PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

quinta-feira, junho 15, 2006

O MUNDO DE FRANCISCO DE ASSIS - RABINDRANATH TAGORE - (Psicografado por Ariston S. Teles)

14 - PRISIONEIROS DA PAZ

A divulgação do Evangelho é tarefa das mais importantes, embora espinhosa. Aquele a quem foi concedida essa função deve buscar sempre inspiração nas Esferas do Invisível. Assim pensava e agia Francisco de Assis.
Programou uma viagem à Babilônia na companhia de doze irmãos. Lá deveriam desenvolver palestras e trabalhos diversos em favor do povo.
Antes, reuniram-se em prece, sentiram-se tocados pela presença do Cristo e então puseram-se a caminho.
Escusado dizer do júbilo que lhes bafejava o coração nessas circunstâncias.
O percurso, embora longo e cheio de imprevistos, foi todo aproveitado em reflexões, diálogos, preces, palestras e visitas a enfermos.
Os franciscanos tinham por princípio a valorização do tempo em qualquer oportunidade. Numa região de sarracenos havia um sultão temido pelo comportamento impetuoso e cruel que o caracterizava. Nos seus domínios territorias não passavam católicos que não fossem torturados. Já haviam tido graves atritos com a Igreja e considerava desprezíveis seus seguidores.
Francisco fora avisado quanto ao perigo, porém, sintonizado com o Cristo, nada temia. Chegando às terras do Sultão, percebeu imediatamente a gravidade do problema. Nos primeiros contatos com o povo sentiu a diferença psicológica e no segundo dia foi capturado, ele e seus confrades.
Passado alguns dias de cárcere, foram levados à presença do tirano, em cujo tribunal deveria ser lavrada sentença de morte para os "invasores".
Na hora do depoimento, Francisco, levantando-se serenamente, fez belíssima apresentação do Evangelho, distinguindo claramente o Cristianismo de Jesus daquele que o Sultão conhecia.
Afirmava:
- Jamais o Cristo apoiou qualquer forma de sectarismo, luxúria ou violência. Sua passagem entre os homens, representou poema de infinito amor... É a esse Mestre de misericórdia que procuramos obedecer, trabalhando pela paz entre as criaturas.
O comandante, fortemente impressionado, concedeu liberdade aos prisioneiros, sem impor qualquer restrição às atividades que eles pretendessem realizar.
Aliás, ficaram amigos. Durante vários dias os "irmãos menores" permaneceram na Babilônia e mil maravilhas puderam ser constatadas. Em verdade eles não representavam o Clero Romano e sim o Cristianismo primitivo.
Ao final da missão, o governante convidou-o a novo encontro, quando então puderam conversar mais abertamente sobre os objetivos da Ordem Franciscana.
Em dado momento o Sultão, descontraidamente, pediu ajuda espiritual a Francisco, e eis a resposta:
- Eu não devo permanecer por muito tempo ainda neste corpo; em breve retornarei à Pátria
Espiritual. Contudo, assim que chegar ao outro lado enviar-lhe-ei dois frades em ocasião oportuna. Realmente, tudo ocorreu conforme a previsão.
Pouco tempo depois da referida visita, Francisco desencarnou. Aparecendo em seguida a dois frades pediu-lhes visitassem o velho líder dos sarracenos.
Assim que chegaram ao palácio souberam que o chefe andava muito doente. Encaminharam-se para o confortável aposento e o diálogo foi longo e agradável. O ambiente, antes tenso e sombrio, torna-se calmo e sereno.
Dois dias depois o governante deixava o corpo à sepultura, tendo recomendado a todos não esquecerem os ensinamentos de Jesus.
Os pássaros cantores, mesmo na gaiola, cantam, e porque sabem e gostam de cantar, estão sempre livres.
Os cânticos da esperança e do júbilo desceram-lhe novos horizontes de paz e luz.

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