A salvação pelo arrependimento
Paulo da
Silva Neto Sobrinho
Tomemos
para exemplo um criminoso de uma perversidade sem tamanho. Trata-se de um
espírito muito atrasado, sem um mínimo valor moral. Suponhamos que, mesmo sem
ter religião, algum tempo depois de matar alguém, tenha se arrependido. Ora, o
fato de ter-se arrependido muda-lhe a natureza íntima de malvado? Seria justo
não deixar de pagar por todos os seus crimes somente porque ele se arrependeu?
E, então, como pode estar “salvo”?
Suponhamos, desta feita, que este criminoso pertença a uma destas correntes religiosas que pregam a “salvação de graça”, as quais afirmam, inclusive, que só pelo fato de ser adepto delas, já se pode ter como garantida a salvação garantida. Perguntamos, novamente: a natureza malvada desta pessoa, após o arrependimento, mudou por pertencer a essa corrente religiosa?
Haveria alguma
justiça, se ele deixasse de pagar pelos seus crimes? Então, como pode estar
“salva”? E será que o derramamento do sangue de Jesus vai mesmo a salvar, “de
graça”, sem que ela pague pelos crimes? Se fosse assim, como, então, entender a
Justiça Divina? E lembremo-nos, ainda, de que Jesus disse que ninguém deixará
de pagar até o último centavo!
Vejam
bem que, por essas situações colocadas, não houve por parte do criminoso
nenhuma mudança de sua natureza má. Apesar de se arrepender, continuou com sua
tendência de ser mau. Se assim é, como pode receber a mesma recompensa que uma
outra pessoa, que viveu toda a
sua vida praticando as virtudes que caracterizam um bom cristão? Onde estaria a
Justiça Divina que desse o mesmo prêmio para os que são intimamente bons e
intimamente maus? É essa incoerência que vemos na situação de que o pecador
que, somente por ter se arrependido,
vai para o céu.
Por
outro lado, não entendemos porque pensam que somente é válido nosso arrependimento,
quando estamos vivos. Ora, considerando que continuaremos a ser a mesma
individualidade depois que morrermos, perguntamos: por que na dimensão, para
onde iremos, não podemos arrepender dos nossos crimes? Se pudermos
arrepender-nos lá, ainda seremos salvos? Se não, por quê? E mais, com que base
podemos dizer que não, se Jesus foi pregar aos mortos, como
nos ensina Pedro?
E,
se perante os criminosos, a justiça dos homens, em hipótese alguma, aceita o
simples arrependimento, exigindo uma pena correspondente ao crime praticado,
por que achamos que
Deus, possuidor uma justiça perfeitíssima, agiria com uma justiça falha,
duvidosa?
Pensem nisso!
O arrependimento é, porém, caminho para a regeneração
e nunca passaporte direto para o céu
( No Mundo Maior - Calderaro - cap. 3 )
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O remorso é a força que prepara o arrependimento, como este é a energia que precede o esforço regenerador. Choque espiritual nas suas características profundas, o remorso é o interstício para a luz, através do qual recebe o homem a cooperação indireta de seus amigos do Invisível, a fim de retificar seus desvios e renovar seus valores maiores, na jornada para Deus.
Palavras de Emmanuel, página 177
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P. – Basta o arrependimento durante a vida para que as faltas do Espírito se apaguem e ele ache graça diante de Deus?
R. – O arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado.
O Livro dos Espíritos nº 999
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A cada momento, o Criador concede a todas as criaturas a bênção do trabalho como serviço edificante, para que aprendam a criar o bem que lhes cria luminoso caminho para a glória na Criação. Emmanuel
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