PENTATEUCO KARDEQUIANO

PENTATEUCO  KARDEQUIANO
OBRAS BÁSICAS

sábado, fevereiro 12, 2011

Magnetismo clássico

TRADUÇAO de LIZARBE GOMES
lizarbe_gomes@hotmail.com
EXTRAÍDO DO JORNAL DO MAGNETISMO - 1860

Solicitado por dois partidários esclarecidos do magnetismo, os condes de Tolstoy e Schouvaloff para fazer uma sessão experimental de magnetismo diante de seleta assembleia, aceitei este convite e, no sábado ultimo, hospedei-me no hotel da Sra. Princesa Butera. Recebi a mais benevolente diligente acolhida. Cerca de vinte e cinco pessoas foram admitidas nesta pequena sessão todas, devo dizer, bem desejosas de constatar as singularidades e misteriosos fenômenos do magnetismo.
Sabia-se que, não me fazendo acompanhar por indivíduos sensíveis, as experiências seriam feitas com as pessoas da assembleia. Eu poderia escolher, mas não usei desta permissão. Chamei a primeira pessoa que se encontrava diante de mim, uma jovem dama e, em dois minutos a vimos se curvar, inteiramente submissa a potência magnética; ela se inclinou mais e mais e nos mostrou o primeiro grau do sonambulismo. Eu a acordei subitamente e, aproximando-me de uma jovem localizada perto dela, dois minutos me foram suficientes para produzir o sonambulismo, mas este foi diferente do primeiro: os olhos permaneceram abertos, nenhum abaixamento das pálpebras foi percebido e fiz constatar o fenômeno da fixação do olhar para toda a assembleia. As pálpebras abaixadas se levantaram e esta encantadora pessoa, sempre tão vivaz, parecia ter sido transformada em estatua. Eu a liberei logo e, escolhendo a seguir uma outra jovem de cerca de dezoito anos, provoquei de novo, em dois ou três minutos, uma crise de sono. Este apresentou outras diferenças: foi acompanhado por soluços, espasmos e choro. Eu a acalmei e logo um sorriso inefável apareceu em seu rosto; seus traços tomaram uma expressão extraordinária de beleza, lembrando o êxtase. Fiz desaparecer todo traço de ação e restabeleci o equilíbrio. Peguei então uma jovem que me disse estar com dor de cabeça. Aqui os efeitos foram bem diferentes: seu olhar se ligou ao meu e me seguiu constantemente sem se distrair um instante. Esta jovem tinha a consciência da situação na qual eu a havia colocado; depois que eu rompi o encanto, ela declarou que sua dor de cabeça havia desaparecido.
Neste momento a princesa, senhora idosa e com a vista enfraquecida, pediu-me para tentar com ela esta misteriosa potência, prevenindo-me de que ela não se acreditava sensível. Porém, dois minutos foram suficientes para que eu agisse sobre ela. Vimos sua cabeça se inclinar, seus braços ficarem suspensos, tal como no sono. Os braços levantados tornavam a cair como se tivessem sido privados de vida e eu creio que poderia beliscá-la sem encontrar sensibilidade.
Tinha então encontrado o que me faltava para uma demonstração interessante que não deixasse nada a desejar; também o embaixador da Rússia, o conde de Kisselff declarou bem alto que estas experiências o convenceram inteiramente.
Tendo apenas como um prefácio estes curiosos fenômenos, quis prosseguir seu desenvolvimento. Minha tarefa tornou-se fácil e variei as experiências com cada uma das pessoas. Exerci uma atração irresistível sobre uma dessas damas; ela foi forcada a vir colocar suas costas contra as minhas e caminhamos sem que eu a sustentasse e sem mudar de posição. Coloquei um avental diante de outra magnetizada, a cinco ou seis passos do sofá que ela ocupava: vimos esta senhorita ter sobressaltos e logo ela se dirigiu, como se impulsionada por uma força oculta, para o avental colocado sobre o tapete. Ela se ajoelhou, curvou a cabeça e juntou o avental. Eu quis experimentar a potência de alguns sinais mágicos.
Tracei sobre o parque, com o giz, um pequeno círculo e logo uma das magnetizadas (jovem condessa grávida) lançou um olhar doce e penetrante sobre as linhas traçadas e a visão começou a se produzir: mas ao apagar o círculo, a miragem desapareceu. Meu objetivo não era ir mais longe, embora tivesse ali tudo o que seria preciso para produzir efeitos mágicos, tudo o que precisava para assustar e esclarecer ao mesmo tempo, mas achei que a assembleia não estivesse disposta a ver mais do que já tinha visto; talvez apenas alguns homens de elite quisessem me ver ir além nesta nova ordem.
Quanto tempo precisei para obter resultados tão inconcebíveis? Apenas três quartos de hora. Deixo meus leitores pensando no efeito moral produzido. Ali não havia nenhum compadre e eu não conhecia nenhuma das pessoas a quem magnetizei. Ah! É assim que se estabelece uma ciência, colocando-se sempre de maneira a tirar todas as dúvidas, comprovando sua força sem trazer consigo instrumentos já preparados, o que oferece a todos os olhares apenas um conjunto de fenômenos contestáveis. Nesta pequena descrição, não pude pintar o fascínio destas experiências, dizer o que se expressou no rosto dos meus magnetizados, os movimentos de suas almas e de seus corpos. Os fenômenos do magnetismo não podem ser descritos, pois não há expressão para traduzi-los.

BARÃO du POTET

O BARAO DU POTET FUNDOU O JORNAL DO MAGNETISMO E A SOCIEDADE MESMERIANA, DA QUAL ALLAN KARDEC PARTICIPOU ATE 1850.

Jornal Vórtice
ANO III, n.º 08 Aracaju/Sergipe/Brasil, janeiro/2011 jvortice@gmail.com

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