- Dificuldade de falar;
- Liberdade para servir ao intercâmbio
mediúnico;
- Clarividência e Clariaudiência no
tempo e no espaço;
- Facilidade de visão interior do corpo;
- Identificação de obsessoes;
- Possibilidade de regressão.” (pp. 81 e
82). (do próprio Espírito do médium, ou de outros Espíritos).
“Aprofundando-se então o transe,
pela baixa de tensão e aumento de vibração, será possibilitado o intercâmbio
mediúnico.” (p. 75)
“(...) o sensitivo é, por sua
natureza, médium de psicofonia, de desdobramento, psicógrafo, vidente ou
apresenta outras qualificações.” (p. 81)
Necessário dar tempo ao médium em
transe, para habituar-se ao novo estado. Não deve haver pressa: conserva-se em
estado de torpor,num aniquilamento corporal em que se compraz.
Se ele dá sinal de que ouve o
magnetizador e começa a responder, o estado sonambúlico está completo. (p. 96)
Para voltar do transe magnético, aplicam-se passes
dispersivos da cabeça aos pés, energicamente; chamar pelo nome, brandamente; mandar
respirar fundo; abrir os olhos, mexer as extremidades do corpo (pés e mãos).
Se apresentar entorpecimento, a dispersão corrigirá
facilmente. (p. 82)
Não há desgaste no desdobramento. (p. 71)
“Mesmo não devendo fazer mais que cinco atendimentos
de cada vez, normalmente não apresenta cansaço físico.” (p. 78)
Se, ao voltar do transe, sentir
mal estar, deve respirar forte algumas vezes. Se se sentir mal ajustado ao
corpo, deve voltar a desdobrar e voltar vagarosamente.
É natural o médium sentir-se como
uma bola ou ter a sensação de flutuar.
Em caso de tonturas, formigamento
nas extremidades, sensação de sono, abrir e fechar as mãos, respirar
regularmente e flexionar as pernas e relaxar. (p. 71)
Se o sensitivo resistir à volta,
aplicar sopro frio à distância (atua como choque anímico).
Adotar essa conduta procedimento
apenas se resistir aos passes dispersivos.
Outro método (não é o ideal),
como último recurso, é levantar-lhe a pálpebra. A luz, na retina, provoca
choque anímico. (p. 83)
NOTAS:
1. No livro Magnetismo
Espiritual (pág. 194) há a indicação de que esse sopro (insuflações frias) se
dê à “(...) distância sobre a testa e sobre os olhos, tocando vivamente os
supercílios, desde a sua origem até as têmporas. É importante dispersar bem, a
fim de evitar o peso da cabeça e a dormência das pernas, que poderiam persistir”.
2. Estes são processos
idealizados antes da educação de médiuns, à luz da Codificação Espírita.
Enfermos, sem experiências com a
mediunidade, eram levados ao transe sonambúlico (quando isso era possível) e,
em muitos casos, ofereciam resistência para sair do transe. Com médiuns
educados, não se chega a esse extremo de resistência à volta do transe,
tornando-se desnecessária a utilização de tais recursos.
Com a regressão de memória, “normalmente dá-se a visão
no tempo, onde o sensitivo vai descrevendo, com riqueza de detalhes, a época e
o objetivo da vidência a que se propõe no caso.
Outra forma é o sensitivo sentir-se no local, como mero
espectador ou observador. Tudo vê, sente a temperatura, as emoções, não interfere
em nada e não é visto.
Ou poderá passar a ser o personagem regredido, vivendo
não só a época, mas sentindo a personalidade como se o fosse.
Neste trabalho, o mentor do
sensitivo e os mentores do trabalho encarregam-se do que será revisado na regressão.
O magnetizador poderá solicitar ir mais à frente algum tempo ou voltar, para
melhor observação, enquanto fala com a personalidade do passado, na tentativa
de diminuir as cargas emotivas da mente da criatura em tratamento.” (p. 138)
5 - A Memória e o Tempo6 (Hermínio C. Miranda):
O autor resume, à pág. 172,
experiências com médium sonâmbula:
“(...) ela se estendeu num sofá e
começamos o trabalho. (...) Recorri aos passes longitudinais.
Em poucos minutos ela estava
mergulhada em transe, olhos fechados, respirando profunda e serenamente. Não
houve grande dificuldade de fazê-la falar.
Realizamos muitas experiências
interessantes e instrutivas. Ela era capaz de deslocar-se com relativa
facilidade no tempo e no espaço, assim que desdobrada do corpo físico em repouso.
Podia visitar locais distantes,
que descrevia. Ao observar as pessoas, do seu privilegiado ponto de vista da
invisibilidade, era capaz de localizar regiões do corpo de tais pessoas
afetadas por distúrbios mais ou menos graves: via ali sombras escuras, manchas,
áreas desarmonizadas, enfim, com relação às que lhe pareciam normais.
