PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

quinta-feira, outubro 29, 2020

Lei de causa e efeito é diferente de lei de ação e reação? (4 textos)

 De: "Lu Bandesh lubandesh@yahoo.com.br [vidaspassadasbr]" 


TEXTO 1:  

Ação e Reação

Autor: Sérgio Biagi Gregório

1. INTRODUÇÃO 

O objetivo deste estudo é mostrar que o acaso não existe e que um futuro promissor depende das boas ações praticadas no presente.


2. CONCEITO

Ação – ato o efeito de agir. Manifestação de uma força, de uma energia, de um agente.

Em termos espirituais, a ação inteligente do homem é um contrapeso que Deus dispôs para estabelecer o equilíbrio entre as forças da Natureza e é ainda isso o que o distingue dos animais, porque ele obra com conhecimento de causa. (Equipe da FEB, 1995)

Reação - Ato ou efeito de reagir. Resposta a uma ação qualquer. Comportamento de alguém em face de ameaça, agressão, provocação etc.

Em termos espirituais, a reação é a consequência que a ação humana acarreta ao ser defrontada com a Lei Natural. 

 

3. ASPECTOS GERAIS 

Deus, que é inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, estabeleceu leis, chamadas de naturais ou divinas. Elas englobam todas as ações do homem: para consigo mesmo, para com o próximo e para com o meio ambiente.

Numa fase mais rudimentar, funciona o determinismo divino; com o desenvolvimento do ser, Deus faculta-lhe o livre-arbítrio, a fim de que sinta responsabilidade pelos atos praticados.

Assim, o homem tem uma lei, uma diretriz, um modelo colocado por Deus na sua consciência, no sentido de nortear-lhe os seus atos.

A reação nada mais é do que uma resposta da natureza às nossas ações. Reações estas baseadas na lei natural. 

O raciocínio poderia ser expresso assim: há uma ação que provoca uma reação; a ação da reação provoca uma nova reação; a ação da reação da reação provoca outra ação. A isso poderíamos denominar de cadeias de ação e reação. 

A filosofia hindu chama essa cadeia de Carma, ou seja, o somatório do mérito e do demérito de todas as ações praticadas pelo indivíduo. 

A finalidade dessa cadeia de ação e reação é a perfeição do Espírito.

 

4. AÇÃO 

4.1. PRINCÍPIO DA AÇÃO 

Os movimentos que executamos em nosso dia a dia caracterizam as nossas ações. Fazer ou deixar de fazer, escrever ou não escrever, obedecer ou mandar são atitudes corriqueiras em nossa ocupação diária. Ocupar-se provém de um preocupar-se. À preocupação com uma ação futura, denominamos princípio da ação. 

Um exemplo tornará claro esse pensamento. Barbear-se é uma ação que a maioria dos homens pratica. O barbear-se está ligado a um princípio que o indivíduo forjou para si, ou seja, ele tomou uma decisão de apresentar-se barbeado. Ele deseja estar barbeado e não barbudo, como também poderia escolher ficar com barba. Nesse caso, eliminaria a ação de barbear-se, mas deveria aparar as barbas uma vez por semana.

Assistir a ou proferir uma palestra é uma ação. O princípio subjacente a este encontro está calcado tanto na conduta do expositor quanto na do ouvinte. O primeiro tem o dever de preparar o assunto; o segundo, o preparo mental e espiritual para ouvir.

 

4.2. OS MEIOS E OS FINS DE UMA AÇÃO

Estamos sempre confundindo os meios com os fins. Poder-se-ia perguntar: qual o fim de uma palestra? Qual o fim de uma religião? Qual o fim de um sindicato? As respostas poderiam ser: o fim de uma palestra espírita é difundir a verdade; o fim da religião é salvar os seus adeptos; o fim de um sindicato é defender os interesses de seus associados. Pode-se, contudo, confundir os meios com os fins: o expositor pode querer fazer prosélitos à custa da verdade; o Pastor, o Padre ou o mesmo o Espírita embora clamem pela salvação do adepto, acabam proibindo a salvação do mesmo em outra Igreja que não seja a sua; O presidente do sindicato pode promover greves, não para defender os interesses dos seus associados, mas para a sua ascensão política.

 

4.3. AUTONOMIA DE UMA AÇÃO

Temos, por várias razões, dificuldade de agir livremente. 1) A ignorância. Como escolher quando não se conhece? 2) Desenvolvimento determinístico imposta pelo princípio de causalidade. 3) Escassez de recursos naturais. São os terremotos, tempestades, acidentes etc.

O que permanece livre dessas amarras constitui o livre-arbítrio.

