
“Assisti, meus filhos, a uma sublime
reunião, onde se lembrou a difusão do livro dedicado às memórias de Paulo e
Estêvão. Não tenho palavras com que exprimir o que foi essa assembleia de luzes
da Espiritualidade! Pela primeira vez, vi, não de muito perto, o grande
apóstolo da gentilidade! Sua grandeza espiritual é grande em demasia para ser
descrita por meu verbo tão pobre! Cale-se, pois, o meu raciocínio para que me
expresse com o coração, no silêncio divino do espírito. Estêvão não veio à
assembleia divina, mas hoje vou compreendendo que todos esses vultos, cheios de
imortalidade e de glória, continuam no mesmo serviço de redenção humana,
interessados pelo serviço de Jesus e consagrados a ele tão intensamente quanto
se verificou nos primeiros dias de seu fervoroso labor sobre a Terra. Sei que a
reunião enviou ao grupo de vocês um pensamento de amor. Isso significa uma
alegria grandiosa demais, que não posso nem devo comentar! Que Deus lhes
conceda sempre a Sua confiança divina e que a Sua luz os abençoe.”
Por estas e outras mil razões nosso
espírito de gratidão volta novamente o seu olhar sobre a figura insuperável de
Chico Xavier, endereçando-lhe as mais sinceras homenagens pelo muito que nos
legou na Seara do Cristo redivivo pelo Espiritismo. Sem dúvida que seu vulto,
cheio de imortalidade e glória continua no mais além no mesmo serviço de
redenção humana que o tem ocupado desde os primórdios do Cristianismo na face
terrestre. Aliás, por oportuno, e falando dos grandes vultos cristãos, não é
sem razão que vamos encontrar um deles, o espírito de Tiago, irmão de João
Evangelista, comunicar-se em sessão pública de homenagem ao codificador do
Espiritismo, realizada no dia 3 de Outubro de 1921, na sede da Federação
Espírita Brasileira no Rio de Janeiro, precisamente 2 anos depois de
comunicação análoga do espírito de Santo Agostinho, publicada no Reformador de
16 de Outubro de 1921. Nesta inequívoca mensagem espiritual o enviado celeste
não deixa margem para dúvidas, o codificador da Doutrina dos Espíritos, Allan
Kardec, já havia voltado aos liames da carne pela reencarnação para dar
prosseguimento à sua augusta missão de esclarecer e consolar a humanidade
inteira. Vejamos na íntegra a importantíssima comunicação espiritual em tela:
“Paz convosco, amados irmãos meus, É
grande o meu prazer de estar convosco neste momento, por ver o interesse que
tomais em recordar as coisas santas, porque é santa a obra do Espiritismo.
Procurai edificar-vos relembrando os fatos passados com aquele que foi o
Codificador da doutrina espírita; sois gratos a esse espírito trabalhador, que
baixou no cumprimento de uma nobre missão. Sabei, no entanto, filhos meus, que
a principal virtude desse espírito foi a de não falir na missão que aqui o
trouxe, pois muitos outros têm baixado à terra no cumprimento de um dever,
dever que, como não ignorais, é sempre sagrado e têm falido. Quantos tem falido
ao cumprimento desse dever! Ninguém jamais baixou a este mundo sem um motivo
para isso. Esta não é a vossa pátria verdadeira. Por aqui passais e repassais
grande número de vezes e, todavia, esta não é a vossa pátria. Aqui vindes por
diferentes motivos, aqui vos trazem as provações, compromissos tomados no Além
para o desempenho de tarefas, muitas vezes sublimes. Mas, quantas vezes, ao
baixardes a este mundo, da vossa memória se varrem as recordações do dever a
cumprir e caminhais por estrada bem diversa da que deveis percorrer. Quantos
amaldiçoam as provações, as dores e os sofrimentos, que, no seio do infinito,
tomaram o compromisso solene que suportariam com paciência e resignação! Deus a
ninguém faz sofrer em vão; ninguém sofre dor física ou moral, ninguém é
acicatado no corpo ou no espírito por acaso. Há motivo para isso e grave
motivo. Ao deixardes essa vida temporal, transpondo os umbrais da eternidade,
sabereis o por que desses sofrimentos, pois a memória vos será avivada, o
passado se desdobrará diante dos vossos olhos e podereis ver, certamente com
tristeza, que não soubestes de tais provações tirar o proveito necessário ao
vosso progresso espiritual. Há,
entretanto, espíritos de escol, almas de têmpera rija, dispostos ao serviço do
seu Deus, que, tomando altos compromissos no Além, descem à Terra em missão e
conservam a noção clara do dever que tem a cumprir e que consideram sagrado,
porque de fato o é, sem vacilações, dão conta, jubilosos, do desempenho de sua
tarefa. Para as muitas provações, os muitos tormentos e as muitas dores, que os
vão assaltando, eles encontram em si lenitivo na certeza que tem da necessidade
do bom desempenho da sua missão e isto é o bastante para lhes dar alegria.
Allan Kardec não entrou em dúvida sobre o que lhe foi prescrito a respeito da sua
missão, não viu nela utopia, não se encheu de vanglória, não se supôs criatura
diferente de todas as outras. Como servo humilde de seu Senhor, dispôs-se a
executar as ordens recebidas, fiel ao cumprimento dos seus deveres.
