Do livro Seara dos Médiuns, em que Emmanuel comentou o “O Livro dos Médiuns”
OBSESSÃO E JESUS (Questão, 237)
Cristãos eminentes, em variadas escolas do Evangelho,
asseveram na atualidade que o problema da obsessão teria nascido no culto da
mediunidade, à luz da Doutrina Espírita, quando a Doutrina Espírita é o recurso
par a supressão do flagelo.
Malham médiuns, fazem sarcasmos, condenam a psicoterapia em
favos dos desencarnados sofredores e, por vezes, atingem o disparate de afirmar
que a prática medianimica estabelece loucura.
Esquecem-se, no entanto, de que a vida de Jesus, na Terra,
foi uma batalha constante e silenciosa contra obsessões, obsidiados e
obsessores.
O combate começa no alvorecer do apostolado divino. Depois da resplendente consagração da manjedoura,
o Mestre encontra o primeiro grande obsidiado na pessoa de Herodes, que decreta
a matança de pequeninos, com o objetivo de aniquilá-lo
Mais tarde, João Batista, o companheiro de eleição que vem ao
mundo secundar-lhe a obra sublime, sucumbe degolado, em plena conspiração de
agentes da sombra.
Obsessores cruéis não vacilam em procura-lo, nas orações no
deserto, verificando-lhe os valores do sentimento.
A cada passo,
surpreende Espíritos infelizes senhoreando médiuns desnorteados.
O testemunho dos apóstolos é sobejamente inequívoco.
Relata Mateus que os obsidiados gerasenos chegavam a ser
ferozes; refere-se Marcos ao obsidiado de Cafarnaum, de quem desventurado
obsessor se retira clamando contra o Senhor em grandes vozes; narra Lucas o
episódio em que Jesus realiza a cura de um jovem lunático, do qual se afasta o
perseguidor invisível, logo após arrojar o doente ao chão, em convulsões
epileptoides; e reporta-se João a israelitas positivamente obsidiados, que
apedrejam o Cristo, sem motivo, na chamada Festa da Dedicação.
Entre os que lhe comungam a estrada, surgem obsessores e
psicoses diversas.
Maria de Magdala, que se faria a mensageira da ressurreição,
fora vítima de entidades perversas.
Pedro sofria de obsessão periódica.
Judas era enceguecido em obsessão fulminante.
Caifás mostrava-se paranoico.
Pilatos tinha crises de medo.
No dia da crucificação, vemos o Senhor rodeado por obsessões
de todos os tipos, a ponto de ser considerado, pela multidão, inferior a
Barrabás, malfeitor e obsesso vulgar.
E, por último, como se quisesse deliberadamente legar-nos
preciosa lição de caridade para com os alienados mentais, declarados ou não,
que enxameiam no mundo, o Divino Amigo prefere partir da Terra na intimidade de
dois ladrões, que a Ciência de hoje classificaria por cleptomaníacos
pertinazes.
À vista disso, ante os escarnecedores de todos os tempos,
eduquemos a mediunidade na Doutrina Espírita, porque só a Doutrina Espírita é
luz bastante forte, em nome do Senhor, para clarear a razão, quando a mente se
transvia, desgovernada, sob o fascínio das trevas.
SEARA DOS MÉDIUNS
(Chico Xavier/Emmanuel, ed. FEB)
OBSESSORES (Questão 249 de O LM.)
Obsessor, em sinonímia correta, quer dizer “aquele que
importuna”.
E “aquele que importuna” é, quase sempre, alguém que nos
participou a convivência profunda, no caminho do erro, a voltar-se contra nós,
quando estejamos procurando a retificação necessária.
Daí a necessidade de paciência constante para que se lhe
regenerem as atitudes.
Considerando, desse modo, que o presente continua o
pretérito, encontramos obsessores reencarnados, na experiência mais íntima.
Muitas vezes rotulados com belos nomes.
Vestem roupa carnal e chamam-se pai ou mãe, esposo ou esposa,
filhos ou companheiros familiares na lareira doméstica.
Em algumas ocasiões, surgem para os outros na apresentação de
Santos, sendo para nós benemerentes verdugos.
Sorriem e ajudam na presença de estranhos e, a sós conosco,
dilaceram e pisam, atendendo, sem perceberem ao nosso burilamento.
E, na mesma pauta, surpreendemos desafetos desencarnados que
nos partilham a faixa mental, induzindo-nos à criminalidade em que ainda
persistem.
Espreitam nossa estrada, à feição de cúmplices do mal,
inconformados com o nosso anseio de reajuste, recompondo, de mil modos
diferentes, ciladas de sombra em que venhamos a cair, para absorver-lhes a
ilusão ou loucura.
Recebe, pois, os irmãos do desalinho moral de ontem com
espírito de Paz e de entendimento.
Acusá-los, seria o mesmo que alargar-lhes a ulceração com
novos golpes.
Criva-los de reprimendas, expressaria indução lamentável a
que se desmereçam ainda mais.
Revidar-lhes a crueldade, significaria comprometer-nos em
culpas maiores.
Condena-los, é o mesmo que amaldiçoar a nós mesmos, de vez
que nos acompanham os passos, atraídos pelas nossas imperfeições.
Aceita-lhes injúria e remoque, violência e desprezo de ânimo
sereno, silenciando e servindo.
Nem brasa de censura, nem fel de reprovação.
Obsessores visíveis e invisíveis são nossas próprias obras,
espinheiros plantados por nossas mãos.
Endereça-lhes, assim, a boa palavra ou o bom pensamento,
sempre que preciso, mas não lhes negues paciência e trabalho, amor e
sacrifício, porque só a força do exemplo nobre levanta e reedifica, ante o Sol
do futuro.
SEARA DOS MÉDIUNS
(Chico Xavier/Emmanuel, ed. FEB)
LIVRE ARBÍTRIO E OBSESSÃO (Questão 254
- §2º de O LM.)
No tratamento da obsessão, frequentes vezes, entre os
seareiros do bem, surgem debate em torno do livre-arbítrio.
Se a faculdade de escolher é atributo da alma, como influir
no ânimo dos desencarnados menos felizes?
Temos aqui, no entanto, o princípio de causa e efeito, importando
reconhecer que se Jesus respeitou as resoluções de quantos lhe respiravam o
ambiente, não arrebatou ninguém às consequências dos próprios atos.
Se caímos na criminalidade, somos espíritos doentes e
qualquer doente guarda a sua independência, até o ponto em que ameaça à
integridade dos outros ou agrava a condição de si mesmo.
Para atender a isso, a sociedade humana relaciona vários
recursos de contenção, destacando-se entre eles a segregação hospitalar e a
anestesia involuntária, que parecem atentados à consciência.
Entretanto, ninguém malsinará o médico que administre
opiáceos ao enfermo desesperado, que lhe tente rasgar as próprias vísceras, ou
que isole na câmara gradeada de um sanatório o louco suscetível de descer às
últimas raias da inconsequência.
Diante da obsessão, não te mostres indiferente à sorte dos
irmãos incursos nessa dificuldade.
A pretexto de resguardar o livre arbítrio, não deixes o
companheiro desencarnado e o companheiro da experiência física sem o concurso
do esclarecimento que lhes serve ao caminho como inevitável medicação
Dinamiza o conhecimento quanto julgues preciso, em cada
processo de reajuste, mas explica aos irmãos em prova a trilha mais fácil para
a libertação deles mesmos.
Ainda assim, porque estejas a serviço da verdade, não te
faças verdugo.
Aspereza é veneno sutil.
Irritação retorna qualquer serviço à estaca zero.
Ninguém realmente sabe ensinar se não sabe repetir a lição.
Socorre o obsessor e obsidiado, incutindo-lhes a verdade
dosada em amor; contudo, recorda que o veículo de semelhante remédio é
paciência e paciência.
SEARA DOS MÉDIUNS
(Chico Xavier/Emmanuel, ed. FEB)
OBSESSÃO E EVANGELHO (Questão 244 de
O LM.)
A quem diga que o Espiritismo cria obsessões na atualidade do
mundo, respondemos com os próprios Evangelhos.