Há uma lenda japonesa que retrata a autonomia da ação. 

Kussunoki Massashige, famoso guerreiro do antigo Japão, celebérrimo pela sua inteligência e pelos seus lances geniais de estratégia, vivia desde sua infância no meio dos guerreiros.

 

Uma vez, no castelo de seu pai, observava os guerreiros que, reunidos ao redor de um enorme sino, apostavam quem deles conseguiria pô-lo em movimento. Contudo, nenhum deles, mesmo o mais hercúleo conseguiu mover milímetro do sino. O menino assistia a tudo isso com muito interesse. De repente, apresenta-se para mover o sino, desde que tomasse o tempo necessário para tal mister. Ele cola o seu corpo ao sino e começa a fazer esforço para balançar o sino. Depois de várias tentativas o sino começou a mover-se; primeiro lentamente; depois com mais força, formando uma simbiose entre o sino e o peso do garoto.

Qual a lição moral deste conto? É que devemos nos amoldar à situação e não o contrário. Observe a chegada de novos companheiros a um Centro Espírita: quantos, numa primeira reunião, não querem mudar tudo. Qual o resultado? Não conseguirão nada, porque não absorveram as atitudes e os comportamentos das pessoas envolvidas com a situação.

 

5. REAÇÃO

5.1. REAÇÃO NÃO É SÓ SOFRIMENTO 

Geralmente, a palavra reação vem impregnada de dor e de sofrimento: é como o pecador ardendo no fogo do inferno. No meio espírita, toma-se como sinônimo de carma, que implica em sofrer e resgatar as dívidas do passado. A reação, por seu turno, nada mais é do que uma resposta – boa ou má –, em razão de nossas ações. A reação é simplesmente uma resposta, nada mais. Suponha que estejamos praticando boas ações. Por que aguardar o sofrimento? Não seria melhor confiar na Vontade de Deus, na execução de sua justiça, que nos quer trazer a felicidade?

 

5.2. LEI DE DEUS 

Qual o móvel que determina uma reação? É a Lei de Deus.. Se a prática de uma ação não for concernente com a Lei de Deus, ou seja, se ela não expressar o bem ao próximo, ela não foi praticada em função da vontade de Deus. Qual será a reação com relação à Lei? Dor e sofrimento.

Qual deve ser a nossa atitude para com a dor? Quem gosta de sofrer? Acontece que sem ela não conseguiremos nos amoldar eficazmente à Lei de Deus. Se, por outro lado, interpretássemos a dor e o sofrimento como um ganho, um aprendizado das coisas úteis da vida, quem sabe não viveríamos melhor.

 

5.3. A INEXORABILIDADE DA LEI 

A Lei de Deus é justa e sábia. É por isso que dizemos que o acaso não existe. Isso quer dizer que tudo o que se nos acontece deveria nos acontecer. Nesse sentido, Deus não perdoa e nem premia. Faz, simplesmente, cumprir a sua Lei.

Como é que deveríamos agir com relação ao sofrimento? Verificar onde erramos. Caso tenhamos cometido algum crime, algum deslize, deveríamos nos arrepender. Basta apenas o arrependimento? Não. É preciso sofrer de forma educada. Ainda mais: temos que reparar o mal que fizemos. Deus se vale das pessoas, mas o nosso problema é com relação a radicalidade de sua Lei. E não adianta adiar porque, mais cedo ou mais tarde, a nossa consciência nos indicará o erro e teremos que refazer o mal praticado.

 

6. A PASSAGEM DO TEMPO ENTRE A AÇÃO E A REAÇÃO 

6.1. ANTECEDENTES E CONSEQUENTES 

A causa passada gera uma dor no presente; a causa presente provoca um sofrimento futuro. Um fato social é um evento quantitativo: aconteceu em tal dia, em tal local e em tal hora. A passagem do tempo transforma o fato quantitativo em fato qualitativo. Como se explica? Observe a água: ela é formada da junção de 2 elementos de hidrogênio com 1 de oxigênio. A água, embora contenha dois elementos de hidrogênio e um de oxigênio, é qualitativamente diferente do hidrogênio e do oxigênio.

 

6.2. O TEMPO MODIFICA QUALITATIVAMENTE A CAUSA

Transportemos o exemplo da água para o campo moral. Suponha que há 300 anos houve um assassinato entre duas pessoas que se odiavam. Como consequência, criou-se um processo obsessivo entre os dois. O fato real e quantitativo: um assassinato, que produziu um agravo à Lei de Deus e que deverá ser reparado. Os 300 anos transcorridos modificaram tanto aquele que cometeu o crime quanto aquele que o sofreu. E se a vítima já perdoou o seu assassino? E se o assassino vem, ao longo desse tempo, praticando atos caridosos? Será justo aplicar a lei do olho por olho e dente por dente? Aquele que matou deverá ser assassinado? O que acontece? Embora o assassino tenha que reparar o seu erro, pois ninguém fica imune diante da lei, a pena pode ser abrandada, em virtude de seus atos benevolentes.

 

6.3. PERDA DO DEDO E NÃO DO BRAÇO

Esta história foi retratada pelo Espírito Hilário Silva, no capítulo 20 do livro A Vida Escreve, psicografada por F. C. Xavier e Waldo Vieira, no qual descreve o fato de Saturnino Pereira que, ao perder o dedo junto à máquina de que era condutor, se fizera centro das atenções: como Saturnino, sendo espírita e benévolo para com todas as pessoas, pode perder o dedo? Parecia um fato que ia de encontro com a justiça divina. Contudo, à noite, em reunião íntima no Centro Espírita que frequentava, o orientador espiritual revelou-lhe que numa encarnação passada havia triturado o braço do seu escravo num engenho rústico. O orientador espiritual assim lhe falou: “Por muito tempo, no Plano Espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. Por muito tempo, por muito tempo... E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no dever... Regozije-se, meu amigo! Você está pagando, em amor, seu empenho à justiça...”

 

7. CONCLUSÃO

A prática da caridade tem valor científico, ou seja, ajuda-nos a reparar os danos que causamos à Lei Divina. Assim, se soubermos viver sóbrios e sem muitos agravos à Lei, certamente faremos uma passagem tranqüila ao outro plano de vida.

 

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 

BOULDING, K. E. Princípios de Política Econômica. São Paulo, Meste Jou, 1967.

BUZI, ARCÂNGELO R. A Identidade Humana: Modos de Realização.. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro, FEB, 1995.

XAVIER, F. C. Ação e Reação, pelo Espírito André Luiz. 5. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.

XAVIER, F. C., VIEIRA, W. A Vida Escreve, pelo Espírito Hilário Silva. 3. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1978


De: "Lu Bandesh lubandesh@yahoo.com.br [vidaspassadasbr]" 

Lei de causa e efeito é diferente de lei de ação e reação? (4 textos)

TEXTO 2:   Determinismo, Livre – Arbítrio e Lei de Causa e Efeito.

 

“Quanto mais se depura, tanto mais diminuem os seus pontos fracos e tanto menos acesso oferece aos que procurem atraí-lo para o mal. Na razão de sua elevação, cresce-lhe a força moral, fazendo que dele se afastem os maus Espíritos”. (Allan Kardec)

Existem 3 aspectos a serem considerados no estudo do presente tema: fatalidade, livre-arbítrio e lei de causa e efeito. Vejamos inicialmente aquele que se caracteriza pela ideia que dá de um determinismo.

 

Fatalidade

“Há, mas que tu viste e pressentiste quando, no estado de Espírito, fizeste a tua escolha. Não creias, entretanto, que tudo o que sucede esteja escrito, como costumam dizer. Um acontecimento qualquer pode ser a consequência de um ato que praticaste por tua livre vontade, de tal sorte que, se não o houvesses praticado, o acontecimento não seria dado. Imagina que queimas o dedo. Isso nada mais é senão resultado da tua imprudência e efeito da matéria. Só as grandes dores, os fatos importantes e capazes de influir no moral, Deus os prevê, porque são úteis à tua depuração e à tua instrução.”

A palavra utilizada em “O livro dos Espíritos” a fim de dar uma ideia de predeterminação ou determinismo dos acontecimentos chama-se fatalidade.

Allan Kardec, tenta investigar se existem ocorrências da vida que são predeterminadas. Os espíritos disseram que a fatalidade existe pela escolha que o espírito faz antes de encarnar. Quando ele escolhe, faz uma espécie de destino, em uma trilha que deve percorrer, que na verdade é resultado do estágio espiritual em que ele se encontra. O destino de hoje foi elaborado pelos nossos atos passados. 

Essa espécie de elaboração está ligada às ocorrências materiais. Porquanto, o Espírito é sempre livre no que diz respeito ao moral. O moral, depende do seu esforço de realizar o bem ou praticar o mal. Ele pode até sofrer tentações, ou então ser influenciado por espíritos inferiores. No entanto, tem sempre a liberdade de acatar esses conselhos ou recusá-los.

Dessa forma, um homem que praticou o homicídio, por exemplo, ele o fez pela sua livre opção. Ele sabe antes da sua encarnação, que pode falhar. Que vai travar contato com situações, onde haverá a possibilidade de matar o semelhante. A grande meta é vencer essas tendências. No entanto, se ele sucumbe, isto é: Se ele acaba matando, foi o seu livre arbítrio. Ninguém é programado para o crime diante de Deus.

