(Revista Espírita Allen Kardec)
O mais elementar direito humano é o de nascer. Somente após o nascimento é que o homem adquire os demais direitos que farão dele um cidadão particularmente atuante, na proporção de seu merecimento e esforço.
A ciência e a religião já caminham juntas, comprovando a primeira, o que a segunda afirma há muito tempo: o feto é um ser com sentimentos e sensações uma vida que se estabelece desde o momento da fecundação.
O Espiritismo vai mais longe ao afirmar que o Espírito vinculado àquele embrião já passou por inúmeras encarnações e passará, certamente, por inúmeras outras. Cada existência é, para ele, oportunidade preciosa de aprimoramento de si próprio, de convivência com os demais seres à sua volta. O aborto, ao contrário, é um acontecimento de consequências altamente negativas: uma agressão que reverterá em danos físicos e morais que influenciarão, fortemente, sua próxima encarnação.
Ao abortá-lo, a mãe o impede de realizar a tarefa para a qual foi longamente preparado e quebra o acordo realizado na Espiritualidade para que voltassem à terra como mãe e filho, apoiando-se mutuamente em suas experiências. Ela desperdiça assim, a oportunidade de aperfeiçoar-se, de melhorar seu relacionamento com aquele a quem está ligada há várias vidas, sob as mais diversas formas e a quem, certamente, deve muito em termos morais/espirituais.
Da mesma forma, médicos, pais, parentes e outras pessoas, coniventes ou participantes do aborto, sofrem, mais cedo ou mais tarde, terríveis consequências dos mais variados matizes: moléstias, angústias, depressões aparentemente sem motivo, desequilíbrios, obsessões. Isto ocorre com frequência, principalmente se o Espírito abortado for vingativo, cruel, revoltado e quiser revanche do crime praticado contra ele num momento em que, indefeso, nada podia fazer para se salvar.
As correntes que se levantam em prol da legalização do aborto levam em conta vários argumentos, entre os quais se destacam certos direitos da mulher: direito de decidir sobre o próprio corpo, de planejar sua família, de querer ou não ser mãe, de manter-se esbelta e livre etc. A maioria destes direitos, ainda que legítimos, esbarram no direito inalienável do Ser; existir, evoluir.
Somente em raríssimos casos, o aborto pode ser aceito. Nisto também, há concordância entre a ciência e a religião: quando a gravidez oferece risco à vida da mãe é preciso optar pelo ser que existe há mais tempo, quando se encontra em plena tarefa evolutiva.
Neste caso, a Espiritualidade Maior aplica recursos que permitam ao espírito do filho desligar-se da mãe de maneira menos traumática possível e aguardar uma nova oportunidade de reencarnar-se.
A questão do aborto oferece-nos vários aspectos que, certamente, merecem uma abordagem mais minuciosa. Enfatizamos porém, que a principal solução para minimizar este grave problema é a educação moral e sexual. Essa educação, com base em informações corretas e claras, deve ser dirigidas aos jovens, antes que iniciem a vida sexual, mas deve, também, ser estendida aos adultos, muitos dos quais não tem uma visão adequada do assunto.
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