PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

sábado, novembro 13, 2021

O ANJO, O SANTO E O PECADOR

 

O ANJO, O SANTO E O PECADOR


O pecador escutava a orientação de um santo, que vivia, genuflexo, à porta de templo antigo, quando, junto aos dois, um anjo surgiu na forma de homem, travando-se breve conversação entre eles.

O ANJO – Amigo, Deus seja louvado!

O SANTO – Louvado seja Deus!

O PECADOR – Louvado seja!

O ANJO – (Dirigindo-se ao santo) – Vejo que permaneceis em oração e animo-me  

a solicitar-vos apoio fraternal.

O SANTO – Espero o Altíssimo em adoração, dia e noite.

O ANJO – Em nome dele, rogo o socorro de alguém para um que agoniza num lupanar.

O SANTO – Não posso abeirar-me de lugares impuros...

O PECADOR – Sou um pobre penitente e posso ajudar-vos, senhor.

O ANJO – Igualmente, agora, desencarnou infortunado homicida,      

                                           entre as paredes cárcere.                                                                                                

Quem me emprestará mãos amigas para dar-lhe sepulcro?

 O SANTO – Tenho horror aos criminosos...

O PECADOR – Senhor, disponde de mim.

O ANJO – Infeliz mulher embriagou-se num bar próximo. Precisamos removê-la, antes que a morte prematura lhe arrebate o tesouro da existência.

O SANTO – Altos princípios não me permitem respirar no clima das prostitutas...

 O PECADOR – Daí vossas ordens, senhor!

O ANJO – Não longe daqui, triste menina, abandonada pelo companheiro  a quem se confiou, pretende afogar-se... É  imperioso lhe estenda alguém braços fortes para que se recupere, salvando-se-lhe também o pequenino em vias de nascer.

O SANTO – Não me compete buscar os delinquentes senão para corrigi-los.

O PECADOR – Determinai, senhor, como devo fazer.

 O ANJO – Um irmão nosso, viciado no furto, planeja assaltar, na presente semana, o lar de viúva indefesa... Necessitamos do concurso de quem o dissuada de semelhante propósito, aconselhando-o com amor.

O SANTO – Como descer ao nível de um ladrão?

O PECADOR – Ensinai-me como devo falar com ele.

Sem vacilar. O anjo tomou o braço do pecador prestativo e ambos se afastaram, deixando o santo em meditação, chumbado ao solo.

Enovelaram-se anos e anos na roca do tempo, que tudo alterara. O átrio mostrava-se diferente. O santuário perdera o aspecto primitivo e a morte despojara o santo de seu corpo macerado por cilício e jejum, mas o crente imaculado aí se mantinha em Espírito, na postura de reverência.

Certo dia, sensibilizando mais intensamente as antenas da prece, viu que alguém descia da Altura, a estender-lhe o coração em brando sorriso.

O santo reconheceu-o.

Era o pecador, nimbado de luz.

-           Que fizeste para adquirir tanta glória? – perguntou-lhe, assombrado.

-           O ressurgido, afagando-lhe a cabeça. Afirmou simplesmente:  caminhei.

 Contos desta e doutra vida – Francisco Cândido Xavier, Cap. 24, p. 115-117

Pelo Espírito Irmão X

 

Nenhum comentário: