[...] Como os grandes
Espíritos são solidários entre si, também o são os mundos e as humanidades que
eles governam em nome do Criador. Quando Sirius, da constelação do Grande Cão,
atingiu a posição de sistema de orbes regenerado, muitos Espíritos orgulhosos e
rebeldes que lá habitavam foram transferidos para Capela, da constelação de
Cocheiro, que era, na ocasião, um sistema de mundos de provas e expiações. No
transcurso dos milênios, esses degredados, já redimidos, regressaram, em sua
maioria, aos seus celestes pagos, ou se incorporaram as coletividades capelinas,
das quais se fizeram devotados condutores. Houve, porém, numerosas entidades,
de poderosa inteligência mas de renitente coração, que não apenas perseveraram em
sua rebeldia, mas lideraram, além disso, legiões de tresloucados seguidores de
suas incontinências. Esses os Espíritos que, indesejáveis em Capela, quando
aquele sistema alcançou o estágio de orbes de regeneração, foram banidos para a
Terra, onde a magnanimidade do Cristo os recebeu e amparou.
Tais degredados não vieram,
porém, sozinhos, como se fossem imenso rebanho abandonado a violência das
procelas. Alguns dos seus grandes líderes, já redimidos, renunciaram, por amor
a eles, a gloria e a felicidade do regresso a Sirius, e desceram, a sua frente,
aos vales de dor da Terra primitiva, na condição de grandes Guardiães,
colocando‑se
humildemente a serviço do Cristo planetário. Recebendo‑lhes a amorosa cooperação, o sublime Governador da Terra
utilizou‑lhes
os préstimos e honrou‑lhes a dedicação, tanto no Espaço como na Crosta. E assim
que, mesmo antes do Messianato do Senhor Jesus, a Historia registra a passagem,
entre os homens, de luminosos gênios espirituais, como os respeitáveis
sacerdotes do Antigo Egito, os veneráveis Mahatmas da velha Índia e os vultos
sumamente admiráveis de Fo‑Hi, Lao‑Tsé, Confúcio, Buda, Esquilo, Heródoto e Sócrates.
Foi, porém, entre os
hebreus, povo escolhido para acolher no seu seio o Messias divino, que esses
gloriosos missionários mais frequentemente se manifestaram, a começar pelo
maior de todos, o grande Condutor dos degredados, que seria, na Terra, o neto
de Abraão, aquele Jacó que se transformaria em Israel, pai das 12 tribos que se
derivaram dos seus 12 filhos. Sempre atuante e sempre fiel, ele
voltaria depois, como Moisés e como Elias, para tornar novamente ao mundo na
figura sublime do Batista.
Tal como ele, Abraão,
que foi mais tarde Salomão e depois Simão Pedro; Isaac, que seria Daniel e
posteriormente João, o Evangelista; Jose, o chanceler do Egito, que viria a ser
Davi e depois Paulo de Tarso; e muitos outros, dentre os quais quase todos
aqueles que, a chamado de Jesus, integrariam o seu Colégio Apostólico.
Mas o amor sublime de
excelsos Espíritos de Sirius não abandonou os antigos companheiros, e foi de lá,
daquele orbe santificado, que vieram, desde os primórdios da Terra, para
auxiliar voluntariamente ao Cristo Jesus, aqueles seres extraordinários que
cercaram no mundo o Messias, como Ana e Simeão, Isabel e Zacarias, e
principalmente o carpinteiro Jose e a Santa Mãe Maria.
As crônicas do mundo
espiritual acerca de numerosas figuras do luminoso séquito do Cristo não podem
ser aqui mencionadas e muito menos reproduzidas, e nossas modestas anotações
visam apenas a dar muito pálida ideia de como os fastos maravilhosos do amor estão
na base de todos os movimentos de redenção, em todas as dimensões do infinito.
A verdade e que,
quanto mais elevados na hierarquia da vida, mais os Espíritos se votam ao amor
e a renúncia, ao trabalho e ao sacrifício, em benefício de seus irmãos menos adiantados
na senda evolutiva. Esse soberano sentido de solidariedade e princípio divino
que inspira as grandes Almas e as leva a adiar indefinidamente a realização de
sublimes ideais de ventura pessoal, até que esses ideais, ao que imaginamos,
acabam por diluir‑se naturalmente no infinito do Amor divino, totalizador e
eterno, que nenhum egoísmo pode jamais empanar.
São exemplos dessa
maravilhosa realidade a Mãe e o precursor do excelso Mestre, cujo intraduzível
devotamento os fez trocar seus luminescentes paraísos pelo serviço permanente e
sacrificial a uma humanidade ignorante e sofredora.
Jesus disse a esposa
de Zebedeu que só se assentariam a sua direita e a sua esquerda, no reino dos céus,
aqueles a quem o Pai havia reservado esses lugares, porque sabia que o Eterno já
elegera para esses supremos ministérios o grande Batista e a magnânima Maria de
Nazaré; o primeiro para reger, sob a sua crítica supervisão, os problemas planetários
da Justiça, e ela para superintender, sob a sua soberana influencia, as benevolências
do amor. Por isso, todos os decretos lavrados pelo sublime Chanceler da Justiça
somente são homologados pelo Cristo depois de examinados e instruídos pela
excelsa Advogada da humanidade, a fim de que nunca falte, em qualquer processo
de dor, as bênçãos compassivas da misericórdia e da esperança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário