PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

quinta-feira, novembro 08, 2012

Perigo das Religiões Primitivas - 1ª Parte

J. Herculano Pires
Livro: Ciência Espírita e suas Implicações Terapêuticas

Perigo das Religiões Primitivas   -   1ª   P  A  R  T  E
As práticas do Sincretismo Religioso Afro-Brasileiro correspondem à mentalidade primitiva dos povos selvagens, mentalidade que Durkha em considerou como pré-lógica, anterior ao desenvolvimento da razão propriamente lógica, ou seja, não só discriminadora,mas também organizadora e classificadora da experiência natural do mundo. Essa mentalidade mítica, idólatra, nascida da experiência empírica não controlada pelos processos racionais, é determinada por impressões de uma realidade fantástica.  É dela que surgem as visões deformadoras das coisas e dos seres.  É dessa mentalidade que surgem as mitologias grotescas dos deuses indianos de muitos braços e pernas, a magia dos ritos e cerimônias até hoje residuais nas práticas religiosas da nossa cultura lógica.  A mentalidade teológica e politeísta, que sucede à pré-lógica, é essencialmente sensorial e impressionista, gerando a concepção fantasiosa de um mundo de mistérios  superstições que caracterizam as civilizações agrárias e pastoris. Entre esse mundo e o nosso temos a distância  entre a selva e a civilização, entre a imaginação e a realidade. O Sincretismo superpõe esses mundos contraditórios, misturando à força mundividências discrepantes e gerando desequilíbrios perigosos no comportamento do homem civilizado.  A convivência bastarda dessas duas mundividências ou concepções do mundo no plano sócio-cultural perturba o desenvolvimento da civilização e deforma o comportamento do homem racional.  A razão é esmagada sob as patas do instinto, dando motivo aos surtos de bestialidade que rompem brutalmente o equilíbrio racional do homem e das coletividades, no pandemônio do arbítrio,  da violência e das eclosões do sexualismo desvairado e criminoso das multidões místicas e delinquentes de Ortega e Gasset.  A recente tragédia da seita Templo do Povo, de São Francisco da Califórnia, nas selvas da Guiana Inglesa, com o suicídio coletivo de mais de novecentas pessoas e a morte de mais de cem crianças, serve de exemplo recente das conseqüências desses desajustes. Nas vésperas do natal tivemos a repetição da matança dos inocentes em Belém de Judá, como advertência à nossa incúria.  As tragédias deste século, incluindo as duas Conflagrações Mundiais, o desencadeamento do terror nazi-fascista, o domínio dos instintos selvagens nas nações africanas, a figura tragicômica de Idi Amim em Uganda, os bombardeios atômicos no Japão, a ameaça da bomba de nêutrons, o impacto da pornografia européia, a devassidão homossexual nas cúpulas governamentais  de países altamente civilizados, como a Inglaterra, a explosão ridícula das teologias da Morte de Deus (imitando a Morte de Pan no mundo mitológico), a eclosão arrasadora da toxicomania e assim por diante, têm sua origem nos desajustes de uma civilização em conflito com suas raízes selvagens.  O Espiritismo surgiu, em meados do século passado, como um socorro espiritual a essa civilização, firmando o princípio da Razão sobre os resíduos mágicos do irracionalismo religioso dogmático, para reorientar a Civilização Cristã, mas o mundo preferiu a volta ao paganismo, na sua mais deslavada expressão.    
Nos países em que a mensagem espírita penetrou mais amplamente, como os latino-americanos, as raízes amargas da barbárie tentaram e tentam deformá-lo com os tóxicos do misticismo selvagem.
Nossa luta tem de se desenvolver no sentido de mostrar ao povo os perigos dessa infiltração de bárbaros no Império da Cultura.  Todo espírita que se entrega às fascinações bastardas das religiões selvagens é um traidor da Civilização Cristã, desde o seu início atacada sem cessar pelos vândalos inconscientes. Não podemos combater as práticas sincréticas em si mesmas, pois elas correspondem à incultura da maioria, apegada ainda à placenta selvagem, mas podemos e temos de lutar pelo esclarecimento doutrinário, afastando dos terreiros de macumba os que julgam encontrar ali formas mais eficazes, porque mais fortes, de manifestações mediúnicas, como se o poder do espírito dependesse dos precários poderes da matéria. As criaturas arrastadas pela fascinação das práticas selvagens revelam sua sintonia com o passado bárbaro e sua incapacidade para ajustar-se à Civilização. Mas essa incapacidade é motivada pela incultura geral, pois todas as criaturas encarnadas nesta fase de transição evolutiva do planeta têm condições para superar a barbárie e integrar-se no meio civilizado.                                                            
Todo esforço deve ser feito pelos espíritas para manterem a integridade da Doutrina Espírita nesta fase crucial da nossa evolução.   Estamos na hora da escolha: ou ficaremos no passado, apegados ao materialismo dos rituais, dos mitos e da voracidade carnal, ou buscaremos o espírito e o seu poder na espiritualidade pura que o Espiritismo nos oferece. Procuremos compreender claramente esse problema.  Temos um exemplo histórico, em nossa própria história, da impossibilidade de mistura de graus evolutivos diferentes.  Todo o esforço de catequese cristã dos jesuítas em nosso país fracassou por completo, ante o desnível cultural existente entre os padres, de um lado, e os indígenas e negros do outro lado.  O livro do Padre Nóbrega, A Catequese do Gentio, constitui uma confissão dolorosa do fracasso dessa catequese. Nem mesmo os esforços de Anchieta com suas peças teatrais e sua dedicação aos índios conseguiu superar as dificuldades do desnível cultural.                                                                                  
Ele mesmo admitiu, com Nóbrega, que só a força e a violência poderiam sujeitar o gentio ao Cristo, o que negava a própria essência do Cristianismo.  Nos grupos sociais, que englobam clãs e famílias, as heranças individuais, as tradições, aspirações e instintos, bem como as características raciais em mistura formam o ser coletivo da visão spenceriana, com seu psiquismo e mentalidade coletivos.  Essas pequenas estruturas fundem-se no ser maior e mais complexo das sociedades, que a lei de inércia consolida. A dinâmica interna dessas estruturas gera o clima mental e emocional de um novo processo cultural, de uma nova cultura.  As tendências gregárias reforçam o instinto de conservação e toda interferência discrepante gera reações de defesa do status quo Numa civilização que já atingiu a sua maturidade possível e luta para superar-se, o repúdio ao retrocesso histórico-cultural torna-se uma constante irredutível, na busca da transcendência. Indivíduos e grupos que se oponham a essa tendência formam quistos negativos que resistem às forças evolutivas e desencadeiam atritos e conflitos. O isolamento desses quistos em si mesmos não os torna marginais mas os transforma em focos de oposição interna. Esses focos tendem a negar as conquistas evolutivas da estrutura geral e levam a situações conflitivas e a explosões de desespero.  Palmares, Canudos, entre nós, a minoria basca na Espanha, o IRA na Irlanda são exemplos desse processo.


