O ato mediúnico é o momento em
que o espírito comunicante e o médium se fundem na unidade psico-afetiva da
comunicação. O espírito aproxima-se do médium e o envolve nas suas vibrações
espirituais. Essas vibrações irradiam-se do seu corpo espiritual atingindo o
corpo espiritual do médium. A esse toque vibratório, semelhante ao de um brando
choque elétrico, reage o perispírito do médium. Realiza-se, então, a fusão
fluídica. Há uma simultânea alteração no psiquismo de ambos. Cada um assimila
um pouco do outro. Uma percepção visual desse momento comove o vidente que tem
a ventura de captá-la. As irradiações perispirituais projetam sobre o rosto do
médium a máscara transparente do espírito. Compreende-se, então, o sentido
profundo da palavra intermúndio. Ali estão, fundidos e ao mesmo tampo distinto,
o semblante radioso do espírito e o semblante humano do médium, iluminado pelo
suave clarão da realidade espiritual. Essa superposição de planos dá aos
videntes a impressão de que o espírito comunicante se incorpora no médium. Daí
a errônea denominação de incorporação para as manifestações orais. O que se dá
não é uma incorporação, mas uma interpenetração
psíquica, como a da luz atravessando uma vidraça. Ligados os centros vitais
de ambos, o espírito manifesta emocionado, reintegrando-se nas sensações da
vida terrena, sem sentir o peso da carne. O médium, por sua vez, experimenta a
leveza do espírito, sem perder a consciência de sua natureza carnal, e fala ao
sopro do espírito, como um intérprete que não se dá ao trabalho da tradução.
(PIRES, J. Herculano. Mediunidade.2. ed., PAIDÉIA, 1992, cir.: Cap V, p.
37) (Livro PERISPÍRITO. Zalmino Zimmermann. Cap. XI-Perispírito e Mediunidade).
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