É compreensível entender esse determinismo relativo. Se o homem tivesse em todas as suas ações, a presença da fatalidade, ele não teria mérito pelo bem que produzido, nem demérito pelo mal praticado. Seria uma máquina sem vontade, sem responsabilidade diante da conduta.


Livre – Arbítrio

843. Tem o homem o livre-arbítrio de seus atos?

“Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina.”

845. Não constituem obstáculos ao exercício do livre-arbítrio as predisposições instintivas que o homem já traz consigo ao nascer?

“As predisposições instintivas são as do Espírito antes de encarnar. Conforme seja este mais ou menos adiantado, elas podem arrastá-las à prática de atos repreensíveis, no que será secundado pelos Espíritos que simpatizam com essas disposições. Não há, porém, arrastamento irresistível, uma vez que se tenha a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder.”  (O livro dos Espíritos)

Da mesma forma que o homem tem a liberdade de pensar, tem de agir.  O livre-arbítrio, portanto, é uma condição humana. Obviamente que a criatura não possui uma liberdade absoluta. Desde que estejam juntos dois homens, não há liberdade absoluta, porquanto há direitos entre eles a serem respeitados.

Os espíritos informaram à Allan Kardec, que no pensamento o homem possui liberdade absoluta. 

O homem, graças a conduta irresponsável de que é portador, pode acusar o próprio organismo das faltas que comete. Mas isso não é correto. É óbvio que o organismo influencia o espírito, mas não dá tendências. Se um homem tem tendência homicida, não é o corpo que possui essa característica, mas a entidade espiritual. Os órgãos são instrumentos de manifestação das faculdades da alma no mundo encarnado. A matéria pode até entravar as manifestações da alma. Mas, as faculdades, as aptidões, as tendências, são atributos do Espírito.

Da mesma forma, não são os instintos, responsáveis pelo exercício do seu livre arbítrio.

Os instintos tendem a estimular a criatura a atitudes lamentáveis. Mas, o homem pode resistir. Não existe arrebatamento irresistível. Há pouca boa – vontade. Querer é poder.

Por fim, aquele que está com a lucidez mental prejudica, que encontra-se com a inteligência perturbada, já não é mais senhor de si mesmo. Não tem, portanto, liberdade.

 

Lei de Causa e Efeito

A Lei de Causa e Efeito é semelhante ao conceito de Ação e Reação na Física Clássica.

Tudo que realizamos na vida: Em palavras, pensamentos e atitudes, gera efeitos correspondentes. Se a nossa ação é positiva o efeito produzido é do mesmo teor.

 

A Lei de Causa e Efeito não contradiz e o Livre – Arbítrio – nem poderia –, tampouco descarta totalmente o determinismo em certos aspectos da vida material. Em realidade, vem em ajuda a ambos os conceitos, propiciando uma visão mais adequada e profunda da vida.

Nem Liberdade Absoluta, nem determinismo total: Simplesmente Lei de Causa e Efeito.

A palavra Carma, poderia ser utilizada nessa colocação, já que Carma quer dizer Ação, e consequentemente uma reação. O problema que essa palavra acabou sendo levada a uma colocação fatalista e pessimista, talvez por influência do entendimento da Reencarnação Indiana.

Na índia, a Reencarnação é aceita em termos fatalistas: Nasceu pobre, é porque precisa ficar pobre. Sofre, é porque tem que sofrer. Em doutrina espírita este conceito não existe. Talvez tenha sido por isso que Allan Kardec, na sua sabedoria invulgar, preferiu adotar o termo Lei de Causa e Efeito em detrimento da palavra Carma.

Ou seja: Se a pessoa nasceu em condições difíceis, não necessariamente existe o fatalismo de ela continuar nesse quadro. Ela pode ter renascido nessa situação, justamente para estimular, desenvolvendo as suas capacidades intelectuais, emocionais, a fim de galgar uma situação melhor.

Ademais, a Lei de Causa e Efeito afirma: Não necessariamente precisamos sofrer aquilo de ruim que fizemos aos outros. Todo o bem que nós praticamos, apaga o mal que fizemos. É “O Amor que cobre a multidão de pecados” conforme assinala o Evangelho.