Recusamo-nos a fazer diagnósticos
ou propor tratamentos, que não eram da nossa competência.
Não era esse nosso objetivo
(...)”.
Também não nos atiramos
sofregamente à pesquisa indiscriminada, com a finalidade de identificar
reencarnações anteriores dela, ou as de outro qualquer componente do grupo. Ela
própria me pediu, já em transe, logo no início de nossos trabalhos, que não
tocasse nas suas memórias anteriores, desejo que foi escrupulosamente respeitado.
(...)
O território das lembranças
sempre foi para nós região que não se deve jamais tomar de assalto, mesmo
porque o sensitivo terá condições de opor tenaz resistência, se não for de seu
desejo expô-lo à curiosidade alheia ou enfrentá-lo quando ainda não está
preparado para fazê-lo. (...)”
NOTAS:
1. Vê-se que o autor utilizou o
sonambulismo magnético, para levar a única médium com que trabalhou ao transe,
aplicando-lhe passes longitudinais.
2. Percebe-se o zelo em observar
a recomendação contida na parte final da resposta dos Espíritos à questão 430,
de O Livro dos Espíritos:
“(...) Deus outorgou ao homem a
faculdade sonambúlica para fim útil e sério, não para que se informe do que não
deva saber. (...)”.
PARTE III - Ano V - n° 02 - Aracaju Sergipe
Brasil - julho - 2012
Continuemos a pesquisa em A Memória e o Tempo6,
extraordinária obra de Hermínio C. Miranda. À página 203, informa-nos:
“(...) o ser humano sobrevive num
corpo ainda ‘físico’, embora infinitamente mais rarefeito, no qual se preserva
a sua memória integral.”
“(...) Em espíritos desencarnados
também podemos promover a regressão da memória, se empregarmos a técnica
apropriada para ajudá-los a vencer seus bloqueios íntimos.”
O autor reitera a ideia de que é
possível levar espíritos desencarnados à regressão de memória e amplia o
entendimento do processo, em outro livro7:
“De mais complexa classificação
seria a regressão de memória em espíritos desencarnados.
Sob duas condições distintas pode
isso ocorrer: Ou com o espírito incorporado a um médium, nos
trabalhos ditos de desobsessão ou doutrinação realizados entre os encarnados,
ou, então, entre espíritos desencarnados, no Mundo Espiritual.”
Não afirma que o Espírito está
incorporado em médium que é também sonâmbula; mas isto fica implícito quando
remete o leitor aos casos relatados em seus livros da série “Histórias que
os Espíritos contaram”, indicados linhas abaixo.
Entendemos que esse recurso
(regressão de memória em espíritos) deve ser usado apenas quando o diálogo desenvolvido
com a Entidade for insuficiente para demovê-la de seus ímpetos de vingança.
Sugere-se a ela, então, que retorne ao passado até a origem de seus
desequilíbrios atuais.
A regressão ocorrerá apenas nos
casos em que os mentores espirituais permitirem que o fato se dê. Em certos
casos, deve-se sugerir ao Espírito que recue ainda mais no tempo e, após isso, se
diz a ele que volte ao presente, mantendo as lembranças do passado, ora
relembradas ou vivenciadas novamente, com toda sua carga emocional. Também por
sugestão, pode-se levá-lo ao futuro e mostrar-lhe o que o aguarda, se desistir,
ou não, de seus propósitos de vingança.
É método de convencimento
irrefutável, eis que o Espírito revê suas ações em encarnações anteriores,
quando agiu de forma a passar por sofrimentos, dos quais ora busca vingar-se.
Compreende a Lei de ação e
reação, “ao vivo”.
“De modo semelhante, os mentores
fabricam quadros transitórios de ideias-formas para demonstrar ao Espírito que
está desencarnado, que seu corpo ‘morreu’.” (Missionários da Luz, pelo
Espírito
André Luiz/Francisco C. Xavier,
pp. 295/296).
O mesmo autor (Hermínio), às
páginas 204 e 205, cita as regressões de memória feitas por Mentores Espirituais
em Espíritos desencarnados, nos livros Memórias de um Suicida e Grilhões
Partidos, com o objetivo de levá-los ao reconhecimento de suas culpas e
iniciarem processo de recuperação espiritual.
Todas elas merecem leitura e
estudo atentos.
No posfácio da terceira edição do
livro A Memória e o Tempo, à página 232, o autor cita, entre outros, a
psicóloga americana, Dr.ª Edith Fiore, que, em seu livro The Unquiet Dead (Os
Mortos Inquietos), traduzido no Brasil por Possessão Espiritual – Editora
Pensamento –, indica o aprendizado que fez, ao perceber influências espirituais
em pacientes submetidos à regressão de memória (via sonambulismo magnético),
com fins terapêuticos.
