PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

quinta-feira, outubro 04, 2007

DANIEL DUNGLAS HOME - Revista Espírita

Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos - PUBLICADA SOB A DIREÇÃO DE ALLAN KARDEC
Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito.
Primeiro Ano – 1858
Titulo original em francês: REVUE SPIRITE JOURNAL D'ÉTUDES PSYCHOLOGIQUES
Tradução: SALVADOR GENTILE
Revisão: ELIAS BARBOSA
1a edição - 1.000 exemplares - 1993
2a edição - 300 exemplares - 2001
© 1993 Instituto de Difusão Espírita
O senhor Home
Revista Espírita, fevereiro de 1858

A causa das manifestações do senhor Home é inata nele; sua alma, que parece não prender-se
ao corpo senão por fracos laços, tem mais afinidade pelo mundo espírita do que pelo mundo corpóreo; por isso, ela se separa sem esforços, e entra, mais facilmente do que em outros, em comunicação com os seres invisíveis.
Essa faculdade se revelou nele desde a mais tenra infância. Com a idade de seis meses, seu berço se balançava inteiramente sozinho, na ausência da sua babá, e mudava de lugar.
Nos seus primeiros anos, era tão débil que tinha dificuldade para se sustentar; sentado sobre um tapete, os brinquedos que não podia alcançar, vinham, eles mesmos, colocar-se ao seu alcance.Com três anos teve as suas primeiras visões, mas não lhes conservou a lembrança. Tinha nove anos quando a sua família foi se fixar nos Estados Unidos; aí os mesmos fenômenos continuaram com uma intensidade crescente, à medida que avançava em idade, mas a sua reputação, como médium, não se estabeleceu senão em 1850, por volta da época em que as manifestações espíritas começaram a se tornar populares nesse país.
Em 1854, veio para a Itália, nós o dissemos, por sua saúde; espanta Florença e Roma com verdadeiros prodígios. Convertido à fé católica, nessa última cidade, tomou a obrigação de romper as suas relações com o mundo dos Espíritos. Durante um ano, com efeito, seu poder oculto parece tê-lo abandonado; mas como esse poder estava acima da sua vontade, ao cabo desse tempo, assim como lhe havia anunciado o Espírito de sua mãe, as manifestações se reproduziram com uma nova energia.

