LÉON
DENIS
(* 01 JAN
1846 + 12 ABR 1927)
O GÊNIO
CELTA E O MUNDO INVISÍVEL
TRADUZIDO
DO ORIGINAL POR: JOANA
INTRODUÇÃO
No meio da
crise que sofremos, o pensamento inquieta-se, interroga-se; ele procura as
causas profundas da dor que atinge todas as formas da nossa vida social,
política, econômica, moral. As correntes de ideias, de sentimentos, de
interesses colidem violentamente, e
dos seus choques resulta um estado de perturbação, de
confusão, de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz numa
impotência para encontrara a solução.
Parece que a
França perdeu a consciência de si mesma, da sua origem,do seu papel no mundo.
Enquanto que outras raças, essencialmente realísticas, perseguem um objetivo muito mais preciso, tanto mais determinado quanto mais material é, a França sempre hesitou, ao longo da sua história, entre duas concepções opostas. E, por aí se explica o carácter intermitente da sua ação.
Tão depressa ela se diz Céltica como apela a esse espírito de liberdade, de verticalidade, de justiça que caracteriza a alma do Gaulês.
É à intervenção
desta, ao despertar do seu gênio, que é preciso atribuir a instituição das
comunas na Idade
Média e a
obra da Revolução.
Às vezes ela se crê latina e, desde logo, vão reaparecer todas as formas
de opressão monárquica ou
teocrática, a centralização
burocrática e
administrativa, copiada dos
romanos, com as
habilidades, os subterfúgios das
suas políticas e
os vícios, a
corrupção dos povos envelhecidos.
Acrescentem à
volta destas concepções a indiferença das massas, a sua ignorância das tradições, a perda
de todo o ideal. É às alternâncias destas
duas correntes que
é necessário atribuir
a oscilação do pensamento francês, as projeções, as
bruscas reviravoltas da sua ação através da história.
Para
reencontrar a unidade
moral, a consciência
de si mesma,
o sentido profundo do seu papel e do seu destino, ou seja tudo aquilo
que torna as nações
fortes, bastaria à
França que afastasse
as teorias errôneas, os
sofismas pelos quais
se o seu
julgamento, obscurecido o seu caminho, e retornar à sua própria natureza, às suas origens étnicas,
ao seu gênio
primitivo, em suma
à tradição Céltica, enriquecida
pelo trabalho e pelo progresso dos séculos. Porque a França é Céltica, não há qualquer
dúvida neste ponto. Os nossos mais eminentes
historiadores o atestam
e, com eles,
grande número de escritores e pensadores entre os quais os dois Thierry,
Henri Mar J. Michelet,
Ed. Quinet, Jean Reynaud, Renan, Emile Faguet e tantos outros. Se nós somos
latinos, disseram eles, pela educação e pela cultura, nós somos Celtas pelo
sangue, pela raça.
Arbois de Jubainville
repetiu-nos isso muitas vezes, tanto nos seus cursos do Colégio de França, como nos seus
livros: “Há 90 por cento de sangue gaulês nas
veias dos franceses.
"Com efeito, se
abrirmos a história, aí veremos
que após a queda do império, os
Romanos voltaram em massa a atravessar os Alpes e deles muito pouco restou na Gália.
As invasões germânicas passaram como um vendaval no nosso país; só os Francos, os
Visigodos, os Borgonheses aí se fixaram tempo suficiente para se fundirem com
os elementos autóctones. Além disso, os Francos não eram mais que trinta e oito
mil, enquanto que a Gália contava com cerca de cinquenta milhões de
habitantes.
Podemos perguntar-nos
como uma tão
vasta região pôde
ser conquistada com tão
fracos meios. Isso
o Sr. Ed.
Haraucourt, da Academia francesa,
explica-o num substancial
artigo publicado na revista “la Lumière”, de 15 de Janeiro de
1926, e do qual falaremos mais tarde.
Todos os que
guardaram no coração a memória das nossas origens gostam de
reconstituir glórias e reveses desta raça inquieta, aventureira que é a nossa,
recordar os infortúnios e provas que lhe granjearam tantas simpatias. A todas
estas páginas famosas, escritas sobre o assunto, eu não teria pensado
acrescentar fosse o que fse não tivesse tido um novo
elemento a oferecer ao leitor para elucidar o problema das nossas origens, ou
seja a colaboração do mundo invisível. Com efeito, é devido à incitação do espírito de
Allan Kardec que eu realizei este trabalho.
Aí encontrarão a série de
mensagens que nos
foram ditadas por incorporação, em condições que excluem
qualquer fraude. Durante estas entrevistas,
Espíritos libertos da
vida terrestre, trouxéramos
seus conselhos e os seus ensinamentos.
Tal como se verá nas suas mensagens, Allan Kardec viveu na Gália, no tempo da independência e aí foi druida. O dólmen que, por sua vontade, se ergue sobre o seu túmulo em Père-Lachaise, tem por lá um sentido exato.
A
doutrina espírita que
o grande iniciador
condensou, resumida nas suas obras através das comunicações dos
espíritos, obtidas em todos os pontos do globo, coincide, nos seus aspectos
fundamentais, com o druidismo e
constitui um retorno às nossas verdadeiras tradições étnicas, amplificadas
pelo progresso do
pensamento e pela
ciência e confirmadas pelas vozes
do espaço. Esta revelação marca um das fases mais elevadas da evolução humana,
uma era fecunda de penetração do invisível no visível, a participação de dois
mundos numa obra grandiosa de educação moral e de transformação social.
Nesta
perspectiva, as suas
consequências são incalculáveis. Ela oferece ao conhecimento um campo ilimitado de
estudos sobre a vida universal. Pelo encadeamento
das nossas existências
sucessivas e a solidariedade que as une, ela torna mais
clara, mais rigorosa a noção dos deveres
e das responsabilidades. Ela mostra
que a justiça
não é uma palavra vã e que a
ordem e a harmonia reinam no Cosmos.
A
que devo eu
atribuir este grande
favor de ter
sido ajudado, inspirado, dirigido
pelos Espíritos dos
grandes Celtas do
espaço?
Segundo o
que Allan Kardec
me disse, eu
próprio vivi, no
oeste das Gálias as minhas três
primeiras existências humanas e conservei sempre em mim as impressões das
primeiras épocas. É por isso que eu, na vida atual, aos
dezoito anos, assim
que li O Livro
dos Espíritos de Allan Kardec,
tive a intuição
irresistível da verdade.
Parecia-me escutar as vozes longínquas
ou interiores falando-me
de mil coisas
esquecidas.
Todo um passado ressuscitava com uma
intensidade quase dolorosa.
E tudo o que eu vi, observei, aprendi
desde então, não fez mais do que
confirmar esta primeira impressão.
Este livro pode pois ser considerado, em
grande parte, como uma emanação desse Além para onde em breve eu vou regressar. A todos aqueles que o lerão possa ele
trazer uma radiação de nosso pensamento e da
nossa fé comum,
um raio do
alto que fortalece
as consciências, consola as
aflições e eleva as almas em direção a esta fonte eterna da verdade, da sabedoria e do amor que é Deus.
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