Religião
dos Espíritos
Pelo Espírito
Emmanuel
Francisco
Cândido Xavier
Jesus
e humildade
Reunião
pública de 9-3-1959
Questão
nº 937
Estudando a humildade, vejamos como se comportava Jesus no
exercício da sublime virtude.
Decerto, no tempo em que ao mundo deveria surgir a mensagem da Boa
Nova, poderia permanecer na glória celeste e fazer-se representar entre os homens
pela pessoa de mensageiros angélicos, mas preferiu descer, Ele mesmo, ao chão
da Terra e experimentar-lhe as vicissitudes.
Indubitavelmente, contava com poder bastante para anular a sentença de Herodes, que mandava decepar a cabeça dos recém-natos de sua condição, com o fim de impedir-lhe a presença; entretanto, afastou-se prudentemente para longínquo rincão, até que a descabida exigência fosse necessariamente proscrita.
Dispunha de vastos recursos para se impor em Jerusalém, ao pé dos
doutores que lhe negavam autoridade no ensino das novas revelações; contudo, retirou-se
sem mágoa em demanda de remota província a valer-se dos homens rudes que lhe
acolhiam a palavra consoladora.
Tinha suficiente virtude para humilhar a filha de Magdala, dominada
pela força das sombras; no entanto, silenciou a própria grandeza moral para
chamá-la docemente ao reajuste da vida.
Atento à própria dignidade, era justo que mandasse os discípulos ao
encontro dos sofredores para consolá-los na angústia e sarar-lhes a ulceração;
todavia, não renunciou ao privilégio de seguir, Ele mesmo, em cada canto de
estrada, a fim de ofertar-lhes alívio e esperança, fortaleza e renovação.
Certo, detinha elementos para desfazer-se de Judas, o aprendiz
insensato; porém, apesar de tudo, conservou-o até o último dia da luta entre
aqueles que mais amava.
Com uma simples palavra, poderia confundir os juízes que o rebaixavam
perante Barrabás, autor de crimes confessos; contudo, abraçou a cruz da morte,
rogando perdão para os próprios carrascos.
Por fim, poderia condenar Saulo de Tarso, o implacável perseguidor,
a penas soezes pela intransigência perversa com que aniquilava a plantação do
Evangelho nascente; mas buscou-o, em pessoa, às portas de Damasco,
visitando-lhe o coração, por sabê-lo enganado na direção em que se movia.
Com Jesus, percebemos que a humildade nem sempre surge da pobreza
ou da enfermidade, que tantas vezes somente significam lições regeneradoras, e
sim que o talento celeste é atitude da alma que olvida a própria luz para
levantar os que se arrastam nas trevas e que procura sacrificar a si própria
nos carreiros empedrados do mundo para que os outros aprendam, sem
constrangimento ou barulho, a encontrar o caminho para as bênçãos do Céu.
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