Considerando a obra que o Senhor lhe confiara e de que não se achava digno,
humilde e com fervor, no recôndito de sua alma, no íntimo da sua consciência,
elevando o seu coração a Deus, dizia: Senhor, dá forças ao teu servo para que
ele possa cumprir a tarefa de que o encarregaste; dá-me alento e coragem, para
que possa carregar dignamente o fardo que trago sobre os ombros. Pois bem, meus
filhos, é este exemplo que todos vós deveis imitar. Se a todos não cabe missão tão
sublime, todavia a cada um de vós Deus tem confiado um dever e de todos vós
espera alguma coisa. Este edifício do Espiritismo Cristão vós o tendes de
edificar pedra por pedra. Aquele sobre cujos ombros pese esse encargo que o
faça leve, dando desempenho a tão grandiosa missão com humildade e com amor. Pois bem, meus amigos, esse
espírito cujo advento rememorais não
está mais no seio da imortalidade, já se encontra de novo nesta oficina de
trabalho. Ele ora e
espera levar avante a sua obra. Kardec trabalha e trabalha com atividade e do alto do espaço baixam as bênçãos para fortalecê-lo e
ampará-lo na continuação de
sua tarefa. Auxiliai-o
vós também na sua grande obra, ajudai-o na sua excelsa missão. De que forma?
Orando, pedindo a Deus a sua bênção para aquele que novamente trabalha na
oficina santa, elevando as vossas almas até o trono do Criador, suplicando as
graças do Senhor para que ele, sem falir, possa levar a cabo a sua pesadíssima
missão. Bendito seja Deus
que abençoará o seu servo e glória a Nosso Senhor Jesus Cristo que amparará a
mísera criatura, para que lhe não faltem as forças necessárias. Deus os abençoe na intenção que
tendes de praticar os ensinos do Cristo, pois desta forma é que o Espiritismo
cristão progredirá nas almas. A bênção do Senhor seja com todos vós. Tiago
Esta descrição profética de Tiago
Boanerges, espírito de escol das primevas eras cristãs, dada na sede da FEB em
1921, se encaixa como uma luva na vida e na obra que “a posteriori” se
consubstanciaria naquela de Francisco Cândido Xavier, carinhosamente lembrado
por todos como Chico Xavier, aquele mesmo fenômeno humano e mediúnico, que por
tanto renunciar a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir ao Cristo Jesus, numa
promoção do SBT que durou meses, acabou sendo eleito pelos brasileiros na
memorável noite de 3 de Outubro de 2012, aniversário de Kardec, como o Maior
Brasileiro da História.
Encerrando essas anotações em
reconhecimento profundo a Chico Xavier, transcreveremos a seguir o testemunho
de grande amiga de Chico, ainda hoje residente na cidade do Rio de Janeiro,
nossa querida companheira do Ideal Espírita, Dona Terezinha de Castro,
trabalhadora do Centro Espírita Seara de Amor e Luz da capital carioca, que por
obséquio de nossa amiga comum Elisa Naufel gravou um belo depoimento em viva
voz sobre o Chico que levamos ao ar num dos podcasts da série “Recordando Chico
Xavier” do Portal Saber Espiritismo (www.saberespiritismo.com),
do qual extraímos este trecho que fecha as nossas considerações :
“Lá na Comunhão Espírita Cristã, naquela
salinha logo que se entrava onde se passava entre aqueles dois grandes troncos.
Aqueles troncos imensos que o Chico havia ganhado e que ele botou de um lado e
do outro, e um dia nos disse que o nome deles era o dever e a disciplina, e que
todo dia ele passava por ali consciente da necessidade do dever e da disciplina
nas nossas vidas. Ele estava mexendo num arquivo que ele tinha ali e eu estava
com ele. Estávamos somente nós dois, e ele procurando alguma coisa, enquanto eu
me lembrei que tinha acabado de reler “Obras Póstumas” de Kardec e ai eu virei
para ele e disse-lhe: _
“Chico, você é Kardec! Eu acabei de ler o “Minha Volta” de Kardec no “Obras
Póstumas”. Não pode ser coincidência, coincidência demais! Isso não pode ser
coincidência! Ele com aquele riso, a cabeça inclinada,
aquele modo de olhar tão peculiar dele, me deu a seguinte resposta: _ “Teresinha, os espíritos me dizem
isso, mas eu não acredito”. A sua
modéstia infinita, a sua bondade, a sua ternura, eu olhei para ele e me comovi
profundamente e não comentamos mais o assunto. Então eu não posso duvidar em
hipótese alguma, pelo que o Chico fez na vida, pela sua postura ética, pela sua
moral que transcende a todos os padrões da dignidade, decência e amor
conhecidos, de que ele seja realmente o codificador reencarnado aqui para que
se cumpra o destino no Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho. Tenho
certeza absoluta de que num gesto de profundo amor esse espírito veio à terra
para nos legar uma quantidade de ensinamentos e de exemplos, porque o Chico não
só exemplificou, ele vivenciou a cada dia a ternura, o amor, a bondade, a
simplicidade, principalmente a simplicidade com seus exemplos de vida e marcou
a todos aqueles que tiveram a felicidade de conhecê-lo”.
Presidente da Fundação Cultural Chico
Xavier, da Casa de Chico Xavier de Pedro Leopoldo e da Vinha De Luz
Editora em 8 de Julho
de 2016 no 89º aniversário da primeira psicografia de Francisco Cândido Xavier
nesta sua cidade natal de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, Brasil.
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