JORNAL VÓRTICE ANO
VIII, n.º 03 - agosto - 2015 Pág. 16
ADILSON MOTA
É comum encontrarmos
diversas referências à importância da vontade nas ações por meio do Magnetismo
tanto nas obras de Allan Kardec quanto dos magnetizadores clássicos. Apesar
disso falta-nos um olhar mais atento a essa questão para alcançarmos um
significado um pouco mais profundo, para além do simples impulsionar e
direcionar os fluidos do magnetizador. A vontade, ou seja, o querer, é uma das
forças transformadoras do mundo, tanto externo quanto interno. As mudanças
ocorrem quando nos propomos a isso. O uso da vontade se manifesta em tudo que a
gente faz e em todos os aspectos. As transformações políticas ou históricas,
num âmbito mais amplo, assim como as mudanças a nível pessoal, como regimes
alimentares e busca da saúde, só se tornam eficazes quando a nossa vontade
encontra-se ativa e aliada a um certo grau de confiança. Sendo o Magnetismo uma
lei universal, está intrinsecamente envolvido no funcionamento de tudo na
Terra, desde os aspectos físicos, emocionais e energéticos, até espirituais e
morais. Além dos fatores de ordem moral, é o magnetismo, por exemplo, que liga
dois seres que se amam, assim como aproxima aqueles que se odeiam. Quanto a
isso, vamos encontrar explicação nas palavras do Codificador em O Evangelho
Segundo o Espiritismo1 .
A diversidade na maneira de sentir,
nessas duas circunstâncias diferentes, resulta mesmo de uma lei física: a da
assimilação e da repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo determina uma
corrente fluídica que impressiona penosamente. O
pensamento benévolo nos envolve num agradável eflúvio. Daí a diferença das
sensações que se experimenta à aproximação de um amigo ou de um inimigo.
Dois seres que se amam
emitem energias que interagem de forma harmônica provocando bem-estar e uma
sensação de completamento. Quando há sentimentos negativos envolvidos, as
energias se tocam, mas não se integram, provocam mal-estar e repulsa. É a lei
natural dos fluidos.
Quanto à cura de uma
doença, esta pode ser obtida quando o doente ou o magnetizador assim desejem
fortemente. Isso explica as curas espontâneas que ocorrem, contra todos os
prognósticos. Os Evangelhos relatam o caso da mulher que possuía um fluxo de
sangue há 12 anos e que se curou instantaneamente quando tocou as vestes de
Jesus. Este sentiu uma emissão fluídica afirmando que uma virtude tinha saído
de si mesmo2 . Diferente da cura do leproso, onde a vontade de Jesus esteve
ativa no processo da cura, a doente quis e teve certeza que sua intenção
alcançaria êxito. Daí o resultado promissor executado pelo magnetismo
desprendido do Cristo e atraído à doente pela vontade dela.
Por outro lado, quando
a vontade do doente é fraca, pode ser suprida pela vontade firme do
magnetizador. É necessário, entretanto, aliar a confiança à vontade. Não basta
querer, tem que acreditar. Quanto mais convicto é esse querer, maior poder
transformador ele possui.
No Evangelho de Marcos
encontramos uma passagem onde Jesus exerce o poder da vontade contra a doença
instalada.
E aproximou-se dele um leproso que,
rogando-lhe, e pondo-se de joelhos diante dele, lhe dizia: Se queres, bem podes
limpar-me. E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e
disse-lhe: Quero, sê limpo. E, tendo ele dito isto, logo a lepra desapareceu, e
ficou limpo. (Marcos 1:40-42)
Jesus afirmar
"quero" é significativo, representando a sua vontade modificando
instantaneamente a matéria utilizando como recurso curativo o magnetismo. Não
somente as suas energias eram possuidoras de um alto grau de cura, mas a sua
vontade firme era capaz de transformar de acordo com o direcionamento da sua
mente.
Nem sempre o doente se
encontra em condições de fornecer uma firme convicção relacionada à sua cura,
apesar de não ser impossível. Quase sempre a vontade do magnetizador se torna a
base de sustentação da cura magnética. É importante, porém, saber que a vontade
do magnetizador exerce influência no doente através do magnetismo. Sem este,
cria-se uma impossibilidade de ação. Ele é o elo entre os dois facultando a
interferência do magnetizador na saúde do doente, é a substância terapêutica
manipulada pela atuação determinada e confiante do magnetizador. Além disso, as
técnicas têm o seu funcionamento escorado também na vontade do magnetizador.
Sem vontade, o funcionamento da técnica se torna precário.
O Marquês de Puységur,
um dos maiores magnetizadores da história e discípulo de Mesmer, valorizava
tanto a vontade aplicada às curas pelo magnetismo, que para ele a vontade era
mais importante do que as técnicas.
Os procedimentos de magnetização que
o marquês de Puységur descreve em suas Memórias são pouco numerosos; e,
atribuindo ao pensamento e à vontade o papel mais considerável, ele dá aos
procedimentos apenas uma importância secundária3.
Ao magnetizar alguém,
as técnicas agirão com um maior ou menor potencial e rapidez de acordo com a
força da vontade que impulsiona e direciona os fluidos e modifica a condição
patológica. Uma vontade fraca pouco resultado oferece num tratamento magnético,
fazendo com que as melhores técnicas sejam de pouco alcance. Até mesmo nas
emissões à distância, elas dependem da vontade para alcançar o seu alvo. De
outra forma, podem se perder no caminho.
A vontade é parte
importante nos mecanismos de cura através do magnetismo. Empenhemo-nos,
portanto, em desenvolvê-la a fim de alcançarmos melhores resultados em
benefício dos enfermos que nos procuram, lhes dedicando um maior interesse e
distribuindo em nome de Deus maiores benefícios que Ele disponibiliza para
todos.
1 Capítulo XII, Amai
os vossos inimigos.
2 Marcos, 5:30
3 Teorias e
Procedimentos do Magnetismo, Hector Durville.
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