PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

terça-feira, maio 15, 2012

XX - Aparições e materializações de Espíritos

NO  INVISÍVEL   -   LÉON  DENIS
XX - Aparições e materializações de Espíritos

São os fenômenos de aparição e materialização os que mais vivamente impressionam  os experimentadores. Nas manifestações de que precedentemente  nos ocupamos, o Espírito atua por meio de objetos materiais ou de organismos estranhos. Vamos agora apreciá-lo diretamente em ação. Cônscio de que entre as provas de sua sobrevivência nenhuma é mais convincente que sua vida terrestre - vai procurar o Espírito reconstituir essa forma por meio dos elementos fluídicos e da força vital hauridos nos assistentes.
Em certas sessões, na presença de médiuns dotados de considerável força psíquica, vêem-se formar mãos, rostos, bustos e mesmo corpos inteiros, que têm todas  as aparências de vida: calor, tangibilidade, movimento. Essas mãos nos tocam,   nos acariciam ou batem; mudam de lugar os objetos e fazem vibrar os instrumentos  de música; esses rostos se animam e falam; esses corpos se movem e passeiam por entre os assistentes. Pode-se agarrá-los, palpá-los; depois, eles se desvanecem num repente, passando do estado sólido ao fluídico, após efêmera duração.
Assim como os fenômenos de incorporação nos iniciam nas leis profundas  da Psicologia, a reconstituição das formas de Espíritos nos vai familiarizar com os estados menos conhecidos da matéria. Mostrando-nos que ação pode a vontade exercer sobre  os imponderáveis, ela nos fará penetrar nos mais íntimos segredos da Criação, ou, antes, da renovação perpétua do Universo.
Sabemos que o fluido universal, ou fluido cósmico etéreo, representa o estado mais simples da matéria; sua sutileza é tal que escapa a toda análise. E, entretanto, desse fluido procedem, mediante condensações graduais, todos os corpos sólidos e pesados que constituem a base da matéria terrestre. Esses corpos não são tão densos, tão compactos como parecem. Com a maior facilidade os atravessam os fluidos, assim como os próprios Espíritos. Estes, pela concentração da vontade, secundados pela força psíquica,  os podem desagregar, dissociar-lhes os elementos, restituí-los ao estado fluídico, depois transportá-los e os reconstituir em seu primitivo estado. Assim se explica o fenômeno dos transportes.
Percorrendo sucessivos graus de sua rarefação, a matéria passa do sólido ao líquido, depois ao estado gasoso, e finalmente ao estado de fluido. Os corpos mais duros podem assim voltar ao estado etéreo e invisível. Em sentido inverso, o fluido mais sutil se pode gradualmente converter em corpo tangível e opaco. Toda a Natureza nos mostra o encadeamento das transformações que conduzem a matéria, do éter mais puro ao mais grosseiro estado físico.
A medida que se rarefaz e se torna mais sutil, a matéria adquire novas propriedades, potências de intensidade progressiva. Disso nos fornecem exemplos os explosivos,  as radiações de certas substâncias, o poder de penetração dos raios catódicos, a ação  a grande distância das ondas hertzianas. Por eles, somos levados a considerar o éter cósmico o meio em que a matéria e a energia se confundem, o grande foco das atividades dinâmicas, a fonte das inesgotáveis forças que a vontade divina impulsiona e donde  se expandem, em ondas incessantes, as harmonias da vida e do pensamento eterno.
Pois bem! - e aqui vai a questão adquirir amplitude inesperada - a ação exercida pelo poder criador sobre o fluido universal para engendrar sistemas de mundos, vamos de novo encontrá-la num plano mais modesto, porém submetida a leis idênticas, na ação do Espírito a reconstituir as formas transitórias que estabelecerão, aos olhos dos homens, sua existência e identidade.
As próprias nebulosidades, agregados de matéria cósmica condensada, germens de mundos, e que na profundeza dos espaços nos mostram os telescópios, vão reaparecer na primeira fase das materializações de Espíritos. assim que a experimentação espírita conduz às mais vastas conseqüências. A ação do Espírito sobre a matéria nos pode fazer compreender de que modo se elaboram os astros e se consuma a obra gigantesca do Cosmo.
Na maior parte das sessões, distinguem-se, ao começo, cúmulos nebulosos em forma de ovo; depois, listões fluídicos brilhantes, que se desprendem, quer das paredes   e do soalho, quer das próprias pessoas, se avolumam pouco a pouco, se alongam e se tornam formas espectrais.
As materializações são infinitamente graduadas. Os Espíritos condensam  suas formas de modo a, em primeiro lugar, serem percebidos pelos médiuns videntes. Estes descrevem a fisionomia dos manifestantes, e o que descrevem é depois confirmado pela fotografia, tanto à claridade do dia como à luz do magnésio 189. Sabe-se que a placa sensível é mais impressionável que o olho humano. Num grau superior a materialização se completa; o Espírito torna-se visível para todos; deixa-se pesar; seus membros podem deixar impressões, moldes, em substâncias plásticas.
Em tudo isso a fiscalização deve ser muito rigorosa. É preciso preservar-se cuidadosamente de todas as causas de erro ou ilusão. Convém por isso recorrer,  tanto quanto possível, aos aparelhos registradores e à fotografia.
Vejamos, em primeiro lugar, os casos em que foi possível conseguir na placa as imagens de Espíritos, invisíveis para os assistentes.
Se têm sido cometidos numerosos abusos e fraudes, nessa ordem de fatos  são abundantes, em compensação, as experiências e os testemunhos sérios
O acadêmico inglês Russel Wallace, experimentando em sua própria casa,   com pessoa de sua família, obteve uma fotografia do Espírito de sua mãe, em que um desvio do lábio constituía uma prova convincente de identidade. O médium vidente havia descrito a aparição antes de terminada a "pose", e verificou-se que era exata a descrição. 190
O pintor Tissot, célebre pelas ilustrações de sua "Vida de Jesus", obteve uma prova que não é menos admirável: a fotografia de um grupo composto do corpo físico e do corpo fluídico do médium, desdobrado, simultaneamente, com a de um Espírito desencarnado e o do experimentador. 191
Análogas comprovações foram feitas pelos Doutores Thompson e Moroni,  pelos professores Boutlerov e Rossi-Pagnoni e pelo Sr. Beattie, de Bristol. Todos eles adotaram as mais minuciosas precauções. Pode ler-se em "Animismo e Espiritismo",   de Aksakof, cap. I, a narrativa minuciosa das experiências do Sr. Beattie.
Na primeira série dessas experiências, uma forma humana se desenhou na placa  à décima oitava exposição. Mais tarde, o Dr. Thompson se associou às investigações,   e obteve-se uma série de cabeças, perfis e formas humanas, ao começo vagas,  depois cada vez mais distintas, todas as quais haviam sido previamente descritas pelo médium em transe. As vezes operava-se às escuras. Aqui está o que diz Aksakof 192
"Nessas experiências nos achamos em presença, não de simples aparições luminosas, mas de condensações de uma certa matéria, invisível à nossa vista, e que ou é de si mesma luminosa ou reflete na placa fotográfica os raios de luz, à ação dos quais  a nossa retina é insensível. Que se trata aqui de uma certa matéria, prova-o o fato de que ora é tão pouco compacta que deixa ver através das formas das pessoas presentes,  ora é tão densa que cobre a imagem dos assistentes. Num dos casos a forma aparecida é negra."
Como se vê, Aksakof acredita conosco que se não poderiam explicar essas manifestações sem a existência de um fluido, ou éter, substância manipulada por seres inteligentes invisíveis. É o que imprime ao fenômeno - pensa ele - um duplo caráter,  ao mesmo tempo material, no estrito sentido da palavra, e intelectual, pela intervenção de uma vontade que trabalha artificialmente essa matéria invisível, com determinado fim.
Mumler, fotógrafo profissional, obtinha nas placas as imagens de pessoas falecidas. Intentaram-lhe um processo por dolo, mas não pôde ser descoberta fraude alguma  e o fotógrafo ganhou a questão.
Não somente o inquérito judiciário estabeleceu o fato da produção, nas placas,  de figuras humanas invisíveis à vista desarmada, como também doze testemunhas declararam ter reconhecido nessas figuras as imagens de parentes seus já falecidos.  Mais ainda: cinco testemunhas, entre as quais o grande juiz Edmonds, depuseram que haviam sido produzidas, e foram reconhecidas, imagens de pessoas que em vida nunca se tinham fotografado 193. Obteve-se mesmo, no caso do Senhor Bronson Murray 194, a efígie de pessoas falecidas, na ausência de toda testemunha que as houvesse conhecido na Terra.
Conseguiu-se fotografar as sucessivas fases de uma materialização. Em meu poder conservo uma série de reproduções, que devo à gentileza do Sr. Volpi, diretor do "Vessillo", de Roma, cuja integridade está acima de qualquer suspeita. Representam as aparições graduais da forma de um Espírito, muito vaga à primeira. exposição, depois cada vez mais condensada, e, por último, visível para o médium, ao mesmo tempo que impressiona a placa fotográfica.


189 Aksakof - "Animismo e Espiritismo", cap. I.
190  A. Russel Wallace - "Les Miracles et le Moderne Spiritualisme", pág. 255.
191  "Revue Parisiense", junho de 1899.
192  Aksakof, ob. cit., cap. I.
193  Aksakof. ob. cit., cap. I.
194  Idem , Ibidem.

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