Um comentário:

Valdomiro Halvei Barcellos disse...

RE: Perigo das Religiões Primitivas

Eli Sant'Anna Cruz
10 nov (2 dias atrás)
para mim

Me pareceu que faltou clareza, lógica e coerência nesse texto.
Clareza porque a palavra sincretismo generaliza e dá margem a uma série de possibilidades que vão desde o mais rudimentar e baixo catimbó até as formas mais elevadas onde equivocadamente, ou por ignorância ou por arrogância cultural, incluem a Umbanda Exotérica, Branca, ou a Umbanda Verdadeira, que nada tem a ver com as crenças africanistas já que nasceu no Brasil no dia 15 de Novembro de 1908 e é genuinamente Brasileira.
Lógica porque o texto condena a falta de racionalismo e defende com intransigência o avanço intelectual das teologias das religiões tradicionais quando a própria Doutrina Espírita nos ensina que a evolução vem tanto pela via do intelecto  (razão) quanto pela do coração (sentimento e principalmente humildade).
Por fim coerência porque todos os crimes de lesa humanidade que foram citados (como as Guerras Mundiais principalmente) foram praticados por pessoas e nações que vivem até hoje sob o império das religiões modernas calcadas em teologias que desconhecem e desconsideram o fenômeno da reencarnação e essas seitas citadas são frutos da desilusão que as pessoas tiveram com as religiões ditas intelectualizadas, mas que não mostram nada de lógico capaz de convencer os fiéis que acabaram buscando por conta própria outros caminhos e infelizmente perderam o rumo, mas vejo essa gente como vítimas dessas religiões modernas de teologias calcadas num intelectualismo vazio que não convence ninguém e acabam empurrando as pessoas para essas seitas.
Um grande abraço
Até.