OBRAS PÓSTUMAS
AS ARISTOCRACIAS
- 2ª P
A R T
E
“É preciso propagar a
moral e a verdade.”– Mums
Tradução de Evandro Noleto Bezerra
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
Será a última? Será a mais alta
expressão da Humanidade civilizada? Não.
A inteligência nem sempre
constitui garantia de moralidade e o homem mais inteligente pode fazer péssimo
uso de suas faculdades.
Por outro lado, a moralidade,
isolada, muita vez pode ser incapaz.
A união dessas duas faculdades, inteligência
e moralidade, é, pois, necessária para criar uma preponderância
legítima, a que a massa se submeterá
cegamente, porque lhe inspirará plena confiança, pelas suas luzes e pela sua justiça. Será essa
a última aristocracia, a que se
apresentará como consequência, ou, antes, como sinal do advento do reinado do bem na
Terra. Ela se erguerá muito naturalmente pela força mesma das coisas.
Quando os homens de tal categoria
forem bastante numerosos para formarem uma
maioria imponente, a massa lhes confiará seus interesses.
Como vimos, todas as
aristocracias tiveram sua razão de ser; nasceram
do estado da Humanidade; assim há de
acontecer com o que se tornará uma necessidade.
Todas preencheram ou preencherão
seu tempo, conforme os países, porque
nenhuma teve por base o princípio moral; só este princípio pode constituir uma
supremacia durável, porque terá a animá-la sentimentos de justiça e caridade.
Mas semelhante estado de coisas
será possível com o egoísmo, o orgulho, a
cupidez que reinam soberanos na Terra?
Respondemos claramente: sim; não
só é possível, como se implantará, por ser inevitável.
Hoje, a inteligência já domina; é
soberana, ninguém o pode contestar.
É tão verdade isto que já se vê o
homem do povo chegar aos cargos de primeira ordem. Essa aristocracia não será
mais justa, mais lógica, mais racional do que a da força bruta, do nascimento
ou do dinheiro?
Por quê, então, seria impossível
que se lhe juntasse a moralidade?
– Porque, dizem os pessimistas, o
mal domina sobre a Terra.
– Quem, porém, ousará dizer que o
bem não o suplantará um dia?
Os costumes e, por conseguinte,
as instituições sociais não valem cem vezes mais hoje do que na Idade Média? Cada século não se
caracteriza por um progresso?
Por que, então, a Humanidade se
deteria, quando ainda tem tanto a fazer?
Por instinto natural, os homens
procuram o seu bem-estar; se não o
acharem completo no reino da inteligência, procurá-lo-ão em outro lugar; e onde poderão encontrá-lo, senão no reino da
moralidade?
Para isso, torna-se preciso que a
moralidade sobrepuje numericamente.
É incontestável que se tem que
fazer muita coisa; mas, ainda uma vez, seria
tola pretensão dizer-se que a Humanidade chegou ao apogeu, quando é vista a avançar continuamente pela
senda do progresso.
Digamos, antes de tudo, que os
bons, na Terra, não são absolutamente tão raros quanto se pensa; os maus são
numerosos, é verdade; Os progressos realizados pela sua influência, as
transformações individuais e locais que eles têm provocado em menos de quinze
anos, nos permitem apreciar as modificações imensas e radicais que
operarão no futuro.
Mas, se graças ao desenvolvimento
e à aceitação geral dos ensinos dos Espíritos, o nível moral da Humanidade tende
constantemente a elevar-se, enganar-se-ia
singularmente quem supusesse que a moralidade preponderará sobre a
inteligência. O Espiritismo, com efeito, não quer que o aceitem cegamente; faz apelo à discussão e à luz. “Em vez da fé
cega, que aniquila a liberdade de pensar, ele diz:
Fé inabalável é somente a que
pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade. A fé
precisa de uma base e esta base consiste na inteligência perfeita
daquilo em que se deve crer. Para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo,
compreender.” (O Evangelho segundo o Espiritismo.)
Portanto, é na melhor forma de
direito que podemos considerar o Espiritismo como um dos mais fortes
precursores da aristocracia intelecto-moral.
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