Notou alterações tão drásticas em
suas personalidades que percebeu tratar-se de atuação de espíritos. E concluiu
que:
“Neste caso, ela não estaria
diante de vidas anteriores dos clientes, mas de existências das entidades porventura
acopladas ao psiquismo deles.” (p. 233)
Como se vê, é notável essa sua
descoberta, porque aprendeu com os fatos!
Eis algumas de suas conclusões,
listadas por Hermínio:
“Não propriamente a pessoa que
marca hora com a sua secretária para a consulta, mas ‘as entidades possessoras’
é que são seus ‘verdadeiros pacientes’.
São criaturas humanas, como
outras quaisquer, perdidas e sofridas. Seria uma crueldade ‘enxotá-las’, ainda
que isso lhe fosse possível.”
“A possessão pode ser responsável
por uma série impressionante de desconfortos psicossomáticos, como dores de
cabeça (enxaqueca, inclusive), cansaço, insônia, obesidade, hipertensão
arterial, asma, alergias, etc..”
“A frequência a locais desarmonizados,
de baixo teor vibratório, como ares e ajuntamentos orgiásticos, facilitam o
acoplamento de tais entidades às pessoas que os frequentam, mesmo
ocasionalmente. Invasões indesejáveis podem ocorrer, ainda, em pessoas
desprevenidas, em hospitais e cemitérios, como também às que se entregam a
explosões de cólera, inveja, ciúme ou depressão.”
“Espíritos amigos estão sempre
dispostos a colaborar com quem se dedique ao trabalho de resgate de entidades
imantadas ao psiquismo alheio. Usualmente são Espíritos relacionados com os
invasores, como mães, pais, irmãos, esposa, marido, filhos ou amigos. A doutora
trabalha conscientemente com esses recursos.”
“Sob condições normais, não é
difícil persuadir uma entidade invasora a deixar seu hospedeiro, depois de devidamente
esclarecida. Às vezes, elas nem sabem que estão ‘mortas’ e ignoram que estejam
prejudicando a si mesmas e ao hospedeiro. Há, contudo, entidades obstinadas que
se recusam a abandonar suas vítimas, empenhando- se em processos de vingança ou
de superproteção.”
“Através dos seus clientes, a
doutora fala diretamente com os espíritos a eles acoplados, faz com eles
regressões e os doutrina de maneira muito semelhante ao que se faria num bom
grupo mediúnico. E até os abençoa, ao despedi-los, depois de convencê-los a
partirem, geralmente em companhia de entidades amigas.“
E conclui belamente o estimado e nobre escritor:
“Dificilmente diria melhor alguém de formação
doutrinária espírita.” (pp. 233 e 234).
Referência:
(6) MIRANDA, Hermínio C. A
Memória e o Tempo. 3.ed Niterói: Editora Arte & Cultura, 1991. Cap. VI
– Experiências e observações pessoais.
(7) MIRANDA, Hermínio C. O que
é Fenômeno Mediúnico. São Bernardo do Campo: Edit. Esp. Correio Fraterno do
ABC, 1990, p. 84.
Parte IV - Final - Ano V - n° 04 - Aracaju Sergipe
Brasil - agosto - 2012
Na conclusão de nosso estudo,
vejamos ainda algo do livro Magnetismo Espiritual de Michaelus:
“O sonambulismo não é nem um
estado de vigília, nem um estado de sono rigorosamente falando; é uma
combinação desses dois estados. É um modo particular de existir.” (p. 102)8
“São tão diferentes os
sonâmbulos, quanto o são as gradações que eles apresentam.” (p. 197)8
“Um dos efeitos do magnetismo é o
sonambulismo, que é um estado de emancipação da alma mais completo do que o
sono, em que as suas faculdades adquirem maior amplitude.
(...) porque os sonâmbulos não
dormem (...) entendem alguns magnetizadores que imprópria é a denominação dada.
É curioso assinalar que participam dessa opinião os próprios sonâmbulos, que
protestam contra a alegação de sono quando eles estão vendo, ouvindo e
sentindo.” (pp. 178/179)8
“O sonâmbulo vê através de corpos
opacos e a distâncias mais ou menos consideráveis.” (p. 185)8
À página 192, ensina o processo
idealizado por Alphonse Bué para favorecer o sonambulismo magnético. E, nas
páginas seguintes, oferece outras importantes sugestões quanto à conduta com o
médium em transe e, ainda, para despertá-lo, concluído o estudo.
