PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

quinta-feira, dezembro 27, 2007

INICIAÇÃO A DOUTRINA ESPIRITA

INTRODUÇÃO
Apresentamos conhecimentos básicos da Doutrina Espírita, cujo objetivo profundo visa à reforma moral dos candidatos, através do contato direto com a Verdade, consubstanciada no Evangelho que Jesus nos exemplificou e que a Luz da Doutrina Espírita readquire a sua pureza e cristalinidades originais. Somente através da evangelização do indivíduo, da sua reforma moral que conduz a uma progressiva espiritualização e, conseqüentemente, à atrofia do egoísmo, é que conseguiremos transformar a sociedade, tornando-a mais justa, mais fraterna, mais igualitária em termos de oportunidades de ascensão para todos. É somente através da espiritualização individual que conquistaremos a Paz Social e, conseqüentemente, o progresso e a prosperidade infinitos. O Espiritismo, como “O Consolador” prometido por Jesus, é a chave para esta imprescindível e impostergável transformação social; sob o seu pálio se fará de forma branda e pacífica. Acima de tudo estará presidindo a todas as transformações o Amor que Jesus pregou e exemplificou, Ele que afirmou e demonstrou ser O Caminho a Verdade e a Vida.
"A finalidade da alma é o desenvolvimento de todas as faculdades a ela inerentes. Para consegui-lo, ela é obrigada encarnar grande número de vezes, na Terra, a fim de acendrar suas faculdades morais e intelectuais, enquanto aprende a senhorear e governar a matéria. É mediante uma evolução ininterrupta, a partir das formas de vida mais rudimentares, até à condição humana, que o princípio pensante conquista lentamente, a sua individualidade. Chegado a esse estágio, cumpre-lhe fazer eclodir a sua espiritualidade, dominando os instintos remanescentes da sua passagem pelas formas inferiores, a fim de elevar-se, na série das transformações, para destinos sempre mais altos." (GABRIEL DELANNE; EVOLUÇÃO ANÍMICA, INTRODUÇÃO, PG16).
Nessa caminhada evolutiva: "Por bem largo tempo, os homens se têm estraçalhado e anatematizado mutuamente em nome de um Deus de paz e misericórdia, ofendendo-o como semelhante sacrilégio". Filosofias, Doutrinas, Seitas vêm fazendo a partilha do mundo. Entretanto julgai-as pelas suas obras e pelos seus princípios": e constatem se aconselham ou legitimam o assassínio e a violência; estimulam os ódios dos partidos; a sede das riquezas e das honras; a avidez dos bens da Terra; ou, a Bondade, a Conduta Humanitária e a Benevolência para com todos. Quais, pois, os que seguem a estrada que Jesus indicou para chegar até Ele e que são os seus prediletos!?

CONSELHO AOS INICIANTES

O conhecimento da ciência espírita se baseia em uma convicção moral e uma convicção material. A primeira se adquire pelo raciocínio e a segunda pela observação dos fatos. Para aquele que inicia o aprendizado da doutrina, seria lógico, em primeiro lugar ver, e raciocinar em segundo. Infelizmente nem sempre pode ser assim. Seria impossível fazer-se um curso de espiritismo, como se faz um curso de Química ou Física. Os fenômenos que são da alçada dessas ciências podem ser reproduzidos à vontade; pode-se, pois, fazê-los passar, gradualmente, diante dos olhos do aluno, partindo do mais simples para o mais complexo. O mesmo não se dá com os fenômenos espíritas: não os manejamos como uma máquina elétrica. É preciso tomá-los como se apresentam, pois não depende de nós determinarmos-lhes uma ordem metódica. Daí resulta que muitas vezes, eles são ou ininteligíveis ou pouco concludentes para os principiantes. Podem causar admiração sem convencer. Pode-se evitar esse inconveniente, seguindo uma marcha contrária isto é, começando pela teoria, e esse é o processo que aconselhamos a toda a pessoa que deseja honestamente se esclarecer. Pelo estudo dos princípios da ciência, princípios perfeitamente compreensíveis mesmo sem a experimentação prática, adquirem-se uma convicção moral inicial que não necessita mais do que ser corroborada pelos fatos. Ora, como nesse estudo preliminar todos os fatos foram passados em revista e comentados, resulta disto que quando os vemos, os compreendemos qualquer que seja a ordem na quais as circunstâncias permitem observá-los. Uma leitura atenta no Pentateuco Kardeciano será, pois, uma primeira iniciação que permitirá analisar os fatos ou fornecerá os meios de provocá-los com conhecimento de causa, se nada se opuser, e isso sem nos perdermos nos ensaios que podem resultar infrutuosos por não serem dirigidos nos limites do possível. Enfim, no Livro dos Espíritos, observa-se o próprio ensino dos Espíritos sobre as questões de Metafísica e de Moral que se relacionam com a Doutrina Espírita.

DEUS

EXISTÊNCIA DE DEUS
Sendo Deus a causa primária de todas as coisas, a origem de tudo o que existe, a base sobre que repousa o edifício da criação, é também o ponto que importa consideremos antes de tudo.
Constitui princípio elementar que pelos seus efeitos é que se julga de uma causa, mesmo quando ela se conserve oculta.
Outro princípio igualmente elementar e que, de tão verdadeiro, passou a axioma é o de que todo efeito inteligente tem de decorrer de uma causa inteligente.
... Quando se contempla uma obra prima da arte ou da indústria, diz-se que há de te-la produzido um homem de gênio, porque só uma alta inteligência poderia concebê-la. Reconhece-se, no entanto que ela é obra de um homem, por se verificar que não esta acima da capacidade humana; mas, a ninguém acudirá a idéia de dizer que saiu do cérebro de um idiota ou de um ignorante, nem, ainda menos, que é trabalho dede um animal, ou produto do acaso.
Pois bem! Lançando o olhar em torno de si, sobre as obras da natureza, notando a providência, a sabedoria, a harmonia que presidem a essas obras, reconhece o observador não haver nenhuma que não ultrapasse os limites da mais portentosa inteligência humana. Ora, desde que o homem não as pode produzir, é que elas são produto de uma inteligência superior à Humanidade, a menos se sustente que há efeitos sem causas.
A isto opõem alguns o seguinte raciocínio: As obras ditas da Natureza são produzidas por forças materiais que atuam mecanicamente, em virtude das leis de atração e repulsão; as moléculas dos corpos inertes se agregam e desagregam sob o império dessas leis. As plantas nascem, brotam, crescem e se multiplicam sempre da mesma maneira, cada uma na sua espécie por efeito daquelas mesmas leis; cada individuo se assemelha ao de quem ele proveio; o crescimento, a floração, a frutificação, a coloração se acham subordinados a causas materiais, tais como o calor, a eletricidade, a luz,a umidade, etc. O mesmo se dá com os animais. Os astros se formam pela atração molecular e se movem perpetuamente em suas órbitas por efeito da gravitação. Essa regularidade mecânica no emprego das forças naturais não acusa a atuação de qualquer inteligência livre. O homem movimenta o braço como quer e quando quer; aquele, porém que o movimentasse no mesmo sentido desde o nascimento até a sua morte, seria um autômato. Ora, as forças orgânicas da Natureza são puramente automáticas.
Tudo isso é verdade; mas, essas forças são efeitos que hão de ter uma causa e ninguém pretende que elas constituam a Divindade. Elas são materiais e mecânicas; não são em si mesmas inteligentes, também isto é verdade; mas são postas em ações, distribuídas, apropriadas às necessidades de cada coisa por uma inteligência que não é a dos homens. A aplicação útil dessas forças é um efeito inteligente, que denota uma causa inteligente. Um pêndulo se move com automática regularidade e é nessa regularidade que lhe está o mérito. É toda material a força que o faz mover-se e nada tem de inteligente. Mas, que seria esse pêndulo, se uma inteligência não houvesse combinado calculado, distribuído o emprego daquela força, para fazê-lo andar com precisão? Do fato de não estar a inteligência no mecanismo do pêndulo e do de que ninguém a vê, seria racional deduzir-se que ela não existe? Apreciamo-la pelos seus efeitos.
A existência do relógio atesta a existência do relojoeiro; a engenhosidade do mecanismo lhe atesta a inteligência e o saber. Quando um relógio vos dá, no momento preciso, a indicação de que necessitais já vos terá vindo à mente dizer: aí está um relógio bem inteligente?
Outro tanto ocorre com o mecanismo do Universo: Deus não se mostra, mas se revela pelas suas obras.
A existência de Deus é, pois, uma realidade comprovada não só pela revelação, como pela evidência material dos fatos. Os povos selvagens nenhuma revelação tiveram; entretanto, crêem instintivamente na existência de um poder sobre humano. Eles vêm coisas que estão acima das possibilidades do homem deduzem que essas coisas provêm de um ente superior à Humanidade. Não demonstram raciocinar com mais lógica do que os que pretendem que tais coisas se fizeram a si mesmas?
DA NATUREZA DIVINA
Não é dado ao homem sondar a natureza íntima de Deus. Para compreendê-lo, ainda nos falta o sentido próprio que só se adquire por meio da completa depuração do Espírito. Mas, se não pode penetrar na essência de Deus, o homem, desde que aceite como premissa a sua existência, pode, pelo raciocínio, chegar a conhecer-lhe os atributos necessários, porquanto, vendo o que ele absolutamente não pode ser, sem deixar de ser Deus, deduz daí o que ele deve ser.
Sem o conhecimento dos atributos de Deus, impossível seria compreender-se a obra da criação. Esse o ponto de partida de todas as crenças religiosas e é por não se terem reportado a isso, como ao farol capaz de orientá-las, que a maioria das religiões errou em seus dogmas. As que não atribuíram a Deus a onipotência imaginaram muitos deuses; as que não lhe atribuíram soberana bondade fizeram dele um deus ocioso, colérico, parcial e vingativo.
O fato de ser infinita uma qualidade, exclui a possibilidade de uma contrária, porque esta a apoucaria ou anularia. Um ser infinitamente bom não poderia conter a mais insignificante parcela de malignidade, nem o ser infinitamente mau conter a mais insignificante parcela de bondade, do mesmo modo que um objeto não pode ser de um negro absoluto, com a mais ligeira nuança de branco e vice e versa.
Deus, pois, não poderia ser simultaneamente bom e mau, porque , então, não possuindo qualquer dessas duas qualidades no grau supremo, não poderia ser Deus; todas as coisas estariam sujeitas ao seu capricho e para nenhuma haveria estabilidade. Não poderia ele, por conseguinte, deixar de ser ou infinitamente bom ou infinitamente mau. Ora, como suas obras dão testemunho de sua sabedoria, da sua bondade e da sua solicitude, concluir-se-á que, não podendo ser ao mesmo tempo bom e mau sem deixar de ser Deus, ele necessariamente tem de ser infinitamente bom.
A soberana bondade implica a soberana justiça porquanto, se ele procedesse injustamente ou com parcialidade numa só circunstância que fosse, ou com relação a uma só de suas atribuições, já não seria soberanamente justo e, em conseqüência, já não seria soberanamente bom.
Deus é infinitamente perfeito. É impossível conceber-se Deus sem o infinito das perfeições, sem o que não seria Deus, pois sempre se poderia conceber um ser que possuísse o que lhe faltasse. Para que nenhum ser possa ultrapassá-lo, faz-se mister que ele seja infinito em tudo.
Sendo infinitos, os atributos de Deus não são suscetíveis nem de aumento, nem de diminuição, visto que do contrário não seriam infinitos e Deus não seria perfeito. Se lhe tirassem a qualquer dos atributos a mais mínima parcela, já não haveria Deus, pois que poderia existir um ser mais perfeito.
Deus é, pois, a inteligência suprema e soberana, é único, imutável, imaterial, onipresente, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições, não pode ser diverso disso.
Tal o eixo sobre que repousa o edifício universal. Esse o farol cujos raios se estendem por sobre o Universo inteiro, única luz capaz de guiar o homem na pesquisa da verdade. Orientando-se por essa luz, ele nunca se transviará. Se, portanto, o homem há errado tantas vezes, é unicamente por não ter seguido o roteiro que lhe estava indicado.
Tal também o critério infalível de todas as doutrinas filosóficas e religiosas. Para apreciá-las, dispõe o homem de uma medida rigorosamente exata nos atributos de Deus e pode afirmar a si mesmo que toda a teoria, todo o princípio, todo o dogma, toda a crença, toda a prática que estiver em contradição com um só que seja desses atributos, que tenda não tanto anulá-lo, mas simplesmente a diminuí-lo, não pode estar com a verdade.
Em filosofia, em psicologia, em moral, em religião, só há de verdadeiro o que não se afaste, nem um til, das qualidades essenciais da Divindade. A religião perfeita será aquela de cujos artigos de fé nenhum estejam em oposição àquelas qualidades; aquela cujos dogmas todos suportem a prova dessa verificação sem nada sofrerem.

ANTECEDENTES DA DOUTRINA ESPÍRITA

As crenças na imortalidade da alma e nas comunicações entre os vivos e os mortos eram gerais entre os povos da antiguidade.
Os anais de todas as nações mostram que, desde épocas remotíssimas da história, a evocação dos Espíritos era praticada por certos homens que tinham feito disso uma especialidade.
O mais antigo código religioso que se conhece, os Vedas, aparecido milhares de anos antes de Jesus Cristo, afirma a existência dos Espíritos. Eis como o grande legislador Manu se exprime a respeito: “Os espíritos dos antepassados, no estado invisível, acompanham certos brâmanes, convidados para as cerimônias em comemoração dos mortos, sob a forma aérea. Seguem-nos e tomam lugar ao seu lado quando eles se assentam.”
Desde de tempos imemoriais, os sacerdotes iniciados nos mistérios preparam indivíduos chamados faquires para a evocação dos espíritos e para a obtenção dos mais notáveis fenômenos de magnetismo. Louis Jacolliot, em sua obra “Le Espiritisme dans le monde” expõe amplamente a teoria dos hindus sobre Pitris, isto é, espíritos que vivem no espaço (errantes) depois da morte do corpo físico. Resultam das investigações deste autor que o segredo da evocação era reservado àqueles que tivessem quarenta anos de iniciação e obediência passiva.
Na China, desde tempos imemoriais, pratica-se a evocação dos espíritos dos avoengos. O missionário Huc refere-se à grande número de experiências, cujo fim era a comunicação dos vivos com os mortos, sendo que ainda hoje essas práticas estão em uso em todas as classes sociais.
Com o tempo e em conseqüência das guerras que forçaram grande parte da população hindu a emigrar, o segredo das evocações espalhou-se em toda a Ásia, encontrando-se ainda entre os egípcios e entre os hebreus a tradição que originou-se na Índia.
Historiadores estão de acordo em atribuir aos sacerdotes do antigo Egito poderes que pareciam sobrenaturais e misteriosos. Há referências na Bíblia a fatos dessa ordem. Um dado que confirma a prática da evocação dos mortos está na proibição formal que Moisés impôs aos hebreus para que não se entregassem a essa prática, herdada dos “egípcios: Que entre nós ninguém use de sortilégio e de encantamentos, nem interrogue os mortos para saber a verdade.” (Deuteronômio).
A despeito dessa proibição, vemos Saul ir consultar a pitonisa de Endor e, por seu intermédio, comunicar-se com a sombra de Samuel. Houve no caso o que em nossos dias denomina-se materialização.
Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Todos os templos dispunham de mulheres chamadas pitonisas encarregadas de proferir oráculos, evocando os deuses. Ocorria, às vezes, do próprio consulente querer ver e falar diretamente à sombra evocada e, tal com na Judéia, conseguia-se pô-lo em comunicação direta com o ser ao qual desejava interrogar. Homero, na Odisséia, descreve, minuciosamente, por meio de que cerimônia Ulisses pode conversar com a sombra do divino Tirésias.
Paulo de Tarso reconhecia, em suas cartas, a prática dessas manifestações entre os primitivos cristãos ao recomendar : “Segui o amor e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis.” “Não apagueis o espírito; não desprezeis profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom.” O apóstolo João referia-se também à procedência dessas comunicações.
Na Idade Média destaca-se a figura admirável de Joana D´Arc, a grande médium, recusando renegar as vozes espirituais.
Em uma época mais recente é que podemos melhor situar a fase precursora do Espiritismo, a Terceira Revelação no Ocidente, aceito como o Consolador Prometido por Jesus à Humanidade. A diferença entre os fatos desta fase e os fenômenos da antiguidade, como bem acentua Artur Conan Doyle, está em que estes últimos episódios (os da antiguidade) eram esporádicos, ou diríamos melhor, sem uma seqüência metódica, enquanto aqueles (os da terceira revelação) “têm a característica de uma invasão organizada.”
Um dos mais notáveis precursores do espiritismo foi o vidente sueco Emmanuel Swedenborg, engenheiro militar, insigne teólogo, dotado de vastíssimo patrimônio cultural e superdotado de faculdades psíquicas. Desde sua infância teve visões, que continuaram até a sua morte. Mas as suas forças latentes eclodiram com mais intensidade a partir de abril de 1744, em Londres. Desde então, afirma Swedenborg: “...o Senhor abria os olhos de meu espírito para ver, perfeitamente desperto, o que se passava no outro mundo e para conversar em plena consciência com os anjos e espíritos...”
Um outro notável precursor, digno de menção, foi Franz Anton Mesmer, médico, descobridor do magnetismo curador. Em 1775, Mesmer reconhece o poder da cura mediante a imposição das mãos, ou seja, através da fluidoterapia. Acreditava que por nossos corpos transitam fluidos curadores, preparando o caminho para o hipnotismo do Marques de Puységur.
Fatos precursores dignos de registro ocorreram com Andrew Jackson Davis, magnífico sensitivo que viveu entre 1826 e 1910, sendo considerado por Artur Conan Doyle como o profeta da Nova Revelação. Os poderes psíquicos de Davis começaram nos últimos anos da infância, ouvindo vozes de espíritos que lhe davam conselhos, à clarividência seguiu-se a clariaudiencia. “Na tarde de 06 de março de 1884, Davis foi tomado por uma força que o fez voar, em Espírito, da pequena cidade onde residia até as montanhas de Castskill, fazendo uma viagem de cerca de 40 milhas. Swedenborg foi um dos mentores espirituais de A.J.Davis”.