A Reencarnação está estritamente relacionada com a Lei de Causa e Efeito. Somos hoje, o resultado do que fizemos ontem. Seremos amanhã o produto do nosso esforço atual. Somos os construtores do nosso destino. As existências estão bastante interligadas. As vezes pensamos em várias reencarnações como se fossem processos separados. Não é. É uma vida apenas! Estamos em uma vida, seja no corpo ou fora do corpo. Por isso, o termo mais correto não é múltiplas vidas, mas sim múltiplas existências carnais. 

“A Lei de Causa e Efeito, que é Lei da Natureza, imprime os seus códigos em nome da Divina Justiça e a criatura sofre os efeitos malsãos dos seus impulsos não controlados, das suas ações infelizes, da sua persistente rebeldia em não aceitar os convites superiores da ordem e do dever.

Graças a essa Lei, cada qual faz de si o que lhe apraz, com direito a realizar o que lhe pareça próprio, espontaneamente, porém, retornando pelo mesmo caminho para recolher a desditosa sementeira, quando forem maus os seus atos ou coletar as flores e frutos de alegria, quando os produzirem mediante o adubo do amor. 

Dessa maneira, os distúrbios de toda procedência – sejam orgânicos, emocionais, mentais – e as ocorrências se apresentem como felicidade ou desdita, alegria ou tristeza, famílias cruéis ou ditosas, afetividade compreendida ou rejeitada, infortúnios ou bênçãos, resultam das próprias realizações do ser eterno que se é, não havendo lugar para as fugas espetaculares que se pretendam, escapando-se aos resultados das opções anteriores.

Mediante um contingente de provações ou novas experiências sob o talante dos sofrimentos, porém com excelentes possibilidades de recuperação, ou através das expiações que encarceram os calcetas nos limites impostos ao corpo ferido pelos dardos perversos dos atos transatos, o Espírito cresce e desenvolve os seus potenciais, porque é irreversível a Lei de Evolução. (Joanna de Ângelis).

 

NOTA: Esta apostila é destinada ao Grupo de Estudos Básico do Centro Espírita Paulo & Estêvão, contendo algumas informações Gerais sobre Determinismo, Livre – Arbítrio e Lei de Causa e Efeito.


Bibliografia:

O Livro dos Espíritos: - Allan Kardec – 76a Edição, Editado pela Federação Espírita Brasileira – 1944

Triunfo Pessoal – Joanna de Ângelis (Espírito) – Editado pela LEAL, 2002.


TEXTO 3:  

Lei de Causa e Efeito x Lei de Ação e Reação

Revista Internacional de Espiritismo

Autor: Rodrigo Machado Tavares 

Todos nós vivemos neste universo infinito, criado por Deus, o nosso Pai. Consequentemente, tudo e todos estão sujeitos às Leis de Deus (ou como ainda falam alguns: às leis da natureza).

Essa verdade é muito bem explicada pelos ensinamentos espíritas, particularmente, através dos seguintes livros da Codificação Espírita (Pentateuco Espírita), a saber: O Livro dos Espíritos (Livro Primeiro – das Causas) e A Gênese (Capítulo II).

Uma dessas “leis naturais” é a conhecida Lei de Ação e Reação, a famosa terceira lei de Newton. Tal lei nos ensina que: para toda força aplicada de um objeto para outro objeto, existirá outra força de mesmo módulo, mesma direção e sentido oposto.

Em outras palavras, a Lei de Ação e Reação nos diz que, para cada ação, existirá uma reação oposta e de mesma intensidade. É oportuno salientar que as Leis de Newton são somente aplicáveis para os movimentos nos quais as velocidades dos objetos/corpos em deslocamento são bem menores do que a velocidade da luz.

Por essa razão, a Física Quântica e a Teoria da Relatividade estão sendo usadas para a compreensão dos movimentos de objetos/corpos nos mundos microcósmico e macrocósmico. Em resumo, a própria Lei de ação e reação não é adequada para descrever certos fenômenos, na esfera material dentro do planeta Terra.

Uma outra lei natural é a Lei de Causa e Efeito, a qual não foi descoberta, mas revelada para todos nós, de forma verossímil, através da Doutrina Espírita, no século XIX. Essa lei é bem discutida nos livros da Codificação Espírita, sobretudo nos seguintes livros: O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Céu e o Inferno.

O conhecimento da Lei de Causa e Efeito é bastante importante para que possamos compreender o amor de Deus. Em verdade, o entendimento claro e racional dessa lei tem o potencial de fazer com que nós ajamos em concordância com o Amor.

Em outras palavras, a compreensão da Lei de Causa e Efeito pode nos ajudar a tomarmos decisões sábias, em nossas existências, e, consequentemente, a evoluirmos de forma mais eficiente.

Considerando, portanto, essas duas leis e suas “similaridades”, é comum escutarmos frases, como estas: A Lei de Causa e Efeito é a mesma coisa que a Lei de Ação e Reação, aquela lei de Isaac Newton.

