A CAMINHO DA LUZ
HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO À LUZ DO ESPIRITISMO
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
DITADA PELO ESPÍRITO EMMANUEL
A vida organizada
AS CONSTRUÇÕES CELULARES
Sob
a orientação misericordiosa e sábia do Cristo, laboravam na Terra numerosas assembleias
de operários espirituais.
Como
a engenharia moderna, que constrói um edifício prevendo os menores requisitos
de sua finalidade, os artistas da espiritualidade edificavam o mundo das
células iniciando, nos dias primevos, a construção das formas organizadas e
inteligentes dos séculos porvindouros.
O
ideal da beleza foi a sua preocupação dos primeiros momentos, no que se referia
às edificações celulares das origens.
É
por isso que, em todos os tempos, a beleza, junto à ordem, constituiu um dos
traços indeléveis de toda a criação.
As
formas de todos os reinos da natureza terrestre foram estudadas e previstas. Os
fluidos da vida foram manipulados de modo a se adaptarem às condições físicas
do planeta, encenando-se as construções celulares segundo as possibilidades do
ambiente terrestre, tudo obedecendo a um plano preestabelecido pela misericordiosa
sabedoria do Cristo, consideradas as leis do princípio e do desenvolvimento
geral.
OS PRIMEIROS HABITANTES DA TERRA
Dizíamos
que uma camada de matéria gelatinosa envolvera o orbe terreno em seus mais
íntimos contornos. Essa matéria, amorfa e viscosa, era o celeiro sagrado das
sementes da vida. O protoplasma foi o embrião de todas as organizações do globo
terrestre, e, se essa matéria, sem forma definida, cobria a crosta solidificada
do planeta, em breve a condensação da massa dava origem ao surgimento do
núcleo, iniciando-se as primeiras
manifestações
dos seres vivos.
Os
primeiros habitantes da Terra, no plano material, são as células albuminoides,
as amebas e todas as organizações unicelulares, isoladas e livres, que se
multiplicam prodigiosamente na temperatura tépida dos oceanos.
Com
o escoar incessante do tempo, esses seres primordiais se movem ao longo das
águas, onde encontram o oxigênio necessário ao entretenimento da vida, elemento
que a terra firme não possuía ainda em proporções de manter a existência animal,
antes das grandes vegetações; esses seres rudimentares somente revelam um
sentido - o do tato, que deu origem a todos os outros, em função de
aperfeiçoamento dos organismos superiores.
A ELABORAÇÃO PACIENTE DAS FORMAS
Decorrido
muito tempo, eis que as amebas primitivas se associam para a vida celular em
comum, formando-se as colônias de infusórios, de polipeiros, em obediência aos
planos da construção definitiva do porvir, emanados do mundo espiritual onde
todo o progresso da Terra tem a sua gênese.
Os
reinos vegetal e animal parecem confundidos nas profundidades oceânicas. Não
existem formas definidas nem expressão individual nessas sociedades de
infusórios; mas, desses conjuntos singulares, formam-se ensaios de vida que já
apresentam caracteres e rudimentos dos organismos superiores.
Milhares
de anos foram precisos aos operários de Jesus, nos serviços da elaboração
paciente das formas.
A
princípio, coordenam os elementos da nutrição e da conservação da existência. O
coração e os brônquios são conquistados e, após eles, formam-se os pródromos
celulares do sistema nervoso e dos órgãos da procriação, que se aperfeiçoam,
definindo-se nos seres.
AS FORMAS INTERMEDIÁRIAS DA NATUREZA
A
atmosfera está ainda saturada de umidade e vapores, e a terra sólida está
coberta de lodo e pântanos inimagináveis.
Todavia,
as derradeiras convulsões interiores do orbe localizam os calores centrais do
planeta, restringindo a zona das influências telúricas necessárias à manutenção
da vida animal.
Esses
fenômenos geológicos estabelecem os contornos geográficos do globo, delineando
os continentes e fixando a posição dos oceanos, surgindo, desse modo, as
grandes extensões de terra firme, aptas a receber as sementes prolíficas da
vida.
Os
primeiros crustáceos terrestres são um prolongamento dos
crustáceos
marinhos. Seguindo-lhes as pegadas, aparecem os batráquios, que trocam as águas
pelas regiões lodosas e firmes.
Nessa
fase evolutiva do planeta, todo o globo se veste de vegetação luxuriante,
prodigiosa, de cujas florestas opulentas e desmesuradas as minas carboníferas
dos tempos modernos são os petrificados vestígios.
OS ENSAIOS ASSOMBROSOS
Nessa
altura, os artistas da criação inauguram novos períodos evolutivos, no plano
das formas.
A
Natureza torna-se uma grande oficina de ensaios monstruosos.
Após
os répteis, surgem os animais horrendos das eras primitivas.