OS FENÔMENOS DE HYDESVILLE

Hydesville era um vilarejo típico do Estado de Nova York, com uma população primitiva, certamente semi-educada, mas, como os demais pequenos centros de vida americanos, mais livres de preconceitos e mais receptivos às novas idéias que qualquer povo da época.
Situada à cerca de quarenta quilômetros da nascente cidade de Rochester, consistia de um grupo de casas de madeira, de aspecto muito humilde. Foi numa dessas simples residências que se iniciou o desenvolvimento daquilo que na opinião de muitos é a coisa mais importante que deu a América para o bem estar do mundo. Era habitados por uma família honesta de fazendeiros, os Fox, de religião metodista. Além do pai e da mãe havia duas filhas morando na casa, ao tempo em que as manifestações atingiram tal ponto de intensidade que atraíram a atenção geral. Eram as filhas Margareth, de 14 anos e Katherine (Kate), de 11 anos.
Foi em 1848 que os misteriosos ruídos registrados pelos antigos inquilinos voltaram a ser ouvidos. Eram sons de arranhaduras que, embora desconhecidos pelos iletrados fazendeiros, tinham ocorrido na Inglaterra em 1661, e em Oppenheim, em 1520.
Manifestavam-se na porta da frente, tal como se alguém do lado de fora tentasse desesperadamente adentrar a porta da casa. Segundo consta (Conan Doyle - “A História do Espiritismo”), até meados de março de 1848 não incomodaram a família Fox, porém, dessa data em diante cresceram continuamente de intensidade. Às vezes eram simples batidas; outras vezes soavam como arrastar de móveis. As meninas ficavam tão alarmadas que se recusavam a dormir separadas dos pais e iam para o seu quarto. Tão vibrantes eram os sons que as camas tremiam e se moviam.
Foi em 31 de março de 1848, com a irrupção de sons altos e continuados que a jovem Kate desafiou a força invisível. Eis o depoimento da Sra. Fox, que consta do livro de Conan Doyle, já citado: “Minha filha menor, Kate, disse batendo palmas: Sr. Pé-de-cabra, faça o que eu faço. Imediatamente seguiu-se o som, com o mesmo número de palmas.” A pequena Kate, em sua ingenuidade, já havia apelidado o comunicante de pé-de-cabra, em decorrência do barulho típico que ele fazia, no seu andar misterioso.
Nessa data memorável, naquele quarto rústico, congregando gente simples do vilarejo, gente ansiosa e expectante, num círculo iluminado por velas, inaugurou-se a linha telegráfica entre os dois planos da vida.
A Sra. Fox perguntou: “Quantos filhos eu tenho?” Sete pancadas foram ouvidas. Mas...ela tinha apenas seis filhos! Contudo, imediatamente se lembrou que tivera um cujo desencarne ocorrera em tenra idade.
A partir dessa data a evolução dos fatos foi muito rápida. Improvisaram um alfabeto através das pancadas (tiptologia), convencionou-se também que uma pancada significaria sim e duas não.
Com o auxílio do alfabeto rudimentar estabeleceu-se uma linha contínua de comunicações. Ele, o comunicante, chamavá-se Charles R. Rosma e fora assassinado naquela casa a cinco anos, com golpes de faca, pelos antigos moradores. Seu corpo foi levado para a adega e ali enterrado a três metros de profundidade. Também fora constatado que o móvel do crime fora o roubo de dinheiro, produto da venda de artigos diversos, já que Rosma era mascate.
No verão de 1848, David Fox, outro filho do casal, auxiliado por Mr. Henry Bush e Mr Lyman Granger, e outros, escavaram a adega. A uma profundidade de um metro e meio encontraram uma tábua; aprofundando a escavação identificaram carvão e cal e, finalmente, cabelos e ossos humanos, testemunhados por um médico que afirmou pertencerem a um esqueleto humano.
Vários artigos foram publicados nos jornais da época, dando ampla difusão ao relatório dos fatos “misteriosos” ocorrido na residência dos Fox.
Com os fenômenos de Hydesville iniciava uma nova fase no tortuoso caminho da civilização: o homem, rendendo-se à evidência dos fatos, começava aceitar um outro plano de vida, invisível, mas nem por isso menos real.
Kate e Margareth foram posteriormente submetidas às mais complexas experiências, sob a direção de sábios pesquisadores europeus, entre eles William Crookes, na Inglaterra. Unanimemente reconheceram as faculdades mediúnicas das irmãs e confirmaram a existência do espírito. (Continua...)

AS MESAS GIRANTES

Até então os Espíritos, na nação americana do norte, só se comunicavam através do processo a que já nos referimos, o qual, além de grosseiro, era muito moroso, trabalhoso e tedioso.
Em fins de 1850 os próprios Espíritos indicaram uma nova maneira de comunicação: bastava simplesmente que se colocassem ao redor de uma mesa, em cima da qual as pessoas poriam as mãos. Levantando em dos seus pés, a mesa daria (enquanto se recitava o alfabeto) uma pancada toda a vez que fossa referida a letra que servisse ao Espírito para formar as palavras. Este processo, ainda que muito lento, produziu resultados excelentes, e assim se chegou às mesas girantes e falantes.
As mesas girantes não se limitavam a levantar-se sobre um pé para responder às perguntas feitas; moviam-se em todos os sentidos, giravam sob os dedos dos pesquisadores elevando-se no ar, às vezes. Entre os anos de 1853 e 1855, os fenômenos das mesas girantes constituíram verdadeiro passatempo, sendo diversão quase obrigatória nas reuniões sociais. A ponto do padre Ventura de Raulica considerar este fenômeno como “o maior acontecimento do século”.
A divulgação dessas experiências e “a seguir a conversão do Juiz americano Mr. Edmond, materialista que rira da crença dos espíritos, pasmaram todos os nortes-americanos, aumentando ainda mais o interesse pelas manifestações inteligentes”.
Paris inteira assistia, atônita e estarrecida, a esse turbilhão feérico de fenômenos imprevistos que, para a maioria, só alucinadas imaginações poderiam criar, mas que a realidade impunha aos mais céticos e frívolos.

A CODIFICAÇÃO ESPÍRITA

ALLAN KARDEC, O PROFESSOR E O CODIFICADOR
Na cidade de Lion, na rua Sala, 76, nasceu no dia 3 de outubro de 1804 aquele que se celebrizaria sob o pseudônimo de Allan Kardec, de tradicional família francesa de magistrados e professores, filho de Jean Baptiste Antoine Rivail e de Jeanne Louise Duhamel. Batizado pelo padre Barthe a 15 de junho de 1805 na igreja de Saint Denis de la Croix-Rousse, recebeu o nome de Hippolyte Leon Denizard Rivail.
Em Lion fez os seus primeiros estudos, seguindo depois para Yverdon, na Suíça, a fim de estudar no Instituto do célebre professor Pestalozzi. O Instituto desse abalizado mestre era um dos mais famosos e respeitados em toda a Europa, reputado como escola modelo, por onde passaram sábios escritores do Velho Continente.
Desde cedo Hippolyte Leon tornou-se um dos mais eminentes discípulos de Pestalozzi, um colaborador inteligente e dedicado, que exerceria, mais tarde, grande influência sobre o ensino da França. Registra a Revista Espírita de maio de 1869, que dotado de notável inteligência e atraído por sua vocação, desde os 14 anos ele ensinava aos condiscípulos menos adiantados tudo o que aprendia.
Concluindo os seus estudos em Iverdon, regressou a Paris, onde tornou-se conceituado Mestre, não só em Letras, como em Ciências, distinguindo-se como notável pedagogo e divulgador do Método Pestalozziano. Conhecia algumas línguas com o italiano, o alemão, etc. Tornou-se membro de várias sociedades científicas.
Encontrando-se no mundo literário de Paris com a Professora Amélie Gabrielle Boudet, pessoa culta, inteligente, autora de diversos livros didáticos, o professor Rivail contrai com ela matrimônio, conquistando uma preciosa colaboradora para a sua futura atuação missionária. Como pedagogo, no primeiro período da sua vida, Rivail publica numerosos livros didáticos. Apresenta, na mesma época, planos e métodos referentes à reforma do ensino francês. Entre as obras publicadas, destacam-se: Curso Teórico e Prático de Aritmética, Gramática Francesa Clássica, Catecismo Gramatical da Língua Francesa, além de programas de cursos ordinários de física, química, astronomia e fisiologia.
Ao término desta longa atividade e experiência pedagógica, o professor Hippolyte estava preparado para outra tarefa - a codificação da Doutrina Espírita.
Começa, então, a missão de Allan Kardec, quando em fins de 1854 ouviu falar, pela primeira vez, nas mesas girantes, através do amigo Senhor Fortier, um pesquisador emérito do magnetismo. A princípio Kardec revelou-se cético, mas não intransigente, face à sua posição de livre pensador, de homem austero, sincero, observador e, inclusive, pesquisador do magnetismo. Exigindo provas, mostrou-se inclinado à observação mais profunda dos ruidosos fatos amplamente divulgados pela imprensa francesa.
Assistindo aos propalados fenômenos na casa da sonâmbula senhora Roger, depois na casa de madame Plainemaison e, finalmente, na casa da família Baudin, recebe muitas mensagens através da mediunidade das jovens Caroline e Julie. Conclui afinal que eram efetivamente manifestações inteligentes, produzidas pelos Espíritos dos homens que deixaram a Terra.
Recebendo depois dos senhores Carlotti, René Taillandier, Tiedeman-Manthése, Sardou, pai e filho, e Didier, editor, “...50 cadernos de comunicações diversas...”, Kardec se dedica àquela ciclópica e desafiadora tarefa da Codificação Espírita, elaborando as obras básicas em função dos ensinamentos fornecidos pelos espíritos, sendo a primeira delas “O Livro dos Espíritos”, publicada em 18 de abril de 1857 e tida como marco inicial da codificação do Espiritismo.
Explicando a sua convicção, Kardec sustenta que a sua crença apóia-se em raciocínio e fatos. É do seu feitio examinar antes de negar ou afirmar, a priori, qualquer tema, “... Foi, portanto, como racionalista estudioso, emancipado do misticismo, que ele se pôs a examinar os fatos relacionados com as mesas girantes”. ... “tendo adquirido no estudo das ciências exatas o hábito das coisas positivas, sondei, perscrutei esta nova ciência (O Espiritismo) nos seus mais íntimos refolhos; busquei explicar-me tudo, porque não costumo aceitar idéia alguma, sem lhe conhecer o como e o porquê...”.
Fundou Kardec em 1º de abril de 1858 a primeira sociedade espírita com o nome de “Societé Parisiense des Études Spirites”. No mesmo ano editou a Revista Espírita, primeiro órgão espírita na Europa. No dia 15 de janeiro de 1861, lançou “O Livro dos Médiuns” e depois, sucessivamente, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “O Céu e o Inferno” e “A Gênese”.
Em 30 de abril de 1856, Kardec recebeu pela primeira vez a revelação de sua missão, através da médium Japhet, missão essa confirmada em 12 de junho de 1856, através da médium Aline, e, finalmente, a 12 de abril de 1860, na casa do senhor Dehau, nova confirmação da sua missão, pela voz do médium Crozet.
Kardec deixou consignado por escrito que empregou nessa laboriosa tarefa toda a solicitude e dedicação de que fora capaz. Na Revista Espírita de maio de 1869 lê-se: “... trabalhador infatigável, sempre o primeiro e o último a postos. Allan Kardec desencarnou a 31 de março de 1869”. “... Nele, como em todas as almas fortemente temperadas, a lâmina gastou a bainha”.
Cumprida estava modelarmente a missão do expoente máximo da Terceira Revelação, abrindo caminho ao Espiritismo, “... a grande voz do Consolador Prometido ao mundo pela Misericórdia de Jesus”.

O MÉTODO ADOTADO

No que tange ao método, Kardec adota o intuitivo-racionalista-Pestalloziano, um processo didático defendido pelo fundador do Instituto de Yverdon, não desprezando, todavia, o valor da análise experimental.
Kardec cultiva o espírito natural da observação, apregoando o uso do raciocínio nas descobertas da verdade. Sustenta a necessidade de proceder do simples para o complexo, do particular para o geral. Recomenda a utilização de uma memória racional, fazendo uso da Razão para reter as idéias, de modo a evitar o processo de repetição mecânica das palavras. Procura despertar no estudo a curiosidade do observador de molde a avivar a atenção e a percepção.
O lastro contido no ensino basilar é sempre intuitivo, o que Kardec considera “... como fundamento geral dos nossos conhecimentos e o meio mais adequado para desenvolver as forças do espírito humano, da maneira mais geral”. Entendia Kardec que “... todo o bom método devia partir do conhecimento dos fatos adquiridos pela observação, pela experiência e pela analogia, para daí se extraírem, por indução os resultados e se chegar a enunciados gerais que pudessem servir de base de raciocínio, dispondo-se esses materiais com ordem, sem lacuna, harmoniosamente”.
Pelo eficiente e racional método de sua dialética, Kardec foi saudado por Camille Flammarion como “o bom senso encarnado”.
Em conclusão, a resplandecente missão do mestre de Lion, exercida com tanto estoicismo e devoção, asseguram-nos, desde agora, a convicção de sua retumbante vitória.

O CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA

Revelar, do latim revelare, cuja raiz, velum, véu, significa sair de sob o véu e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida.
O compromisso primeiro de qualquer revelação tem de ser com a verdade. E o espiritismo, nesse ponto, não poderia transigir, mesmo porque o advento do Espiritismo é a confirmação e a realização da promessa de Jesus de que nos enviaria o Espírito Verdade, “O Consolador”, para nos transmitir (revelar) gradativamente uma infinidade de informações-verdade, necessárias à nossa evolução espiritual, e que não poderiam ter sido vulgarizadas ao tempo de Jesus, pois o povo não apresentava ainda as condições básicas para compreender as verdades mais profundas.
“A terceira revelação (terceira revelação no Ocidente, antecedida pela primeira revelação através de Moisés e pela segunda, através de Jesus), vinda numa época de emancipação e maturidade intelectual, em que a inteligência já desenvolvida não se resigna a cumprir papel passivo, em que o homem nada aceita às cegas, mas quer ver aonde o conduzem, que saber o porque e o como de cada coisa - tinha ela que ser ao mesmo tempo o produto de um ensino (revelação espiritual) e o fruto do trabalho, da pesquisa e do livre exame...”.
Eis ai o duplo caráter da doutrina espírita: é ao mesmo tempo produto da revelação divina e produto da pesquisa metódica, científica.
Outra característica importante da revelação espírita: sua revelação não dependeu de apenas uma personalidade, de um revelador. Ela se deu em vários pontos do mundo ao mesmo tempo e por intermédio de uma variedade incontável de médiuns.
Não podemos deixar de ressaltar, uma, que é essencial e progressiva, ou seja, não nos foi revelada pronta e acabada. Como doutrina está sendo construída, está expandindo o seu alcance. A Codificação realizada por Kardec corresponde à base, ao alicerce. Em cima dessa base sólida, granítica, está sendo erguido um majestoso edifício de conhecimentos.

OBRAS BÁSICAS KARDECIANAS

As Obras Básicas da Codificação Kardeciana são as seguintes por ordem cronológica de edição:
O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Lançado em Paris, França, em 1ª edição, aos 18 de abril de 1857, sob o título de “Le Livre des Esprits”.
O LIVRO DOS MÉDIUNS. 1ª edição em Paris, França em janeiro de 1861. Título original francês: “Le Livre des Médiuns ou Guide des Médiuns et des Évocateurs”.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. 1ª edição em Paris, França, em abril de 1864, sob o título “L´Évangile selon le Spiritisme”.
O CÉU E O INFERNO. Lançado em Paris, França, 1ª edição, no ano de 1865. Título do original francês: “Le Ciel et L`enfer ou La Justice Divine selon le Spiritisme”.
A GÊNESE. 1ª edição em Paris, França, em janeiro de 1868, sob o título “La Gènese, Les Miracles et les Préditions Selon le Spiritisme”.
Os conteúdos das obras básicas, em resumo, expõem e consolidam os princípios e os elementos constitutivos da Doutrina Espírita, em sua totalidade, segundo o ensino dos Espíritos, a sistematização e a codificação desses ensinos, por Allan Kardec.
Assim, o primeiro dos cinco livros que integram a referida codificação, O Livro dos Espíritos, trata dos seguintes assuntos:
“Princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade (...)”.
O segundo livro, por ordem cronológica de lançamento, O Livro dos Médiuns, no seu frontispício, apresenta o subtítulo: “Guia dos médiuns e dos evocadores”, e resume o seu conteúdo assim:
“Ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os tropeços que se podem encontrar na prática do Espiritismo, constituindo o seguimento de O Livro dos Espíritos”.
O terceiro livro, O Evangelho Segundo o Espiritismo, tem, em sua folha de rosto, a síntese do seu conteúdo, que é:
“A explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida”.
O céu e o inferno é o quarto livro do Pentateuco Kardeciano; tem como subtítulo “ A justiça Divina segundo o Espiritismo”. Contém, segundo o resumo constante em sua folha de rosto, o: “exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, sobre as penalidades e recompensas futuras, sobre os anjos e os demônios, sobre as penas, etc., seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e depois da morte’.
O quinto e último livro tem no respectivo frontispício o título completo - “Gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo”; mais este resumo:
A Doutrina Espírita há resultado do ensino coletivo e concordante dos Espíritos.
A ciência é chamada a constituir a Gênese de acordo com as leis da natureza.
Deus prova a sua grandeza e seu poder pela imutabilidade das suas leis e não pela ab-rogação delas.
Para Deus, o passado e o futuro são o presente.
Respeitando os abalizados estudiosos do Pensamento Espírita somos de parecer que deve ser incluída como Obra Básica o “O Que É o Espiritismo?”.

TRÍPLICE ASPECTO DA DOUTRINA ESPÍRITA

“O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que dimanam dessas mesmas relações”.
Podemos conceituá-lo assim:
Como "uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.” Em vista disto, constituindo a Doutrina Espírita um sistema de princípios filosóficos e éticos, de comprovação científica, apresenta três notórios aspectos: os filosóficos, o científico e o religioso”.
“... Quando o homem pergunta, interroga, cogita, quer saber o” como e o "porque” das coisas, dos fatos, dos acontecimentos, nasce a FILOSOFIA, que mostra o que são as coisas e porque são as coisas. (...) “.
O caráter filosófico do Espiritismo está, portanto, no estudo, que faz, do homem, sobretudo Espírito, de seus problemas, de sua origem, de sua destinação. Esse estudo leva ao conhecimento do mecanismo das relações dos homens, que vivem na Terra, com aqueles que já se despediram dela, temporariamente, pela morte, estabelecendo as bases desse permanente relacionamento, e com o que tudo comanda inteligentemente - Deus.
Definindo as responsabilidades do espírito - quando encarnado (Alma) e também quando desencarnado, o Espiritismo é Filosofia, uma regra moral de vida e comportamento para os seres da Criação, dotados de sentimento, razão e consciência.(...).
O Espiritismo não se constitui de uma religião a mais, visto que não tem culto instituído, nem igrejas, nem imagens, nem rituais, nem dogmas, mitos ou crendices, nem tão pouco hierarquia sacerdotal. Podemos, porém considerá-lo em seu aspecto religioso, quando estabelece um laço moral entre os homens, conduzindo-os em direção ao Criador, através da vivência dos ensinamentos do Cristo. É no seu aspecto religioso que “(...) repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus, estabelecendo a renovação definitiva do homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual. (...)”
“(...) Espiritismo passa de Filosofia à Ciência, quando confirma, pela experimentação, os conhecimentos filosóficos, que prega e dissemina. (...)”.
“Como filosofia, trata do conhecimento frente à razão, indaga dos princípios, das causas, perscruta o Espírito, enfim, interpreta os fenômenos; como ciência, prova-os”.
Os fatos ou fenômenos espíritas, isto é, produzidos por espíritos desencarnados, são substância mesma da ciência Espírita e seu objeto é o estudo e o conhecimento desses fenômenos, para a fixação das leis que os regem. (...)”.
“(...) No seu aspecto científico e filosófico, a doutrina será sempre um campo nobre de investigações humanas, como outros movimentos coletivos de natureza intelectual, que visam o aperfeiçoamento da Humanidade. (...)”.
No aspecto filosófico do Espiritismo, enquadra-se o estudo dos problemas da origem e da destinação do homem, bem como o da existência de uma inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
No aspecto científico, demonstra experimentalmente a existência da alma e sua imortalidade, principalmente através do intercâmbio mediúnico entre os encarnados e os desencarnados.
O Espiritismo não se constitui uma religião a mais, visto que não tem culto....Sim A RELIGIÃO.
O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as relações com o mundo corpóreo, (...)”. “(...) É ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica (...), compreendendo “todas as conseqüências morais que dimanam dessas mesmas relações”.
Através dos ensinamentos espíritas pode-se fazer uma diferença entre Religião, propriamente dita, e religiões no sentido de seitas humanas. “Religião, para todos os homens, deveria compreender-se como sentimento divino que clarifica o caminho das almas e que cada espírito aprenderá na pauta do seu nível evolutivo. Neste sentido, a Religião é sempre a face augusta e soberana da Verdade; porém, na inquietação que lhes caracteriza a existência na Terra, os homens se dividiram em numerosas religiões como se a fé também pudesse ter fronteira (...)”.
“(...) A Religião é o sentimento divino que prende o homem ao Criador. As religiões são organizações dos homens, falíveis e imperfeitas como eles próprios; dignas de todo o acatamento pelo sopro e inspiração superior que as faz surgir, são como gotas de orvalho celeste, misturados com os elementos da Terra em que caíram. (...)”.

O CONSOLADOR PROMETIDO POR JESUS

O Consolador prometido por Jesus, também designado pelo apóstolo João como o Santo Espírito, seria enviado a Terra com a missão de consolar e lidar com a verdade. “(...) Sob o nome de Consolador e de Espírito de Verdade, Jesus anunciou a vinda daquele que havia de ensinar todas as coisas e de lembrar o que ele dissera”, ressalta Kardec.
O Consolador, como o Espírito de Verdade, dará aos encarnados o conhecimento de sua origem, da necessidade de sua estada na Terra e do seu destino, bem como espalhará a consolação pela fé e pela esperança.
Constitui o Espírito Consolador, portanto, a Terceira Revelação de Deus aos povos do ocidente, e procede de Espíritos sábios e bondosos, que, do Além, enviaram os seus ensinamentos através dos instrumentos mediúnicos, num verdadeiro derramamento da mediunidade na carne.
A Revelação Cristã sucedeu à revelação Mosaica; a revelação dos Espíritos veio completá-la. Várias são as razões que justificam a promessa do Cristo, o aparecimento do Espírito de Verdade, como o Consolador. Uma delas seria a inoportunidade de uma revelação total e completa pelo Cristo, numa época em que o homem não estaria amadurecido para compreendê-la. Outra razão é a do esquecimento dos homens das verdades apregoadas no seu Evangelho. Mais do que isto, destacam-se, como outra razão ainda, as distorções premeditadas que a mensagem evangélica sofreu ao longo dos tempos. Foram “(...) dois mil anos de fermentação (...), de criminosas deformações da mensagem cristã.”
A relação entre o Espiritismo e o Consolador está no fato de a Doutrina Espírita conter “(...) todas as condições do Consolador que Jesus prometeu”; ou seja, “(...) o Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, pois fala sem figuras, sem alegorias, levantando o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios; vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem (...)”.
Finalmente, se de um lado o Espírito de Verdade se apresentava aos homens, à frente de elevadas entidades espirituais, que voltaram a Terra para completar a Obra do Cristo, de outro lado Kardec se coloca a postos, à frente de criaturas espiritualizadas, dispostas a colaborarem na imensa tarefa. “(...)”.
Kardec foi o instrumento de que se serviu o Alto para completar a mensagem do Cristo, que Ele mesmo havia prometido. (Continua com o ítem XII JUSTIÇA DIVINA.

RESUMO DO CÓDIGO PENAL DA VIDA FUTURA

Em que pese à diversidade de gênero e graus de sofrimentos dos Espíritos imperfeitos, o código penal da vida futura pode resumir-se nestes três princípios:
1° - O sofrimento é inerente à imperfeição.
2° - Toda imperfeição, assim como toda falta dela promanada, traz consigo o próprio castigo nas conseqüências naturais e inevitáveis: assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo.
3° - Podendo todo o homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a futura felicidade.
A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra: -- TAL É A LEI DA JUSTIÇA DIVINA.

O PRINCÍPIO DA AÇÃO E REAÇÃO

O PRINCÍPIO DA AÇÃO E REAÇÃO OU LEI DE CAUSA E EFEITO, OU AINDA, LEI DO CARMA E O LIVRE-ARBÍTRIO
“Carma vem do sânscrito Karman, que é um nome - forma vindo da raiz kri, que significa fazer . Literalmente, Carma significa fazer, ato, ação”.
Usada no sentido filosófico, a palavra carma tem um significado técnico que pode ser mais bem traduzido para o português pela palavra “CONSEQUÊNCIA”.
Todas as nossas ações geram reações, conseqüências. Cada vida humana é o resultado de uma séria de causas e efeitos - uma condensação de ações passadas, algumas das quais praticadas em vidas pretéritas (reencarnações) bem recuadas. Essa interligação de causa e efeito ou carma é uma das Leis Imutáveis de Deus que regulam o equilíbrio Cósmico Universal. E o homem, como unidade do Universo, está sujeito a essa Lei.
Não se pense por isso que Carma tem a mesma acepção de “fatalidade”, “destino”, ou de “acaso”. A Lei do Carma está relacionada com o Livre-Arbítrio, já que, de forma natural, ou seja, segundo as Leis de Deus, quem inicia um movimento ou ação é responsável, daí por diante, por todas as reações ou conseqüências dos seus atos.
Dessa forma, os construtores de nosso destino somos nós mesmos e depois ficamos sujeitos à fatalidade daquilo que construímos.
O presente não pode ser explicado senão como fruto do passado, das ações livremente desencadeadas, cujas conseqüências são o que agora chamamos o nosso destino.
Da mesma forma que o passado representa a semeadura do presente, o presente representa a semeadura do futuro. “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”. Colhemos o que plantamos. Tal é a Lei.
Não se pode dizer, com isso, que Deus ou a Lei do Carma “castiga” ou “recompensa”, no sentido comum desses termos. A Lei do Carma (Lei de Causa e Efeito ou Princípio de Ação e Reação) é infalivelmente justa. Sua aplicação depende de nós mesmos. Cada homem é o seu próprio carrasco ou o seu próprio juiz absoluto.
A doutrina que explica a Lei do Carma é bastante consoladora para as mentes humanas, pois por ela o homem compreende que pode traçar o seu próprio destino e é assim que, invariavelmente, o faz. O homem é o arquiteto do seu próprio destino, através de causas iniciativas no passado. Cada vida é, assim, o resultado de um conjunto único de causas e efeitos.
De todo este encadeamento lógico ressalta que “...a liberdade é a condição necessária da alma humana, que, sem ela, não poderia construir seu destino.”
“Apesar da liberdade do homem parecer, à primeira vista, muito restrita pelas próprias limitações das condições físicas, sociais ou interesses de cada um, na realidade, sempre podemos contornar tais obstáculos e agir da maneira que mais nos pareça acertada.”
“A liberdade e a responsabilidade são correlativas no ser e aumentam com sua elevação; é a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e moralidade. Sem ela, não seria ele mais do que um autômato, um joguete das forças ambientais.”
“Quando resolvemos fazer ou deixar de fazer alguma coisa a nossa consciência sempre nos alerta a respeito, aprovando-nos ou censurando-nos”.
Apesar da voz íntima nos alertar, sempre usamos o que foi decidido pela nossa vontade ou livre-arbítrio. Nada nos coage nos momentos de decisões próprias, daí ser correto afirmar que somos responsáveis pelos nossos atos. Somos os construtores do nosso destino.
“Livre-arbítrio é, pois, definido como a faculdade que tem o indivíduo de determinar a sua própria conduta, ou, em outras palavras, a possibilidade que ele tem de, “entre duas ou mais razões suficientes de querer ou de agir, escolher uma delas e fazer que prevaleça sobre as outras.”
“Aceitar a vida guiada por um determinismo onde todos os acontecimentos estão fatalmente pré-estabelecidos, é raciocinar de uma maneira muito simplista, senão ingênua; porque, se assim fosse, o homem não seria um ser pensante, laborativo, capaz de tomar resoluções e de interferir no progresso; seria apenas uma máquina robotizada, irresponsável, à mercê dos acontecimentos.”
“Fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao reencarnar, desta ou daquela prova para sofrer...”
“O livre-arbítrio, a livre vontade do Espírito exerce-se principalmente na hora das reencarnações. Escolhendo tal família, certo meio social, ele não sabe de antemão quais são as provas que o aguardam, mas compreende, igualmente, a necessidade destas provações para desenvolver suas qualidades, curar seus defeitos, despir seus preconceitos e vícios. Estas provações podem também ser conseqüência de um passado nefasto, que é preciso reparar, e ele se aceita com resignação e confiança.”
“As vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa... Duas espécies são as vicissitudes da vida: -- umas tem sua causa na vida presente; outras fora desta vida; remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são conseqüências natural do caráter e do proceder dos que o suportam.”

PENAS E GOZOS FUTUROS

DURAÇÃO DAS PENAS.
O conceito de céu e de inferno para a Doutrina Espírita difere totalmente do conceito católico ou protestante. E espiritismo nos esclarece que não há regiões circunscritas de beatífica felicidade (céu) ou de sofrimentos atrozes e eternos (inferno).
O céu, na verdade, é o resultado de um estado de espírito caracterizado por uma intensa felicidade, no qual não há espaço para o mal e nem para a tristeza. O inferno, por sua vez, pode ser traduzido por uma vida de provações extremamente dolorosas, sem perspectivas de uma vida melhor.
O estado da alma após o desencarne, estado de felicidade ou de sofrimento, depende dos atos praticados nesta e em outras vidas. Não há recompensa ou sofrimento gratuito e eterno; há sim o resultado da Lei de Causa e Efeito (carma). A soma das penas é proporcional à soma das imperfeições, assim como o gozo e a felicidade celestial resulta das virtudes cultivadas em vida.
Como há uma Lei do Progresso (Lei de Deus) que faculta a todas as almas atingir a perfeição, através do arrependimento, da expiação e da reparação, juntamente com a possibilidade das reencarnações, temos que o inferno é um estado de alma transitório e está em toda a parte onde haja almas sofredoras, assim como o céu está igualmente onde houver almas felizes.
CONDIÇÕES PARA A REMISSÃO DAS PENAS
O espírito para se libertar do círculo da dor e do sofrimento, inclusive da necessidade de reencarnar, causados pelo uso perverso ou equivocado do livre-arbítrio, que o leva a desrespeitar a Lei de Deus, consciente ou inconscientemente, conhecedor ou ignorante da Lei, necessita expiar as faltas cometidas.
“A expiação varia segundo a natureza e a gravidade da falta podendo, portanto, a mesma falta determinar expiações diversas, conforme as circunstâncias, atenuantes ou agravantes, em que for cometida...
O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são necessárias e a reparação.
Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.
A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má-vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contato com as mesmas pessoas que de si tiveram queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes o reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito.”
“Compreendendo, assim, o significado de penas e recompensas, devemos nos esforçar para reparar as faltas cometidas em vidas anteriores, ou nesta vida mesmo, e aproveitar ao máximo a experiência e a oportunidade na carne, buscando incessantemente o progresso moral.
“Toda conquista na evolução é problema natural de trabalho, porque todo progresso tem preço; no entanto, o problema crucial que o tempo impõe é débito do passado, que a Lei apresenta à cobrança”.
Retifiquemos a estrada, corrigindo a nós mesmos.
Resgatemos nossas dívidas, ajudando e servindo sem distinção.
Tarefa adiada é luta maior e toda atitude negativa, hoje, diante do mal, será juro de mora no mal amanhã.” (Próxima postagem: item XV-A PRECE).

