Titulo original em francês:
REVUE SPIRITE
JOURNAL D'ÉTUDES PSYCHOLOGIQUES
Tradução: SALVADOR GENTILE
Revisão: ELIAS BARBOSA
1a edição - 1.000 exemplares - 1993
2a edição - 300 exemplares - 2001
© 1993 Instituto de Difusão Espírita
O Livro dos Espíritos - Apreciações diversas
Revista Espírita, janeiro de 1858
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
CONTENDO OS PRINCÍPIOS DA DOUTRINA ESPÍRITA
Sobre a natureza dos seres do mundo incorpóreo, suas manifestações e suas relações com os homens; as leis morais, a vida presente, a vida futura, e o futuro da Humanidade; ESCRITO SOB O DITADO E PUBLICADO POR ORDEM DE ESPÍRITOS SUPERIORES
Por ALLAN KARDEC
Esta obra, como o indica seu título, não é uma doutrina pessoal, é o resultado do ensinamento direto dos próprios Espíritos, sobre os mistérios do mundo onde estaremos um dia, e sobre todas as questões que interessam à Humanidade; nos dão, de alguma sorte, o código da vida em nos traçando o caminho da felicidade futura. Este livro, não sendo o fruto de nossas próprias idéias, uma vez que, sobre muitos pontos importantes, tínhamos um modo de ver muito diferente, nossa modéstia nada sofreria com os nossos elogios; preferimos, entretanto, deixar falar aqueles que são inteiramente desinteressados na questão.
O Courrier de Paris, de 11 de junho de 1857, continha, sobre esse livro, o artigo seguinte:
A DOUTRINA ESPÍRITA
O editor Dentu vem de publicar, há pouco tempo, uma obra muito notável; queríamos dizer muito curiosa, mas, há dessas coisas que repelem toda qualificação banal.
O Livro dos Espíritos, do senhor Allan Kardec, é uma página nova do grande livro do Infinito, e estamos persuadidos de que se colocará um marcador nessa página. Ficaríamos desolados se cressem que fazemos, aqui, um reclamo bibliográfico; se pudéssemos supor que assim fora, quebraríamos nossa pena imediatamente. Não conhecemos, de modo algum, o autor, mas, confessamos francamente que ficaríamos felizes em conhecê-lo. Aquele que escreveu a nobres sentimentos.
Para que não se possa, aliás, suspeitar da nossa boa-fé e nos acusar de tomar partido, diremos, com toda sinceridade, que jamais fizemos um estudo aprofundado das questões sobrenaturais. Unicamente, se os fatos que se produziram nos espantaram, não nos fizeram, pelo menos, jamais dar de ombros. Somos um pouco dessas pessoas que se chamam de sonhadores, porque não pensam inteiramente como todo o mundo. A vinte léguas de Paris, à tarde sob as grandes árvores, quando não tínhamos ao nosso redor senão algumas cabanas disseminadas, pensamos, naturalmente, de qualquer outro modo do que na Bolsa, no macadame dos bulevares, ou nas corridas de Longchamps. Perguntamo-nos, com freqüência, e isso muito tempo antes de ter ouvido falar de médiuns, o que se passava nisso que se convencionou chamar lá no alto. Esboçamos mesmo, outrora, uma teoria sobre os mundos invisíveis, que havíamos guardado, cuidadosamente, para nós, e que ficamos bem felizes de reencontrar, quase inteiramente, no livro do senhor Allan Kardec.
A todos os deserdados da Terra, a todos aqueles que caminham ou que caem, molhando com suas lágrimas a poeira do caminho, diremos: lede O Livro dos Espíritos, isso vos tornará mais fortes. Aos felizes, também, aqueles que não encontram, em seu caminho, senão aclamações da multidão ou os sorrisos da fortuna, diremos: Estudai-o, ele vos tornará melhores.
O corpo da obra, diz o senhor Allan Kardec, deve ser reivindicado, inteiramente, pelos Espíritos que o ditaram.Está admiravelmente classificado por perguntas e por respostas: Estas últimas são, algumas vezes, verdadeiramente sublimes, isso não nos surpreende. Mas não foi preciso um grande mérito a quem soube provocá-las?
Desafiamos os mais incrédulos a rirem lendo esse livro, no silêncio e na solidão. Todo o mundo honrará o homem que lhe escreveu o prefácio.
A doutrina se resume em duas palavras: Não façais 'aos outros o que não quereríeis que se vos fizesse. Estamos tristes que o senhor Allan Kardec não tenha acrescentado: E fazei aos outros o que gostaríeis que vos fosse feito. O livro, de resto, di-lo claramente, e, aliás, a doutrina não estaria completa sem isso. Não basta jamais fazer o mal, é preciso, também, fazer o bem. Se não sois senão um homem honesto, não haveis cumprido senão a metade do vosso dever. Sois um átomo imperceptível dessa grande máquina que se chama o mundo, e onde nada deve ser inútil. Não nos digais, sobretudo, que se pode ser útil sem fazer o bem; ver-nos-íamos forçados a vos replicar com um volume.
Lendo as admiráveis respostas dos Espíritos, na obra do senhor Kardec, nos dissemos que haveria aí um belo livro para se escrever. Bem cedo reconhecemos que estávamos enganados: o livro está todo feito. Não poderíamos senão estragá-lo, procurando completá-lo.
Sois homem de estudo, e possuis a boa-fé que não pede senão para se instruir? Lede o livro primeiro sobre a Doutrina Espírita.
Estais colocado na classe das pessoas que não se ocupam senão de si mesmas, fazem, como se diz seus pequenos negócios tranqüilamente, e não vêem nada ao redor de seus interesses? Lede as Leis morais.
A infelicidade vos persegue encarniçadamente, e a dúvida vos cerca, às vezes, com seu abraço glacial? Estudai o livro terceiro: Esperanças e Consolações.
Todos vós, que tendes nobres pensamentos no coração, que credes no bem, lede o livro inteiro.
Se se encontrar alguém que ache, no seu interior, matéria de gracejo, nós o lamentaremos sinceramente. g. ou chalard.
Entre as numerosas cartas que nos foram dirigidas, desde a publicação de O Livro dos Espíritos, não citaremos senão duas, porque resumem, de alguma sorte, a impressão que esse livro produziu, e o fim essencialmente moral dos princípios que encerra.
Bordeaux, 25 de abril de 1857.
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