Nos versículos 33 a 35, do capítulo 4, no Evangelho de Lucas,
assinalamos o homem que se achava no santuário, possuído por um Espírito
infeliz, a gritar para Jesus, tão logo lhe marcou a presença: “que temos nós
contigo? ” e o Mestre, após repreendê-lo, conseguiu retirá-lo, restaurando o
equilíbrio do companheiro que lhe sofria o assédio.
Temos ai a obsessão direta.
Nos versículos 2 a 13, do capítulo 5, no Evangelho de Marcos,
encontramos o auxílio seguro prestado pelo Cristo ao pobre gadareno, tão
intimamente manobrado por entidades cruéis, e que mais se assemelhava a um
animal feroz, refugiado nos sepulcros.
Temos aí a obsessão, seguida de possessão e vampirismo.
Nos versículos 32 e 33, do capitulo 9, no Evangelho de
Mateus, lemos a notícia de que o povo trouxe ao Divino Benfeitor um homem mudo,
sob o controle de um Espírito em profunda perturbação, e, afastado o hóspede
estranho pela bondade do Senhor, o enfermo foi imediatamente reconduzido a
fala.
Temos aí a obsessão complexa, atingindo Alma e corpo.
No versículo 2, do capítulo 13, no Evangelho de João,
anotamos a palavra positive do apóstolo, asseverando que um Espírito perverso
havia colocado no sentimento de Judas a ideia de negação do apostolado.
Temos aí a obsessão indireta, em que a vítima padece
influencia aviltante, sem perder a própria responsabilidade.
Nos versículos 5 a 7, do capítulo 8, nos Atos dos apóstolos,
informa-nos de que Felipe, transmitindo a mensagem do Cristo, entre os
samaritanos, conseguiu que muitos coxos e paralíticos se curassem, de pronto,
com o simples afastamento dos Espíritos inferiores que os molestavam.
Temos aí a obsessão coletiva, gerando moléstias-fantasmas.
E, de ponta a ponta, vemos que o Novo Testamento trata o
problema da obsessão com o mesmo interesse humanitário da Doutrina Espírita.
Não nos detenhamos, diante dos críticos contumazes.
Estendamos o serviço de Socorro aos processos obsessivos de
qualquer procedência, porque os princípios de Allan Kardec revivem os ensinamentos
de Jesus, na antiga batalha da luz contra a sombra e do bem contra o mal.
SEARA DOS MÉDIUNS
(Chico Xavier/Emmanuel, ed. FEB)
OBSESSÃO E CURA (Questão 254, §5º)
Alguém, certa feita, indagou de grande filosofo como
classificaria o sábio e o ignorante, e o filósofo respondeu afirmando que
considerava um e outro como sendo o médico e o doente.
No entanto, acrescentamos nós: entre o médico e o doente
existe o remédio.
Se o enfermo guarda a receita no bolso e foge à instrução
indicada, não adianta o esforço do clínico ou do cirurgião que despendem estudo
e tempo para servi-lo.
Que a obsessão é moléstia da alma, não há negar.
A criatura desvalida de conhecimento superior rende-se,
inerme, à influência aviltante, como a planta sem defesa se deixa invadir pela
praga destruidora, e surgem os dolorosos enigmas orgânicos que, muitas vezes,
culminam com a morte.
Dispomos, contudo, na Doutrina Espírita, à Luz dos
ensinamentos do Cristo, de verdadeira ciência curativa da alma, com recurso
próprio à solução de cada processo morboso da mente, removendo o obsessor do obsidiado,
como o agente químico ou a intervenção operatória suprimem a enfermidade no
enfermo, desde que os interessados se submetam aos impositivos do tratamento.
Se conduzes o problema da obsessão com lucidez bastante para
compreender as próprias necessidades, não desconheces que a renovação da
companhia espiritual inferior, a que te ajustas, depende da tua própria
renovação
Ouvirás preleções
nobres, situando-te os rumos.
Recolheras, daqui e dali conselhos justos e precisos.
Encontrarás, em suma, nos princípios espiritas, apontamento
certo e exata orientação.
Entretanto, como no caso da receita formulada por médico
abnegado e culto, em teu favor, a lição do Evangelho consola e esclarece, encoraja
e honra aqueles que a recebem, mas, se não for usada, não adianta.
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