A PRECE

Tudo quanto pedires pela prece, crede que obtereis e que vos será concedido.(Mc.Cap. XI, 24).
A PRECE É UMA EVOCAÇÃO. Por meio dela pomos o pensamento em relação com o ente a quem a dirigimos. Pode ter por escopo um pedido, um agradecimento, uma glorificação. Quem a faz pode pedir para si ou para outrem, pelos vivos ou pelos mortos. As preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução da vontade divina; as que se dirigem aos bons Espíritos são levadas a Deus. Quando se ora a outros seres, alem de Deus, é simplesmente como a intermediários ou intercessores, pois nada se pode obter sem a vontade de Deus.

PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS

São habitados todos os globos que se movem no espaço?
“Sim e o homem terreno está longe de ser, como supõe, o primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição. Entretanto, há homens que se têm por espíritos muito fortes e que imaginam pertencer a este pequenino globo o privilégio de conter seres racionais. Orgulho e vaidade! Julgam que só para eles criou Deus o Universo.”

REENCARNAÇÃO

CONCEITOS
“Reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo”.
P. “Como pode a alma que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea, acabar de depurar-se?”.
R. “Sofrendo a prova de uma nova existência”.
“A reencarnação tem início no momento da fecundação e somente conclui entre 7 e 8 anos de idade, isto é, o espírito se vai impregnando na matéria, vai dominando-a até atingir os pródomos da adolescência, quando está totalmente reencarnado, quando absorve o impacto material e passa a controlar o corpo. Neste período se deu a reencarnação total”.
OBJETIVOS DA REENCARNAÇÃO
“Expiação, melhoramento progressivo da humanidade. Sem isto, onde a justiça?”
“Beneficiados com a reencarnação, o estacionamento é quebrado de modo natural, para que sintamos a sede de novos conhecimentos, fome de amor e ânsia de compreensão, de vez que não ignoramos que sede a fome são fatores que nos obrigam a trabalhar muito. Então, espiritualmente, semelhantes fatores na vida do Espírito estão vigorando para todos nós, com a função de nos estimularem ao burilameto e ao progresso”. “A passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia. É-lhes necessária, a bem deles, visto que atividade que são obrigados a exercer lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência. Sendo soberanamente justo, Deus tem de distribuir tudo igualmente por todos os seus filhos; assim é que estabeleceram para todos o mesmo ponto de partida, mesma aptidão, mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de proceder. Qualquer privilégio seria uma preferência, uma injustiça. Mas, encarnação para todos os espíritos é um estado transitório. É uma tarefa que Deus lhes impõe quando inicia na vida, como primeira experiência do uso que farão do livre-arbítrio. Os que desempenham com zelo esse tarefa transpõem rapidamente e menos penosamente os primeiros degraus da iniciação e mais cedo gozam do fruto de seu labores. Os que, ao contrário, usam mal da liberdade que Deus lhes concede retardam a marcha e, tal seja a obstinação que demonstrem, podem prolongar indefinidamente a necessidade da reencarnação e é quando se torna um castigo”.
P. “Em que se funda o dogma da reencarnação?”
R. “Na justiça de Deus e na revelação, pois incessantemente repetimos; o bom pai deixa aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento. Não te diz a razão que seja injusto privar para sempre da felicidade eterna todos aqueles de quem não dependeu o melhorar-se? Não são filhos de Deus todos os homens? Só entre os egoístas se encontram a iniqüidade, o ódio implacável e os castigos sem remissão.”
Todos os espíritos tendem para perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.
Não obraria Deus com equidade, nem de acordo com a sua bondade, se condenasse para sempre os que talvez hajam encontrado oriundos do própio meio onde foram colocados e alheios à vontade que os animava, obstáculos ao seu melhoramento.
Se a sorte do homem se fixasse irrevogavelmente depois da morte, não seria uma única a balança em que Deus pesa as ações de todas as criaturas e não haveria imparcialidade no tratamento que a todos dispensa.
A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para Espírito muitas existências sucessivas é a única que corresponde à idéia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condições morais inferiores; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças. Pois que nos oferecem os meios de repararmos os nossos erros. A razão nô-la indica e os Espíritos a ensinam.
O homem, que tem consciência da sua inferioridade, haure consoladora esperança na doutrina da reencarnação. Crê-se na justiça de Deus, não pode contar que venha achar-se, para sempre, em pé de igualdade com os que mais fizeram do que ele. Sustem-no, porém, e lhe reanima a coragem a idéia de que aquela inferioridade não o deserda eternamente do supremo bem e que, mediante novos esforços, dado lhe será conquista-lo. Quem é que ao cabo da sua carreira, não deplora haver tão tarde ganho uma experiência de que já não mais pode tirar proveito? Entretanto, essa experiência tardia não fica perdida, o espírito a utilizará em nova experiência”.

PROCESSO DA REENCARNAÇÃO
“Desde o momento em que o gameta masculino viaja pela Trompa de Falópio, na busca do óvulo, ei-lo já sob o impulso magnético do psiquismo do futuro reencarnante. No instante da fecundação se dá o início da imantação do espírito no organismo em formação.”
Desde
a concepção, o espírito, ainda que errante (espírito entre uma encarnação e outra) está, por um cordão fluídico, preso ao corpo com o qual se deve unir. Este laço se estreita cada vez mais, à medida que o corpo vai se desenvolvendo.
Desde esse momento o espírito sente uma perturbação que cresce sempre, até as proximidades do nascimento, ocasião em que ela se torna completa, então o Espírito perde a consciência e não recobra as idéias senão gradualmente, a contar do instante em que a criança começa a respirar; a união então é completa e definitiva”.
“A reencarnação, tanto quanto a desencarnação, é um choque biológico dos apreciáveis. Unido à matriz geradora do santuário materno, em busca de nova forma, o perispírito sofre a influência de fortes correntes eletromagnéticas, que lhe impõem a redução automática. Constituído à base de princípios químicos semelhantes, em suas propriedades, ao hidrogênio, a se expressarem através de moléculas significativamente distanciadas umas das outras, quando ligado ao centro genésico feminino, experimenta expressiva contração, à maneira de indumento de carne sob carga elétrica de elevado poder.
Os princípios organogênicos essenciais do perispírito do reencarnante então se encontram reduzidos na intimidade do altar materno e, à maneira de um imã, vão aglutinando sobre si os recursos de formação do nosso vestuário de carne que lhe será o vaso próximo de manifestação.
O perispírito torna-se, portanto, um molde fluídico, elástico, que calca sua forma sobre a matéria. Daí dimanam as condições fisiológicas de renascimento. As qualidades ou os defeitos do molde reaparecem no corpo físico, que não é na maioria dos casos se não imperfeita e grosseira cópia do perispírito.
Os contornos e minúcias anatômicas vão desenvolver-se de acordo com os princípios de equilíbrio e com a lei de hereditariedade. A forma do reencarnante dependerá dos cromossomos paternais; adicione, porém, a esse fator primordial, as influências dos moldes mentais da mãe, atuação do próprio interessado, o concurso dos espíritos Construtores (espíritos especializados que ajudam na organização do novo corpo), o auxílio afetuoso das entidades amigas (aqui podemos acrescentar que as vibrações desordenadas do campo mental pode trazer conseqüências graves sobre o reencarnante) e poderá fazer uma idéia do que vem a ser o templo físico que ele (reencarnante) possuirá.
A hereditariedade qual é aceita nos conhecimentos científicos do mundo, tem os seus limites. Desse modo os progenitores fornecem determinados recursos ao espírito reencarnante, mas esses recursos estão condicionados às necessidades da alma que lhe aproveita cooperação, porque, no fundo, somos herdeiros de nós mesmos.
Assimilamos as energias de nossos pais terrestres, na medida de nossas qualidades boas ou más, para o destino enobrecido ou torturado que fazemos jus, pelas nossas conquistas ou débitos que voltam a Terra conosco, emergindo de nossas anteriores experiências.
Quando a criança respira começa o Espírito a recobrar as faculdades, as qualidades e as aptidões anteriores adquiridas, que haviam ficado temporariamente em estado de latência e que, voltando ele renasce qual se fizera pelo seu trabalho anterior, o seu
renascimento lhe é um novo ponto de partida, um novo degrau a subir. Ainda aí a bondade do Criador se manifesta, porquanto, adicionadas aos amargores de uma nova existência, as lembranças, muitas vezes aflitivas e humilhantes do passado poderão perturba-lo e lhe criar embaraços.

EXISTÊNCIA E SOBREVIVÊNCIA DO ESPÍRITO

Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. É eterno, único, imaterial, imutável, todo poderoso, soberanamente justo e bom. Deve ser infinito em todas as suas perfeições, porque supondo-se um único de seus atributos imperfeito, não seria Deus. Sendo Eterno e creador da Vida, nunca deixou de crear um só instante.
Deus CAUSOU a matéria que constitui os mundos; CAUSOU também os seres inteligentes, que chamamos ESPÍRITOS, encarregados de administrarem os mundos materiais, segundo as leis imutáveis da criação, e que são PERFECTÍVEIS pela sua natureza. Em se aperfeiçoando, aproximam-se da divindade.
O Espírito, propriamente dito, é o princípio inteligente; sua natureza nos é desconhecida; para nós, ele é imaterial, porque não tem nenhuma analogia com o que chamamos matéria.
Os Espíritos são seres individuais; têm um envoltório etéreo, imponderável, chamado perispírito, espécie de corpo fluídico, tipo da forma humana. Eles povoam os espaços, que percorrem com rapidez do relâmpago, e constituem o mundo invisível.
A origem e o modo de criação dos espíritos nos são desconhecidos; apenas sabemos que foram criados SIMPLES E IGNORANTES, quer dizer, sem ciência e sem conhecimento do bem e do mal, mas, com igual aptidão para tudo, porque Deus, em sua justiça, não poderia isentar uns do trabalho que houvesse imposto aos outros para chegarem a perfeição. No princípio, estão numa espécie de infância, sem vontade própria, e sem consciência perfeita de sua existência.
Para concorrer, como agentes do poder divino, à obra dos mundos materiais, os Espíritos revestem temporariamente um corpo material. Pelo trabalho que sua existência corpórea necessita, aperfeiçoam sua inteligência e adquirem, em observando a lei de Deus, os méritos que deverão conduzi-los a felicidade eterna.
A encarnação não é imposta ao Espírito, no princípio, como uma punição; ela é necessária ao seu desenvolvimento e ao cumprimento das obras de Deus, e todos devem suportá-la, tomem o caminho do bem ou do mal; somente aqueles que seguem a rota do bem, avançam mais depressa, estão menos longe para alcançarem o objetivo e aí chegarem em condições menos penosas.
Os Espíritos encarnados constituem a Humanidade que não é circunscrita a Terra, mas que povoa todos os mundos disseminados no espaço.
A Alma do homem é um Espírito encarnado.
O aperfeiçoamento do Espírito é fruto de seu trabalho próprio.
A vida espiritual é a vida normal do espírito: ELA É ETERNA; a vida corpórea é transitória e passageira não é senão um instante na eternidade. Nas encarnações sucessivas, sendo o Espírito pouco a pouco despojado de suas impurezas e aperfeiçoado pelo trabalho, chega ao fim de suas existências corpóreas; pertence, então, à ordem dos PUROS ESPÍRITOS ou dos anjos, e goza, ao mesmo tempo da vida completa de Deus e de uma felicidade sem mácula pela a eternidade, esta é a nossa fatalidade.
“Restituí a saúde aos doentes, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os demônios. Daí gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido”.
Foi esta a recomendação de Jesus a seus discípulos e com isto querendo dizer “... que ninguém se faça pagar daquilo que nada pagou. Ora, o que eles haviam recebido gratuitamente era a faculdade de curar doentes e de expulsar demônios, isto é, os maus espíritos. Esse dom Deus lhes dará gratuitamente, para alívio dos que sofrem e como meio de propagação da fé. Jesus, pois, recomendava-lhes que não fizesse dele objeto de comércio, nem de especulação, nem meio de vida”.
Estas orientações dadas por Jesus continuam mais atuais do que nunca, porque a mediunidade evangelizada jamais poderá ser transformada em profissão ou fonte de rendas. (...) sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo”.
Deve-se compreender que a mediunidade só existe pelo concurso dos espíritos. “Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor da Seara da verdade e do amor.
Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos”.
“... Mediunidade não basta só por si. É imprescindível saber que tipo de onda mental assimilamos para conhecer da qualidade de nosso trabalho e ajuizar de nossa direção”.
“Os médiuns moralizados, que encontra na vivência evangélica a conduta de vida, é uma pessoa de bem, que procura ser humilde, sincero, paciente, perseverante, bondoso, estudioso e trabalhador. Cumpre o mandato mediúnico com amor”.
“... Ao exercício da mediunidade com Jesus, isto é, na perfeita aplicação dos seus valores a benefícios da criatura, em nome da caridade, é que o ser atinge a plenitude das suas funções e faculdades, convertendo-se em celeiro de bênçãos, semeador da saúde espiritual e da paz nos diversos terrenos da vida humana, na Terra”.
Aí está, como a prática mediúnica exerce um papel de renovação social. “... o espírito humano segue em marcha conveniente, imagem da graduação que experimenta tudo o que povoa o Universo, visível e invisível. Todo progresso vem na sua hora: a da elevação moral soou para a humanidade”. “E o médium evangelizado, exercendo o mandato com amor e espírito de serviço em benefício do próximo, contribui em grande escala para o progresso geral”.
No serviço da mediunidade, como traço de união entre o Céu e a Terra, o homem, sob a inspiração de Jesus, poderá apresentar as mais sublimes expressões de fraternidade, na prática de amar ao próximo como a si mesmo. Em síntese, diz Martins Peralva, em “Estudando a Mediunidade”, cap. XXIX, que os principais objetivos do exercício mediúnico com Jesus são. Para os encarnados:
Cooperação com os encarnados e desencarnados no serviço de reconforto e esclarecimento.
Auto-educação, pela renovação dos sentimentos, com aproveitamento das mensagens de elevado teor.
Construções de afeições preciosas no Plano Espiritual, consolidando, assim, as bases da cooperação e da amizade superior.
Para os desencarnados:
Preparação de facilidades para os que tiverem de reiniciar o aprendizado, pela reencarnação, mediante o auxilio aos atuais desencarnados.
Auxílio aos reencarnados e desencarnados no esforço de libertação das teias da ignorância e do sofrimento.
Transmissão, aos reencarnados, dos esclarecimentos edificantes dos grandes Instrutores que operam com Jesus na redenção da humanidade.
Estes objetivos sedimentarão, desta forma, a base para a multiplicação dos talentos recebidos e conquistados ao longo de multimilenar experiência. Não se pode esquecer, ainda, em termos de mediunidade, de que ela assume todas as características de exaltação divina, em Jesus. O Cristo cedo começou seu apostolado excelso, porquanto já aos doze anos estava entre os doutores d a lei, esclarecendo aos homens os valores da vida espiritual. Ao final da vida terrena deixou na Boa Nova a lição imortal do amor divino; entretanto, até hoje, os homens, em sua maioria, apenas se preocupam com os fenômenos e somente falam de sues “milagres”, sem se preocuparem em seguir os ensinamentos que deixou.
Quando os apóstolos não conseguiam os “milagres”, socorriam-se dele, e ele os incentivava a terem mais confiança em Deus, mais Fé do tamanho de um grão de mostarda.
Em Jesus como em seus continuadores encontram-se as mediunidades puras e espontâneas, como deve ser, distante de particularismos inferiores. Neles, estão os valores mediúnicos a serviço do Amor e da Sabedoria, exercidos com a mais elevada responsabilidade mora, segundo as propostas do Divino Mestre.
O Evangelho não é um livro de um povo, mas um CÓDIGO DE PRINCÍPIOS MORAIS, adaptável a todas as Pátrias, a todas as raças e a todas as criaturas, e representa a carta de conduta para a ascensão da consciência à imortalidade. Jesus empregou a mediunidade sublime como agente de luz eterna, exaltando a vida e aniquilando a morte, abolindo o mal e glorificando o bem, a fim de que as leis humanas se purificassem, se engrandecessem, se santificassem e se elevassem para integração com as Leis de Deus.
Sendo a Luz que brilha na carne, mediunidade é atributo do espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecem do todos os seus valores no capitulo da virtude e da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo. (O Consolador Q. 382).
Os atributos mediúnicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio é desviado de seus fins, o mau servo torna - se indigno da confiança do Senhor da Seara da verdade e do Amor.
Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob orientações divinas, todavia, se sofrem os insultos do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferiores, podem deixar o médium entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas der expiação em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos. (O Consolador Q. 389).
Mediunidade não basta só por si. É imprescindível saber que tipo de onda mental assimilamos para conhecer a qualidade de nosso trabalho e ajuizar de nossa direção. Os Médiuns moralizados, que encontra na vivência evangélica a conduta de vida, é uma pessoa de bem, que procura ser humildes, sinceros, pacientes, perseverantes, bondosos, estudiosos e trabalhador. Cumpre o mandato mediúnico com Amor.
Ao exercício da mediunidade com Jesus, isto é na perfeita aplicação dos seus valores a benefícios da criatura, em nome da caridade, é que o ser atinge a plenitude das suas funções e faculdades, convertendo - se em seleiro de bênçãos, semeador da saúde espiritual e da paz nos diversos terrenos da vida humana, na Terra.
Médium evangelizado, exercendo com amor e espírito de serviço em benefícios do próximo, contribui em grande escala para o progresso geral.

INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL

Os Espíritos podem se manifestar de maneiras bem diferentes: pela visão, audição, toque, ruídos, movimento dos corpos, escrita, desenho, música, informática, etc. Eles se manifestam por intermédio de pessoas dotadas de uma aptidão especial para cada gênero de manifestação, e que se distinguem sob o nome de MÉDIUNS. É assim que se distinguem os médiuns videntes, falantes, audientes, sensitivos, de efeitos físicos, desenhistas, tiptólogos, escreventes, psicotrônicos, etc. Entre os médiuns escreventes, há inúmeras variedades, segundo a natureza das comunicações que estão aptos a receber.
O fluido que compõe o perispírito penetra todos os corpos e os atravessa como a luz atravessa os corpos transparentes; nenhuma matéria lhe opõe obstáculo. É por isso que os Espíritos penetram por toda à parte, nos lugares o mais hermeticamente fechados; é uma idéia ridícula crer-se que eles se introduzem por uma pequena abertura, como o buraco de uma fechadura ou o tubo de uma chaminé.
O Perispírito, embora invisível para nós no estado normal, não deixa de ser matéria etérea. O Espírito pode em certos casos, fazê-lo sofrer uma espécie de modificação molecular que o torna visível e mesmo tangível; assim é que se produzem as aparições. Esse fenômeno não é mais extraordinário do que o do vapor que é invisível quando está mais rarefeito, e que se torna visível quando está condensado.
Os Espíritos que se tornam visíveis e se apresentam, quase sempre, sob a aparência que tinham quando vivos e que podem fazê-los reconhecer.
É com a AJUDA DO SEU PERISPÍRITO, que o Espírito atua sobre seu corpo vivo; é ainda com esse mesmo fluído que ele se manifesta atuando sobre a matéria inerte, que produz os ruídos, os movimentos de mesas e outros objetos, que ergue, tomba ou transporta. Esse fenômeno nada tem de surpreendente se se considerar que entre nós, os mais poderosos motores se acham nos fluídos mais rarefeitos e mesmo imponderáveis, como o ar, o vapor e a eletricidade.
É igualmente com a ajuda do seu perispírito que o Espírito faz os médiuns escreverem, falarem, ou desenharem; não tendo mais o corpo tangível para atuar ostensivamente quando quer se manifestar, ele se serve do corpo do médium, de quem empresta os órgãos que faz atuarem como se fosse seu próprio corpo, e isso pela emanação fluídica que derrama sobre ele.
Quando a mesa se destaca do solo e flutua no espaço sem ponto de apoio. O Espírito não a ergue com a força do braço, mas a envolve e a penetra com uma espécie de atmosfera fluídica que neutraliza o efeito da gravitação, como o ar faz para os balões e os papagaios de papel. O fluido do qual esta penetrada lhe dá, momentaneamente, uma leveza específica maior. Quando ela esta pregada no solo, está num caso análogo ao da campânula pneumática sob a qual se faz o vácuo. Estas não são senão comparações para mostrar a analogia dos efeitos, e não similitude absoluta das causas.
Compreende-se, depois disso, que não é mais difícil ao Espírito erguer uma pessoa do que erguer uma mesa, de transportar um objeto de um lugar para outro ou de lançá-lo em qualquer parte; esses fenômenos se produzem pela mesma lei.
O objetivo providencial das manifestações, é convencer os incrédulos de que tudo não termina, para o homem, com a vida terrestre, e de dar os crentes idéias mais justas sobre o futuro. Os bons Espíritos vêm nos instruir tendo em vista o nosso melhoramento e o nosso adiantamento, e não para nos revelar o que não devemos ainda saber, ou o que não devemos aprender senão pelo nosso trabalho. Se bastasse interrogar os Espíritos, para se obter a solução de todas a dificuldades científicas, ou para fazer descobertas e invenções lucrativas, todo o ignorante poderia tornar-se sábio facilmente, e todo o preguiçoso poderia se enriquecer sem esforço; é o que Deus não quer. Os Espíritos ajudam o homem de gênio pela inspiração oculta, mas não isentam nem do trabalho das pesquisas, a fim de deixar-lhe o mérito.
Seria fazer uma idéia bem falsa dos Espíritos vendo neles apenas os auxiliares dos ledores de sorte; os Espíritos sérios recusam-se ocupar de coisas fúteis; os Espíritos levianos e zombeteiros se ocupam de tudo, respondem a tudo, predizem tudo a que se quer, sem se inquietarem com a verdade, e sentem um prazer maligno ao mistificarem as pessoas muito crédulas; é por isso que é essencial estar perfeitamente fixados sobre a natureza das perguntas que se podem dirigir aos Espíritos. (O Livro dos Médiuns, n°286: Perguntas que se podem dirigir aos Espíritos).
As manifestações não estão, pois, destinadas a servirem aos interesses materiais, cujo cuidado está entregue à inteligência, ao discernimento e à atividade do homem.(...) Sua utilidade está nas conseqüências morais que dela decorrem; mas se não tivessem por resultado senão fazer conhecer uma nova lei da Natureza, de demonstrar, materialmente, a existência da alma e sua imortalidade, isso já seria muito, porque seria um novo e largo caminho aberto à filosofia.
Pode-se ver, por essas poucas palavras, que as manifestações espíritas, de qualquer natureza que sejam, NADA TÊM DE SOBRENATURAL NEM DE MARAVILHOSO. (O Que É O Espiritismo, A. Kardec, Ed I D E).

INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS EM NOSSOS PENSAMENTOS E ATOS

“A influência dos espíritos sobre nossos pensamentos e atos é tão grande que, de ordinário, são eles que nos dirigem. Esta influência pode ser boa ou má, oculta ou ostensiva, fugaz ou duradoura. Qualquer situação fica claro que a influenciação se concretiza através da sintonia que se estabelece.
É conveniente recordar que “(...) pensar é vibrar, é entrar em relação com o universo espiritual que nos envolve, e, conforme a espécie das emissões mentais de cada ser, elementos similares se lhe imanizarão, acentuando-lhes as disposições e cooperando com ele em seus esforços ascensionais ou suas quedas e deslizes”.
Não podemos descuidar da nossa casa mental e seguir, vida a fora, arrastado pela ação maléfica dos atrasados”. Os Espíritos infelizes, de mente ultrajada, vivem mais com os companheiros encarnados do que se supõe. Misturam-se nas atividades comuns, perambulam no ninho doméstico, participam das conversações, seguem com os comensais, de quem dependem, em processo legítimo de vampirização...
Perturbam-se e perturbam.
Sofrem e fazem sofrer.
Odeiam e geram ódios.
Amesquinhados em si mesmos, amesquinham os outros.
Infelicitados, infelicitam “.
Já a ação dos Espíritos Superiores é outra. “Os bons Espíritos só para o bem aconselham...”. “(...) suscitam bons pensamentos, desviam os homens da senda do mal, protegem na vida os que se lhes mostram dignos de proteção e neutralizam a influência dos Espíritos imperfeitos, sobre aqueles a quem não é grato sofrê-la”.
Tomando consciência de que “... O pensamento exterioriza-se e projeta-se, formando imagens e sugestões que arremessa sobre os objetivos que se propõe atingir...” “... nada mais natural que se consiga harmonia, felicidade, quando a emissão mental for equilibrada e edificante; ou, aflição e quedas morais, se o pensamento for desequilibrado e doentio”.
“A química mental vive na base de todas as transformações, porque realmente evoluímos em profunda comunhão telepática com todos aqueles encarnados e desencarnados que se afinam conosco”.
Podemos neutralizar a influência dos maus espíritos, “... praticando o bem e pondo em Deus toda a ...confiança...” e procurando repelir as sugestões inferiores e não atender aos maus pensamentos que geram a discórdia, as lutas antifraternas, o ciúme, a inveja e a exaltação do orgulho.
“À medida que se perseverar no propósito firme de melhoria, através do desligamento do mal, a influência provocada pelas entidades inferiores dará lugar aos conselhos e sugestões edificantes dos benfeitores espirituais”.
“Pelo que foi dito, ficou patenteada a ação que os espíritos exercem uns sobre os outros, sobretudo entre desencarnados e encarnados, estabelecendo-se, assim, uma reciprocidade constante de intercâmbio. Daí ser difícil, senão impossível, em determinadas ocasiões, distinguir um pensamento próprio de um que nos é sugerido”. Geralmente “os pensamentos próprios são os que nos acodem em primeiro lugar, sendo que não há grande interesse em se estabelecer à distinção entre um pensamento próprio e um sugerido; em muitas ocasiões é útil que não saibamos distinguir.”Foi, evidentemente, compreendendo o valor desta questão que Kardec concluiu: “... se fora útil que pudéssemos distinguir claramente, Deus nos houvera proporcionado os meios de o conseguirmos, como nos concedeu o de diferençarmos o dia da noite. Quando uma coisa se conserva imprecisa, é que convém assim aconteça”.

COMUNICABILIDADE DOS ESPÍRITOS

“A comunicabilidade dos espíritos com os encarnados não é um fato recente, mas antiqüíssimo, com a única diferença que no passado era apanágio dos chamados iniciados e na atualidade, com o advento do Espiritismo, tornou-se fenômeno generalizado a todas as camadas sociais”.
“A possibilidade dos Espíritos se comunicarem é uma questão muita bem estabelecida, resultante de observações e experiências rigorosamente realizadas por eminentes pesquisadores. Os espíritas não têm duvidas a esse respeito; porém, determinados companheiros que abraçam correntes religiosas diferentes da Doutrina Espírita, procuram criticá-la, chamando a atenção, entre outras coisas, sobre a proibição mosaica de evocar os mortos”.
COMUNICAÇÕES ESPÍRITAS
Toda manifestação que revela uma intenção ou uma vontade é inteligente em menor ou maior grau. O aperfeiçoamento dessa inteligência permite uma troca recíproca e contínua de pensamentos, obtém-se comunicações regulares, cujo caráter permite julgar o Espírito que se manifesta, sendo classificados como:
FRÍVOLAS: Emanam, de Espíritos levianos, zombeteiros, antes maliciosos do que maus, e que nenhuma importância ligam ao que dizem.
GROSSEIRAS: São as concebidas em termos que chocam o decoro. Só podem provir de Espíritos de baixa estofa, ainda cobertos de todas as impurezas da matéria e em nada diferem das que provenham de homens viciosos e grosseiros.
SÉRIAS OU INSTRUTIVAS: São objetivas quanto ao assunto e elevadas quanto à forma. Toda comunicação que isenta de frivolidade e de grosseria, objetiva um fim útil, ainda que de caráter particular, é, por esse simples fato uma comunicação séria. Nem todos os Espíritos sérios são igualmente esclarecidos; há muita coisa que eles ignoram e sobre o que podem enganar-se de boa fé. Por isso é que os espíritos superiores nos recomendam de contínuo que submetamos ao crivo da razão e da mais rigorosa lógica.
INSTRUTIVAS: São as comunicações sérias cujo principal objeto consiste num ensinamento qualquer dado pelos espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia.(Cap.X do Livro dos Médiuns).
A linguagem dos espíritos está sempre na razão do grau de sua elevação.
A dos espíritos superiores é constantemente grave, digna, nobre. Faz-se sublime quando o assunto o exige. Eles exprimem pensamentos da mais alta elevação e empregam uma linguagem que exclui da maneira mais absoluta toda a trivialidade.
A bondade e a benevolência são atributos essenciais dos espíritos purificados. Há espíritos que em certos assuntos parecem esclarecidos, ao passo que em outros acusam a mais absoluta ignorância, não hesitando em defender as heresias científicas mais absurdas.
Para julgar os Espíritos como para julgar os homens, é preciso, em primeiro lugar, sabermos julgar a nós mesmos.
Há infelizmente, muitas pessoas que tomam sua opinião pessoal como medida exclusiva do bom e do mau, do falso e do verdadeiro. Tudo quanto contradiz a maneira de ver, as idéias, as teorias que conceberam e adotaram, é mau a seus filhos. A tais pessoas falta, evidentemente, a primeira qualidade para uma só apreciação: a retidão de julgamento. Elas entretanto não o percebem. É o defeito em razão do qual mais nos iludimos.
Acredita-se geralmente que interrogando o Espírito de um homem que foi sábio em uma certa especialização, quando na terra, mais seguramente se obterá a verdade. Isto é lógico, todavia, nem sempre é assim. A experiência demonstra que os sábios tanto quanto os homens, sobretudo aqueles que deixaram a terra há pouco tempo, estão ainda sob o império dos preconceitos da vida corpórea. Eles não se libertam imediatamente da sistematização, conseqüentemente, a ciência humana de que estão dotados não é sempre uma garantia da sua infalibilidade como Espíritos.
Aqueles que, como acontece muitas vezes, condenam no estado de Espírito, as doutrinas que haviam sustentado como homens, dão sempre, com isso, uma prova de elevação, regra geral: o espírito é tanto menos perfeito quanto menos desprendido da matéria. Todas às vezes pois, que se reconhece nele à persistência das idéias falsas que o preocupam durante a vida, pertença elas à ordem física ou moral, é isto um sinal infalível de que não está completamente descentralizado.
A obstinação nas idéias terrestres é tanto maior quanto mais recente é a morte. NO MOMENTO DA MORTE A ALMA ESTÁ SEMPRE EM UM ESTADO DE PERTURBAÇÃO DURANTE O QUAL MAL SE RECONHECE: É UM DESPERTAR QUE NÃO É COMPLETO. Muitos não acreditam estarem mortos, principalmente os supliciados, os suicidas, e, em geral os que morrem de morte violenta. Eles vêm o próprio corpo, sabem que esse corpo lhe pertence e não compreendem porque estão separados dele. Isto deixa-os cheios de espanto; é-lhes preciso algum tempo para captar sua nova situação. A evocação não pode ser feita nesse momento senão com o objetivo de estudos psicológicos, mas não adianta pedir-lhes mais informações. Este estado de confusão, que se pode comparar ao estado transitório do sono à vigília, persiste por um tempo mais ou menos longo.
Uma vez desprendida dos restos de suas vestes corporais, a alma se acha em seu estado normal de espírito. É somente então que se pode julgá-la, porque se revela verdadeiramente como é. Suas qualidades e seus defeitos, suas imperfeições, seus preconceitos, suas idéias falsas, mesquinhas ou ridículas, persistem sem modificação durante toda a duração de sua vida errante, ainda que esta seja de mil anos. É-lhes preciso passar de novo pelo crivo da vida corporal, para nele deixar algumas de suas impurezas e elevar-se mais alguns degraus. Muitas depois de 200 anos de vida errante, têm ainda as manias e mesquinharias que as caracterizavam em vida, enquanto outras desenvolvem quase que imediatamente uma grande superioridade.
Para aqueles cuja consciência está carregada de malefícios, para o homem materializado, que pôs todas as suas alegrias na satisfação do corpo, para o que malbaratou os favores que a Providência lhe havia outorgado, o despertar é terrível, e, ele pode perdurar tanto quanto sua vida errante.
Podemos auxiliá-los e orientá-los e para isto, entrar em relação com eles, importa conhecê-los bem, a fim de ficar em condições de apreciar-lhe a situação e melhor compreender-lhes a linguagem que, sem isto, poderia, algumas vezes parecer contraditória.