Para falar a verdade, a Lei de Causa e Efeito é um exemplo prático da Lei de Ação e Reação, pois nada é por acaso. Baseados nisso, podemos nos perguntar: 1) essas leis são sinônimas? 2) se são, por que são? 3) se não são, qual é a implicação direta e/ou indireta de se pensar que essas leis são iguais? 4) qual é a relação entre essas duas leis?

Esses tipos de questionamentos podem ser bastante comuns, especialmente quando se está começando a estudar os ensinamentos do Espiritismo.. Tendo isso em mente, nós devemos sempre relembrar o que o Espírito de Verdade nos disse: Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo.

É interessante observar que o Espírito de Verdade incluiu um segundo mandamento: a instrução, que claramente não é mais importante que o Amor, contudo deve também ser um objetivo de todos nós, espíritas.

Sir Isaac Newton publicou o seu trabalho sobre as Leis do Movimento, em 1687. Já a ideia sobre a Lei de Causa e Efeito nos foi dada no século XIX, com o advento do Espiritismo.

Dessa forma, é razoável pensarmos que a maioria de nós é (ou era) possivelmente mais familiarizada com a Lei de Ação e Reação do que com a Lei de Causa e Efeito. Isso pode ser afirmado, levando-se em consideração que todos nós somos seres imortais e, sendo assim, já ouvimos falar e aprendemos sobre a Lei de Ação e Reação muito mais que sobre a Lei de Causa e Efeito.

Sendo assim, poderíamos dizer que o entendimento da Lei de Causa e Efeito é algo razoavelmente novo, aqui na Terra. Além do mais, o seu conceito é ainda “restrito”, ou melhor, mais e melhor difundido entre nós, espíritas.

Seguindo essa linha de pensamento, muitos de nós, quando iniciamos os nossos estudos espíritas, muito possivelmente, ao aprendermos novos conceitos (incluindo a Lei de Causa e Efeito), fazemos comparações, analogias, associações etc., a fim de que possamos tê-los mais claros, em nossas mentes.

Por exemplo, é muito comum, durante o processo de aprendizagem, usar um objeto de comparação, para poder explicar o objeto de estudo. Seguindo esse pensamento, o objeto de estudo é a Lei de Causa e Efeito, e o objeto de comparação é a Lei de Ação e Reação.

Apesar da associação entre essas duas leis ser feita durante a aprendizagem, não é correto dizer que as mesmas sejam as mesmas leis. Ao dizer que essas duas leis são a mesma coisa, estamos a assumir que o objeto de estudo é a mesma coisa que o objeto de comparação e vice-versa.

Tal afirmativa pode nos levar a perceber a sentença “nada é por acaso”, de forma incorreta. Como consequência disso, existe uma possibilidade de se criar uma “teoria de fatalismo divino”, a qual não tem nada a ver com os ensinamentos espíritas. É recomendável a leitura do Capítulo 10 (Lei de Liberdade), de O Livro dos Espíritos.

Por essa razão, é correto afirmar que a Lei de Causa e Efeito não é a Lei de Ação e Reação. Claramente, tais leis têm um princípio semelhante: entretanto são leis diferentes.

A semelhança entre essas leis se baseia no fundamento de que, para cada ação, existirá uma reação; e para cada causa, tem-se um efeito. Esse fundamento é algo lógico, para tudo na vida; entretanto, as maneiras como a Lei de Causa e Efeito e a Lei de ação e reação se processam são completamente diferentes.

Lei de Ação e Reação: Natureza: Binária; Característica: Lei física; Processo: Não Complexo; Predictabilidade: Determinado; Aplicabilidade: Corpos/objetos dentro de certas condições, no mundo material, no planeta Terra; Dependência do tempo: Imediata; Fatores de dependência: Limitada.

Lei de Causa e efeito: Natureza: não Binária; Característica: Lei moral (lei não-física); Processo: Complexo; Predictabilidade: Variável; Aplicabilidade: Relações intrapessoais e interpessoais, em ambos os mundos, material e espiritual, não só na Terra, como possivelmente no Universo como um todo; Dependência do tempo: Variável; Fatores de dependência: Muitos.

Como é possível observar, as duas leis são completamente diferentes. Sendo assim, nós devemos estar cientes disso. Isso é oportuno de ser dito, porque nada é por acaso, mas cada caso é um caso.

Seguindo, então, essa lógica, nós não devemos tentar “adivinhar” as possíveis causas dos efeitos, sobretudo, quando as circunstâncias são completamente desconhecidas e, em especial, se o conhecimento dessas causas não nos adicionará algo de importante para a nossa evolução.

Por exemplo, nós não devemos conjecturar as causas que geraram as atuais situações (efeitos) as quais nossos irmãos estão a vivenciar.

De outra maneira, estaríamos a julgá-los, e isso seria contra os ensinamentos do nosso Mestre Jesus (Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados – Lucas 6,37). 

Nós não devemos – nem tampouco nos punir – através dos sentimentos de culpa pelas decisões menos sábias as quais tomamos e/ou pelos “sofrimentos” pelos quais passamos. 

Contudo, devemos, sim, evitar cometer os mesmos erros do passado, buscando sempre refletir, antes de quaisquer de nossas ações (o que inclui também os nossos pensamentos).

Nós não devemos “culpar” Deus, nem o governo, nem nossos familiares ou amigos pelos nossos erros ou “sofrimentos”, em nossas atuais existências. Se agirmos assim, estamos, de forma indireta, afirmando que a Lei de Causa e Efeito é a mesma coisa que a Lei de Ação e Reação.

E, ao afirmarmos que tais leis são a mesma coisa, é promover, de forma inconsciente, a doutrina ilógica do fatalismo.

Em resumo, responsabilidade é a palavra-chave.

Nós devemos usar o nosso livre-arbítrio de forma sábia, o que significa dizer: amando a nós mesmos e amando o nosso próximo. Essa é a forma de se amar a Deus, tão bem demonstrada por Jesus, aqui na Terra, e, agora, tão bem explicada pelo Espiritismo.

Esta matéria foi publicada, em inglês, na The Spiritist Magazine (TSM) - (http://www.thespiritistmagazine.com/). O autor, em Londres, Inglaterra, participa do Sir Willian Crookes Spiritist Society.

 

TEXTO 4:   Lei de Ação e Reação NÃO é Lei de Causa e Efeito 

O primeiro procedimento adotado por Allan Kardec na abertura da gigantesca obra da Codificação foi se preocupar com as questões filosóficas, desta forma, o mestre inaugura a Doutrina dos Espíritos em seu primeiro parágrafo: 

“Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. L.E - Introdução. 

Pode-se notar que evitar ambiguidades era uma das tarefas a ser cumpridas. 

Para minha surpresa, ao pesquisar para este artigo, não encontrei, formalmente, em nenhuma parte da Codificação ou na Revista Espírita a definição Lei de causa e efeito. Encontramos o axioma (*): para todo efeito existe uma causa e não há causa sem efeito. Essa máxima vulgarizada nas obras do mestre como um princípio, foi transformada em lei por espíritos pós-codificação, isto é, a partir deste axioma se torna, facilmente, dedutível a lei implícita. A Lei de causa e efeito, ensinada por alguns espíritos tem um caráter moral e também físico; ao agirmos no universo, cada ato tem uma consequência, cada gesto, cada pensamento se reflete no universo micro e macro cósmico. O fato de refletir não traz a ideia de uma reação imediata e implacável, por exemplo, quando alguém deseja um mal, o objeto receptor, não tem a obrigação de devolver o mal na mesma moeda, desta forma, uma ação pode desencadear infinitas possibilidades de consequências.

Confunde-se a 3ª Lei de Newton, que é uma restrita lei física, já que as leis de Newton não valem nos limites quânticos nem relativísticos, com o princípio de causa e efeito. Define Newton, em sua obra Principia, o princípio da Ação e reação: 

A qualquer ação se opõe uma ação igual, ou ainda, as ações mútuas de dois corpos são sempre iguais e se exercem em sentidos opostos. 

Se um dedo aperta uma pedra, a pedra apertará o dedo, se um cavalo puxa uma corda, a corda puxará o cavalo. Aplicado ao pé da letra, em todas as situações ocorreriam da mesma forma; como exemplo, se uma pessoa te feriu, ela deverá ser, por você, ferida da mesma forma e com a mesma intensidade. Outra questão é que a lei de ação e reação atua em corpos diferentes e nunca se anulam. A reação sendo “positiva ou negativa” nunca poderia anular a ação, logo, o mal nunca poderia anular o bem.


O princípio de causa e efeito, ensinado pelos espíritos, diz que quando há abuso do livre-arbítrio, a causa e o efeito estão na pessoa; quando se faz o bem, a causa está em na pessoa, e o efeito também. Quando afirma-se: Aquilo que plantar, isso mesmo irá colher. O que significa colher? Sofrer as consequências do ato, sendo este bom ou mau. Sabemos da misericórdia Divina que perdoa e ensina, não sendo necessário que uma pessoa que matou tenha que morrer nas mesmas circunstâncias. Mesmo se fosse, não seria uma aplicação da lei de ação e reação, sendo a lei de Talião, proclamada por Moisés, mais próxima deste princípio. 