Os
trabalhadores do Cristo, como os alquimistas que estudam a combinação das
substâncias, na retorta de acuradas observações, analisavam, igualmente, a combinação
prodigiosa dos complexos celulares, cuja formação eles próprios haviam
delineado, executando, com as suas experiências, uma justa aferição de valores,
prevendo todas as possibilidades e necessidades do porvir.
Todas
as arestas foram eliminadas. Aplainaram-se dificuldades e realizaram-se novas
conquistas. A máquina celular foi aperfeiçoada, no limite do possível, em face
das leis físicas do globo. Os tipos adequados à Terra foram consumados em todos
os reinos da Natureza, eliminando-se os frutos teratológicos e estranhos, do laboratório
de suas perseverantes experiências. A prova da intervenção das forças
espirituais, nesse vasto campo de operações, é que, enquanto o escorpião, gêmeo
dos crustáceos marinhos, conserva até hoje, de modo geral, a forma primitiva,
os animais monstruosos das épocas remotas, que lhe foram posteriores, desapareceram
para sempre da fauna terrestre, guardando os museus do mundo as interessantes
reminiscências de suas formas atormentadas.
OS ANTEPASSADOS DO HOMEM
O
reino animal experimenta as mais estranhas transições no período terciário, sob
as influências do meio e em face dos imperativos da lei de seleção.
Mas,
o nosso raciocínio ansioso procura os legítimos antepassados das criaturas
humanas, nessa imensa vastidão do proscênio da evolução anímica.
Onde
está Adão com a sua queda do paraíso? Debalde nossos olhos procuram, aflitos,
essas figuras legendárias, com o propósito de localizá-las no Espaço e no
Tempo. Compreendemos, afinal, que Adão e Eva constituem uma lembrança dos Espíritos
degredados na paisagem obscura da Terra, como Caim e Abel são dois símbolos
para a personalidade das criaturas.
Examinada,
porém, a questão nos seus prismas reais, vamos encontrar os primeiros
antepassados do homem sofrendo os processos de aperfeiçoamento da Natureza. No
período terciário a que nos reportamos, sob a orientação das esferas espirituais
notavam-se algumas raças de antropoides, no Plioceno inferior. Esses antropoides,
antepassados do homem terrestre, e os ascendentes dos símios que ainda existem
no
mundo,
tiveram a sua evolução em pontos convergentes, e daí os parentescos sorológicos
entre o organismo do homem moderno e o do chimpanzé da atualidade.
Reportando-nos,
todavia, aos eminentes naturalistas dos últimos tempos, que examinaram
meticulosamente os transcendentes assuntos do evolucionismo, somos compelidos a
esclarecer que não houve propriamente uma "descida da árvore", no
início da evolução humana.
As
forças espirituais que dirigem os fenômenos terrestres, sob a orientação do
Cristo, estabeleceram, na época da grande maleabilidade dos elementos
materiais, uma linhagem definitiva para todas as espécies, dentro das quais o
princípio espiritual encontraria o processo de seu acrisolamento, em marcha
para a racionalidade.
Os
peixes, os répteis, os mamíferos, tiveram suas linhagens fixas de desenvolvimento
e o homem não escaparia a essa regra geral.
A GRANDE TRANSIÇÃO
Os
antropoides das cavernas espalharam-se, então, aos grupos, pela superfície do
globo, no curso vagaroso dos séculos, sofrendo as influências do meio e
formando os pródromos das raças futuras em seus tipos diversificados; a
realidade, porém, é que as entidades espirituais auxiliaram o homem do sílex,
imprimindo-lhe novas expressões biológicas.
Extraordinárias
experiências foram realizadas pelos mensageiros do invisível. As pesquisas
recentes da Ciência sobre o tipo de Neandertal, reconhecendo nele uma espécie de
homem bestializado, e outras descobertas interessantes da Paleontologia, quanto
ao homem fóssil, são um atestado dos experimentos biológicos a que procederam
os prepostos de Jesus, até fixarem no "primata" os característicos
aproximados do homem futuro.
Os
séculos correram o seu velário de experiências penosas sobre a fronte dessas
criaturas de braços alongados e de pelos densos, até que um dia as hostes do
invisível operaram uma definitiva transição no corpo perispiritual
preexistente, dos homens primitivos, nas regiões siderais e em certos
intervalos de suas reencarnações.
Surgem
os primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo à elegância dos tempos
do porvir.
Uma
transformação visceral verificara-se na estrutura dos antepassados das raças
humanas.
Como
poderia operar-se semelhante transição? Perguntará o vosso critério científico.
Muito
naturalmente.
Também
as crianças têm os defeitos da infância corrigidos pelos pais, que as preparam
em face da vida, sem que, na maioridade, elas se lembrem disso.
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