PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

sábado, novembro 10, 2012

"O CASO DE DÉCIMA VEZ"

LIVRO: MISSIONÁRIOS DA LUZ
PELO ESPÍRITO:  ANDRÉ LUIZ
PSICOGRAFIA:  FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
CAPÍTULO 19   -   PASSES

"O CASO DE DÉCIMA VEZ"

[...]  Em seguida, Anacleto passou a atender um cavalheiro, cujos rins pareciam envolvidos em crepe negro, tal a densidade da matéria mental fulminante que os cercava. Aplicou-lhe passes longitudinais, com muito carinho, e, finda a operação, observou-me:
– Um dia, compreenderá o homem comum a importância do pensamento. Por agora, é muito difícil revelar-lhe o sublime poder da mente.
O chefe da assistência magnética ia estender-se, talvez, em considerações educativas, mas um dos cooperadores do serviço aproximou-se e notificou-lhe atencioso:
– Estimaria receber a sua orientação em um caso de “décima vez”. Trata-se do nosso conhecido, que apresenta graves perturbações no baço.
Extremamente surpreendido, acompanhei Anacleto, que se dirigiu para um dos recantos da sala.
À nossa frente estava um cavalheiro idoso, que o Orientador examinou com atenção. Por minha vez, observei-lhe o fígado e o baço, que acusavam enorme desequilíbrio.
– Lastimável! – exclamou o chefe do auxílio, depois de longa perquirição. – Entretanto, apenas poderemos aliviá-lo.
Agora, após dez vezes de socorro completo, reciso deixá-lo entregue a si mesmo,  até que adote nova resolução.
E, dirigindo-se ao auxiliar, acentuou:
– Poderá oferecer-lhe melhoras, mas não deve alijar a carga de forças destruidoras que o nosso rebelde amigo acumulou para si mesmo. Nossa missão é de amparar os que erraram, e não de fortalecer os erros.
Percebendo-me o espanto, Anacleto explicou:
– Nosso esforço é também educativo e não podemos desconsiderar a dor que instrui  e ajuda a transformar o homem para o bem. Nas normas do serviço que devemos atender, nesta Casa, é imprescindível ajuizar das causas na extirpação dos males alheios. Há pessoas que procuram o sofrimento, a perturbação, o desequilíbrio, e é razoável que sejam punidas pelas consequências de seus próprios atos. Quando encontramos enfermos dessa condição, salvamo-los dos fluidos deletérios em que se envolvem por deliberação própria, por dez vezes consecutivas, a título de benemerência espiritual. Todavia, se as dez oportunidades voam sem proveito para os interessados, temos instruções superiores para entregá-los à sua própria obra, a fim de que aprendam consigo mesmos. Poderemos aliviá-los, mas nunca libertá-los.
Depois de ligeira pausa e sentindo que eu não me atreveria a interromper-lhe  os preciosos ensinamentos, Anacleto prosseguiu:
– Este homem, não obstante simpatizar com as nossas atividades espiritualizantes,  é portador de um temperamento menos simpático, por extremamente caprichoso. Estima as rixas frequentes, as discussões apaixonadas, o império de seus pontos de vista.  Não se acautela contra o ato de encolerizar-se e desperta incessantemente a cólera e a mágoa dos que lhe desfrutam a companhia.
Tornou-se, por isso mesmo, o centro de convergência de intensas vibrações destruidoras. Veio ao nosso grupo em busca de melhoras, e, desde há muitas semanas, buscamos orientá-lo no serviço do amor cristão, chamando-lhe a consciência à prática
de obrigações necessárias ao seu próprio bem-estar. O infeliz, porém, não nos ouve. Adquire ódios com facilidade temível e não percebe a perigosa posição em que se confina. Frequenta-nos há pouco mais de três meses e, durante esse tempo, já lhe fizemos as dez operações de socorro magnético integral, alijando-lhe as cargas malignas, não só dos pensamentos de angústia e represália que ele provoca nos outros, mas também dos pensamentos cruéis que fabrica para si. Agora, temos de interromper o serviço de libertação por algum tempo. A sós com a sua experiência forte, aprenderá lições novas e ganhará muitos valores. Mais tarde, receberá, de novo, o socorro completo.
Profundamente edificado com o processo educativo, ousei perguntar:
– Qual a medida de tempo estipulada para os casos dessa natureza?
O interlocutor, porém, assumindo atitude discreta, contornou a pergunta e respondeu:
– Varia de acordo com os motivos. O efeito obedece à causa.
Anacleto prosseguia auxiliando, enquanto eu me perdia em profundas considerações de ordem superior. Depois de partir os laços carnais, compreendemos, com mais clareza e intensidade, a função da dor no campo da justiça edificante. Aquela permanência de minutos, junto ao serviço de assistência magnética, renovava-me as concepções referentemente a socorros e corrigendas. O Senhor ama sempre, mas não perde a ocasião de aperfeiçoar, polir, educar...

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