PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

quarta-feira, maio 13, 2015

                                            VIDA  APÓS  A  VIDA
         (Mensagem de Clara Nunes publicada na Revista Allan Kardec, n. 32)

     A Cantora Clara Nunes desencarnou com apenas 39 anos, no Rio de Janeiro/RJ em abril de 1983, numa aparentemente simples cirurgia de varizes. Era casada com o compositor Paulo Cesar Pinheiro.
     Clara Nunes, devido às suas músicas com base no afro-brasileiro, era uma sensível mística e a Umbanda enchia-lhe a alma, porém, alcançou Kardec, através de suas obras, bem como as psicografadas por Francisco Cândido Xavier. Um ano e cinco meses após seu desencarne enviou uma mensagem de pleno equilíbrio, aos seus familiares através de Chico Xavier:
     “Querida Maria,
     Eu pressentia que o encontro através de notícias seria primeiramente com você. Somente você teria suficiente disposição para viajar de Caetanópolis até aqui, no objetivo de atingir o nosso intercâmbio.
     Descrever-lhe o que se passou comigo é impossível agora. Aquela anestesia suave que me fazia sorrir se transformou numa outra espécie de repouso que me fazia dormir.
     Sonhava com vocês todos e me via de regresso à infância. Cantava. Era uma alegria que me situava num mundo fantástico. Melodias e cores, lembranças e vozes se mesclavam e eu me perdia naquele êxtase desconhecido. Não cuidava de mim. Lembrava-me dos que ficavam, mas ainda não sabia se a mudança seria definitiva.
     Conte ao nosso querido Paulo a minha experiência. Tantos dias no descanso, ignorando o que vinha a ser tudo aquilo que se me apresentava à imaginação por fantasia que desconhecia como deslindar.
     Peço a você solicitar ao Paulo me perdoe se lhes transmito as presentes notícias com a fidelidade possível.
     Acordei num barco engalanado de flores, seguida de outras embarcações nas quais muitos irmãos entoavam hinos que me eram estranhos, hinos em que o amor por Iemanjá era a tônica de todas as palavras. Os amigos que me seguiam falavam de libertação e vitória.
     Muito pouco a pouco, me conscientizei e passei, da euforia ao pranto de saudade, porque a memória despertara para a vida na retaguarda e o nosso Paulo se fazia o centro de minhas recordações. Queria-o ali naquela abordagem maravilhosa, pois os barcos se abeiravam de certa praia encantadoramente enfeitada de verde nas plantas bravas que a guarneciam.
     Quando o barco que me conduzia ancorou suavemente, uma entidade de grande porte se dirigiu a mim com paternal bondade e me convidou a pisar na terra firme. Ali estavam o meu pai Manoel e a nossa mãezinha Amélia. Os abraços que nos assinalavam as lágrimas de alegria pareciam sem fim. Era muita saudade acumulada no coração.
     Ali, passei ao convívio de meus pais e os meus guardiões retornavam ao mar alto. Retomei a nossa vida natural e, em companhia de meu pai Manoel, pude rever você e os irmãos todos, comovendo-me ao abraçar a nossa  Valdemira que me pareceu um anjo preso ao corpo.
     Querida irmã, não disponho das palavras exatas que me correspondam às emoções. Peço a você reconfortar o nosso Paulo e dizer-lhe que não perdi o sonho de meu filhinho que nascesse na Terra de nossa união e de nosso amor...
     O futuro é Luz de Deus. Quem sabe virá para nós uma vida renovada e diferente, na qual possamos realmente pertencer-nos para as minhas lindas realizações?
     Você diga ao meu poeta e beletrista querido, que estou contente por vê-lo fortalecido e resistente, exceção feita aos copinhos que ele conhece e que estou vendo agora um tanto aumentados.
     Desejo que ele saiba que o meu amor pelo esposo e noivo permanente, que ele continua sendo para mim, está brilhando em meu coração, em meu coração que continua cantando fora do outro coração que me prendia.
     A cigarra, por vezes, canta com tanta persistência em louvor a Deus e a Natureza que se perde nas cordas que lhe coordenam a cantiga, caindo ao chão desencantada.
     O meu coração da vida física não suportou a extensão das melodias que me faziam viver e, uma simples renovação para tratamento justo, me fez repousar nas maravilhas diferentes a que fui conduzida.
     Espero que o nosso Paulo consiga ouvir-me nesta letras.
     Agradeço a ele as atitudes dignas com que me acompanhou até o fim do corpo, tanto quanto agradeço a você e às nossas irmãs e irmãos o respeito com que me honraram a memória, abstendo-se de reclamações indébitas junto aos médicos humanitários que se dispuseram a servir-nos.
     Muitas saudades e lembranças a todos os nossos e pra você um beijo fraternal com as muitas saudades de sua Clara”.

(Mensagem psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier – Anuário Espírita 1997).

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