Causa e efeito material: Poderia usar infinitos exemplos, porém, contentar-me-ei apenas com um: se uma pessoa de tez branca ficar exposta à irradiação solar, sem proteção alguma, por horas e horas, ela estaria sujeita a dois tipos de efeitos possíveis: os efeitos determinísticos que são os que aparecem imediatamente, como queimadura e insolação, e os efeitos estocásticos que podem se manifestar ou não, como o câncer.

Causa e efeito moral: sabemos que os efeitos estocásticos podem estar relacionados com os problemas morais, pois somos seres trinos (espírito, perispírito, corpo-físico). Uma pessoa que matou não tem a necessidade de morrer, podendo passar por dificuldades e saldar sua dívida. Quando alguém nos deseja o mal, podemos anular os efeitos, em nós, pela oração e prática no bem, mas os efeitos no agente cabe, a ele mesmo, minimizá-lo pela reforma interior.

 

Lei do Carma: Alguns espíritos espíritas, como Bezerra de Menezes, utilizaram essa expressão, mas não é um termo do vocabulário Kardequiano, visto que o codificador conhecia a expressão, mas não utilizou devido às suas formas de serem interpretadas. Ensina-nos Herculano Pires:

A palavra carma (em sânscrito karma ou karman e em pali kamma) utilizada na Índia e por muitas correntes filosóficas religiosas, significa em primeira instância “ação”, “trabalho” ou “efeito”. No sentido secundário, o efeito de uma ação, ou se preferirmos, a soma dos efeitos de ações (vidas) passadas se refletindo no presente.

Na concepção hindu, carma quer dizer “destino” (canga) determinado ou fixo, ou seja, aqueles cujos atos foram corretos, depois de mortos renascerão através de uma mulher brâmane (virtuosa), ao passo que aqueles cujos os atos foram maus, renascerão de uma mulher pária (castas inferiores) e sofrerão muitas desgraças, acabando como simples escravos. (2) 

A lei do carma aproxima-se da interpretação da Lei de ação e reação, porém, mesmo essa “lei”, nunca será igual à lei Newtoniana.

Nós, espíritas brasileiros, temos facilidade em aceitar conceitos novos e sofrermos influência das novidades ou tendência a agregar a nossa cultura a termos estrangeiros ou alienígenas à codificação. Esse é um erro que cometemos, muitas vezes repetimos frases de efeito, máximas e nem nos detemos em reflexões, para após essas reflexões e um estudo baseado na codificação tirarmos consequências. Mesmo que esses termos sejam velhos como a história, devemos ter cuidado. O cuidado não significa um vão preciosismo, sendo um zelo sem sectarismo.

A Lei de causa e efeito é totalmente conforme o Espiritismo, já a lei de ação e reação está totalmente disforme aos princípios que o Espiritismo veio proclamar. Fujamos dos modismos e abracemos a simplicidade, para, desta forma, errarmos menos.

(*) O termo axioma é originário da palavra grega αξιωμα (axioma), que significa algo que é considerado ajustado ou adequado, ou que tem um significado evidente. A palavra axioma vem de αξιοειν (axioein), que significa considerar digno. Esta, por sua vez, vem de αξιος (axios), significando digno. Entre os filósofos gregos antigos, um axioma era uma reivindicação que poderia ser vista como verdadeira sem nenhuma necessidade de prova.

_Lei, no sentido científico, é uma regra que descreve um fenômeno que ocorre com certa regularidade.

_Princípio: Lei fundamental.

Jorge Medeiros, estudante de Física (UFRJ)

 

Referências bibliográficas

1. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, O que é o espiritismo, A Gênese, O Livro dos

médiuns, O Céu e o Inferno, Obras póstumas, o Evangelho segundo o espiritismo.

O principiante espírita, Manual prático de médiuns e evocadores, O espiritismo na sua

mais simples expressão, Revista Espírita - 12 volumes.

2. O Verbo e a carne - Herculano Pires

3. Sabedoria do Evangelho - 8 volumes - Carlos Torres Pastorino.

4. Física básica - Lucie, Pierre. Editora Campus Ltda.

5. SIR Isaac Newton - Os pensadores. Editora abril cultural.

6. Ação e reação - André Luiz FEB.

7. http://pt.wikipedia.org/wiki/Axioma

8. Lei científica – Wikipédia, a enciclopédia livre Enviado por: Lu Bandesh <lubandesh@yahoo.com.bTermos de uso.

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