PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

quarta-feira, setembro 02, 2015

A VONTADE E A CURA MAGNÉTICA

JORNAL VÓRTICE ANO VIII, n.º 03 - agosto - 2015 Pág. 16
ADILSON MOTA

É comum encontrarmos diversas referências à importância da vontade nas ações por meio do Magnetismo tanto nas obras de Allan Kardec quanto dos magnetizadores clássicos. Apesar disso falta-nos um olhar mais atento a essa questão para alcançarmos um significado um pouco mais profundo, para além do simples impulsionar e direcionar os fluidos do magnetizador. A vontade, ou seja, o querer, é uma das forças transformadoras do mundo, tanto externo quanto interno. As mudanças ocorrem quando nos propomos a isso. O uso da vontade se manifesta em tudo que a gente faz e em todos os aspectos. As transformações políticas ou históricas, num âmbito mais amplo, assim como as mudanças a nível pessoal, como regimes alimentares e busca da saúde, só se tornam eficazes quando a nossa vontade encontra-se ativa e aliada a um certo grau de confiança. Sendo o Magnetismo uma lei universal, está intrinsecamente envolvido no funcionamento de tudo na Terra, desde os aspectos físicos, emocionais e energéticos, até espirituais e morais. Além dos fatores de ordem moral, é o magnetismo, por exemplo, que liga dois seres que se amam, assim como aproxima aqueles que se odeiam. Quanto a isso, vamos encontrar explicação nas palavras do Codificador em O Evangelho Segundo o Espiritismo1 .
A diversidade na maneira de sentir, nessas duas circunstâncias diferentes, resulta mesmo de uma lei física: a da assimilação e da repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo determina uma corrente fluídica que impressiona penosamente. O pensamento benévolo nos envolve num agradável eflúvio. Daí a diferença das sensações que se experimenta à aproximação de um amigo ou de um inimigo.
Dois seres que se amam emitem energias que interagem de forma harmônica provocando bem-estar e uma sensação de completamento. Quando há sentimentos negativos envolvidos, as energias se tocam, mas não se integram, provocam mal-estar e repulsa. É a lei natural dos fluidos.
Quanto à cura de uma doença, esta pode ser obtida quando o doente ou o magnetizador assim desejem fortemente. Isso explica as curas espontâneas que ocorrem, contra todos os prognósticos. Os Evangelhos relatam o caso da mulher que possuía um fluxo de sangue há 12 anos e que se curou instantaneamente quando tocou as vestes de Jesus. Este sentiu uma emissão fluídica afirmando que uma virtude tinha saído de si mesmo2 . Diferente da cura do leproso, onde a vontade de Jesus esteve ativa no processo da cura, a doente quis e teve certeza que sua intenção alcançaria êxito. Daí o resultado promissor executado pelo magnetismo desprendido do Cristo e atraído à doente pela vontade dela.
Por outro lado, quando a vontade do doente é fraca, pode ser suprida pela vontade firme do magnetizador. É necessário, entretanto, aliar a confiança à vontade. Não basta querer, tem que acreditar. Quanto mais convicto é esse querer, maior poder transformador ele possui.
No Evangelho de Marcos encontramos uma passagem onde Jesus exerce o poder da vontade contra a doença instalada.
E aproximou-se dele um leproso que, rogando-lhe, e pondo-se de joelhos diante dele, lhe dizia: Se queres, bem podes limpar-me. E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: Quero, sê limpo. E, tendo ele dito isto, logo a lepra desapareceu, e ficou limpo. (Marcos 1:40-42)
Jesus afirmar "quero" é significativo, representando a sua vontade modificando instantaneamente a matéria utilizando como recurso curativo o magnetismo. Não somente as suas energias eram possuidoras de um alto grau de cura, mas a sua vontade firme era capaz de transformar de acordo com o direcionamento da sua mente.
Nem sempre o doente se encontra em condições de fornecer uma firme convicção relacionada à sua cura, apesar de não ser impossível. Quase sempre a vontade do magnetizador se torna a base de sustentação da cura magnética. É importante, porém, saber que a vontade do magnetizador exerce influência no doente através do magnetismo. Sem este, cria-se uma impossibilidade de ação. Ele é o elo entre os dois facultando a interferência do magnetizador na saúde do doente, é a substância terapêutica manipulada pela atuação determinada e confiante do magnetizador. Além disso, as técnicas têm o seu funcionamento escorado também na vontade do magnetizador. Sem vontade, o funcionamento da técnica se torna precário.
O Marquês de Puységur, um dos maiores magnetizadores da história e discípulo de Mesmer, valorizava tanto a vontade aplicada às curas pelo magnetismo, que para ele a vontade era mais importante do que as técnicas.
Os procedimentos de magnetização que o marquês de Puységur descreve em suas Memórias são pouco numerosos; e, atribuindo ao pensamento e à vontade o papel mais considerável, ele dá aos procedimentos apenas uma importância secundária3.
Ao magnetizar alguém, as técnicas agirão com um maior ou menor potencial e rapidez de acordo com a força da vontade que impulsiona e direciona os fluidos e modifica a condição patológica. Uma vontade fraca pouco resultado oferece num tratamento magnético, fazendo com que as melhores técnicas sejam de pouco alcance. Até mesmo nas emissões à distância, elas dependem da vontade para alcançar o seu alvo. De outra forma, podem se perder no caminho.
A vontade é parte importante nos mecanismos de cura através do magnetismo. Empenhemo-nos, portanto, em desenvolvê-la a fim de alcançarmos melhores resultados em benefício dos enfermos que nos procuram, lhes dedicando um maior interesse e distribuindo em nome de Deus maiores benefícios que Ele disponibiliza para todos.
1 Capítulo XII, Amai os vossos inimigos.
2 Marcos, 5:30
3 Teorias e Procedimentos do Magnetismo, Hector Durville.


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