Desde séculos antes de
Jesus, estabeleceu-se especulativamente que pequeníssimos corpúsculos
indivisíveis, ditos átomos, forma toda sorte de corpos existentes sobre
a Terra. Contudo, no início do século passado ( 1801 ), o químico inglês J. Dalton
enuncia a primeira teoria atômica científica, declarando que “o limite da
divisibilidade da matéria é o átomo, partícula real e infinitivamente
pequena” e que “elementos diferentes são formados de átomos diferentes”. Logo a seguir, o físico italiano A. Avogadro ( 1811 ) estabeleceu que
entre os átomos e as
menores partículas dos gases ( que denominou de moléculas, isto é, “pequenas massas” )
há nítida diferença; para ele, as moléculas eram as unidades da matéria, podendo ser compostas de
dois ou mais átomos iguais ou diferentes. Isto prevalece até hoje. Mas,
a teoria elaborada no século passado, com base nas transformações químicas da matéria, vigorou até perto de
1925. A
descoberta dos raios X, por Roentgen ( 1895 ), e da radioatividade, por
Becquerel ( 1896 ), permitiu aos cientistas uma visão completamente
diversa do átomo
estático de Dalton e o desenvolvimento, aos poucos, da moderna teoria atômica. Em essência, eis o que ela afirma: O átomo é
algo comparável a um sistema solar em miniatura, sendo formado de certo numero
de partículas elementares, porém, contendo cerca de 95% de espaço vazio.
Tais partículas ou corpúsculos estão dispostos à maneira dos planetas em torno
do Sol. Esse conjunto de partículas acha-se
dividido em duas zonas distintas. Uma central, o
núcleo, muito compacta, contendo dois tipos de corpúsculos: prótons e nêutrons.
Outra periférica, muito lacunosa, na qual giram, em círculos
ou elipses concêntricas ( ditas orbitais
), partículas mínimas chamadas elétrons.
O estado dinâmico é
característica essencial da matéria. Além do movimento das partículas, estas levam
cargas elétricas, sendo os prótons animados de eletricidade
positiva e os elétrons de eletricidade negativa ( mais provavelmente, os elétrons não passam de cargas
elétricas em movimento perpétuo ); os nêutrons, conforme o nome indica, não têm energia.
Tais cargas elétricas
estão em equilíbrio; o átomo em repouso mostra-se neutro porque a eletricidade positiva do núcleo é
equivalente à negativa dos elétrons.
O átomo tem dimensões
inimaginavelmente insignificantes. O seu raio é de 10 ¯8 cm (isto é, 0,000.000.001 cm ou centésima milionésima parte do cm ) e o do núcleo de 10 ¯13 cm.
A massa do elétron é
aproximadamente 1.840 vezes menor do que a do átomo, pelo que quase não pesa.
O número de elétrons de cada átomo é fixo e igual
ao número de prótons; chama-se número atômico. Eles giram ao redor do núcleo e de si
próprios ( rotação ), tal como a Terra em relação ao Sol e a si mesma.
O núcleo é constituído
de duas partículas idênticas, segundo se assinalou acima, prótons e nêutrons,
distintas pela carga elétrica positiva dos primeiros. Dois ou mais
prótons, consoante os conceitos tradicionais, tendo as mesmas cargas elétricas,
deveriam repelir-se provocando instabilidade nuclear, ao invés de estarem
unidos. Porém, fatos experimentais demonstraram que no interior do núcleo operam forças completamente distintas das
anteriormente conhecidas dos físicos.
As forças atrativas de
um corpúsculo intra-atômico têm curto alcance, exercendo sua ação tão-somente
sobre as partículas próximas; e, ao demais, são independentes das cargas elétricas do mesmo. O nêutron
compõe-se de um próton e de uma partícula denominada beta ( β ), razão porque
pesa ligeiramente mais do que aquele e mostra-se instável. As partículas beta
são elétrons ( ou pósitrons ) emitidos pelo núcleo, embora aí não existam em estado livre;
formam-se em condições especiais.
Prótons e nêutrons
revelam-se conversíveis. Quando há excesso de nêutrons em relação ao numero de prótons, escapa uma
partícula beta dando origem a um próton
e o núcleo ficará mais estável. Se houver, ao contrário, um excesso de prótons, um ou alguns deles se transforma
em nêutrons mediante a “captura” ( isto é,
absorção ) de um ou mais elétrons vizinhos do núcleo, anulando-se as cargas
elétricas de ambos. A entrada de energia
correspondente ao elétron gera emissão de
raios gama. Um ou alguns elétrons mais externos vêm ocupar o lugar deixado
vago, movimento esse que origina a saída de raios X ( semelhante aos raios gama
).
Outras partículas,
como o méson e o pósitron, inexistentes em condições normais na matéria, não precisam ser aqui
consideradas. O átomo constitui uma extraordinária fonte de energia, condensada
na matéria aparentemente inerte.
São os seguintes os
principais fenômenos energéticos relacionados a ele: A emissão de luz e calor ( incandescência e
combustão, por exemplo ) – Um ou mais elétrons passam da órbita externa para
outra mais interna, do que resulta perda da energia aí retida. Dá-se o movimento
inverso quando o átomo absorve energia: um
elétron salta para uma órbita mais afastada do núcleo a fim de acomodar a energia absorvida.
Raios X – Processa-se
o mesmo fenômeno, porém em órbitas mais profundas, donde ser maior a quantidade de energia
libertada.
Radioatividade – É a
libertação energética espontânea que ocorre em alguns corpos ( rádio, urânio e
tório, por exemplo ). Ainda o processo é idêntico, porém localizado no núcleo.
Quando o homem
consegue atingir este último com uma partícula ( como o nêutron ) dá-se a
desintegração artificial, base da bomba atômica. ( p. 189 )
[...] Podemos conceber
a matéria como sendo um modo de ser oriundo da energia por condensação ou concentração e que volta à
forma energética por desagregação ou
desintegração. Do que vimos se depreende que os elétrons constitutivos do átomo ( matéria ) podem ser tidos como energia
“materializada”; em certas condições
facilmente exequíveis eles se libertam e, reunidos em feixe, formam os
conhecidos e já mencionados raios catódicos.
[...] Podemos asseverar, em suma, que a
matéria observada em sua essência é energia, corroborando uma
afirmação da Física com mais de 50 anos – ciência esta que afirma: “a energia é
a entidade fundamental do universo”.
Kardec, em 1868 ( “A
Gênese”) , fazia sugestão deste tipo acerca da matéria: “Ela talvez somente
seja compacta em relação aos nossos sentidos”.
É possível
“desagregando-se, voltar ao estado de eterização...
Na realidade, a
solidificação da matéria não é mais do que um estado transitório do fluido universal, que pode volver ao seu
estado primitivo, quando deixam de
existir as condições de coesão.”
Fato cem anos depois comprovado
experimentalmente. ( p. 200 )
Até pouco tempo atrás,
os tratados de Física davam a impenetrabilidade como caráter primordial da matéria; não mais hoje,
como se infere do explanado linhas acima. A matéria é energia, o átomo, um
edifício de forças; é a velocidade que
forma a massa, confere estabilidade, gera a coesão da mesma; ela por si só, nada é.
Vimos que o espaço
existente entre o núcleo e os elétrons e enorme em relação ao mínimo volume do conjunto e de cada
partícula isoladamente considerada.
Daí concluirmos que a
matéria só é impenetrável à matéria do mesmo tipo, isto é, cuja velocidade eletrônica mostre-se
equivalente; um prego, ao ser cravado na madeira, não perfura os átomos, mas cava um canal afastando as fibras para
nele alojar-se. As partículas carregadas de eletricidade, porém, penetram de fato no
átomo, embora com certa dificuldade em
virtude da repulsão eletromagnética; os
nêutrons, sem carga, atravessam-nos facilmente.
O mesmo se passa com os espíritos. A matéria
mais ou menos sutil do perispírito vara o mais denso corpo terrestre. De
idêntica maneira, podem enxergar com quaisquer barreiras interpostas entre eles
e o objeto visado. Vemos o ectoplasma fazer coisa
semelhante; ele é matéria no sentido de que é formado de átomos, porém elaborados por
meio de modificações na forma das órbitas ( ao invés de
circulares, são turbilhonares; é interessante que Delanne tenha ligado o movimento
vorticoso dos rolos de fumaça às propriedades da matéria que nos ocupa ). Esta inapreciável, porém
profunda mudança no movimento e, também, no elemento fundamental ( fósforo, não
carbono como matéria viva comum ) confere-lhe propriedades não conhecidas na
matéria constitutiva dos seres animados (
veja Ubaldi, “A Grande Síntese” ). Em conexão com isto, o ectoplasma pouco
impressiona o tato e à visão; parece algo muito sutil mesmo; por outro lado, tem
peso. Vemo-lo escapar do corpo dos médiuns através das cavidades naturais, mas,
para aí chegar, transpassa diversos tecidos orgânicos.
PSICOLOGIA E ESPIRITISMO
CARLOS TOLEDO RIZZINI
Nenhum comentário:
Postar um comentário