Sua missão estava traçada; deveria distinguir-se entre aqueles que a Providência escolheu para nos revelar, por sinais patentes, a força que domina todas as grandezas humanas.
Se o senhor Home não fora, como o pretendem certas pessoas que julgam sem ter visto, senão um hábil prestidigitador, teria sempre, sem nenhuma dúvida, à sua disposição peças em sua sacola, ao passo que não é senhor de produzi-los à vontade.
Ser-lhe-ia, pois, impossível ter sessões regulares, porque, freqüentemente, seria no momento em que teria necessidade que a sua faculdade lhe faltaria. Os fenômenos se manifestam, algumas vezes, espontaneamente, no momento em que menos são esperados ao passo que, em outras, se é impotente para provocá-los, circunstância pouco favorável a quem quisesse fazer exibições em horas fixadas. O fato seguinte, tomado entre mil, disso é uma prova.
Desde há mais de quinze dias, o senhor Home não tinha podido obter nenhuma manifestação, quando, estando a almoçar na casa de um dos seus amigos, com duas ou três outras pessoas do seu conhecimento, os golpes se fazem súbito ouvir nas paredes, nos móveis e no teto.
Parece, disse, que voltam.
O senhor Home, nesse momento, estava sentado no sofá com um amigo.
Um doméstico traz a bandeja de chá e se apressa em colocá-la sobre a mesa
situada no meio do salão; esta, embora fosse pesada, se eleva subitamente e se destaca do solo em 20 a 30 centímetros de altura, como se tivesse sido atraída pela bandeja; apavorado, o criado deixa-a escapar, e a mesa, de um pulo, se atira em direção do sofá e vem cair diante do senhor Home e seu amigo, sem que nada do que estava em cima tivesse se desarrumado.
Esse fato, sem contradita, não é o mais curioso daqueles que teríamos a relatar, mas apresenta essa particularidade, digna de nota, de ter se produzido espontaneamente, sem provocação, num círculo íntimo, onde nenhum dos assistentes, cem vezes testemunhas de fatos semelhantes, tinha necessidade de novos testemunhos; seguramente, não era o caso para o senhor Home de mostrar as suas habilidades, se habilidades havia.
Num próximo artigo, citaremos outras manifestações.
[ ... ] O senhor Home começa, geralmente, suas sessões pelos fatos conhecidos: pancadas em uma mesa ou em qualquer outra parte do apartamento, procedendo como dissemos alhures.
Vem, em seguida, o movimento da mesa, que se opera primeiro pela imposição das mãos, só dele ou de várias pessoas reunidas, depois a distância e sem contato; é uma espécie de preparação. Muito freqüentemente, não se obtém nada de mais; isso depende da disposição em que se encontra e, algumas vezes, também da dos assistentes; há tais pessoas diante das quais jamais nada produziu, mesmo sendo seus amigos.
Não nos estenderemos sobre esses fenômenos, hoje tão conhecidos, e que não se distinguem senão pela sua rapidez e sua energia. Freqüentemente, após várias oscilações e balanços, a mesa se destaca do solo. Se eleva gradualmente, lentamente, por pequenas sacudidelas, não mais do que alguns centímetros, mas até o teto, e fora do alcance das mãos; depois de estar suspensa alguns segundos no espaço, desce como subiu, lentamente, gradualmente.
A suspensão de um corpo inerte e de um peso especifico incomparavelmente maior do que o do ar, sendo um fato adquirido, concebe-se que pode ocorrer o mesmo com um corpo animado.
Não sabemos que o senhor Home tenha operado sobre nenhuma outra pessoa, senão sobre si mesmo, e, ainda, esse fato não se produziu em Paris, mas foi constatado que ocorreu, várias vezes, tanto em Florença como na França, e notadamente em Bordeaux, em presença das mais respeitáveis testemunhas, que poderemos citar, se necessário.
Igual à mesa, ele é elevado até o teto, depois desce do mesmo modo.
O que há de bizarro nesse fenômeno é que, quando ele se produz, não é por ato de sua vontade, e ele mesmo nos disse que dele não se apercebe, e crê estar sempre no solo, a menos que olhe para baixo; somente as testemunhas o vêem se elevar; quanto a ele, experimenta nesse momento a sensação produzida pela agitação de um navio sobre as ondas.
De resto, o fato que narramos não é pessoal ao senhor Home.
Deles a história cita mais de um exemplo autêntico, que relataremos ulteriormente.
De todas as manifestações produzidas pelo senhor Home, a mais extraordinária é, sem contradita, a das aparições, por isso nelas insistiremos mais, em razão das graves conseqüências que delas decorrem e da luz que lançam sobre uma multidão de outros fatos.
Ocorre o mesmo com sons produzidos no ar, com instrumento de música que tocam sozinhos, etc. Examinaremos esses fenômenos com detalhes em nosso próximo número.
O senhor Home, de retorno de uma viagem à Holanda, onde produziu, na corte e na mais alta sociedade, uma profunda sensação, acaba de partir para a Itália.
Sua saúde, gravemente alterada, lhe faz necessário um clima mais ameno.
Confirmamos, com prazer, o que alguns jornais relataram, de um legado de 6.000 francos de renda, que lhe foi feito por uma dama inglesa, convertida por ele à Doutrina Espírita, e em reconhecimento da satisfação que com ele experimentou. O senhor Home merecia, sob todos os aspectos, esse honroso testemunho.
Esse ato, da parte de uma doadora, é um precedente ao qual aplaudiremos, todos os que partilham as nossas convicções; esperemos que, um dia, a Doutrina terá o seu Mecenas: a posteridade inscreverá o seu nome entre os benfeitores da Humanidade.
A religião nos ensina a existência da alma e a sua imortalidade; o Espiritismo disso nos dá prova palpável e viva, não mais pelo raciocínio, mas pelos fatos.
O materialismo é um dos vícios da sociedade atual, porque engendra o egoísmo. O que há, com efeito, fora do eu para quem tudo relaciona com a matéria e a vida presente?
A Doutrina Espírita, intimamente ligada às idéias religiosas, esclarecendo-nos sobre a nossa natureza, nos mostra a felicidade na prática das virtudes evangélicas; lembra o homem quanto aos seus deveres para com Deus, a sociedade e a si mesmo; ajudar a sua propagação é dar um golpe mortal na praga do ceticismo, que nos invade como um mal contagioso; honra, pois, àqueles que empregam, nessa obra, os bens com que Deus os favoreceu na Terra!

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