BREVE ROTEIRO PARA DIRIGENTES DE
REUNIÕES MEDIÚNICAS, ONDE ATUEM SONÂMBULOS9:
– Identifica-se o
sonâmbulo natural:
a1 – Pela sonolência;
Observação: Se
o sensitivo está apto ao trabalho, livre de cansaço físico ou mental.
a2 – Por entrar e
sair do transe por iniciativa dos Espíritos que dirigem a reunião, sem qualquer
atuação dos presentes, com exceção do estado de prece, de concentração;
a3 – Pela vidência de
Entidades se aproximando ou de locais onde elas se encontrem, descrevendo-os,
em muitos casos;
a4 – Dialogando com
ele, tão logo se efetive o transe, o próprio sonâmbulo responde-nos,
afirmando-nos que é ele mesmo quem o faz, além de, eventualmente, revelar-nos o
que percebe à sua volta, no mundo físico ou no plano espiritual.
Alternativamente,
pelo teor da resposta, perceberemos tratar-se de Espírito desencarnado, que nos
dirá que o é e até identificar-se-á, em muitos casos. Pela análise de suas palavras,
saberemos se é um bom ou mau Espírito.
a5 – “O esquecimento
absoluto no momento de despertar é um dos sinais característicos do verdadeiro
sonambulismo, (...).”10
– O sonâmbulo pode:
b1 – Como médium
psicofônico, que também é, dar passividade a espíritos, sem entrar no transe
sonambúlico;
b2 – Manifestar-se,
ele mesmo, no transe sonambúlico, fora do corpo físico, desdobrado, em fenômeno
anímico.
Neste caso, diz, por
exemplo: "Desceremos a região onde estão espíritos sofredores, para
resgatar alguns deles.” Não há Espírito a falar por ele.
b3 – No item 173, de O
Livro dos Médiuns, Kardec, ilustra o que dissemos no item anterior, ao
citar o caso de um sonâmbulo que indicava medicamentos a enfermos e que, certa
vez disse que não podia fazê-lo, porque “(...) meu anjo doutor não
está aqui. (...)”
E apresenta outro
recurso à disposição do sonâmbulo, ao indicar, no final do item referido:
“(...) Quando só, era apenas um sonâmbulo; assistido por aquele a quem chamava
seu anjo doutor, era sonâmbulo-médium.”
(Grifamos).
Inicialmente, manifestação anímica; depois, mediúnica.
b4 – E, por fim, atuar como
médium, a partir do transe, na psicofonia sonambúlica.
– Médiuns, sonâmbulos ou não,
distinguem-se uns dos outros. Apresentam características gerais, mas
diferenciam-se entre si por atuações e percepções que lhes são próprias, seja
nos níveis do transe, seja no das potencialidades.
Uns veem à distância, ou não – e
até através de obstáculos –; ouvem as Entidades; outros, não; outros mais leem
os pensamentos dos Espíritos; ainda outros veem o interior de corpos físicos, descrevem
enfermidades, indicam medicação.
Nada lhes devemos impor. O ideal
é que essa faculdade – ou qualquer outra – desenvolva-se espontaneamente.
– Quando há mais de um sonâmbulo,
pode acontecer de um Mentor servir-se da faculdade de um deles para “doutrinar”
a Entidade que se manifesta por outro. O Espírito que assim age, tem
informações sobre o Espírito assistido e de mais fatores a ele relacionados. É
normal que assim o façam. Aprendemos todos, em situações assim.
– A confiança recíproca entre
dirigentes e médiuns é fator fundamental para o bom desempenho da reunião
mediúnica. O dirigente, sempre atento, deve incentivar os médiuns a confiarem
nos Mentores que a conduzem e em si próprios, recorrendo, em certas ocasiões, à
prece fervorosa.
Os resultados serão ampliados ao
longo do tempo, serena e pacientemente.
Concluída a manifestação de
Espírito obsessor, deve-se aguardar pacientemente o retorno do médium ao estado
de vigília. Ao perceber que desperta (quando não o faz subitamente), deve-se orientá-lo
para que o faça devagar, respirando profundamente, movendo pés e mãos, abrindo
os olhos, vagarosamente.
– A segurança do transe
sonambúlico está diretamente relacionada à conduta moral, do nível de estudos
da mediunidade e dessa faculdade, pelos médiuns, além da dedicação ao trabalho
e da harmonia de toda a equipe mediúnica.
– As instruções de Allan Kardec,
quanto à análise das comunicações mediúnicas, também devem ser observadas.
Eis modesta colaboração que
oferecemos para o estudo deste tema relevante para todos nós, que nos dedicamos
às reuniões mediúnicas.
Referências:
(8)MICHAELUS. Magnetismo
Espiritual. 3.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977.
(9) Elaborado com base nas obras
citadas neste texto, na experiência pessoal e no artigo Sonambulismo na Prática, de Adilson Mota, publicado na
edição de outubro/2010, do Jornal Vórtice
(http://jacobmelo.webs.com/apps/documents/).
(10) KARDEC, Allan. Instruções
Práticas sobre as Manifestações Espíritas.6.ed. Matão: CASA EDITORA O
CLARIM, 1987, p. 64.
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