MEDIUNIDADE

Acena-nos a antiguidade terrestre com brilhantes manifestações mediúnicas, a reportarem da História.
Discípulos de Sócrates referem-se, com admiração e respeito, ao amigo invisível que o acompanhava constantemente.
Reporta-se Plutarco ao encontro de Bruto, certa noite, com um dos seus perseguidores desencarnados, a visitá-lo em pleno campo.
Em Roma, no templo de Minerva, Pausânias, ali condenado a morrer de fome, passou a viver, em Espírito, monoideizado na revolta em que se alucinava, aparecendo e desaparecendo aos olhos de circunstantes assombrados, durante largo tempo.
Sabe-se que Nero, nos últimos dias de seu reinado, viu-se fora do corpo carnal, junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e sua esposa, ambas assassinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo.
Os Espíritos vingativos em torno de Calígula eram tantos que, depois de lhe enterrarem os restos nos jardins de Lâmia, eram ali vistos, freqüentemente, até que lhe exumaram os despojos para a incineração.
Todavia, onde a mediunidade atinge culminâncias é justamente no Cristianismo nasciturno.
Toda a passagem do Mestre inesquecível, entre os homens, é um cântico de luz e amor, externando-lhe a condição de Medianeiro da Sabedoria Divina.
E, continuando-lhe o ministério, os apóstolos que se lhe mantiveram leais converteram-se em médiuns notáveis, no dia de Pentecostes (Atos, 2:1 - 13), quando, associadas as suas forças, por se acharem “todos reunidos”, os emissários espirituais do Senhor, através deles produziram fenômenos físicos em grande cópia, como sinais luminosos e vozes diretas, inclusive fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os ensinamentos do Evangelho foram ditados em várias línguas, simultaneamente, para os israelitas de procedências diversas.
Desde então, os eventos mediúnicos para eles se tornaram habituais.
Espíritos materializados libertavam-nos da prisão injusta (Atos, 5:18 - 20).
O magnetismo curativo era vastamente praticado pelo olhar (Atos, 3:4 - 6) e pela imposição das mãos (Atos, 9:17).
Espíritos sofredores eram retirados de pobres obsessos, aos quais vampirizavam (Atos 8:7).
Um homem objetivo e teimoso, quanto Saulo de Tarso, desenvolve a clarividência, de um momento para outro, vê o próprio Cristo, às portas de Damasco, e lhe recolhe as instruções (Atos,9:3 - 7). E porque Saulo, embora corajoso, experimente enorme abalo moral, Jesus, condoído, procura Ananias, médium clarividente na aludida cidade, e pede-lhe socorro para o companheiro que encetava a tarefa (Atos, 9:10 - 11).
Não somente na casa dos apóstolos em Jerusalém mensageiros espirituais prestam contínua assistência aos semeadores do Evangelho; igualmente no lar dos cristãos, em Antioquia, a mediunidade opera serviços valiosos e incessantes. Dentre os médiuns aí reunidos, um deles, de nome Agabo (Atos, 11:28), incorpora um espírito benfeitor que realiza importante premonição. E nessa mesma igreja, vários instrumentos mediúnicos aglutinados favorecem a produção da voz direta, consignando expressiva incumbência a Paulo e Barnabé. (Atos, 13:1 - 4).
Em Tróade, o apóstolo da gentilidade recebe a visita de um varão, em Espírito, a pedir-lhe concurso fraterno (Atos, 16:9 - 10).
E, tanto quanto acontece hoje, os médiuns de ontem, apesar de guardarem consigo a Bênção Divina, experimentavam injustiça e perseguição. Quase por toda à parte, padeciam inquéritos e sarcasmos, vilipêndios e tentações.
Logo no início das atividades mediúnicas que lhes diziam respeito, vêm-se Pedro e João segregados no cárcere. Estevão é lapidado. Tiago, filho de Zebedeu, é morto a golpes de espada. Paulo de Tarso é preso e açoitado várias vezes. A mediunidade, que prossegue fulgindo entre os mártires cristãos, sacrificados nas festas circenses, não se eclipsa, ainda mesmo quando o ensinamento de Jesus passa a sofrer estagnação por impositivos de ordem política. Apenas há alguns séculos, vimos Francisco de Assis exalçando-a em luminosos acontecimentos; Lutero transitando entre visões; Tereza d’Ávila em admiráveis desdobramentos; José de Cupertino levitando ante a espantada observação do papa Urbano VIII, e Swedenborg recolhendo, afastado do corpo físico, anotações de vários planos espirituais que ele próprio filtra para o conhecimento humano, segundo as concepções de sua época.

MEDIUNIDADE:

A Parapsicologia nas Universidades e o estudo dos mecanismos do cérebro e do sonho, do magnetismo e do pensamento nas instituições ligadas à Psiquiatria chegarão igualmente à verdade, mas, antes que se integrem conscientemente no plano da redenção humana, burilemos, por nossa vez, a mediunidade, à luz da Doutrina Espírita, que revive a Doutrina de Jesus, no reconhecimento de que não basta a observação dos fatos em si, mas também que se não fazem indispensáveis à disciplina e a iluminação dos ingredientes morais que os constituem, a fim de que se tornem fatores de aprimoramento e felicidade, a benefício da criatura em trânsito para a realidade maior. ANDRÉ LUIS.(Livro Mecanismos da Mediunidade. Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira/André Luis).
A educação e desenvolvimento mediúnico a Luz da Doutrina espírita impõe sólidos conhecimentos deste Grande Pensamento. Assim, essencial se torna inicialmente entender que experiências mediúnicas sem embasamento teórico mínimo induzem, via de regra, a resultados pouco satisfatórios, quando não levam a processos obsessivos.
Faculdade parafísica que todos nós temos, em maior ou menor grau, de transmitir as mensagens dos Espíritos. Médium é aquele que transmite mensagens. Vejamos o que diz o Livro dos Médiuns: Nº159.Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem, uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva.
Deve-se notar, ainda, que essa faculdade não se revela em todos da mesma maneira. Os médiuns têm, geralmente, aptidão especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, o que os divide em tantas variedades quantas são as espécies de manifestações. As primeiras são: médiuns de efeitos físicos, médiuns sensitivos ou impressionáveis, auditivos, falantes, videntes, sonâmbulos, curadores, pneumatógrafos, escreventes ou psicógrafos.
Qual a finalidade da mediunidade na face da Terra? Nos dá a certeza da nossa Vida Futura - Espiritual.
Quais os requisitos necessários àqueles que trabalham na mediunidade? Exercício da humildade; disposição para servir e aprender.
Quais seriam as etapas a serem percorridas pelo candidato, na sua educação mediúnica?
Assistir reuniões doutrinárias públicas - Palestras;
estudo sistematizado da Doutrina Espírita;
participar de trabalhos assistenciais;
fazer tratamento de desobsessão;
tratamento com passes;
fazer curso de médium.
Que benefícios trazem os estudos evangélico-doutrinários para o médium? Educação, o candidato à médium fica sabendo quem ele é, moralização entende a importância do “dar de graça”. Fé.
O que é um Grupo Mediúnico e qual o número adequado de pessoas que devem constituí-lo? Grupos de pessoas que têm conhecimento se dedicam ao estudo da Doutrina Espírita e praticam a Caridade. O número adequado varia de 6 a 20 membros, todos simpáticos e afins entre si.
Qual o objetivo da sessão mediúnica? Auto-reforma.
TÉCNICAS EMPREGADAS PARA ADAPTAÇÃO PSÍQUICA AO LABOR MEDIÚNICO
Devem os participantes da assembléia preparar-se para o trabalho mediúnico:
Manter pensamentos elevados, objetivos e sadios e conversação construtiva.
Evitar alimentação excessiva e pesada, bebidas alcoólicas e outras drogas.
Fazer reforma íntima evangelizando-se e mantendo alto padrão vibratório.
Manter fidelidade aos compromissos assumidos.
Observadas essas condições, os serviços mediúnicos serão sempre protegidos pelos Bons Espíritos em nome de Jesus, e, a influenciação será sempre boa, pois “a prece, a meditação elevada, o pensamento edificante, refundem a atmosfera, purificando-a”.(Missionários da LUZ, cap.V).
Equilíbrio e harmonização mento-psíquica, meditação 15 minutos antes no mínimo, entrar em prece, concentração, leitura pertinente, luz baixa, música relaxante harmoniosa (opcional); jejum: alimentício; sexual; moral.
INTERCÂMBIO MEDIÚNICO
Na pauta dos compromissos espirituais que o trabalhador consciente da Doutrina Espírita assuma, destaca-se o intercâmbio mediúnico, na condição de muito valioso. Graças a ele, a observação do fato robustece a fé; a oportunidade de informar-se a respeito da vida além da morte faculta-lhe dados preciosos; o estudo das comunicações aguça-lhe a percepção sobre a erraticidade; o ensejo de esclarecer os que se encontram equivocados, no alémluz abençoada; proporciona-lhe recurso eficaz, para o concurso antiobsessivo ou desobsessivo; o hábito da concentrarão se lhe torna mais natural e produtivo; pode conferir os ensinamentos hauridos na Codificação com a realidade da vida moral, além do corpo somático; o ministério da aprendizagem viva oferece exemplos irrefutáveis; a ação da caridade sem saber a quem se dirige, torna-se mais oportuna e propicia-lhe dar passos mais largos...
O intercâmbio mediúnico de forma consciente, conforme as seguras diretrizes da Doutrina Espírita, é capítulo dos mais belos da vida, preparando os homens para que possam manter com equilíbrio e ampliar as incursões entre o plano físico e o espiritual.
Efeito do estudo cuidadoso do Espiritismo, o intercâmbio mediúnico salutar, é estímulo e convite ao aprimoramento interior de que se candidata à edificação de um futuro mundo melhor caracterizado por uma sociedade mais feliz...(Joanna de Angelis).
CONSCIENTIZAÇÃO E RESPONSABILIDADE MEDIÚNICA
O médium é sempre instrumento precioso colocado pela vida para o relevante serviço de interfônio entre o mundo do além-túmulo e o das expressões físicas.
Prepara-se se aprimorando interiormente, cada vez aprofundando-se na responsabilidade do labor abraçado, é dever impostergável, que nenhum trabalhador da seara espírita, no exercício da mediunidade, pode desconsiderar.
Liberar-se a pouco e pouco dos condicionamentos enfermiços e perturbadores; erguer-se acima das psicoses mediúnicas deprimentes e criar um clima natural, defluente da média aritmética dos estados emocionais, constituem serviço em regime de urgência, no exercício da mediunidade perante Jesus.
Médiuns e médiuns pululam em toda à parte. No plano físico, variando desde os que estacionam em perturbações dolorosas, até os que alcançam o Médium-Nato sublimativo;e, fora da matéria, padecendo vampirizações infelizes, quanto transformados em missionários da abnegação entre o mundo sublime e as esferas primitivas...
Médiuns outros há que sincronizam com outros encarnados ou desencarnados, mediante processos de sintonia indireta, automática, natural, graças às próprias, recíprocas afinidades.
Obviamente cada criatura encarnada sintoniza com o que e quem lhe apraz mantendo um intercâmbio nutriente ou depauperador para si, em cujo consórcio mergulha, invariavelmente, em subjugações lamentáveis.
Também há médiuns além do corpo físico atormentados pelas reminiscências a que se apegam, vinculados as ideoplastias das recordações cadavéricas, vitalizando falsas expressões em que se locupletam e se perturbam.
Jesus, o Médium por excelência, não obstante argüido pelas Entidades insensatas, perseguidas pelos fanazes da injúria e do preconceito, molestadas pelos perturbadores encarnados e desencarnados, manteve a sua perfeita vinculação com Deus, a fim de manter-se o ímpar servidor da verdade, por cujos filtros se corporificavam as idéias e a vontade do Supremo Senhor, na direção dos homens que se estão levantando, ainda hoje, da animalidade primitiva para a contemplação da luz.
Conscientizemo-nos, todos nós, candidatos ou não à mediunidade, das altas responsabilidades que nos cabe exercer, a fim de sairmos do primarismo em que nos perturbamos, no trânsito pela cortina de névoa e de paixões. Sediando-nos em definitivo no planalto dos registros superiores da vida, onde poderemos melhor servir a Deus, a Jesus, à Causa do Bem e da Caridade na terra, ora representada luminosamente através da Revelação Espiritista. (João Cléofas).
Quais as obras da Codificação Espírita que você já leu e estudou?
Quais as obras Suplementares que você já leu e estudou?
Já estudou algum livro específico sobre mediunidade?

REGISTROS DE ALLAN KARDEC

No estado de desprendimento em que fica colocado, o Espírito do sonâmbulo entra em comunicação mais fácil com os outros Espíritos encarnados, ou não encarnados, comunicação que se estabelece pelo contacto dos fluidos, que compõem os perispíritos e servem de transmissão ao pensamento, como o fio elétrico. “O Livro dos Espíritos, pg.233. FEB, 27ªedição”.
Salvo algumas exceções, o médium exprime o pensamento dos Espíritos pelos meios mecânicos que lhes estão à disposição e a expressão desse pensamento pode e deve mesmo, as mais das vezes, ressentir-se da imperfeição de tais meios. O Livro dos Médiuns, pg.229. FEB, 26ª Edição.
A mediunidade não é uma arte, nem um talento, pelo que não pode tornar-se uma profissão. Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há mediunidade. O Evangelho Segundo o Espiritismo, pg 311. FEB, 48ª Edição.
Por toda à parte, a vida e o movimento: nenhum canto do Infinito despovoado, nenhuma região que não seja incessantemente percorrida por legiões inumeráveis de Espíritos radiantes, invisíveis aos sentidos grosseiros dos encarnados. 34. FEB, 18ª.Edição.
São extremamente variados os efeitos da ação fluídica sobre os doentes, de acordo com as circunstâncias. Algumas vezes é lenta e reclama tratamento prolongado, como no magnetismo ordinário; doutras vezes é rápida, como uma corrente elétrica. A Gênese, pg 279.FEB,13ª. Edição.

EVOCAÇÃO DOS ESPÍRITOS

Em o Livro dos Médiuns, cap.XXV, item 269, Kardec diz preferir o apelo direto a determinado Espírito, a simplesmente aguardar uma comunicação espontânea, alegando que, com a evocação cria-se uma barreira de segurança para o médium aos intrusos. Complementa que as comunicações espontâneas, todavia, não apresentam inconvenientes, desde que se possa exercer um controle sobre os Espíritos, tendo a certeza de não deixar que os maus venham dominar as reuniões.
Na questão 369, de O Consolador, Emmanuel, Espírito, ensina: “não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum. Se essa evocação é passível de êxito, sua exeqüibilidade somente pode ser examinada no Plano Espiritual. Daí a necessidade de sermos espontâneos, porquanto, no complexo dos fenômenos espiríticos, a solução de muitas incógnitas espera o avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutrina”. Complementa, na mesma resposta, “podereis objetar que Allan Kardec se interessou pela evocação direta, procedendo a realizações dessa natureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codificador, aliada a necessidades e méritos ainda distantes da esfera de atividades dos aprendizes comuns”.
Quando se têm reuniões regulares, não é preciso fazer evocações, de vez que os Espíritos familiares ou participantes habituais acorrem a essas sessões naturalmente, sendo fácil reconhecê-los pela sua linguagem, pela sua escrita ou por certos hábitos peculiares.
Quando se pretende comunicar com um Espírito determinado, é absolutamente necessário evocá-lo.
Ao evocar um Espírito pela primeira vez, é conveniente designá-lo com alguma precisão. Perguntas formuladas da maneira imperativa podem afastá-lo e devem ser evitadas. Elas devem ser afetuosas ou respeitosas, conforme e Espírito; mas, em qualquer caso, devem revelar a benevolência do evocador.
Os médiuns são geralmente, muito mais procurados para as evocações de interesse particular do que geral. Há um desejo natural de conversar com os espíritos familiares ou com os Espíritos que foram importantes na Terra. Nestes casos devem os médiuns:
Estar seguros da sinceridade do pedido, para não caírem em armadilhas que lhes possam fazer pessoas malfazejas.
Acautelar-se de que tais evocações não se prestem a simples curiosidades, sem intenção séria da parte do evocador.
Repelir as que tenham caráter insidioso, porquanto os espíritos não gostam de estar sendo submetidos à prova. Insistir em questões desta natureza, é querer ser enganado.
“As perguntas devem ser feitas com clareza, nitidez e sem segundas intenções, para se obterem respostas positivas”.(LM, cap.XXV, itens 270 a 273).
Todos os Espíritos, desencarnados ou encarnados, seja qual for o grau da escala a que pertençam, podem ser evocados. Isso não quer dizer que eles sempre atendam o apelo. Na verdade, não há nenhum impedimento de ordem geral às comunicações. Os obstáculos à manifestação são quase sempre de ordem individual e, freqüentemente, decorrem das circunstâncias.
Entre as causas que se podem opor às manifestações dos Espíritos, umas lhes são pessoais e outras, estranhas. Entre as causas pessoais colocam-se:
As ocupações ou as missões que eles desempenham e das quais não podem afastar-se, para atenderem aos pedidos.
As próprias situações como encarnados, embora não seja um obstáculo absoluto.
Vivências em mundo inferior a Terra ou no mundo dos Espíritos Puros.
Entre as causas estranhas têm-se:
Causas ligadas à natureza do médium.
À condição da pessoa que evoca.
Ao meio em que se faz a evocação.
Ao objetivo a que se propõe. (LM, cap XXV, itens 274 3 275).
Uma questão importante se apresenta: é inconveniente ou não, evocar Espíritos maus? Não há inconveniente, diz Kardec, quando se faz a evocação com um fim sério, instrutivo, e tendo-se em vista melhorá-los. Ao contrário, é muito grande o inconveniente, quando se faz por mera curiosidade ou divertimento, ou quando se coloca sob sua dependência, pedindo-lhes um serviço qualquer.
Diz, ainda, Kardec que esse mesmo serviço que se solicitou, por mínimo que seja, constitui um verdadeiro pacto firmado com o mau Espírito, e este não larga facilmente, a sua presa. (LM, cap. XXV, item 282,1).
As comunicações dos Espíritos mais elevados, que sempre se apresentam com benevolência, sinceridade de sentimentos e sabedoria, trazem aos homens ensinamentos preciosos para a sua evolução. As dos Espíritos de ordem menos elevada, todavia, não são inúteis, pois delas se pode tirar proveito para instrução, bem como ser uma forma de conhecer como vivem os Espíritos. Comenta Kardec que “os Espíritos vulgares nos mostram o resultado prático das grandes e sublimes verdades de que os Espíritos Superiores nos dão a teoria”. (LM, cap.XXV, item 281).
Finalmente, a evocação dos Espíritos inferiores tem ainda a vantagem de por o homem em contato com os sofredores do mundo espiritual, aos quais se pode aliviar e cujo adiantamento se pode facilitar com bons conselhos.

ALGUNS ESCLARECIMENTOS, A RESPEITO DAS EVOCAÇÕES

No item 282, de O Livro dos Médiuns, cap. XXV, os bons Espíritos indicam alguns esclarecimentos, a respeito das evocações:
1° “Há também Espíritos que não podem jamais comunicar-se. São os que ainda pertencem, por sua natureza, a mundos inferiores à Terra. Os que se encontram em globos de punições também não podem comunicar-se, a menos que tenham permissão superior, só concedida em caso de utilidade geral”. “Não se dá o mesmo com os que são enviados em missão ou expiação aos mundos inferiores, pois esses possuem cultura necessária para responder ao chamado”.
2° Perguntou Kardec: “Como os Espíritos, dispersos no espaço ou em diversos mundos, podem ouvir as evocações que lhes são dirigidas de todos os pontos do Universo?” Responderam os Espíritos: “Freqüentemente, são prevenidos pelos Espíritos familiares que vos cercam e vão procurá-los; o Espírito evocado, por mais distante que esteja, recebe, por assim dizer, o impulso do pensamento como uma espécie de choque elétrico, que chama a sua atenção para o lado de onde vem o pensamento a ele endereçado. Podemos dizer que o espírito entende o pensamento, como na Terra entendeis a voz.”
3° O Espírito evocado pode deixar de atender o chamado, “ porque ele julga se é conveniente atender e ainda nisso dispõe do livre-arbítrio. O Espírito Superior atende sempre que o chamam com uma finalidade útil”, recusando-se a responder, quando se trata de pessoas pouco sérias e da reunião fazem divertimento.
4° Não há dias e horas mais propícias às evocações, porquanto, “para os Espíritos, isso é completamente indiferente, como tudo o que é material, e seria superstição acreditar na influência dos dias e das horas”.
5° Entre os Espíritos, existem, também, os misantropos que não gostam de ser incomodados, cujas respostas se ressentem do seu mau humor, sobretudo, quando chamados por criaturas que lhes são indiferentes, pelas quais não se interessam”.
6° Um Espírito elevado pode responder, ao mesmo tempo, às perguntas que lhe são dirigidas de muitos lugares, simultaneamente, e “ quanto mais puro é o Espírito tanto mais o seu pensamento se irradia e se difunde como a luz. Os Espíritos inferiores são muito materiais; não podem responder senão a mais de uma pessoa de cada vez, não podem atender à evocação, se já foram chamado em outro lugar”.
7° Os Espíritos puros podem ser evocados, mas atenderão “muito raramente, pois só se comunicam com os de corações puros e sinceros, não com os orgulhosos e egoístas”.
Neste caso, cumpre observar a dificuldade que é a de saber o nome do Espírito a ser evocado, e se ele é realmente puro.
8°Perguntou Kardec: “Quanto tempo deve decorrer, depois da morte, para que se possa evocar um Espírito? Como resposta foi dito que: “pode-se evocá-lo no próprio instante da morte, mas, como ele ainda se encontra em perturbação, só imperfeitamente pode responder”.
9°O Espírito de uma criança, se evocado, pode responder: “não obstante, até que esteja completamente liberto, pode conservar na linguagem alguns traços do caráter de criança”.
A dinâmica espírita da atualidade desaconselha evocar Espíritos. Kardec evocava os Espíritos, porque tinha respaldo de sua autoridade moral e, demais, como Codificador, usando o método experimental em suas pesquisas, tinha a necessidade de evocar Espíritos das mais variadas categorias evolutivas e até mesmo pessoas encarnadas, para melhor comprovar a fenomenologia espírita, acompanhando todo o arcabouço do corpo doutrinário, como exemplo: reencarnação, provas , expiações, sobrevivência da alma, mediunidade, etc. Os Espíritas de hoje não estão com essa responsabilidade. Se a Kardec nos primórdios da Doutrina, se justificavam as evocações, hoje, elas são capítulos superados no estudo da Doutrina dos Espíritos.


Comentário

Anônimo disse...
É necessário estudar kardec para compreender a complexidade do intercâmbio mediunico, bem como de seus mecanismos e de sua finalidade que objetiva somente a caridade.

PERDA E SUSPENSÃO DA MEDIUNIDADE

A faculdade mediúnica está sujeita a intermitências e a suspensões momentâneas tanto para as manifestações físicas, quanto para as inteligentes. Causas:
Livre arbítrio dos Espíritos que se comunicam.
Impossibilidade dos Espíritos.
Uso que o médium faz de sua faculdade mediúnica influi sobre os bons espíritos; futilidades, ambição.
Provar o médium, a sua paciência , a sua perseverança.
Estimular o estudo, a prece e a meditação.
Vide n°220. Livro dos Médiuns de A Kardec.
Ainda a respeito da perda e suspensão da mediunidade.
Podem ser de três categorias as causas que determinam a perda ou suspensão da mediunidade:
1-Advertência: Quando os Espíritos que sempre se comunicam por um médium deixam de fazer, para provar ao médium e a todos, que eles são indispensáveis para que haja a comunicação e que o seu concurso simpático nada se obtém.
No mais das vezes, tal atitude se prenda à forma qual o médium vem se conduzindo, deixando a desejar sob o ponto de vista moral e doutrinário. “Este dom de Deus não é concedido ao médium para seu deleite e ainda menos, para a satisfação de suas ambições, mas para dar a conhecer aos homens a verdade. Se os Espíritos verificam que o médium já não corresponde às suas visitas e, já não aproveita das instruções nem dos conselhos que lhe dá, afasta-se, em busca de protegido mais digno.”(Idem, 3ª questão.)
Geralmente este tipo de suspensão é por algum tempo, e a faculdade volta a funcionar, cessada a causa que a produziu.
2-Benevolência: Quando as forças do médium estão esgotadas e seu poder de defesa fica reduzido, para que não caia como presa fácil nas mãos dos obsessores, sua faculdade é suspensa, temporariamente, até que volte ao seu estado normal e a possa exercitar com eficiência. Assim, a interrupção da faculdade nem sempre é uma punição; demonstra às vezes a solicitude do Espírito para com o médium a quem consagra afeição, tendo por objetivo proporcionar-lhe um repouso material de que o julga necessitado, caso em que não permite que outros espíritos o substituam”. (Idem, 5ª questão).
“Por que sinal de pode reconhecer a censura nesta interrupção? - Interrogue o médium a sua consciência e inquira de si mesmo qual o uso que tem feito da sua faculdade, qual o bem que dela tem resultado para os outros, que proveito há tirado dos bons conselhos que se lhe têm dado e terá a resposta.” (Idem, 10 questão.).
Mas, quando os bons Espíritos se afastam por acharem que um médium não está agindo corretamente, isto não seria falta de caridade ? Inicialmente eles sempre advertem os médiuns com ensinos que estes nem sempre tomam para si mas sim, endereçam às pessoas de seu círculo de relações. Várias são as tentativas que lhes fazem no sentido de evitar que o médium caia, mas, desde que o mesmo se torne rebelde aos avisos de disciplina, estudo, preparo doutrinário e contudo deixarem de se interessar pela sua sorte. Velam à distância, ainda aqui continuam a amparar o decaído de longe, esperando a primeira oportunidade de reabilitação para incentivarem-no a aproveita-la. Fazem o papel do pai que diante de filho teimoso que por toda a lei quer por a mão no fogo, apesar dos conselhos e explicações, deixam que ele sofra as conseqüências para aprender.
Os mentores espirituais não abandonam o médium que tem a sua faculdade suspensa. “O médium se encontra então na situação de uma pessoa que perdesse temporariamente a vista, a qual, não deixaria de estar rodeada de seus amigos, embora impossibilitado de os ver.” (Idem, 8ª questão).
3-Provação: Quando o médium, apesar de se conduzir com acerto, ter merecimento por boa conduta moral e não necessitar de descanso, tem suas possibilidades mediúnicas diminuídas. Com que fim isto ocorre? “Servem para lhes pôr a paciência à prova e para lhes experimentar a perseverança. Por isso é que os Espíritos nenhum termo em geral, assinam à suspensão da faculdade mediúnica; é para verem se o médium descoroçoa. É também para lhe dar tempo de meditar as instruções recebidas. Por essa meditação dos nossos ensinos é que reconhecemos os espíritas verdadeiramente sérios. Não podemos dar esse nome aos que, na realidade, não passam de amadores de comunicações”. (Idem. 5ª questão) Vê-se, por esta resposta que a finalidade da comunicação é a de instruir as criaturas humanas de como devem se comportar na vida, a fim de evitar os seus percalços e deles saber tirar o bom resultado quando são inevitáveis.
Meditar, significa ler com atenção; procurar entender o verdadeiro significado do que lê, pensar cuidadosamente sobre o que aprendeu e buscar aplicar o aprendido. Eis os objetivos que o médium deve atingir.
No caso de não mais funcionar a faculdade mediúnica, isto jamais se deve ao fato de o médium ter encerrado a sua missão, como de costuma dizer, porque toda missão encerrada com sucesso, é prenuncio de nova tarefa que logo se lhe segue e assim sucessivamente. O que ocorre nestes casos é perda por abusos da mediunidade ou por doença grave.

PAPEL E INFLUÊNCIA DO MÉDIUM NAS COMUNICAÇÕES

Compreendendo como se opera a transmissão do pensamento dos espíritos é possível entender o papel dos Médiuns nas manifestações. O Espírito possui um envoltório semimaterial ao qual chamamos de PERISPÍRITO. O fluido condensado, por assim dizer, em redor do espírito, para formar invólucro, é o intermediário pelo qual ele atua sobre os corpos. É o agente de seu poder material e é através dele que produz os fenômenos físicos. O Espírito exprime diretamente o seu pensamento pelo movimento de um objeto ao qual a mão do médium serve apenas de ponto de apoio. O Espírito pode fazê-lo mesmo sem que esse objeto esteja em contacto com o Médium. A transmissão do pensamento dá-se também por intermédio do espírito do Médium, ou melhor, de sua Alma, visto que se designa sob este nome o Espírito encarnado. O Espírito não atua sobre a mão do médium, como não atua sobre a cesta ou a prancheta, sim, atua sobre a alma sob esse impulso, dirige a mão por meio do fluído, que compõe seu próprio perispírito. Deve-se registrar que o espírito estranho ou comunicante, não substitui a alma, pois não pode desalojá-la; ele a controla a revelia dela, imprime-lhe sua vontade. Entende-se por “revelia dela”, a atuação exterior sobre os órgãos do corpo. A alma, entretanto, pode perfeitamente, ter consciência da ação exercida sobre ela por um espírito estranho. O papel da alma nesta circunstância é, algumas vezes, inteiramente passivo e então o médium se é de incorporação, não tem nenhuma consciência do que escreve ou do que diz. Ocasionalmente, entretanto, a passividade não é absoluta; então ele tem uma consciência mais ou menos vaga, embora a mão seja arrastada por um movimento maquinal, ao qual a vontade permanece alheia. Se for assim, dir-se-á nada prova que seja um espírito estranho que escreve e não o do Médium. Nós diremos pois, que pode acontecer que a alma do médium se comunica como o faria um espírito estranho.
E isso se concebe facilmente. Visto que podemos evocar o espírito de pessoas vivas ausentes e presentes, e como esse espírito encarnado no médium não se comunicaria igualmente? Os fatos provam que em certas circunstâncias, isso se dá, como no sonambulismo, por exemplo. Porém, não devemos deduzir daí, que todas comunicações provenham do espírito do Médium. Tal fato pode ser mais bem compreendido, por exemplo, quando uma pessoa que não sabe ler ou escreve uma língua que não conhece, quando enfim, o que é mais comum, ela não tem consciência alguma do que escreve, e os pensamentos que exprime são contrários ao seu próprio modo de ver, estão além de seus conhecimentos ou fora do alcance de sua inteligência. O Médium, quanto a execução, ,é apenas instrumento, ele exerce, sob outro ponto de vista, uma influência muito grande. Ressalte-se que, para se comunicar o espírito se identifica com o do médium, essa identificação não pode dar-se se não há entre eles simpatia, e, por assim dizer afinidade. A alma exerce sobre o espírito estranho uma espécie de atração ou de repulsão, segundo o grau de sua similitude ou dessemelhança, ora, os bons espíritos têm afinidade com os bons e os maus, donde se segue que as qualidades morais do Médium têm uma influência capital sobre a natureza dos espíritos inferiores que vem se agrupar em torno do médium e se comunicam por ele e estão sempre prontos a tomarem o lugar dos Bons Espíritos que foram chamados.
As qualidades que atraem os bons Espíritos são: a bondade, benevolência, simplicidade de coração, o amor ao próximo e o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos que os repelem são: o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões pelas quais o homem se prende a matéria. Um médium por excelência seria, pois, aquele que, com facilidade de execução, reunisse no mais alto grau, as qualidades morais.
A influência do Espírito do Médium pode exercer-se de outra maneira. Se ele é hostil ao Espírito comunicante, pode ser-lhe um intérprete infiel, alterar-lhe ou disfarçar-lhe o pensamento ou transmiti-lo em termos impróprios. O mesmo se dá entre nós quando se encarrega um homem de má fé, de uma missão de confiança.
As faculdades mediúnicas, levadas embora a alto grau de desenvolvimento, não basta, pois para garantir boas comunicações, é necessário, antes de tudo e, como uma condição expressa, um Médium simpático aos bons Espíritos.

INFLUÊNCIA DO MEIO NAS COMUNICAÇÕES

Os Espíritos estão incessantemente ao redor de nós, interferindo em nossas ações, reuniões, seguindo-nos, evitando-nos conforme seja a afinidade fluídica, simpatia ou antipatia. O Médium é o interprete; o instrumento consciente dos Espíritos e sua faculdade mediúnica nada mais é do que um meio de comunicação.
Conseqüentemente, a ação do médium depende do meio em que se encontre, dos objetivos das reuniões, da elevação moral dos encarnados e desencarnados, da afinidade entre médium e o espírito comunicante, da boa ou má preparação do ambiente, etc.
A reuniões fúteis comparecem Espíritos levianos e brincalhões; reuniões sérias, Espíritos Elevados. Kardec perguntou se os Espíritos Superiores procuram encaminhar idéias sérias nas reuniões fúteis. Como resposta, foi-lhe dito que: “Os Espíritos Superiores não vão às reuniões onde sabem que a presença deles é inútil. Nos meios pouco instruídos, onde domina a ironia. Em tais meios, é necessário se fale aos ouvidos e aos olhos: esse papel é dos espíritos batedores e zombeteiros. Convém que aqueles que se orgulham da sua ciência sejam humilhados pelos Espíritos menos instruídos e menos adiantados. O meio exerce influência enorme sobre a natureza das manifestações inteligentes. Meio aqui não é o espaço, local, condição atmosférica ou ambiente, mas conjunto de qualidades morais e objetivos de Espíritos e encarnados interessados na reunião mediúnica. “Assim onde haja uma reunião de homens, há igualmente em torno deles uma assembléia oculta, que simpatiza com suas qualidades e seus defeitos”.(LM, item 232). A ação do médium é de fundamental importância para a formação desse meio, que deverá influenciá-lo, porquanto “os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que por ele se comunicam”.(LM, item 227).
Em resumo diz Kardec: ”As condições do meio serão tanto melhores, quanto mais homogeneidade houver para o bem, mais sentimentos puros e elevados, mais desejo sincero de instrução, sem idéias preconcebidas”.(LM, cap. XXI, item 233).

