Semana passada assisti na TV a um documentário espantoso, noticiando sobre a
adolescência e a juventude de “ex-misses mirins”. Muitas delas foram forçadas
pelos pais a participar desses concursos peculiares. A maioria das crianças da
reportagem se transforma em pessoas com dramas psiquiátricos profundos, e
algumas mergulham nos subterrâneos das drogas e do meretrício. No remate do
documentário, informa que ao início dos problemas pessoais dessas crianças, na
fase pré-adolescente, a maioria dos pais abandona as filhas ao “deus-dará”, na
vida mundana.

Infelizmente, o mundo ingênuo da criança vem sendo
explorado pela fúria predadora da sensualidade desorientada, envilecendo a
inocência e dignidade infantis. Como se não bastasse “o caso Thylane”, há
outras situações polêmicas na contenda, a exemplo dos cursos de pole dancing
(2) para crianças, na cidade do México, e dança “funk carioca”, no estado do
Rio de Janeiro. Muitas meninas (crianças e adolescentes) têm aderido ao
“sexting” (3), postando fotos sensuais na internet. São meninas e meninos que
exploram os espaços virtuais nos sites de relacionamento.
Cada vez mais cedo, e com maior magnitude, as
excitações da criança e do adolescente germinam adicionadas pelos diversos e
desencontrados apelos das revistas libertinas, da mídia eletrônica, das drogas,
do consumismo impulsivo, do mau gosto comportamental, da banalidade exibida e
outras tantas extravagâncias, como espelhos claros de pais que vivem
alucinados, desatualizados, isolados em seus quefazeres diários e que não podem
demorar-se à frente da educação dos próprios filhos.
Compete observar que a aberração entre os menores
tem aumentado e nem sempre tem conotação econômica, arredando substancialmente
a tese das condições subumanas a que são jugulados os jovens, principalmente nas
grandes cidades, e que os desviariam para o crime. Ressalte-se que o número de
adolescentes infratores egressos da classe A (alta) e B (média) tem aumentado,
no mundo inteiro.
A infância é, sem dúvida, o período fértil para a
absorção de valores os mais variados. O relacionamento entre pais e filhos deve
ser embasado no amor, capaz de suprir as deficiências de ambos. Nossa
responsabilidade na condição de pais, educadores e participantes da comunidade,
de maneira geral, deve ser voltada ao bom emprego dessa facilidade de
assimilação, para a edificação de um mundo menos violento.
A criança é o amanhã, sabemos disso. E, “com
exceção dos Espíritos missionários, os homens de agora serão as crianças de
amanhã, no processo reencarnacionista (4)”. A demanda de redenção dos novos
tempos que chegam há de principiar na alma da infância, se não quisermos
divagar nos cipoais teóricos da fantasia exacerbada. Precisamos perceber no
coração infantil o esboço da geração próxima, procurando ampará-lo em todas as
direções, pois “a orientação da infância é a profilaxia do futuro (5)”. Por
questão de prudência cristã, não podemos permitir “que as crianças participem
de reuniões ou festas que lhes conspurquem os sentimentos em nenhuma
oportunidade, porque a criança sofre de maneira profunda a influência do meio
(6)”.
Estejamos atentos à verdade de que educar não se
resume apenas a providências de abrigo e alimentação do corpo perecível. A
educação, por definição, constitui-se na base da formação de uma sociedade
saudável. A tarefa que nos cumpre realizar é a da educação das crianças pelo
exemplo de total dignificação moral sob as bênçãos de Deus. Nesse sentido, os
postulados Espíritas são antídotos contra todos os venenosos ardis humanos,
posto que aqueles que os conhecem têm consciência de que não poderão se eximir
das suas responsabilidades sociais, sabendo que o futuro é uma decorrência do
presente. Destarte, é urgente identificarmos no coração infantil o esboço da
futura geração saudável.
O Espiritismo propõe a renovação social, porém é
importante a maturidade da Humanidade a fim de bancar essa renovação como um
objetivo a ser alcançado. Através da sua força moralizadora, das suas
convergências progressistas, da intensidade de suas lições, pela multiplicidade
dos temas que abarca a Doutrina dos Espíritos é e sempre será a mais categórica
de todos os princípios doutrinários, a fim de impulsionar o movimento da
regeneração definitiva do homem na Terra.
Referências bibliográficas:
(1) Hessen, Jorge. Artigo Educação espírita:
Arcabouço da futura geração saudável, disponível em
http://aluznamente.com.br/educacao-espirita-
arcabouco-da-futura-geracao-saudavel/ acessado em 17/05/2013;
(2) Pole dance tem suas raízes na dança
exótica, strip-tease e burlesco que têm elementos de apelo sexual e subversão;
(3) Refere-se a envio e divulgação de conteúdos
eróticos, sensuais e sexuais com imagens pessoais pela internet utilizando-se
de qualquer meio eletrônico, como câmeras fotográficas digitais, webcams, e
smartphones;
(4) Xavier, Francisco Cândido. Coletânea do Além,
ditado por Espíritos Diversos, São Paulo: FEESP, 1945, Cap. A Criança e o
Futuro, pelo Espírito Emmanuel;
(5) Vieira, Waldo. Conduta Espírita, ditado pelo
Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 1997, Cap. 21- Perante a Criança;
(6) Idem.
JORGE HESSEN
jorge.hessen@yahoo.com.br
Brasília, DF (Brasil)
jorge.hessen@yahoo.com.br
Brasília, DF (Brasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário