PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

domingo, novembro 14, 2021

O Espiritismo entre os Druidas

                                               TITULO DO ORIGINAL FRANCÊS:

REVUE SPIRITE:

JOURNAL D'ÉTUDES PSYCHOLOGIQUES

TRADUÇÃO DE  EVANDRO NOLETO BEZERRA

4A EDIÇÃO

O ESPIRITISMO ENTRE OS DRUIDAS

1ª PARTE

REVISTA ESPÍRITA, ABRIL DE 1858

  

Há cerca de dez anos, sob o título Le vieux neuf  1, publicou o Sr. Edouard Fournier,  no Siècle, uma série de artigos tão notáveis do ponto de vista da erudição, quanto interessantes por suas relações históricas. Passando em revista todas as invenções e descobertas modernas, prova o autor que se o nosso século tem o mérito da aplicação e do desenvolvimento , não tem, pelo menos para a maioria delas, o da prioridade. À época em que o Sr. Edouard Fournier escrevia esses eruditos folhetins não se cogitava ainda de Espíritos, sem o que não teria deixado de nos mostrar que tudo quanto se passa hoje é apenas uma repetição do que os Antigos sabiam muito bem, e talvez melhor que nós. E o lastimamos por nossa conta, porque as suas profundas investigações ter-lhe-iam permitido esquadrinhar a Antiguidade mística, como perscrutou a Antiguidade industrial; e fazemos votos por que suas laboriosas pesquisas sejam dirigidas um dia para esse lado. Quanto a nós, não nos deixam nossas observações pessoais nenhuma dúvida sobre a antiguidade e a universalidade da Doutrina que os Espíritos nos ensinam.

Essas coincidências entre o que nos dizem hoje e as crenças dos tempos mais remotos, é um fato significativo da mais alta importância.


1 N. do T.: O velho novo. 


Faremos notar, entretanto, que, se por toda parte encontramos traços da Doutrina Espírita,  em parte alguma a vemos completa: tudo indica ter sido reservado à nossa época coordenar esses fragmentos esparsos entre todos os povos, a fim de chegar-se à unidade de principio através de um conjunto mais completo e, sobretudo, mais geral de manifestações, que dariam razão ao autor do artigo que citamos mais acima, a propósito do período psicológico no qual a Humanidade parece estar entrando. Quase por toda parte a ignorância e os preconceitos desfiguraram essa doutrina, cujos princípios fundamentais se misturam às práticas supersticiosas de todos os tempos, exploradas para abafar a razão. Todavia, sob esse amontoado de absurdos germinam as mais sublimes ideias, como sementes preciosas ocultas sob as sarças, não esperando senão a luz vivificante do sol  para se desenvolverem. Mais universalmente esclarecida, nossa geração afasta as sarças;  tal limpeza de terreno, porém, não pode ser feita sem transição. Deixemos, pois, às boas sementes o tempo de se desenvolverem e, às más ervas, o de desaparecerem. A doutrina druídica oferece-nos um curioso exemplo do que acabamos de dizer. Essa doutrina, de que não conhecemos bem senão as práticas exteriores, eleva-se, sob certos aspectos, até as mais sublimes verdades; mas essas verdades eram apenas para os iniciados: terrificado pelos sacrifícios sangrentos, o povo colhia com santo respeito  o visgo sagrado do carvalho e via apenas a fantasmagoria. Poderemos julgá-lo pela seguinte citação, extraída de um documento tão precioso quão desconhecido, e que lança uma luz inteiramente nova sobre a teologia de nossos ancestrais.

 “Entregamos à reflexão de nossos leitores um texto céltico, há pouco publicado,  cujo aparecimento causou uma certa emoção no mundo culto. É impossível saber-se ao certo o seu autor, nem mesmo a que século remonta. Mas o que é incontestável é que pertence à tradição dos bardos do país de Galles e essa origem é suficiente para conferir-lhe um valor de primeira ordem. “Sabe-se, com efeito, que ainda em nossos dias o país de Galles se constitui no mais fiel abrigo da nacionalidade gaulesa que, entre nós, experimentou tão profundas modificações.                                                        

Apenas abordada de leve pela dominação romana, que nela só se deteve por pouco tempo e fracamente; preservada da invasão dos bárbaros pela energia de seus habitantes e pelas dificuldades de seu território. Submetida mais tarde à dinastia normanda que, todavia, teve que lhe conceder um certo grau de independência, o nome de Galles, Gallia, que sempre ostentou  é um traço distintivo pelo qual se liga, sem descontinuidade ao período antigo.                                                                  

A língua hymrique 1, outrora falada em toda a parte setentrional da Gália,                          jamais deixou de ser usada, e muitos costumes são igualmente gauleses. De toda as influências estranhas, a única que triunfou completamente                                                     foi o Cristianismo; mas não o conseguiu sem muitas dificuldades, relativamente à supremacia da Igreja Romana, da qual a reforma do século XVI mais não fez que determinar-lhe a queda, desde longo tempo preparada, nessas regiões cheias de um sentimento indefectível de independência. [ ... ]

1 N. do T.: Grifo nosso.

 

 






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