COMUNICABILIDADE DOS ESPÍRITOS

“A comunicabilidade dos espíritos com os encarnados não é um fato recente, mas antiguíssimo, com única diferença que no passado era apanágio dos chamados iniciados e na atualidade, com o advento do espiritismo, tornou - se fenômeno generalizado em todas as camadas sociais. A possibilidade dos espíritos de se comunicarem é uma questão muita bem estabelecida resultante de observações e experiências rigorosamente realizadas por eminentes pesquisadores. Os espíritas não têm dúvidas a esse respeito; porém, determinados irmãos que abraçam correntes religiosas diferentes da Dou E, procuram critica - la, chamando a atenção, entre outras coisas, sobre a proibição mosaica de evocar os mortos...” (Apostila FEB).
“Se a Lei de Moisés deve ser tão rigorosamente observada neste ponto. Força é que o seja igualmente em todos os outros. Por que seria ela boa no tocante às evocações e não mais em outras partes?
A proibição, tinha, pois, razão de ser. Nos dias atuais o ser humano adquiriu novas conquistas, o progresso humano se fez pelo predomínio da razão e a prática do intercâmbio espiritual defendida pelo Espiritismo tem outras finalidades: moralizadora, consoladora e religiosa".
Deve o espiritismo condenar tudo o que motivou a interdição de Moisés?
Os Espíritas não fazem sacrifícios humanos, de animais, de plantas, não interrogam os mortos, os adivinhos e magos para informar - se de coisa alguma, não usam medalhas, talismãs, fórmulas sacramentais ou cabalísticas para atrair e afastar espíritos.
A evocação dos espíritos exercida pela prática espírita tem o fito de receber conselhos dos espíritos superiores, moralizar aqueles voltados para o mal e continuar com as relações de amizade de amor entre entes queridos que partilharam ou não a vivência reencarnatória.
Pelas orientações instrutivas e altamente moralizadoras fornecidas pelos benfeitores espirituais, pelo valioso aprendizado oferecido pelos desencarnados e sofredores, conclui-se que a prática mediúnica, é um fator de progresso humano, pelos benefícios que acarreta.
Repelir as comunicações do além - túmulo é repudiar o meio mais poderoso de instruir - se, já pela iniciação nos conhecimentos da vida futura, já pelos exemplos que tais comunicações nos fornecem. A experiência nos ensina além disso, o bem que podemos fazer, desviando do mal os espíritos imperfeitos, ajudando os que sofrem a desprenderem-se da matéria e a se aperfeiçoarem. Interditar as comunicações é, portanto, privar as almas sofredoras da assistência que lhes podemos e devemos dispensar.

INTERFERÊNCIA DOS ESPÍRITOS EM NOSSOS PENSAMENTOS

Somos médiuns e como tais buscamos o nosso aperfeiçoamento interior, a fim de nos adequarmos a assistência. Em todas as atividades é importante conhecer, educar e desenvolver as nossas potencialidades bem como cooperar na educação e desenvolvimento das de com quem nos relacionamos.
Constitui segura diretriz Espírita o ESTUDO em complemento aos exercícios do AMOR.
É conveniente recordar que “...Pensar é vibrar, é entrar em relação com o universo espiritual que nos envolve...e, conforme a espécie das emissões mentais de cada ser, elementos similares se lhes imanizarão, acentuando - lhes as disposições e cooperando com ele em seus esforços ascensionais ou em suas quedas e deslizes”.
Os Espíritos infelizes, de mente ultrajada, vivem mais com os companheiros encarnados do que se supõe. Misturam - se nas atividades comuns, perambulam no ninho doméstico, participam das conversações, seguem os comensais, de que dependem em processo legítimo de vampirização...”
“...O pensamento exterioriza - se e projeta - se, formando imagens e sugestões que arremessamos sobre objetivos que se supõe atingir...”. (Pg. N°186 - Domínios da Mediunidade e pg. N° 168 - Estudando a Mediunidade.).
“... A química mental vive na base de todas as transformações, porque realmente evoluímos em profunda comunhão telepática com todos aqueles encarnados e desencarnados que se afinam conosco. (idem acima, pg 186 e 168/169.)”.
Aflições, quedas morais são frutos do pensamento desequilibrado.
Harmonia e felicidade são frutos de emissão equilibrada, edificante.
“À medida que se perseverar no propósito firme de melhoria, através do desligamento do mal, a influência provocada pelas entidades inferiores dará lugar aos conselhos e sugestões edificantes dos benfeitores espirituais. (apostila FEB)”.
“Pelo que foi dito, ficou patenteada a ação que os espíritos exercem uns sobre os outros, sobre tudo entre desencarnados e encarnados, estabelecendo - se, assim, uma reciprocidade constante de intercâmbio. Daí, ser difícil, se não impossível, em determinadas ocasiões, distinguir um pensamento próprio de um dos que nos é sugerido.”

OBSESSÃO

Causas - Meios de combatê-la
A Obsessão jamais se efetua sem a participação do obsedado, seja por fraqueza, seja pelo seu desejo. No primeiro caso, freqüentemente, estão associadas às responsabilidades da Lei de Causa e Efeito e, no segundo Caso, às tendências de comportamento do homem.
Igualmente, fala Emmanuel, em “Estude e Viva”, lição 35, que “é forçoso recordar, sobretudo, que os alicerces de qualquer ambiente espiritual começam nas forças do pensamento”. Complementando seu esclarecimento: “sempre que você experimente um estado de espírito tendente ao derrotismo, perdurando há várias horas, sem causa orgânica ou moral de destaque, avente a hipótese de uma influenciação espiritual sutil”.
Coloca Emmanuel como fatores que mais revelam essa condição da alma, as dificuldades de concentrar idéias em motivos otimistas; indisposição inexplicável, tristeza sem razão aparente ou pressentimentos de desastre imediato, aborrecimentos imanifestos, pessimismos sub-reptícios, irritações surdas, hiperemotividade ou depressão e tantos outros motivos.
Os motivos, as causas da obsessão variam segundo o caráter do Espírito (LM, cap. XXIII,itens 245 a 254):
Vingança contra desafetos do passado.
Desejo de fazer os outros sofrerem, quase sempre por ignorância, inveja, covardia, etc...
Desejo de impor suas idéias para dominar, desunir, destruir.
Divertimento com a impaciência da vítima, porquanto ao se zangar faz precisamente o quer ele quer.
Apego a pessoas por ligações afetivas do passado.
O meio mais eficaz de combater a obsessão, levando à sua cura, é através da mudança interior do obsedado, quebrando - se, assim, o elo entre a vítima e o obsessor, formado pela lei das afinidades; a aquisição de sentimentos elevados como a humildade, o perdão, a tolerância, a paciência, o arrependimento, condições de fortalecimento da alma para resistir aos arrastamentos sugeridos.
Um tratamento complementar consiste no trabalho de desobsessão, levando ao Espírito obsessor o esclarecimento dos princípios doutrinários, coadjuvado por um serviço de passes com fluidos salutares para fortificação perispiritual. Será necessário levar o espírito perverso a renunciar os seus desígnios: é preciso fazer nascer nele o arrependimento e o desejo de fazer o bem.
Em resumo, pode - se dizer que duas são as medidas essenciais: a reforma íntima de ambos, por suas imperfeições morais, e a prece a Deus e a vigilância nas atitudes, para se guardarem na proteção dos Bons Espíritos.
O tratamento, todavia, deve ser feito, segundo as características de cada processo obsessivo, cujo reconhecimento decorre dos seguintes sintomas (LM, cap. XXIII, item 243.):
Insistência de um Espírito em se comunicar, queira ou não o médium.
Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações recebidas.
Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos espíritos.
Disposição para afastar-se das pessoas que podem esclarecê-lo.
Intolerância para as críticas feitas às comunicações que recebe.
Necessidade constante e inoportuna de escrever.
Constrangimento físico qualquer, dominando - lhe a vontade e forçando - o a agir ou falar a contragosto seu.
Ruídos e desordens constantes ao redor do médium, dos quais é ele a causa de tudo ou o objeto.
André Luiz em “Missionários da Luz”, cap.XVII, mostra que o tratamento é diferente, conforme o grau de intensidade da obsessão. Relata, inclusive, um caso de “possessão”, dizendo que a obsedada estava “cercada de entidades agressivas, seu corpo tornara - se como que a habitação do perseguidor mais cruel. Ele ocupava - lhe organismo, desde o crânio até os pés, impondo - lhe tremendas reações em todos os Centros de Energia Celular. Fios tenuíssimos, mas vigorosos, uniam, ambos, e, ao passo que o obsessor nos apresentava um quadro psicológico de satânica lucidez, a desventurada mulher mostrava aos colaboradores encarnados a imagem oposta, revelando angústia e inconsciência”. Deixa, finalmente, registrado que o tratamento deve ser sempre na base do amor e do esclarecimento.
No Cap IX de “Nos Domínios da Mediunidade”, André Luiz mostra, também, outro caso de possessão, ocorrido num doente de epilepsia, decorrente de dívidas do passado, em que mais uma vez esclarece a importância do amor no tratamento informando que a cura depende do entendimento de cada um.
De modo geral, todos os homens estão sujeitos à obsessão, mas os médiuns, certamente, mais que os outros, enlaçados em tremendas provas, devem aprender, sem desanimar. E servir ao bem, sem esmorecer.
Diz Kardec (LM, cap. XXIII, item 251) que “não há nenhum processo material, nenhuma fórmula, sobretudo, nenhuma palavra sacramental, com o poder de expulsar os Espíritos obsessores. O que falta em geral ao obsedado é força fluídica suficiente. Nesse caso, a ação magnética de um bom magnetizador pode dar - lhe uma ajuda eficiente”. Em “Obras Póstumas”, capítulo “Manifestações dos Espíritos”, §7°, item 58, Kardec menciona “quando dois homens lutam corpo a corpo, aquele que dispõe de mais fortes músculos é que abate o outro. Com um Espírito tem - se de lutar, não com o corpo a corpo, mas Espírito a Espírito, e é ainda o mais forte que triunfa. Aqui, a força reside na autoridade que se possa exercer sobre o obsessor, e essa autoridade está subordinada à superioridade moral”.
Por isso, “temos, pois, que nos persuadir de que não há, para alcançar - mos aquele resultado, nem palavras sacramentais, nem fórmulas, nem talismãs, nem sinais materiais quaisquer”.
Antes, pois, de pretender domar um Espírito mau, que se cuide o homem de domar a si mesmo, e isto ele consegue, através da boa vontade, secundada pela prece e pela vigilância: “Ajuda - te a ti mesmo, e o Céu te ajudará”.

MOVIMENTO ESPÍRITA

Movimento Espírita “(...) é o conjunto de atividades desenvolvidas organizadamente pelos Espíritas, para por em prática a Doutrina Espírita, através de instituições, encontros fraternos, congressos, palestras, edições de livros, etc. O Movimento Espírita é, portanto, um meio para se aplicar a Doutrina Espírita em todos os sentidos, para se divulgar os seus princípios e se exercitar a vivência de suas máximas. (...)”. Atingiu o seu alto estágio pela Unificação no plano nacional através do Pacto Áureo celebrado em 5 de outubro de 1949.
O processo de divulgação doutrinária se afetiva através da tribuna, da imprensa espírita e das escolas de evangelização espírita infanto-juvenis e de estudos sistematizados da Doutrina.
Como veículo de maior penetração pública, o livro Espírita é o de maior alcance, levando a mensagem a todos os recantos do mundo. Com o advento da Informática o Movimento de divulgação doutrinária ganha de semeadura que não pode ser desconsiderado.
Não confundir Doutrina Espírita com Movimento Espírita.
Doutrina Espírita é o conjunto de princípios básicos codificados por Allan Kardec, que constituem o Espiritismo. Esses princípios estão contidos nas obras fundamentais, que são: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. Todas as demais obras espíritas por mais preciosas que sejam ou venham a ser, são e serão obras complementares, ou acessórias, sem que isso lhes diminua o extraordinário valor de muitas delas, pois a Doutrina Espírita é, como a definiu o próprio Codificador, “essencialmente progressiva”.
Movimento Espírita é outra coisa, é o conjunto de atividades desenvolvidas organizadamente pelos espíritas, para pôr em prática a Doutrina Espírita, através de instituições, encontros fraternos, congressos, palestras, edições de livros, etc. O Movimento Espírita é, portanto, um meio para se aplicar a Doutrina Espírita, em todos os sentidos, para se divulgar os seus princípios e se exercitar a vivência de suas máximas.
A Doutrina Espírita está imune a deturpações; porque qualquer idéia ou conceito que se mostre incompatível com os princípios consagrados nas obras da Codificação, poderá ser tudo, menos Espiritismo.
Já o Movimento Espírita, por ser movimento livre de pessoas e instituições humanas, sem obrigações de obediência compulsórias hierarquias religiosas que não possuímos, não goza da mesma imunidade, exigindo, em razão disso, de cada espírita em particular, e de todo grupo ou instituição espírita, uma vigilância permanente, no mais alto sentido, para que nenhuma deturpação comprometa a pureza dos ideais que abraçamos.
A força da Doutrina Espírita está em seus princípios e na sua permanente possibilidade de comprovação. São eles: a existência, a unicidade, a justiça e a onipotente e paternal bondade de Deus; a imortalidade da alma, a reencarnação e a comunicabilidade dos Espíritos; a evolução universal e infinita.
A razão de ser do Movimento Espírita só pode ser a divulgação e a prática da Doutrina Espírita. É nesse sentido que todas as potencialidades dos espíritas devem ser canalizadas, isto, para a difusão do evangelho Redivivo, à luz da imortalidade e da reencarnação, da justiça perfeita e do inesgotável Amor Divino. Cada página de livro, jornal ou revista espírita, cada programa espírita de rádio e TV, cada palestra ou conferência espírita constituem sagrada oportunidade para a divulgação dos princípios e dos esclarecimentos da doutrina dos espíritos, levando à alma do povo as sementes da consolação e da esperança, do entendimento superior da vida e de uma nova conceituação da verdadeira fraternidade, com base nas sublimes verdades reveladas pelo Consolador Prometido e Enviadas por Jesus.
Todo aquele a quem a luz da Doutrina Espírita já iluminou tem o indeclinável dever de aproveitar integralmente as possibilidades que o Senhor da Vinha lhe concede, para estender a luz do conhecimento e do amor, com simplicidade e eficiência, desprendimento e sinceridade. Para falar ao povo simples, o exemplo de Jesus não deve ser esquecido: - a linguagem deve ser singela e direta, franca e fácil como a própria verdade.
Importante é levar a mensagem do espiritismo ao povo, na linguagem do povo com correção e nobreza, elevação e dignidade.
BIBLIOGRAFIA:
Obras Básicas da Doutrina Espírita.
O Que é o Espiritismo. Allan Kardec. Ed FEB
No Invisível. Léon Denis. Ed FEB
O Grande Enigma. Léon Denis.
Ed FEB
Deus na Natureza. Camille Flammarion. Ed FEB
Depois da Morte. Léon Denis. Ed FEB
The Occult Glossary. G. Purucker
O Problema do Ser do Destino e da Dor. Léon Denis. Ed FEB
As Leis Morais. Rodolfo Calligaris.Ed FEB
Justiça Divina. Francisco Cândido Xavier/Emmanuel, Cap Corrigir e pagar. Ed FEB
A Prece.Allan Kardec.Ed FEB
Páginas de Espiritismo Cristão. Rodolfo Calligaris. Ed FEB
Nos Domínios da Mediunidade. Francisco Cândido Xavier. Ed FEB
Levítico, l9:31, Bíblia
Levítico, 20:27, Bíblia
Deutoronômio, 18:10 e 12, Bíblia
Estudos Espíritas, Cap Mediunidade. Divaldo Pereira Franco. Ed FEB
O Consolador. Francisco Cândido Xavier/Emmanuel. Ed FEB
Mediunidade, Cap 2. Edgard Armond
Estude e Viva. Chico Xavier/Emmanuel Ed FEB
Evolução em Dois Mundos. Chico Xavier/André Luis. Ed FEB
Mecanismos da Mediunidade/André Luis.Ed FEB
Estudando a Mediunidade, Cap 29, Martins Peralva. Ed FEB
Seara dos Médiuns, lição 62. Chico Xavier/Emmanuel. Ed FEB
Viagens e Entrevistas, item 78.Divaldo P Franco Ed
Emmanuel. Francisco Cândido Xavier. Ed
Entre a Terra e o Céu. Chico Xavier/André Luis. Ed FEB
Missionários da Luz. Chico Xavier/André Luis.Ed FEB
Revista Espirita. Allan Kardec. Ed EDICEL:
1 A pluralidade dos mundos, Júpiter e alguns outros mundos (março de 1858).
2 Descrição de Júpiter (Abril de 1858).
3 Habitações em Júpiter (Agosto de 1858).
4 Júpiter e Marte (Outubro de 1860).
5 O Planeta Vênus (Agosto de 1862).
6 A Pluralidade dos Mundos Habitados (Janeiro de 1863).
Iniciação Espírita. Allan Kardec, cap. VI e VII Ed FEB.
Apostilas da FEB.
Somos o que pensamos, R Caligaris.
Apostilas da Casa de Ismael, C E O Consolador, BSB-DF.
*Ed FEB (Editora - FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA).

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